segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Identidade de Jack, o Estripador, finalmente revelada?


ILLUSTRATED POLICE NEWS / MUSEUM OF LONDON


Especialistas dizem que diário de 1993, afinal, poderá ser verdadeiro

A identidade de Jack, o Estripador, um dos maiores assassinos de todos os tempos, poderá finalmente ter sido descoberta. De acordo com o jornal The Telegraph, vários investigadores terão dado agora mais crédito à descoberta em 1993 de um diário do século XIX.

De facto, este diário foi descoberto há quase 25 anos, e eram as memórias de um mercador chamado James Maybrick, que no livro, com mais de nove mil palavras, alegava ser o assassino de Londres. "Dou o nome pelo qual me conhecem, o vosso verdadeiro, Jack, o Estripador", lia-se.

A autenticidade deste diário, contudo, foi sempre questionada por vários especialistas, mas agora outros investigadores, liderados pelo cineasta Bruce Robinson, acreditam que o mesmo poderá ser verdadeiro, alegando que uma "suposta "falsificação tão sofisticada" não é "plausível".

Refira-se que a identidade deste assassino em série continua a ser um dos maiores mistérios mundiais. Há também muitas dúvidas sobre o número de vítimas que provocou, no ano de 1888 (James Myabrick terá morrido um ano depois). Alegadamente Jack, o Estripador, atacava apenas prostitutas nas ruas de Londres, sendo que pelo menos cinco vítimas terão sido da sua autoria.

A identidade de Jack, o Estripador, continua a ser um dos maiores mistérios na história criminal de Londres. Foi conhecido por ser um assassino em série nunca identificado e que atuava em Londres, pelos anos de 1888. Os casos de assassínio foram seguidos com muito interesse pelos media e várias teorias foram surgindo relativamente à sua possível identidade.

Fonte: DN

Jovem é violada e desmembrada, deixada num matadouro


REUTERS/STRINGEr

Mariana Joselin Baltierra de 18 anos foi encontrada morta na semana passada num matadouro no México. A jovem foi violada e estripada, num cenário de enorme violência que já deu azo a vários protestos dos habitantes locais, a exigirem mais segurança.

Os órgãos de Mariana foram encontrados no chão de um matadouro em Ecatepec, um município de um milhão e meio de pessoas que, segundo uma ONG local, em 2016 foi palco de 39 assassinatos de mulheres -- cerca de três por mês.

Mariana saiu de casa para ir às compras às 9 horas e no dia seguinte apareceu desmembrada no chão de um matadouro a 200 metros de sua casa.

A polícia procura agora encontrar o assassino, que de momento suspeita que seja um dos empregados do matadouro.

A impunidade de crimes deste género no México deixa a sociedade cética quanto à capacidade que as autoridades têm para meter o assassino atrás das grades.

De acordo com a ONU, apenas uma em cada cinco denúncias de violação no México têm sentença do tribunal.

Dados do Instituto Nacional de Estatísticas mexicano afirmam que entre 2000 e 2015 foram mortas quase 30.000 mulheres

Fonte: DN

PISTAS E TRAUMAS DO LONGO CHOQUE NEOLIBERAL – III

Martinho Júnior | Luanda

Das opacidades mais obcenas do capitalismo, desde princípios da década de 90 do século passado que planeta fora, incontinente, se distende o líquido viscoso, sangrento e sulfuroso do choque neoliberal, tisnado em chamas e fumo de caos, terrorismo, desagregação, miséria e morte…

Nesse material agónico e putrefacto, os mercenários proliferam à rédea solta como fantasmagóricos cavaleiros do apocalipse, montando rançosos cavalos-alados com odor a enxôfre, por que dum estado irremediavelmente vulnerável, exangue, minguante e decadente, privatizar-se-ão sem limites os lucros em benefício duns quantos, em parcerias que o corroem até à medulla e o levam à exaustão!...

… As perdas serão assim garantidamente socializadas, precavendo ao mesmo tempo um destino traumático que artificiosamente desemboca na inércia estupidificante de nações inteiras e de povos-alvo dessa epidemia em espiral, cúmulos inebriados de desgraças, de todo o tipo de desgraças e misérias e círculos viciosos, caóticos e labirínticos… sem saída e sempre em nome da “democracia”!...

O medo, a violência, o ódio, a decadência, a ignorância, gaseificam-se em espirais ondulantes na planura da terra arrasada, matriz de propaladas crises sistémicas, para que mesmo na terapia seja plena a letargia humana, sem remissão, nem alternativas… e o homem se torne carente flácido da piedade e da caridade precarizada, hipócrita, cínica e viral dos poderosos e dos ricos sobre todos os demais!...

Consumados os ciclos, a vida humana vai-se confinando até no espaço disponível à sobrevivência e o planeta cada vez pode dar menos garantias de qualidade em prol da vida, com as transformações de que é alvo desde o início da revolução industrial!...

Quando os povos se tornam por fim exangues, dar-se-á sequência ainda, pelas contraditórias e mágicas artes dum mercado deificado, às efervescências segmentadas de outros lucros, à custa de sua rendição amorfa injectada pela terapia neoliberal, por que os milhares de mercenários que foram actores da guerra se redimem e preparam o terreno para outros milhares de mercenários e piratas e corsários, que se sucedem e manipulam o consumo nos escabrosos caminhos duma paz não mais que formatada, não mais que manipulada, por que está presa desse labirinto… um labirinto consumista de espelhos, de equívocos de liberdade e créditos mal-parados e irresolúveis, um labirinto que se afunda em banca-rota e num pré-aviso de guerra civil!...

A subversão dessa paz leva a miragem à beira do abismo: é uma paz hipnótica que não passa da expressão estonteante duma barbárie próxima do estertor da “civilização judaico-cristã occidental”, conforme às doutrinas feudais e fundamentalistas do “Le Cercle”, inculcadas década após década para que o mundo morra de tédio nas fogueiras das modernas inquisições, asfixiado de overdose das praças Maidan e os clérigos desse sistema putrefacto, zelosamente multipliquem, à sombra de extintos papados, (polaco como alemão), as orgias profanas de etéreas pedofilias…

… Por essa injecção de poderosa droga geradora de mentalidade pérfida e sem qualquer laivo de consciência cívica, humana e responsável, até as sombras dos claustros, das sacristias e das escolas, se arriscam a sumir nos ocasos da vergonha, em secretos rituais e práticas à espera de revelação e de escândalo!...

…Também as religiões e as igrejas providencialmente forjam por osmose seus “bancos de dados”, suas bancas-rotas, seus mercenários e piratas e corsários e pedófilos, conformes e conformados à e pela ocasião!... - Martinho Júnior.

1- Os primeiros experimentos de parcerias público-privadas e de mercenarismo a partir da “era Reagan” (sentidas em Angola entre 1992 e 2002 sob a forma de choque), foram entretanto refinados.

No princípio, com a implosão do socialismo e da URSS, foi importante cooptar figuras “amorais”como Viktor Bout, uma personagem típica da erosão existencial do tandem Gorbatchev-Yeltsin na Rússia… foi importante cooptar estados de países como a Ucrânia, ou a Roménia, ou a Bulgária,“filtrados” por expedientes que favoreceram máfias e tráficos, inclusive nos seus núcleos duros de poder… e à falta desses estados, a evolução da situação permitia aos que faziam a montagem do choque e da terapia neoliberal criar esse tipo de estados, como o caso do Kosovo, nos Balcãs!

