sábado, 12 de março de 2016

PORTAS DESPEDE-SE COM LÁGRIMAS. É TEMPO DO CDS DA “BOSS AC”


 
CDS-PP / Facebook
Paulo Portas tinha pedido para não chorarem no seu adeus ao CDS, mas foi ele quem verteu lágrimas no congresso de eleição de Assunção Cristas como a nova líder do partido.
Ao fim de 16 anos de liderança, Paulo Portas despediu-se do CDS no Pavilhão Multiusos de Gondomar, durante o congresso que marca o arranque da nova líder Assunção Cristas. E o ex-vice-primeiro-ministro emocionou-se por várias vezes.
Aos 53 anos, Portas sai de cena para dedicar-se ao mundo empresarial e estará a ser disputado pela SIC e pela TVI que querem contar com ele como comentador, noticia o Jornal de Notícias.
No entanto, ninguém duvida de que voltará à política, nomeadamente para uma possível candidatura presidencial. Um tabu que o próprio Portas quis alimentar no seu discurso, pedindo para não lhe perguntarem onde estará daqui a 10 anos, ao cabo de dois potenciais mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa na Presidência da República.
E se é certo que a emoção marcou o seu discurso, mas a política também com o já ex-líder centrista acriticar fortemente o Banco de Portugal e o governador Carlos Costa, por causa do processo de venda do Novo Banco, e também retomando farpas contra “a geringonça” de Esquerda.

Segurança e bom senso com Cristas

Portas apelou ainda aos eleitores do CDS para não serem tentados pelo voto útil no PSD e depois abriu caminho a Assunção Cristas recorrendo à expressão inglesa “a safe pair of hands” para dizer que ela é “um par de mãos seguras” para o partido.
E a nova líder do CDS promete que, neste congresso, a renovação “vai ficar evidente”. “O CDS mostrará que está aberto para se renovar” e “aberto a abrir-se a todos”, disse ainda a ex-ministra da Agricultura, notando que quer o partido a “crescer o mais que puder” e a “falar para todas as pessoas sem excepção, para pessoas de todas as idades”.
Com 41 anos e mãe de 4 filhos, Assunção Cristas carrega o pesado fardo de suceder a Portas, o homem que vincou a estratégia centrista durante quase duas décadas e que terá influenciado a escolha da deputada como a sua sucessora.
Portas vê o “bom senso” como a grande qualidade da nova líder do CDS, segundo refere um artigo do Público, onde o dirigente do CDS Diogo Feio diz que ela é “desconcertantemente directa”.
Conhecida nos corredores do CDS como “Boss AC“, segundo escreve a jornalista Eunice Lourenço naRádio Renascença,  ela promete uma liderança “irreverente” e com “Ambição e Responsabilidade”, conforme refere na moção de estratégia ao congresso.
Nesse documento, citado pela Renascença, promete também defender um “estado social de parceria” com os privados, nomeadamente na Saúde e na Educação, e lutar pela possibilidade de alargamento da ADSE a todos os trabalhadores.
Também fala de um “país amigo da família” e imagina como será Portugal daqui a 20 anos, traçando um país quase perfeito fruto de políticas levadas a cabo pelo seu CDS.
SV, ZAP
NB: Por onde andam os olhos da justiça? Não há prestação de contas? 

PASSOS INCENTIVOU MARIA LUÍS A ACEITAR EMPREGO NA ARROW


 
portugal.gov.pt
Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque
Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque
A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque terá pedido conselho a Pedro Passos Coelho sobre as ofertas de trabalho que recebeu, e o ex-Primeiro-ministro incentivou-a a avançar para a Arrow. 
O Expresso avança que o convite da Arrow Global a Maria Luís Albuquerque não terá sido o único que a deputada do PSD recebeu quando abandonou a pasta das Finanças.
De acordo com o semanário, o cargo de administradora não-executiva na Arrow terá agradado particularmente à ex-ministra das Finanças, que consultou Pedro Passos Coelho. O ex-primeiro-ministro recomendou-lhe que avançasse.
A resposta do líder do PSD, segundo o Expresso: devia aceitar.
Passos Coelho defendeu na Comissão Permanente do PSD, conta o Expresso, que Maria Luís está sob uma chuva de críticas por ser vista como um ativo político com futuro, se assim o quiser.
O semanário aponta que dentro do PSD houve quem tenha ficado “um bocadinho admirado” por ouvir Passos Coelho a declarar que no lugar da sua ex-ministra das Finanças faria o mesmo. Um alto responsável do PSD afirmou mesmo à publicação que “no partido estão todos contra ela“.
ZAP
Comentário: A verdade vence sozinha, a mentira precisa de cúmplices.