Com a refinação dos métodos de inteligência implicando sobretudo os sistemas dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da França (“era” de Sarkozy), os “queimados” pelos sucessivos enredos dos tráficos tinham de ser melhor substituídos.

O destino dum Viktor Bout estava traçado desde logo: tendo-se acabado o período do tandem Gorbatchov-Yeltsin na Rússia, as redes dele dependentes (dos tráficos e do comércio internacional de armas por vias de canais ilegais e de lesa-humanidade), tinham de ser afundados pelas“concorrências” ligadas ao sistema que derivava dos mecanismos de poder da própria aristocracia financeira mundial.

Com a ascensão de Putin, Viktor Bout tornava-se num cada vez mais perigoso “periférico”…

2- O tráfico de armamento foi-se enredando assim nas “redes stay behind” da NATO e nos poderosos sistemas de inteligência das potências ao serviço da hegemonia unipolar carentes de autossustentabilidade para as suas operações, cada vez mais possíveis na deriva e por via das parcerias público-privadas de âmbito neoliberal, “transversais” ao ambiente sócio-político de cada região, estado, ou comunidade, (a começar nos próprios Estados Unidos).

As “revoluções coloridas” e as “primaveras árabes” arregimentam esse manancial filtrado pelos mercenários privados que só podem obter lucros, cada vez mais lucros, com a disseminação de tensões, conflitos, guerras, caos, terrorismo e desagregação, ainda que os exércitos das potências caiam em cada vez mais pântanos insolúveis como o do Vietname!

Nos países-alvo, as oligarquias agenciadas são atraídas pelos imãs desses procedimentos mafiosos que dilaceram os estados, as nações e os povos, escondendo-se nas doutrinas tradicionais propiciadas pelo Le Cercle, nos fundamentalismos, nos puritanismos, nas democracias cristãs e nas social democracias… tudo em nome da “civilização judaico-cristã ocidental”!
Há um regresso de facto a um artifício decrépito, desembocando num abismo retrógrado e feudal em nome dessas “revoluções” atascadas na armadilha desses labirintos.

3- A Rede Voltaire tem sido um inestimável veículo de informação sobre como é feito o moderno tráfico de armamento “moderno” que possui derivas para equipar grupos “rebeldes-moderados”voláteis, ou com pouca consistência, de forma a “tacitamente” providenciar, de modo clandestino e“lavado”, as sôfregas redes receptoras do DAESH e da Al Qaeda…

Se o “inimigo terrorista” não tiver acesso a armamento, munições e equipamentos militares, difícil será justificar a presença das forças armadas das potências instigadoras “no terreno” dos “países-alvo” e impossível seria a disseminação das empresas público-privadas, ou privadas de transporte, de âmbito militar ou de segurança, que funcionam como “cavalos de tróia” para as políticas capitalistas neoliberais visando a provocação do encadeado entre o choque e a terapia. 

Em 1995, (ainda estava na primeira fase o projecto da “somalização” de Savimbi em Angola), o presidente democrata Bill Clinton assinou o “Programa de Segurança Marítima”, passando os encargos de transporte marítimo de equipamento militar e de material de guerra do Departamento de Transportes para o Departamento de Defesa, financiando dessa maneira o agregado de unidades navais de companhias privadas a esse transporte, tornando-o cada vez mais especializado e assegurando por essas vias a “lavagem” dos procedimentos até chegar aos destinatários finais, alguns deles o DAESH, ou a constelação de grupos da Al Qaeda.

O que a “Killary” viria a assumir, (domesticando mais tarde o governo de outro democrata, Barack Hussein Obama e preparando-se para a eleição, ou a subversão do Presidente actualmente eleito nos Esrados Unidos), redundava dos “ganhos” do Bill, o que era também algo “familiar”!

No seu artigo “A partir da Europa, armas estado-unidenses para a guerra contra Síria e Iémen”(versão em português publicada aqui: http://www.odiario.info/a-partir-da-europa-armas-estado/), o geógrafo Manlio Dinucci esclarece esse tipo de manobra estado-unidense em solo europeu e sob cobertura da NATO, com a pista unindo as linhas do Camp Darby, com o porto emissor de Livorno (na Itália), aos portos receptores de Aqaba (Jordânia) e Jedah (Arábia Saudita), com vista a injectar o armamento nas linhas distendidas a partir dos territórios de aliados como a Jordânia e a Arábia Saudita, em direcção a grupos “no terreno” (Síria e Iémen), filtrados pelas redes de inteligência militar de potências como os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França, a Turquia…

“Supostamente, o regime dos EUA está a lutar contra os jihadistas. Mas continua enviando armas a esses terroristas a partir da democrática Europa.

Chama-se Liberty Passion, ou seja Paixão pela Liberdade. É um moderníssimo e enorme navio estado-unidense do tipo Ro/Ro – concebido para transportar veículos e carga sobre rodas – de 200 metros de comprimento, com 12 conveses e uma superfície total de mais de 50 000 metros quadrados, capaz de transportar o equivalente a 6 500 automóveis.

Esse navio, propriedade da companhia estado-unidense Liberty Global Logistics, fez a sua primeira escala – em 24 de Março de 2017 – no porto de Livorno, Itália. Iniciou-se assim oficialmente uma ligação regular entre Livorno e os portos de Aqaba, na Jordânia, e de Jeddah, na Arábia Saudita, garantida mensalmente pelo Liberty Passion e outros dois navios similares, o Liberty Pride (Orgulho de Libertar) e o Liberty Promise (Promessa de Liberdade). A abertura desse serviço de transporte foi celebrada como «uma festa para o porto de Livorno.

Mas ninguém disse porque escolheu precisamente esse porto italiano a companhia estado-unidense. Um comunicado da administração marítima estado-unidense explica – em 4 de Março de 2017 – que o Liberty Passion e os outros dois navios que asseguram a linha Livorno-Aqaba-Jeddah integram o Programa de Segurança Marítima que, no quadro de uma associação entre interesses privados e estatais «assegura ao Departamento de Defesa uma poderosa frota móvel de propriedade privada, com bandeira e tripulações estado-unidenses”...

4- Por seu turno o outro jornalista-investigador da Rede Voltaire, Thierry Meyssan, a 18 de Julho de 2017 completava o enredo corrente dos tráficos em benefício do caos, do terrorismo e da desagregação no Médio Oriente em dois artigos esclarecedores.

Em “Uma rede de tráfico de armas implicando pelo menos 17 Estados – Milhares de milhões de dólares de armas contra a Síria” (http://www.voltairenet.org/article197145.html) ele esclarece:

…“Desde há sete anos, vários milhares de milhões de dólares de armamento entraram ilegalmente na Síria, um facto que, só por si, basta para desmentir a narrativa segundo a qual esta guerra seria uma revolução interna democrática. Inúmeros documentos atestam que este tráfico foi organizado pelo General David Petraeus, primeiro a título público a partir da CIA da qual ele era o director, depois a título privado a partir da sociedade financeira KKR, com a ajuda de altos funcionários. Assim, o conflito, que era inicialmente uma operação imperialista dos Estados Unidos e do Reino Unido, transformou-se numa operação capitalista privada, enquanto em Washington a autoridade da Casa Branca era contestada pelo Estado Profundo”…

(…)

Como é que os jiadistas de Alepo eram abastecidos com armas búlgaras ?

Aquando da libertação de Alepo e da captura do estado-maior saudita que lá se encontrava, a jornalista búlgara Dilyana Gaytandzhieva constatou a presença de armas do seu país em novos armazéns abandonados pelos jiadistas. Ela anotou cuidadosamente as indicações inscritas nas caixas e, de regresso ao seu país, investigou o modo como elas haviam chegado à Síria.

Desde 2009 —com a breve excepção do período entre Março de 2013 a Novembro de 2014— a Bulgária é governada por Boiko Borissov, um personagem colorido, saído de uma das principais organizações criminosas europeias, a SIC. Lembremos que a Bulgária é, ao mesmo tempo, membro da OTAN e da União Europeia e que nenhuma destas organizações emitiu a mínima crítica contra a chegada ao poder de um chefe mafioso, desde há longo tempo claramente identificado pelos serviços internacionais de polícia.

Foi, pois, arriscando a sua vida de forma clara que Dilyana Gaytandzhieva rastreou a rede e que a redacção do quotidiano de Sofia, Trud, publicou o seu dossiê . Se a Bulgária se colocou como um dos principais exportadores de armas para a Síria, ela contou para tal com a ajuda do Azerbaijão”…

Em “Emergência de uma nova aliança no Médio-Oriente Alargado” (http://www.voltairenet.org/article197254.html) ele esclarece ainda:

… As revelações búlgaras sobre a existência de uma vasta rede de tráfico de armas, posta em marcha pelo General David Petraeus quando ainda era director da CIA, em 2012, e por ele continuada a partir do seu escritório de fundos de investimento KKR, lançam a estupefacção sobre o poderio dos fautores da guerra.

Pelo menos 17 Estados participaram nesta operação Sycamore Timber (Lenha de Sicómoro), entre os quais o Azerbaijão, que assegurou o transporte de 28 000 toneladas de armas, e Israel, que forneceu falsos documentos de destino final. Com toda a probabilidade, David Petraeus e o KKR foram ajudados pelo Secretário-Geral adjunto da ONU, Jeffrey Feltman. É claro, este gigantesco tráfico, sem precedentes na História pelo seu volume, não irá resultar em qualquer acusação judicial, nem nos Estados envolvidos, nem no plano internacional.

Claramente, desde há 4 anos, os povos do Levante batem-se não somente contra Estados, mas acima de tudo contra um conglomerado de sociedades privadas multinacionais, incluindo os média (mídia-br) internacionais, e contra Potências médias que dão o conjunto das ordens a pequenos Estados encarregados do trabalho sujo”…

As correntes redes de tráfico de armas distendem-se desde a Ucrânia, Bulgária e Roménia, os mesmos países que forneciam armas a Savimbi, aos que levam a cabo o caos, o terrorismo e a desagregação na Líbia, na Síria, no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão e na Índia…

 5- Na Global Research, outra instituição que publica trabalhos de vários jornalistas-investigadores, Michel Chossudovsky revelava nos terminais de recepção dos meios bélicos, um programa do Pentágono na Síria, sob o título “Pentágono treinou rebeldes da Al Qaeda na Síria na utilização de armas químicas” (http://resistir.info/chossudovsky/armas_quimicas_07abr17.html):

… "O esquema estabelecido pelo Pentágono em 2012 consistiu em equipar e treinar rebeldes Al Qaedana utilização de armas químicas, com o apoio de empreiteiros militares contratados pelo Pentágono – e a seguir sustentar que o governo sírio era responsável por utilizar as ADM contra o povo sírio.

O que está a desdobrar-se é um cenário diabólico – o qual é uma parte integral do planeamento militar – nomeadamente uma situação em que terroristas da oposição aconselhados pelos empreiteiros ocidentais da defesa estão realmente na posse de armas químicas”…

(…)

… “O ocidente afirma que vem para resgatar o povo sírio, cujas vidas estão alegadamente ameaçadas por Bashar Al Assad. A verdade é que a aliança militar ocidental não só está a apoiar os terroristas, incluindo a Frente Al Nusra, como também a tornar disponíveis armas químicas para a sua oposição de forças rebeldes.

A fase seguinte deste cenário diabólico é que as armas químicas nas mãos de operacionais da Al Qaeda serão utilizadas contra civis, o que potencialmente poderia levar toda uma nação a um desastre humanitário”. 

6- À entrada do século XXI, conforme a experiência de luta contra quem desenvolvia a “guerra dos diamantes de sangue”, tinha-se já consciência da trama entre o choque e a terapia neoliberais e todavia não se poderia perder de vista a paz que foi alcançada nessas condições e sem aliados externos, como aliás atesta o “ambiente” de embuste em Bicesse.

Tinha-se também a consciência que, para se darem passos na lógica com sentido de vida era necessário neutralizar as rebeliões nos seus pontos de apoio, nas suas teias de financiamento e armamento, pelo que o esforço deveria ser levado a cabo também para quebrar os nexos entre os factores de desestabilização numa área muito vasta que se estendia até aos Grandes Lagos, incluindo-os.

Neutralizar os mercenários e os transportes de que eles se serviam e, se possível impedi-los de eles já com a terapia neoliberal em curso, não se tornassem preponderantes, era uma tarefa premente, muito difícil, mas era um desafio para se enfrentar, tendo em conta as questões históricas e antropológicas de fundo.

A trama desencadeada na África Sub Sahariana entre 1992 e 2002, com a RDC e Angola na charneira, tem tudo de similar em relação à trama que se tem desenvolvido no Médio Oriente, com o Iraque e a Síria numa “nova” (?) charneira.

A partir do apoio que dois dos meus camaradas e eu demos ao estado angolano, jamais foi perdida a busca pela paz, única fórmula de garantia de luta contra o subdesenvolvimento que, por seu turno, dava sequência ao rumo que nos era apontado pela longa Luta do Movimento de Libertação em África contra o colonialismo, contra o “apartheid”, mas também contra muitas das suas sequelas arregimentadas pelo capitalismo neoliberal, na espectativa de que se acabasse com um choque que era dirigido contra o fulcro nevrálgico do continente africano, precisamente contra o pulmão tropical decisivo para a vida: a REGIÃO CENTRAL DA ÁGUA Continental (Grandes Lagos) e a REGIÃO CENTRAL DAS GRANDES NASCENTES (em Angola).

O apoio que então foi dado ao estado angolano, levou-me perante as evidências do choque neoliberal que alastrava na África Sub Sahariana a muitas intervenções sobre a equação República Democrática do Congo – Angola, de que exemplifico com esta, que pela primeira vez passa ao domínio público:

Em caso de se decidir auxílio a KABILA , é necessário definir o raio de acção da nossa (possível) intervenção.