MORTE DE DUAS TURISTAS ARGENTINAS PROVOCA DEMISSÃO NO GOVERNO DO EQUADOR


 
Marina Menegazzo / Facebook
Maria José Coni e Marina Menegazzo foram encontradas mortas seis dias depois de terem desaparecido em Montañita, no Equador
Maria José Coni e Marina Menegazzo foram encontradas mortas seis dias depois de terem desaparecido em Montañita, no Equador
As morte de duas jovens turistas argentinas no Equador e a onda de protestos levantada pelas declarações da vice-ministra do Turismo equatoriano, María Cristina Rivadeneira, provocou a demissão da governante.
Grupos de activistas e de defesa dos direitos das mulheres reagiram com uma onda de protestos às polémicas declarações da vice-ministra do Turismo equatoriano, María Cristina Rivadeneira, acerca da morte de duas turistas argentinas.
Segundo a agência ANSA, María Coni, de 22 anos, e Marina Menegazzo, de 21 anos, viajavam à boleia pelo Equador, e foram assassinadas no fim do mês de fevereiro em Montañita, perto de Guaiaquil.
As autoridades equatorianas referiram na altura que as turistas “viajavam sem companhia masculina”, declarações que suscitaram de imediato críticas de organizações de direitos das mulheres.
Mas a vice-ministra María Cristina Rivadeneira fez explodir a polémica, ao dizer que a morte das duas jovens “ia acontecer mais cedo ou mais tarde, porque andavam à boleia e procuravam festas”.
Em reposta, os pais das vítimas classificaram a vice-ministra de “animal”.
A família das vítimas suspeita da versão da polícia equatoriana, que prendeu entretanto dois homens, Eduardo Rodríguez, de 38 anos, e Alberto Segundo Mina Ponce, de 33, acusados de terem assassinado as jovens por se negarem a manter relações com eles.
Segundo os pais das jovens, “elas não sairiam espontaneamente com homens com o tipo físico” dos supostos criminosos, e suspeitam de que se trate de um caso de tráfico de pessoas.
ZAP

NB: Se acontece-se em Portugal, nem passava pela cabeça acontecer uma demissão. Por cá os nossos políticos são lentos em demitir das suas responsabilidades, mas, rápidos em encontrar desculpas.

Hora de Fecho: Conselhos, elogios e omissões do adeus de Portas

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
CDS-PP 
No dia em que se despediu, Portas deixou conselhos eleitorais à nova geração, avisos sobre a banca, Angola e Europa. Elogios a Cristas, Marcelo e a si próprio. "E pronto, finito". No final, lágrimas.
CDS-PP 
Portas despediu-se este sábado dos militantes do CDS. Houve vídeo de homenagem. Congresso de Gondomar marca consulado de Assunção Cristas, "um par de mãos seguras".
CDS-PP 
Portas não renuncia de imediato ao lugar de deputado. Fica no Parlamento, pelo menos, até abril. Será substituído por Filipe Anacoreta Correia.
CDS-PP 
É o fim de um ciclo para o CDS. Depois de 16 anos à frente do partido, Portas sai de cena para dar lugar a Assunção Cristas. Portas, o mestre dos sound bites, de A a Z na primeira pessoa.
CDS-PP 
Caderno de encargos para nova era pós-Portas é extenso. Para discussão no congresso há, no entanto, ideias comuns: todos querem CDS autónomo e a crescer. Moção de Nuno Melo é exigente.
ESPANHA 
Homem de 87 anos errou a manobra de ultrapassagem de um pelotão de ciclistas na zona de A Guarda. Dois ciclistas morreram e vários ficaram feridos.
ENTREVISTA 
Susan Davidson, curadora sénior do importante museu Guggenheim de Nova Iorque, esteve em Serralves para falar de coleções. O próximo Guggenheim abre na Finlândia. E Portugal? "Não precisa", diz.
BRASIL 
Durante as buscas a casa de Lula, a polícia encontrou uma referência a uma sala-cofre no Banco do Brasil. Aí estavam joias, obras de arte e um crucifixo que teria desaparecido do Planalto.
MUNDO 
Em Portugal desperdiça-se cerca de um milhão de toneladas de alimentos por ano. O Observador foi saber quem anda a combater esta realidade pelo mundo, o que acontece por cá e o que cada um pode fazer.
ORÇAMENTO 2016 
Costa diz em Paris que seria "absolutamente irresponsável" da parte do PSD votar contra compromissos internacionais do Estado assumidos pelo Governo anterior, caso dos apoios à Grécia e Turquia.
Opinião