20-08-98

1 )

CHARLES ONYANGO OBBO, que assina uma coluna no “THE MONITOR – KAMPALA”, do UGANDA, fornece-nos pistas interessantes, (em termos de análise), sobre as perspectivas das repercussões da situação na RDC em relação ao UGANDA (e necessariamente a outros Países dos GRANDES LAGOS).

Segundo ele, “o imprevisível leader Congolês, mesmo que perca o poder pode expandir a sua rebelião a partir do seu bastião de LUBUMBASHI”.

Essa conclusão parece-nos que, por um lado evidencia de certo modo o facto do KATANGA estar a ser colocado à parte das iniciativas dos rebeldes, conferindo prioridade ao BAS CONGO (FRENTE OESTE) e KIVU (FRENTE LESTE), por outro pode ter um efeito “boomerang” contra o RUANDA e o UGANDA, se levarmos também em consideração que o êxito da AFDL ter sido só possível com uma coligação de forças, que na altura ocorreu contra MOBUTU, de que ela até foi uma expressão mínima (em termos de meios, de força e de expressão política), mas que acabará por ganhar maiores capacidades na presente situação, mesmo que acabe por perder KINSHASA.

Segundo o articulista “os riscos do UGANDA nesta fase da rebelião são muito elevados. Se KABILA conseguir o suporte duma coalizão de países e force a contra ofensiva à rebelião, o UGANDA pela primeira vez terá na sua fronteira um País que oficialmente declarou guerra a ele”, pelo que seria importante que evoluísse para uma posição que fosse ao mesmo tempo a dum País forte e neutral; uma SUIÇA ou uma FINLÂNDIA na REGIÃO DOS GRANDES LAGOS”, com todas as vantagens que tal implicaria.

2 )

OGEN KEVIN ALIRO, outro articulista do mesmo jornal, faz algumas revelações e estabelece um cenário que poderá afectar os regimes de KIGALI e KAMPALA, de forma desfavorável, que muito poucas referências faz a ANGOLA.

Entre as revelações, começa por dizer que “nada é realmente surpreendente no que está a acontecer no CONGO. A única surpresa é o facto de ter demorado tanto tempo a explodir”. Esse argumento é fundamentado no facto de “só dois meses depois de KABILA se ter instalado como Presidente da RDC” se ter encontrado “com oficiais de alta patente Ugandeses que me deram a conhecer um elaborado plano dos banyamulengue – liderados pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros BIZIMA KARAHA, que estava afecto aos rebeldes – para assassinar KABILA. Eles também me revelaram os sentimentos anti – banyamulengue – tutsi que cresciam no CONGO, incluindo na sua própria província do KIVU”.

“Mais tarde, um outro oficial operativo de segurança disse-me que KABILA tinha de partir por que entre outras coisas ele estava a fazer contactos clandestinos com KHARTUM e a dar apoios a rebeldes da ADF contra YOWERI MUSEVENI do UGANDA. Ele estava a dar também apoio e bases aos genocidas INTERAHAMWE contra PAUL KAGAME do RUANDA. ANGOLA estava também com receio que KABILA estivesse a permitir também a passagem dos rebeldes da UNITA pelo território da RDC”.

O articulista temia uma rota de colisão entre os Governos de KAMPALA e PRETÓRIA, que trouxesse repercussões desfavoráveis ao Governo do UGANDA.

3 )

EMMY ALLIO, no “NEW VISION” dava a conhecer a tomada de importantes localidades na FRENTE LESTE, com a agravante de uma parte das forças derrotadas de KABILA se ter passado para o lado dos rebeldes, enquanto noutras localidades as suas forças terem passado ao contra ataque.

As forças Ugandesas mantinham as fronteiras fechadas e uma forte presença nelas, admitindo-se a presença na REGIÃO de forças Sudanesas.

4 )

Pensamos que o UGANDA em relação à sua posição na REGIÃO DOS GRANDES LAGOS, tem legítimas aspirações, aliás corroboradas pelos resultados práticos de sua Governação e, por outro lado, ANGOLA pode pensar nessa REGIÃO, como capaz de contribuir para uma atitude positiva e útil para a resolução dos problemas Africanos e até do nosso País.

Essa posição poderá ser definida em termos político-diplomáticos e também em termos práticos (a nível operativo e militar), se for nossa decisão participar na coalizão de suporte a KABILA em função da SADC e da OUA. 

A ANGOLA interessa fundamentalmente estabelecer e fortalecer um cinturão de segurança à volta das nossas fronteiras, ao mesmo tempo que se reforça a posição de KINSHASA, com vista a uma maior estabilidade política do Governo Congolês (que deve no entanto ser aconselhado a um outro quadro de orientações, em moldes diferentes dos até agora postos em prática por KABILA, que leve a um alargamento da sua base de apoio e sustentação), tal como em relação ao CONGO BRAZZAVILLE e esses postulados fundamentais dos nossos interesses políticos podem ser determinantes para outras acções e garantias (num cenário condicionado para a RDC) como por exemplo:

A garantia de segurança para os Países e Governos respectivos nos GRANDES LAGOS.

Manter o SUDÃO fora das alternativas possíveis de apoio a KABILA.

A garantia de segurança para o CONGO – BRAZZAVILLE, tendo em conta a nossa posição comum com o Governo daquele País.

A possibilidade de discussão, com o Governo de KABILA, no sentido de se procurar um quadro político administrativo capaz de ajudar ao controlo e estabilidade do KIVU, de forma a garantir um entendimento consolidado com os PAÍSES DOS GRANDES LAGOS.

Limitar estritamente a nossa intervenção militar a acções no BAS CONGO, KINSHASA, BANDUNDU, KASSAI OCIDENTAL e KATANGA, (as Províncias que têm fronteira com o nosso País).

Obter a contrapartida da não interferência em suporte à Organização Armada de SAVIMBI por parte de todos os interesses e intervenientes.

Procurar uma amnistia para os rebeldes, de forma a eles poderem vir a integrar coligações políticas (incluindo num futuro Governo em KINSHASA), sem o recurso à força e à provocação de instabilidade, seja em relação a ANGOLA (SADC), seja em relação aos PAÍSES DOS GRANDES LAGOS, tirando partido da posição política do Governo Sul-Africano.

Procurar apoios Ocidentais para KABILA, de forma a que ele possa congregar meios políticos, económicos e financeiros que levem à melhoria das possibilidades de estabilização da situação interna na RDC.