André Azevedo Alves
Caso se mantenha a tendência de recuperação do preço do petróleo, os portugueses ver-se-ão muito rapidamente confrontados com máximos históricos no preço dos combustíveis que têm de suportar.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Não é razoável que alguns portugueses, que são contra o ‘amor digno’, imponham esse seu preconceito religioso. Mais: tratando-se do direito fundamental à dignidade familiar, não pode ser referendado.

Manuel Villaverde Cabral
O problema com a avaliação dos presidentes é o das ilusões sobre o semi-presidencialismo repetidas desde sempre: um presidente regulador; um presidente com poderes reais.

Maria de Fátima Bonifácio
Muita gente tem dificuldade em convencer os outros; a maior dificuldade da Fátima Patriarca era convencer-se a si mesma. O que é ilustração prática da ética do cientista, que ela cultivou sem falhas.

Carlos Moedas
Há uns dias tive o privilégio de galardoar Susana Sargento com o maior prémio mundial destinado a celebrar as mulheres inovadoras: o Women's Innovator Prize 2016. Foi um prémio merecido.
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Hoje é dia de Paulo Portas dizer adeus aos militantes

Paulo Portas despede-se da liderança do CDS-PP este sábado numa intervenção perante o 26.º Congresso dos centristas que deverá escolher Assunção Cristas como sua sucessora, que também intervirá no primeiro dia da reunião magna dos centristas.

© Lusa
O primeiro dia de Congresso em Gondomar (Porto) ficará marcado pela intervenção do ainda presidente, Paulo Portas, prevista para cerca das 12:40, antes da pausa para almoço dos congressistas.

Nuno Melo, que se retirou da corrida à liderança do CDS-PP, intervém antes de Portas, para apresentar o relatório dos deputados ao Parlamento Europeu.

Ainda no período da manhã está também prevista a apresentação do trabalho dos deputados à Assembleia da República pelo líder parlamentar, Nuno Magalhães, e intervenções do secretário-geral, António Carlos Monteiro, e do coordenador autárquico, Domingos Doutel.

Assunção Cristas discursa ao Congresso à tarde, a partir das 15:00, no período reservado à apresentação das moções de estratégia global, para dar a conhecer o seu documento de 31 páginas, com o título "Ambição e Responsabilidade".

Apresentam também moções de estratégia global - que não obrigam a uma candidatura à liderança, mas que são obrigatórias para quem é candidato - o líder da tendência Alternativa e Responsabilidade, Filipe Anacoreta, o dirigente e deputado João Almeida, o porta-voz e apoiante da primeira hora de uma candidatura de Nuno Melo, Filipe Lobo D'Ávila, bem como de Telmo Correia, Diogo Feio, João Maria Condeixa, Mattos Chaves (da tendência Direita Social), bem como a Juventude Popular e a Federação dos Trabalhadores Democratas-cristãos.

A discussão das moções está prevista até à meia-noite, quando os trabalhos deverão encerrar. No período entre as 19:00 e as 21:00/22:00 deverão intervir 'pesos-pesados' do partido como o ex-ministro da Economia António Pires de Lima e o antigo líder parlamentar António Lobo Xavier.

Assunção Cristas poderá voltar a intervir perante o Congresso ainda hoje, disse à Lusa fonte oficial do CDS-PP.

O segundo e último dia de reunião magna, no domingo, está reservado à eleição dos novos órgãos do partido, até cerca das 12:00, a que se seguirá o discurso de consagração de Cristas como líder dos centristas.


Paulo Portas tornou-se líder do CDS-PP em 1998, no Congresso de Braga, tendo estado afastado da direção centrista apenas dois anos, entre 2005 e 2007, durante a liderança de José Ribeiro e Castro.


Comentário: está na hora da justiça abrir os olhos, senão vai-se embora…

Marcelo abre as portas do Palácio de Belém e apela à “unidade” dos portugueses

Imagem: CM
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, abriu hoje as portas do Palácio de Belém a visitantes e definiu como «fundamental» que os portugueses se sintam próximos do poder político num ambiente social de «unidade».