Fotos e ilustrações:
- Paul Manafort, financiador da campanha Presidencial de Donald Trump, financiou Mobutu e Savimbi na desestabilização forçada (choque neoliberal) do Congo e de Angola; será que, em plena terapia neoliberal impactando Angola, continua a saga financiando Chivukuvuku e Samacuva? – http://www.jn.pt/mundo/interior/chefe-de-campanha-de-trump-ajudou-a-financiar-savimbi-em-angola-5342745.html
- Liberty Global Logistics: modernos mercenários, piratas e corsários integram a frente comum que promove o caos, o terrorismo e a desagregação, utilizando o nome da Liberdade – http://libertygl.com/http://www.voltairenet.org/article196028.html;  http://www.odiario.info/a-partir-da-europa-armas-estado/
- O Liberty Passion foi construído, como os seus navios-gémeos, na Coreia do Sul e no Japão (estados vassalos dos Estados Unidos no extremo Oriente) e hoje integram o pelotão de transportes que levam armas aos grupos que “no terreno” promovem caos, terrorismo e desagregação no Médio Oriente – https://already-happened.com/2017/04/05/liberty-passion-carrying-us-military-vehicles-heading-toward-aqaba-jordan-after-trump-meeting-with-king-abdullah-ii/  
- Silk Way: a estrada da seda aérea ao dispor do caos, do terrorismo e da desagregação –http://www.silkwayairlines.com/;  http://www.voltairenet.org/article197145.html.
- Parte da frota de IL-76 da Silk Way no Aeroporto Internacional de Baku, que serve de base à Companhia Aérea de carga mercenária, que integra o jogo dos promotores do caos, do terrorismo e da desagregação um pouco por todo o mundo – http://www.silkwayairlines.com/http://www.voltairenet.org/article197254.html

Militarização: as novas guerras nas ruas, as guerras paradigmáticas de sempre


A gestão violenta de populações é um projeto funcional de governo e repressão de setores da sociedade, e de ordenamento e gestão de determinados espaços periféricos

Tomaz Paoliello e Manoela Miklos

Os militares estão de volta ao Rio de Janeiro sem nunca terem deixado a cidade. Nos últimos 12 meses, os militares foram chamados 4 vezes para intervir no local. Ao longo da última década, o estado do Rio recorreu às Forças Armadas 12 vezes. Quem circula pelas ruas da cidade já se acostumou com a presença de homens em uniformes camuflados, atiradores de elite, carros blindados e diversos outros personagens normalmente associados a palcos de guerra.

A participação das forças armadas na segurança pública no Rio de Janeiro pode ser contada por duas vias distintas. A primeira é a narrativa “local”, mais comum seja para os especialistas em segurança pública ou para ativistas na área. As versões construídas dentro dessa perspectiva destacam a extrema violência urbana no Rio de Janeiro, agravada pela crise da administração no estado. Essa violência é exercida por facções e grupos de crime organizado, mas está intimamente ligada a uma opção pela ação violenta do Estado nas favelas e periferias, dinâmica que acarreta num genocídio das populações negras. Esse processo está vinculado a uma opção por tratar as políticas de drogas como problemas de segurança, que busca o confronto armado e produz enormes violência e letalidade, além da brutal política de encarceramento.

É possível citar ainda o argumento “oficial”, que justifica operação militar ao formular uma suposta situação de emergência na segurança pública na cidade e no estado, que demandaria ações também emergenciais. Todas essas histórias são verdadeiras e nos ajudam a compreender o que ocorre em nossas ruas. São uma face da tragédia que ocorre na cidade do Rio de Janeiro e articulam de maneira necessária o ativismo que busca combater a violência.

Mas essa história pode ser contada também como parte de um repertório transnacional ou global de gestão militarizada de espaços e populações. O uso das Forças Armadas como ferramenta de segurança pública não é exclusivo do Rio de Janeiro ou mesmo do Brasil. A Colômbia segue como um caso destacado para a compreensão do nexo guerra-polícia, onde o governo operou junto com forças internacionais a mais explícita versão da “guerra às drogas”. Há décadas a segurança do país é gerida por um complexo de atores públicos e privados, locais e globais, que inclui as polícias, o exército nacional, as forças armadas dos Estados Unidos, além de empresas de segurança privada e milícias locais.

O México segue em vários aspectos a mesma trajetória, com um cenário de extrema violência gerido e instigado pela participação de militares e polícias na segurança pública. O país adotou um receituário de segurança pública repressiva, de confronto e encarceramento, em grande medida formulado nos centros globais de poder, notadamente nos Estados Unidos. Esse repertório foi desenvolvido através de testes em diversos laboratórios em países periféricos, por exemplo na própria Colômbia.

Uma perspectiva focada na “solução de problemas” geralmente aborda os casos da Colômbia e do México como fracassos de uma opção de política pública. Para essa visão surpreende que essa mesma opção militarizada seja reiteradamente aplicada, apesar do nosso enorme banco de dados que confirmaria o fracasso do combate militarizado do crime e das drogas. Esse tipo de leitura é necessário para articulação de ativistas que pretendem trazer alguma melhora às condições de vida de enormes parcelas da população. Mas ela precisa ser complementada por uma perspectiva crítica, que perceba a gestão violenta de populações como um projeto funcional de governo e repressão de setores da sociedade, e de ordenamento e gestão de determinados espaços periféricos.

As ruas de grandes cidades são policiadas pelas Forças Armadas em diversas das periferias globais. Os militares brasileiros estão presentes nas periferias do Rio de Janeiro, mas também em Porto Príncipe, no Haiti. A Guarda Nacional dos Estados Unidos esteve presente em Bagdá, mas também foi chamada a intervir em New Orleans e em Baltimore. Diversos dos mesmos ex-militares colombianos treinados pelas forças armadas dos EUA prestam serviços a empresas militares privadas em palcos de conflitos ou de intervenções internacionais, na Libéria, em Serra Leoa ou no Afeganistão.

Compreender a presença do exército em nossas cidades como uma manifestação disfuncional é interpretar o exército meramente como um instrumento de guerra. Isso significa ficar preso à sua dimensão jurídica ou conceitual, e perder de vista a função que de fato exerceu ao longo da história dessas localidades. Nesses locais, o exército é corresponsável, junto com outras organizações como as polícias e as milícias, pelo governo violento de determinadas populações e territórios. É assim na América Latina, na África, ou nas periferias de grandes cidades norte-americanas.

A interpretação dos militares como uma força de governo e de garantia de ordem foi em geral ocultada pela literatura mainstream de Relações Internacionais. Ao separar conceitualmente a segurança internacional da segurança pública, criamos uma barreira que nos impede de perceber formas de responder aos desafios da segurança e da insegurança na contemporaneidade com punitivismo e repressão. Reificamos uma escalada da violência, em especial – como é de praxe e é da praxis do sistema em que vivemos – nas periferias. Não questionamos a essência de um repertório global mano dura que ganha concretude de modo singular em cada contexto. Essa percepção segue sendo deslegitimada por círculos acadêmicos como questão inviável para as RI. Rejeitado pela comunidade epistêmica que poderia dar contribuição decisiva para a compreensão de tais temas. As fronteiras disciplinares trabalham junto às fronteiras políticas para nos fragmentar, podar percepções compreensivas e críticas e ocultar as dinâmicas globais que oprimem, reprimem, encarceram e matam.

Terra em Transe | Outras Palavras

O CHAMAMENTO DA GUERRA NUCLEAR

John Pilger

O comandante do submarino dos EUA diz: "Todos nós vamos morrer um dia, alguns mais cedo e outros mais tarde. O perturbador sempre foi que nunca se está pronto para isso, pois não se sabe quando é que chega o momento. Bem, agora sabemos e não há nada a fazer". 

Ele diz que estará morto em Setembro. Levará cerca de uma semana para morrer, embora ninguém possa estar muito certo. Os animais viverão mais.

A guerra acabou em um mês. Os Estados Unidos, a Rússia e a China foram os protagonistas. Não está claro se foi começada por acidente ou por erro. Não houve vitorioso. O hemisfério norte está contaminado e agora sem vida.