«Neste momento é fundamental que as pessoas se sintam próximas dos símbolos da pátria. A bandeira, o hino, o Presidente, o Palácio de Belém, mas sobretudo se sintam próximas umas das outras. A unidade é mais importante que a divisão dos portugueses», advogou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas três dias após a tomada de posse como Presidente da República, num sábado soalheiro em Lisboa, onde centenas de pessoas visitam o Palácio de Belém, num momento de «proximidade» que o chefe de Estado quer cultivar junto dos cidadãos «periodicamente».

"Há vários símbolos e o Palácio de Belém é um símbolo de unidade dos portugueses e de proximidade do povo em relação ao poder político", disse Marcelo, depois de observar as "filas muito grandes" para aceder ao Palácio.

E concretizou: "O que interessa hoje é abrir o Palácio, permitir que [os cidadãos] visitem o Palácio, sintam verdadeiramente o que é o local onde se exerce o poder e, nesse sentido, fiquem mais próximos do exercício do poder".

O chefe de Estado, que tomou posse na quarta-feira, chegou cerca das 11:00 ao Palácio de Belém e assistiu ao render solene do esquadrão presidencial da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Pelas 12:00, deslocou-se dos jardins do edifício para o interior, recebendo desde então centenas de visitantes que terão hoje a possibilidade de ficar a conhecer algumas das salas do Palácio de Belém.

Fonte: DD/Lusa


Vontade


Entendida como princípio de movimento, impulso ou capacidade para agir, envolvendo uma dimensão reflexiva dessa atividade, a vontade é o pressuposto fundamental para o julgamento do valor moral de nossas ações e decisões, na medida em que pode ser pensada como aptidão para dar início, como instância causal, a uma série de efeitos, que, por conseguinte, não têm sua fonte de determinação em nenhum princípio interno ou externo alheio ao próprio querer.

Todo juízo de imputação tem de pressupor ser o agente capaz de alternativa, de fazer ou deixar de fazer uma determinada ação. Somente sob tal pressuposto é que se pode considerar alguém como responsável por aquilo que faz. Admitindo-se um rígido determinismo das causas naturais, seríamos forçados a conceder que também todas as nossas opiniões e ações sejam determinadas por causas anteriores, elas próprias, por sua vez, condicionadas pela efetuação de outra prévia ocorrência causal, regredindo-se, assim, ao infinito na série das causas.

Portanto, alguma forma de causalidade da vontade tem sempre que ser pensada, caso faça sentido o juízo de imputação, pelo qual somos reconhecidos como sujeitos de nosso agir. Por essa razão, esse é o conceito que se constitui como referência e pedra angular da moderna reflexão filosófica, na medida em que esta se volta para a apreciação do valor do agir humano axiologicamente orientado.

Como ensina Albrecht Dihle (Die Vorstellung vom Willen in der Antike. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1985. Há uma versão em inglês dessa mesma obra: The Theory of Will in Classical Antiquity. Berkeley/California: The University of California Press, 1982), no domínio da reflexão ético-moral, a história da filosofia registra uma notável particularidade: a despeito de que todos os sistemas éticos do Ocidente tenham sido edificados sobre o alicerce das contribuições do pensamento ético grego, deste estava ausente um conceito isolado, autônomo e explícito de vontade.

Para o pensamento grego, desde o mais antigo, havia uma analogia e um trânsito entre a ordem divina e natural, vigente no cosmos, e a ordem ética e social. Essa reciprocidade entre o cosmos e a legislação ética encontra expressão em longa e sólida tradição, de que testemunha, por exemplo, o proverbial oráculo de Delfos. Uma das implicações do conhece-te a ti mesmo é aquela segundo a qual o comportamento moral deve ser equacionado com o auxílio de regras tão racionais e universalmente aplicáveis quanto aquelas que vigoram no curso da natureza.

Se tivermos presente que "a palavra vontade e seus equivalentes nas modernas línguas européias designam, quando empregadas na descrição e avaliação do agir humano, o impulso para a ação, sem consideração de sua origem possível na reflexão conforme à razão, ou na constituição emocional" (p. 31), isto é, a energia para o agir posta à disposição da consciência, então fica claro que no mundo grego clássico e helenístico os problemas mais importantes da reflexão ética não foram, nem podiam ser colocados e resolvidos com auxílio do conceito de vontade.