Uma cortina de radioactividade está a mover-se rumo à Austrália e Nova Zelândia, ao sul da África e à América do Sul. Em Setembro, as últimas cidades e aldeias sucumbirão. Tal como no norte, a maior parte dos edifícios permanecerão intactos, alguns iluminados pelos últimos vislumbres de luz eléctrica.

Este é o modo como o mundo acaba
Não com um estrondo, mas com um suspiro

Estas linhas do poema de T.S. Eliot, The Hollow Men (Os homens vazios), surgem no início do romance On the Beach (Na praia) de Nevil Shute, o qual me deixou próximo às lágrimas. Os endossos impressos na capa diziam o mesmo.

Publicado em 1957 na altura da Guerra Fria, quando tantos escritores estavam silenciosos ou acovardados, é uma obra-prima. A princípio a linguagem sugere uma relíquia refinada; mas nada do que li sobre guerra nuclear é tão implacável como a sua advertência. Nenhum outro livro é tão urgente.
Alguns leitores recordarão o filme a branco e preto de Hollywood estrelado por Gregory Peck como comandante da US Navy que leva seu submarino para a Austrália a fim de aguardar o espectro silencioso e informe descer sobre o último ser vivo do mundo.

Li On the Beach pela primeira vez há poucos dias, terminando-o quando o Congresso dos EUA aprovou uma lei para travar guerra económica à Rússia, a segunda mais letal potência nuclear do mundo. Não havia justificação para esta votação insana, excepto a ânsia da pilhagem.

As "sanções" também se destinam à Europa, principalmente à Alemanha, a qual depende do gás natural russo, e a companhias europeias que fazem negócios legítimos com a Rússia. Naquilo que passou por debate no Capitol Hill, o mais palrador dos senadores não deixou dúvida de que o embargo se destinava a forçar a Europa a importar o dispendioso gás americano.

Seu objectivo principal parece ser a guerra – a guerra real. Nenhuma provocação tão extrema pode sugerir qualquer outra coisa. Eles parecem almejar isto, muito embora os americanos tenham pouca ideia do que é a guerra. A Guerra Civil de 1861-65 foi a última no seu território. Guerra é o que os Estados Unidos fazem aos outros.

O único país a ter utilizado armas nucleares contra seres humanos. Desde então eles destruíram grande número de governos, muitos deles democracias, e destruíram sociedades inteiras – os milhões de mortos no Iraque foram um fracção da carnificina na Indochina, a qual o presidente Reagan chamou de "nobre causa" e o presidente Obama corrigiu como a tragédia de um "povo excepcional". Ele não estava a referir-se aos vietnamitas.

Ao filmar no ano passado no Lincoln Memorial, em Washington, ouvi acidentalmente um guia do National Parks Service a dar uma lição a um grupo de escolares adolescentes: "Ouçam", disse ele. "Nós perdemos 58 mil jovens soldados no Vietname e eles morreram a defender a vossa liberdade".

De repente, a verdade era invertida. Nenhuma liberdade foi defendida. A liberdade foi destruída. Um país de camponeses foi invadido e milhões do seu povo foram mortos, mutilados, expulsos, envenenados, 60 mil dos invasores puseram fim à sua própria vida. Ouçam, realmente.

Uma lobotomia é executada a cada geração. Os factos são removidos. A história é expurgada e substituída pelo que a revista Time chama "um eterno presente". Harold Pinter descreveu isto como "manipulação de poder à escala mundial, mascarando-se como uma força para o bem universal, um brilhante, mesmo brilhante, acto de hipnose com grande êxito [o que quer dizer] que nunca aconteceu. Nada alguma vez aconteceu. Mesmo enquanto estava a acontecer não estava a acontecer. Não importava. Não tinha interesse".

Aqueles que se auto-denominam liberais ou tendenciosamente "a esquerda" são participantes ávidos desta manipulação e desta lavagem cerebral, a qual hoje reverte a um nome: Trump.

Trump é louco, um fascista, um tolo da Rússia. Ele também é uma prenda para "cérebros liberais conservados no formaldeído da política de identidade", escreveu Luciana Bohne de modo inesquecível. A obsessão com Trump como homem – não Trump como um sintoma e uma caricatura de um sistema duradouro – atrai grande perigo para todos nós.

Enquanto prosseguem suas fossilizadas agendas anti-russas, media narcisistas tais como o Washington Post,a BBC e o Guardian omitem a essência da mais importante narrativa política do nosso tempo pois fomentam a guerra numa escala de que não posso recordar-me ao longo da minha vida.

Em 3 de Agosto, em contraste com a extensão que o Guardian tem dado à idiotice de que os russos conspiraram com Trump (o que recorda a difamação da extrema-direita de John Kennedy como "agente soviético"), o jornal enterrou, na página 16, a notícia de que o presidente dos Estados Unidos fora forçado a assinar uma lei do Congresso declarando guerra económica à Rússia. Ao contrário de todas as outras assinaturas de Trump, esta foi efectuada em segredo virtual e acrescentada com uma advertência do próprio Trump de que era "claramente inconstitucional".

Está a caminho um golpe contra o homem na Casa Branca. Não por ele ser um ser humano odioso, mas sim porque firmemente deixou claro que não quer guerra com a Rússia.

Este vislumbre de sanidade, ou de simples pragmatismo, é anátema para os administradores da "segurança nacional" que defendem um sistema baseado na guerra, vigilância, armamentos, ameaça e capitalismo extremo. Martin Luther King chamou-os "os maiores fornecedores de violência no mundo de hoje".

Eles cercaram a Rússia e a China com mísseis e um arsenal nuclear. Eles utilizaram neo-nazis para instalar um regime instável e agressivo na fronteira da Rússia – o caminho pelo qual Hitler invadiu, provocando as mortes de 27 milhões de pessoas. O seu objectivo é desmembrar a moderna Federação Russa.

Em resposta, "parceria" é uma palavra usada incessantemente por Vladimir Putin – qualquer coisa, parece, que possa travar nos Estados Unidos um impulso evangélico para a guerra. A incredulidade na Rússia pode agora ter-se transformado em medo e talvez uma certa resolução. Os russos quase certamente têm contra-ataques nucleares preparados. Ensaios de ataques aéreos não são incomuns. A sua história diz-lhes para estarem preparados.

A ameaça é simultânea. A Rússia é a primeira. A China é a seguir. Os EUA acabam de completar um enorme exercício militar com a Austrália conhecido como Talisman Sabre . Eles treinaram um bloqueio dos Estreitos de Malaca e do Mar do Sul da China, através dos quais passam as linha económicas vitais da China.

O almirante a comandar a frota estado-unidense do Pacífico disse que, "se necessário", ele atacaria a China com armas nucleares. Que ele dissesse tal coisa publicamente na actual atmosfera pérfida começa a tornar facto a ficção de Nevil Shute.

Nada disto é considerado notícia. Nenhuma ligação é feita quando se recorda o festim sangrento dePasschendaele um século atrás. A reportagem honesta já não é bem vinda na maior parte dos media. Pessoas enfatuadas, conhecidas como sabichonas, dominam: editores são administradores de info-entretenimento ou da linha do partido. Onde outrora havia edição, há agora o despejar de clichés para trituração. Aqueles jornalistas que não cumprem são defenestrados.