A realidade da ordem cósmica com a conseqüente imutabilidade de suas leis universais é racional, o que possibilita o trânsito, para o intelecto humano, dessa concordância isonômica. Por causa disso, podem ser descobertas leis para o agir humano tão necessárias e universais quanto as leis da natureza. De conformidade com isso, o homem sábio se demonstra como tal pela capacidade para agir corretamente. Se, na prática, podemos indicar casos de ações errôneas com aparente conhecimento do caminho correto, trata-se de mera aparência, que pode ser desfeita pela explicação suficiente da ausência de motivação suficientemente racional.

Integrado a tais coordenadas, todo o diálogo Górgias de Platão pode ser interpretado como uma monumental tentativa de provar duas teses morais: a primeira delas é que toda má ação é praticada unicamente por ignorância. Age-se mal porque se ignora o que é o bem, em cada uma das circunstâncias de ação. A segunda tese consiste na afirmação de acordo com a qual é melhor padecer o mal a infligi-lo.

No diálogo Protágoras (357a-358d) Platão apresenta uma formulação lapidar desse ensinamento ético tradicional: "Que chamareis de ignorante? Não é ter uma falsa opinião e se enganar quanto a coisas de grande importância? Não é verdade que ninguém se conduz voluntariamente ao mal ou àquilo que toma pelo mal, que não parece estar na natureza do homem o resolver procurar aquilo que é mau de preferência àquilo que é bem, e que, quando se é forçado a escolher entre dois males, ninguém há que escolhesse o maior, podendo tomar o menor? Sobre todos esses pontos estamos de acordo".

É inegável que a teoria da ação de Aristóteles opera uma re-orientação profunda em relação a motivos filosóficos platônicos e tradicionais, ligados à vontade e ao agir virtuoso. Nesse sentido, ele é o primeiro a considerar a importância do costume como elemento relevante no que respeita à virtude ético-política, introduzindo uma diferenciação entre intelecto contemplativo e intelecto prático, com auxílio da qual compreende a esfera do agir humano de maneira tal que nela nada mais pode ser conhecido ou prognosticado do mesmo modo como no domínio dos eventos cósmicos e naturais, De todo modo, também para Aristóteles o reto desejo se determina em concordância com a verdade, e o juízo sobre as ações singulares tem por base a necessária referência à escolha racional e à avaliação moral da finalidade das mesmas e dos meios escolhidos.

Assim, pode-se afirmar que, na tradição de nossa cultura ocidental, a construção de um conceito diferenciado e autônomo de vontade, enquanto faculdade responsável pelo impulso para o agir, é genuína contribuição do gênio teológico e eclesiástico judaico-cristão, cuja formulação áurea foi cunhada por São Paulo em sua Epístola aos Romanos (7, 18-23), em termos que estabelecem os rumos definitivos pelos quais passará, daí por diante, o essencial da reflexão moral.

"Pois o querer o bem está ao meu alcance, não, porém, o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu que estou agindo, e sim o pecado que habita em mim. Verifico pois esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Eu me comprazo na lei de Deus, segundo o homem interior; mas percebo outro lei em meus membros, que peleja contra a lei da minha razão e que me acorrenta à lei do pecado que existe em meus membros".

É certo que não se pode cogitar aqui ainda de um conceito filosoficamente elaborado de vontade. Decorrência do pecado e da queda, a corrupção da vontade humana é a causa pela qual o espírito se afasta dos bens verdadeiros, que provêm de Deus, de modo que a vontade permanece prisioneira da concupiscência do corpo e às suas misérias, rebelde à perfeição divina.

A doutrina paulina da vontade marca profundamente o pensamento cristão, tendo recebido fecunda re-interpretação filosófica, ainda no final da antiguidade e início da idade média, por meio da doutrina do arbítrio, do pecado, da predestinação e da graça formulada por Santo Agostinho. Refletindo a fecundação da herança espiritual grega pela sabedoria teológica judaico-cristã, Santo Agostinho se esforça por explicitar uma compreensão teológico-antropológica do homem, a partir do relacionamento entre memória, intellegentia e voluntas.

Em De duabus animabus (391-93) Santo Agostinho, elabora a primeira definição de vontade em língua latina: "voluntas est animi motus, cogente nullo, ad liquid non amittendum vel adipiscendum". (Vontade é um movimento da alma, sem nenhuma coação, para não perder ou para adquirir algo). Movimento sem qualquer coação, a vontade é, portanto, livre; por essa razão, ela pode se afastar de Deus não no espaço, mas por afeição e cupidez, e dirigir-se para as coisas inferiores a Deus, preenchendo-se de estultícia e miséria.

Trata-se de uma novidade em relação ao mundo helênico e helenístico, pois se o anseio da alma permanece voltado para a perfeição e para a bem-aventurança, essa meta não é alcançada como termo final de uma cadeia de atos cognitivos. A ascese do plano inferior do mundo sensível para os bens superiores e máximos só pode ser realizar na tensão entre amor (caritas) e concupiscência, entre obediência e rebeldia.

Percebe-se, portanto, que tal definição de vontade está diretamente ligada à possibilidade de racional explicação da presença do mal e do pecado no universo. Estes são desprovidos de realidade e positividade, razão pela qual Deus não pode ser considerado como sua causa ou autor, sendo pura negatividade, defecção em relação à suma perfeição divina.

Em De Diversis Quaestionibus (83,8), escreve Santo Agostinho:

"Percebe-se que a alma se move por si, quando se percebe que há nela uma vontade. Pois quando queremos, não é outro em nós que quer. E esse movimento da alma é espontâneo: pois é atribuído por Deus a ela. Todavia, esse movimento não se dá no lugar, como o movimento dos corpos, pois mover-se localmente é próprio dos corpos".

Essa doutrina adquire profunda repercussão em todo pensamento medieval, sofrendo reformulações consideráveis, tanto em Pedro Abelardo, quanto em São Tomás de Aquino, que recupera categorias fundamentais da ética de Aristóteles. Para São Tomás, que se apóia de modo mais decisivo na teoria aristotélica da virtude, a vontade do homem dirige-se natural e espontaneamente para o bem e para as coisas que são convenientes com sua natureza. Entretanto, a poderosa e fecunda influência paulino-agostiniana se reafirma com a doutrina do servo arbítrio, do reformador Martinho Lutero, que repercute profundamente sobre a teoria kantiana da vontade, com sua doutrina do mal radical. Essa noção luterana de servo arbítrio constitui um marco de referência para o pensamento teológico, filosófico e político da Reforma.

A esse respeito, é necessário reconhecer que são categorias teológico-políticas que presidem a teorização filosófica sobre vontade, podendo-se perceber sua reverberação nas modernas tentativas de explicitação do conceito jusfilosófico de vontade em Hobbes e Locke, no que respeita à tradição anglo-saxônica, e, quanto aos continentais, em Grotius, Descartes, Rousseau, Pufendorf , Leibniz e Spinosa. Brotam das raízes espirituais dessa tradição o mais rigoroso e bem elaborado tratamento sistemático dado à noção de vontade na filosofia moderna, a saber, o idealismo crítico de Immanuel Kant.

Com o rigor e a profundidade que distinguem sua filosofia, Kant tematiza o conceito de vontade, à partir de um conjunto de diferenciações extraídas da noção mais ampla de Begehrungsvermögen, que significa faculdade apetitiva, ou apetição. Na introdução de sua Metafísica dos Costumes (I, AB 1,2) Kant escreve:

"A faculdade de apetição é a capacidade de, por intermédio de suas representações, ser causa dos objetos dessas representações. Chama-se vida a faculdade de um ser de agir de conformidade com suas representações".

Diferentemente do simples desejo, que é mera apetição, ou vago anseio por um objeto qualquer, o arbítrio é a faculdade de desejar, acompanhada da consciência de poder determinar o próprio agir, com vistas à produção, ou realização do objeto da representação.

Já vontade stricto sensu é, para Kant, a razão prática, isto é, a razão enquanto discrimina e determina as leis, princípios ou regras gerais para o querer.

"Toda coisa da natureza age segundo leis. Apenas um ser racional tem a faculdade de agir segundo a representação de leis, isto é, mediante princípios, ou uma vontade. Na medida em que é exigida razão para a derivação de ações a partir de leis, então a vontade não é outra coisa senão razão prática." (Fundamentação da Metafísica dos Costumes, BA, 37).