A urgência tem muitos antecedentes. No meu filme, The Coming War on China (A guerra vindoura à China),John Bordne, membro da equipe de combate de mísseis da US Air Force baseada em Okinawa, Japão, descreve como em 1962 – durante a crise cubana dos mísseis – foi dito a ele e aos seus colegas "para lançar todos os mísseis" a partir dos seus silos.

Armados com o nuclear, os mísseis destinavam-se tanto à China como à Rússia. Um oficial júnior questionou isto e a ordem acabou por ser revogada – mas só depois de terem sido emitidas com revólveres apontados e ordem para atirar numa equipe de míssil se eles não cumprissem.

Na altura da Guerra Fria, a histeria anti-comunista nos Estados Unidos era tal que responsáveis estado-unidenses que foram à China em negócios oficiais foram acusados de traição e despedidos. Em 1957 – o ano em que Shute escreveu On the Beach – nenhum responsável no Departamento de Estado podia falar a língua do país mais populoso do mundo. Falantes de mandariam eram expurgados sob restrições agora reflectidas na lei que o Congresso acabou de aprovar, destinada à Rússia.

A lei foi bipartidária. Não há diferença fundamental entre Democratas e Republicanos. Os termos "esquerda" e "direita" são sem significado. A maior parte das guerras modernas da América foram iniciadas não por conservadores mas sim por liberais democratas.

Quando Obama terminou o seu mandato havia presidido um recorde de sete guerras, incluindo a mais longa guerra da América, e uma campanha sem precedentes de mortes extrajudiciais – assassinatos – através de drones.

OBAMA: TRÊS BOMBAS POR HORA, 24 HORAS POR DIA 

No seu último ano de mandato, segundo um estudo do Council on Foreign Relations, o "relutante guerreiro liberal", lançou 26.171 bombas – três bombas por hora, 24 horas por dia. Tendo prometido ajudar a "livrar o mundo" de armas nucleares, o laureado com o Prémio Nobel da Paz construiu mais ogivas nucleares do que qualquer outro presidente desde a Guerra Fria.

Trump é um fraco em comparação. Foi Obama – com a sua secretária de Estado Hillary Clinton ao lado – quem destruiu a Líbia como estado moderno e lançou a debandada humana para a Europa. Internamente, grupos de imigração conhecem-no como o "deportador em chefe".

Um dos últimos actos de Obama como presidente foi assinar uma lei que entrega um recorde de US$618 mil milhões ao Pentágono, reflectindo a ascendência crescente do militarismo fascista na governação dos Estados Unidos. Trump endossou isto.

Enterrado nos pormenores estava o estabelecimento de um "Centro para Análise de Informação e Resposta". Isto é um ministério da verdade. A sua tarefa é providenciar uma "narrativa oficial dos factos" que nos preparará para a possibilidade real da guerra nuclear – se nós o permitirmos.


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

EU, “ANTIDEMOCRATA” ME CONFESSO

Embora o termo democracia esteja enevoado pelas meninges dos Assizes desta vida, democracia quer dizer “poder do povo”. E este só consegue ter poder quando oitenta por cento dele não está na miséria.

Nuno Ramos de Almeida | jornal i | opinião

Comecemos com uma pequena história. Era uma vez uma familiar minha que trabalhava numa importante organização internacional. Essa delegação era dirigida por um funcionário da ONU, por mandatos de alguns anos. No início dos anos 80, esse diretor foi substituído. O homem, antes de vir viver para Portugal, mandou um telex a perguntar “se havia comida em Lisboa e produtos nas prateleiras dos supermercados”. Apesar dos esclarecimentos dados de cá, ele que tinha visto, durante anos, horas de notícias sobre a situação de guerra civil em Portugal nas televisões, aterrou no Aeroporto de Lisboa com as bagagens pejadas de latas de comida. Durante os anos da revolução portuguesa, a comunicação social falava que Portugal estava a ferro e fogo, que escasseavam bens de primeira necessidade, que andavam conselheiros cubanos pelas matas a preparar a guerra civil e que o país vivia numa ditadura militar comunista.

Uma das séries de literatura de aeroporto mais famosas da época, tinha o cognome de SAS (Sua Alteza Sereníssima), e contava a história de um príncipe austríaco falido, Malko Linge, que colaborava com a CIA na salvação do mundo livre e o combate aos ogres comunistas. Durante os anos quentes da revolução, sai um livro dessa série chamado “Sourcières du Tage”, em que Malko é chamado a Lisboa, depois de dois agentes portugueses da CIA terem sido mortos a rajadas de G3 por militares portugueses. Aí colabora com a resistência democrática, feita de antigos agentes da PIDE, envolve-se sexualmente com uma Amália, provavelmente com Maria seria o único nome português de mulher que o escritor Gerard de Villiers conhecia, consumando o coito nas mesas do Grémio Literário, onde a resistente era gerente.

O intrépido aristocrata com a sua ação musculada ajuda a destruir um paiol de armas dos comunistas, que estava nas caves da António Serpa, primeira sede do PCP. Supostamente por baixo das escadas de entrada do edifício (este pormenor tem tanto mais graça, porque era aí que ficava, na realidade, a cozinha da porteira do edifício). Mas continuemos na narrativa cozinhada de Sua Alteza Sereníssima, a sua presença salva Portugal de uma ditadura comunista ao impedir uma conspiração que envolveria uma cassete sexual falsa sobre Mário Soares e um atentado a um avião com dirigentes menos radicais da revolução portuguesa. O romance, editado em maio de 1975, não diferia muito da cobertura da grande comunicação social. Nessa altura a revista “Time” fazia sair uma capa vermelha com a foice e o martelo e as caras de Costa Gomes, Otelo Saraiva de Carvalho e Vasco Gonçalves, chamando aos três a troika que dirigia a ditadura comunista em Portugal. O problema do pobre funcionário da ONU, que desembarcou anos mais tarde, foi ter acreditado na comunicação social. A pena deve ter sido andar a comer sardinhas, em lata durante um mês.

Pouco anos depois na Venezuela, em 1989, a população pobre de Caracas revolta-se contra as medidas ditadas pelo FMI e impostas pelo governo de Carlos Andrés Pérez, político da Internacional Socialista. As medidas seguem o chamado “Consenso de Washington”, com redução dos gastos sociais, privatização de empresas públicas e desregulamentação do mercado laboral, aumento dos produtos de primeira necessidade. Dias depois de ser eleito presidente, numa cerimónia que os venezuelanos chamaram a coroação, dado o fausto e o custo, o novo presidente anunciou um pacote económico ditado pelo FMI, que durante a campanha garantiu que não ia cumprir, que previa entre outras medidas: a subida em 300% do preço dos transportes públicos. No dia seguinte às medidas, a população dos bairros pobres de Caracas revoltou-se.