Por sua vez, a filosofia prática de Kant, na qual pode-se identificar a persistência da noção paulina de vontade, com a inflexão peculiar que lhe dão Santo Agostinho e Lutero, representa um marco na doutrina ética, jurídica e política da vontade, tendo sido retomada, criticada e reformulada por Fichte, em sua revalorização do eu volitivo, em face do eu cognitivo, assim como por Schelling, em seu escrito sobre a insondável liberdade da vontade humana e a possibilidade metafísica do mal. Posteriormente, Hegel, construirá sua doutrina do Estado e do Direito à partir da crítica do abstrato conceito kantiano de vontade.

No parágrafo 4 da introdução à sua Filosofia do Direito, na tentativa de dar à noção de vontade a concretude que, segundo ele, faltava à doutrina kantiana da moralidade, Hegel afirma:

"O solo do direito é, em geral, o espiritual e sua posição mais próxima e ponto de partida é a vontade, que é livre, de modo que a liberdade constitui sua substância e determinação, e o sistema do direito é o reino da liberdade efetivada, o mundo do espírito, produzido à partir dele próprio, como uma segunda natureza".

Com Arthur Schopenhauer, o conceito de vontade é dotado de uma novidade absolutamente radical, rompendo-se o liame e invertendo-se os pólos de valoração tradicional entre vontade e racionalidade. Razão e intelecto são pensados por ele como instrumentos a serviço da vontade, esta definida como impulso presente em todos os seres da natureza e no homem, ímpeto cego, irracional e irresistível.

Conduzindo a filosofia do idealismo transcendental ao ponto extremo de seu radicalismo e, por essa via, levando-a a seu acabamento, o sistema filosófico arquitetado por Arthur Schopenhauer atribui à vontade a dignidade ontológica de centro e cerne metafísico da realidade. Aqui a vontade é considerada como querer universal, substância íntima e núcleo de todo ente particular, bem como do todo.

Já no primeiro parágrafo do primeiro livro de sua obra capital, O Mundo como Vontade e Representação, Schopenhauer ensina que só podemos considerar o mundo em duplo registro: por um lado, à partir da cognoscibilidade e da consciência, e, nessa chave, temos de "considerar irrestritamente todos os objetos existentes, até mesmo o próprio corpo, apenas como representação, denominá-los mera representação. Aquilo que é abstraído daqui é vontade que, enquanto tal, constitui sozinha o outro lado: pois este é — do mesmo modo que, por um lado, completamente representação —, também, por outro lado, completamente vontade. Porém, uma realidade que não fosse nenhum desses dois, mas um objeto em si (em que, infelizmente, também se degenerou a coisa em si de Kant) é uma sonhada impossibilidade, e sua admissão é um delírio na filosofia".

Dessa maneira, Schopenhauer concebe a totalidade do real como se desdobrando unicamente nessas duas perspectivas, ou como objeto para um sujeito, ou como unidade metafísica da vontade. Na medida em que está submetida ao princípio de individuação, sendo determinada pelo princípio de causalidade, toda realidade empírica é meramente fenomênica, e tem o estatuto de forma singular de manifestação, no tempo e no espaço, de uma única e mesma essência metafísica, por ele denominada vontade, cuja objetividade imediata dá-se em nosso corpo.

Desse modo, o sistema de O Mundo como Vontade e Representação retoma, a seu modo, o privilégio metafísico atribuído à vontade pelo idealismo absoluto de Schelling; porém, em Schopenhauer o âmbito de significação do conceito de vontade é significativamente ampliado — de modo algum limitando-se ao plano da consciência —, com o que fica aberto o caminho para a noção de vontade inconsciente, que será explorada pela psicanálise de Freud.

Outra conceituação fundamental de vontade, na filosofia contemporânea, é aquela formulada por Friedrich Nietzsche, cuja fortuna crítica se estende a nossos dias. Tendo sofrido considerável influência da metafísica da vontade de Schopenhauer, Nietzsche também identifica a vontade com a realidade última do universo. Não, porém, como vontade de viver em disputa pela matéria, como pretendia seu antigo mestre, mas como vontade de poder, que é a palavra definitiva da filosofia de Nietzsche.

Em uma de suas obras mais conhecidas, Assim Falou Zaratustra, no capítulo intitulado Da Auto-Superação, escreve Nietzsche: "lá, onde há vida, alí há também vontade, porém não vontade de vida, mas — assim o ensino a você — vontade de poder". Com base nesse conceito, Nietzsche consegue interpretar todos os fenômenos da natureza e da história, encarando-os como formas de manifestação de forças em oposição e aliança, cujo impulso e interesse fundamental consiste na intensificação do próprio poder.