O país vivia numa imensa miséria com 80% da população abaixo do limiar da pobreza. Nesse dia 27 de fevereiro de 1989, o presidente suspendeu os artigos das Constituição que garantia as liberdades democráticas e mandou a tropa disparar. Segundo os números oficiais morreram 277 pessoas. Segundo observadores independentes e organizações de direitos humanos, mais de 2000 pessoas foram assassinadas, muitas delas depois de terem sido presas e torturadas pelas forças da ordem. Só a 1 de março, a imprensa portuguesa noticiou o sucedido, com o “Diário de Lisboa” a qualificar a “agitação”, como “a pior em 31 anos de democracia”, e a citar o presidente venezuelano que qualificou os protestos, como “tragédia incrível” e declarou que a “agitação tinha posto em causa o processo democrático”. O título do artigo ainda era mais surpreendente: “Protestos contra os aumentos na Argentina provocam mais de 100 mortos” (sic).

O país, que a noticia confundia com a Argentina, vivia supostamente em democracia há mais de 31 anos. Mas grande parte da população estava excluída de facto do processo democrático. Não tinha nem voto no que faziam os governos, nem tinha direito à vida. O país tinha uma espécie de rotativismo, entre partidos ditos de centro esquerda e centro direita, que garantiam o poder das elites do costume, e sobretudo os negócios das grandes companhias petrolíferas estrangeiras. Tudo estava bem para a Europa e os EUA.

A subida ao poder de Hugo Chávez, eleito em 1998, e tomando posse em 1999, veio alterar os dados da situação. O novo poder colocou a companhia petrolífera nas mãos do Estado e usou os rendimentos desta para fazer um conjunto de programas sociais que permitiram às populações dos bairros pobres aceder à saúde, educação e saírem do limiar da pobreza. Esta política de redistribuição dos petrodólares, não alterou a estrutura de propriedade de poder económico do país, mas retirou dezenas de milhões de venezuelanos da pobreza e permitiu que muitos deles começassem a participar no processo político. Tal como antes, a maioria esmagadora da comunicação social era propriedade de grupos privados hostis a Hugo Chávez. Em 2002, esses grupos, criaram situações de violência e manipularam imagens, fazendo passar um incidente que começou com um tiroteio contra manifestantes chavistas, por um ataque a manifestantes da oposição por forças policiais. Com base nessa manipulação, forças militares contra o governo provocaram um golpe de Estado e prenderam o presidente eleito Hugo Chávez. Esse golpe foi imediatamente reconhecido pelos EUA. Nele participaram os órgãos de comunicação social e os atuais políticos que dirigem, nos dias de hoje, a oposição. A descida de milhares de manifestantes dos bairros populares, e a ação de forças militares fieis ao presidente, conseguiram derrotar o golpe. Nenhum dos intervenientes passou muito tempo na prisão por aquilo que tinha sido feito. Passado um breve período, tudo estava na mesma: os grupos de comunicação social continuavam a fazer “notícias” hostis ao governo e os dirigentes golpistas mantinham-se em liberdade a dirigir a oposição.

Em 20 eleições democráticas realizadas, os chavistas ganharam 18. Grande parte com enormes vantagens. Nas restantes duas, Chávez foi derrotado com margem mínima num referendo para um novo texto constitucional que pressupunha a possibilidade de voltar a candidatar-se, e, mais recentemente, Maduro, depois de ter ganho as presidenciais, num país em que o poder executivo é do presidente, perdeu as eleições legislativas em que o PSUV teve 41% e a oposição do MUD, 56%. Nessas eleições verificou-se a “deserção” do voto popular das grandes cidades, dos chavistas para a oposição, tendo o PSUV vencido apenas nas regiões pobres e rurais.

Essa derrota é explicada, em grande medida por um conjunto de fatores, os governos de Chávez e de Maduro não conseguiram mudar a estrutura da economia venezuelana, nem do ponto de vista da posse e do poder económico, nem da sua dependência em relação ao petróleo. Este significa 90% das exportações venezuelanas e cerca de 12% do PIB. Aquilo que tinha contribuído para diminuir a pobreza na Venezuela, tinha sido a redistribuição através de programas sociais dos lucros do petróleo. Mesmo antes da crise de 2008, a situação mudou radicalmente, os EUA, com o apoio da Arábia Saudita, conseguiram diminuir o preço do barril de petróleo de uma forma abrupta e isso prejudicou economias de países como Angola, Irão, Rússia, Venezuela e até Brasil. No caso destes dois últimos países, a aposta dos governos de esquerda tinha sido não tocar na estrutura de propriedade do tecido produtivo e apostar apenas numa maior redistribuição social dos lucros das petrolíferas. Com a crise, este programa ficou em ponto morto. Acresce que, na Venezuela, a natureza populista do chavismo, ancorado em lideranças providenciais, não fez o suficiente para empoderar, do ponto de vista político, as populações mais pobres dotando-as de um verdadeiro instrumento de participação.

A crise económica tirou margem de manobra ao governo venezuelano e a situação agravou-se com a perda de cerca de 30% do PIB, desde os anos do início da crise. No campo partidário, a oposição, apoiada e subsidiada pelos EUA, apostou num plano que tem dado frutos em outros países, agudizar a violência nas ruas, de modo a que o resto de legitimidade democrática do chavismo termine, e se esqueça o facto de ter contribuído para o fim da pobreza de grande parte da população. Estas técnicas estudadas e sistematizadas por Gene Sharp têm-se mostrado eficientes na Sérvia, na Ucrânia, no Quirguistão, na Geórgia e noutros países em que foram utilizadas, com o apoio do Pentágono.

Este processo conta com uma autentica campanha mediática, que tem muito pouco a ver com jornalismo, cujo objetivo é multiplicar o número de mortos entre os manifestantes e esconder os atos de violência da oposição. Só assim se percebe que a maioria dos jornais espanhóis publiquem a fotografia de uma explosão, dizendo que é violência chavista, quando foi um atentado numa esquadra. As televisões afirmem que foram assassinados candidatos, “esquecendo-se”, que eram chavistas que se candidatavam à Constituinte. Que a comunicação social não divulgue notícias sobre chavistas queimados vivos por opositores. E que os média garantam que os números da consulta popular realizada pela oposição são verdadeiros, sem que os registos dos votos e cadernos eleitorais sejam públicos, enquanto contestem a legitimidade da eleição da Constituinte, dizendo-a ilegal, sem se darem ao trabalho de ler o artigo 348 da Constituição, que a regulamenta. Esta cobertura enviesada não serve para denunciar a violência politica e a falta de democracia na Venezuela, ela serve para legitimar um golpe de Estado ou uma maior intervenção estrangeira. É a nova lenda das “armas de destruição maciça no Iraque”.

Aquilo que os EUA e as oligarquias locais e mundiais contestam na Venezuela não é serem dirigidas por um incapaz, ou até o crescente autoritarismo do governo de Caracas: os EUA e os seus aliados europeus dão-se muito bem com regimes, como o da Arábia Saudita, que condenou, recentemente, à morte 14 pessoas pelo crime de se manifestarem contra a monarquia, e onde não há nem oposição, nem órgãos de comunicação social contrários ao governo. O que esses poderes mundiais nunca perdoaram ao chavismo foi a tentativa de promover uma maior igualdade económica e colocar os pobres no centro da ação política. É isso que é imperdoável para quem manda neste mundo. Como disse Assange, se a Venezuela tivesse a constituição da Arábia Saudita, tudo estaria bem para Washington e o petróleo em “boas mãos”.