Tanto quanto Schopenhauer, antes dele, também Nietzsche foi um resoluto adversário da doutrina do livre-arbítrio. Uma de suas mais significativas operações consiste em dissolver a noção abstrata de uma faculdade apetitiva em uma pluralidade infinita de atos volitivos singulares e concretos, apenas parcialmente acessíveis à consciência, que são determinados pela pressão de impulsos em conflito, interagindo e resistindo uns aos outros, em esforço permanente para impor suas exigências como diretivas de ação.

Com isso, o conceito de vontade diversifica-se e amplia ainda mais seu alcance e sentido, pois Nietzsche compreende a vontade de poder como única causalidade presente no universo, tanto no âmbito da natureza inorgânica, como no plano da vida, da história individual e política do homem. Os supremos valores da cultura, tanto lógicos como morais e políticos, são interpretados por ele como manifestações da vontade de poder, que assim não se limita ao âmbito rude e material das relações de domínio e exploração, mas também se transfigura nas mais sublimes florações do espírito. Muitas de suas contribuições impactaram a psicanálise e até hoje influenciam a discussão a respeito da liberdade da vontade e da responsabilidade moral pelo agir humano, tal como esta se realiza em filosofia, psicologia, antropologia social e na teoria política contemporâneas.

Sempre tendo como pressuposto a vontade, a reflexão e o debate atual sobre a responsabilidade e o valor moral das ações procura compatibilizar determinismo com alguma noção de liberdade. Mesmo considerando ilusória a crença na absoluta liberdade e indeterminação do arbítrio, podemos conservar o sentido de responsabilidade moral por nossas decisões e por nosso agir. Com efeito, admitir que os atos da vontade são determinados por fenômenos motivacionais, por exemplo, não impede de pensar que uma ação determinada se encontra também em nosso poder, na medida em que não sejamos rigorosamente compelidos a praticá-la, podendo sempre escolher entre praticá-la ou dela se abster.

Oswaldo Giacoia Junior
IFCH/Unicamp

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A vontade é o elemento fundamental...


Podemos dizer que o filósofo Arthur Schopenhauer, nascido em Dantzig (em 1788) e falecido em Frankfurt (em 1860), marcou a História da Filosofia no Ocidente, principalmente por ter valorizado um elemento novo nas discussões filosóficas: a noção de corpo. Nos tempos em que Schopenhauer viveu, as filosofias de Hegel e de Schelling predominavam e se apoiavam somente noaspecto racional do homem . Para Schopenhauer, em vez de a razão definir o homem e "decifrar o enigma do mundo", são o corpo e o sentimento, o que ele chama de vontade, que permitem alcançar e dizer o sentido das coisas. A vontade é o que há de mais essencial no mundo; ela se manifesta em toda a natureza e nos corpos animais, independentemente de serem eles possuidores ou não da faculdade de razão. Todos os corpos do mundo fenomênico são considerados, nessa filosofia, como concretização de um mesmo querer que nunca cessa. A objetivação da vontade não escolhe se vai se manifestar no homem mais inteligente ou numa pedra. Desse modo, em se tratando de espécies, a diferença entre os seres humanos e os demais animais é quase insignificante, visto que tanto o homem quanto o animal têm por base uma mesma essência metafísica, a vontade de vida.
Além disso, o que faz com que a atenção dada por Schopenhauer ao corpo seja vista como determinante é o papel indispensável que este elemento tem na teoria do conhecimento do pensador. Ele acredita que a base da formação do nosso conhecimento racional não é racional, já que começa com as sensações corporais. O que o filósofo chama de representações empíricas só existem porque, anteriormente, o corpo informou dados dos objetos e sensações abafadas ao entendimento que organiza as representações. Nesse contexto, é importante levar em conta que o entendimento também faz parte do corpo do sujeito, já que é entendido como um órgão físico ou o próprio cérebro. Assim, em vez da racionalidade, como se fosse uma rainha do mundo, definir sozinha o conhecimento, ela se torna dependente dos dados corporais; só a partir desses dados a razão pode fazer algo.
Resumidamente, segundo Schopenhauer, ocorre o seguinte: por meio das afecções do corpo, o indivíduo enraíza-se no mundo e passa a intuí-lo pelo entendimento, gerando, assim, o conhecimento. Com efeito, se o indivíduo é sujeito do conhecimento, ele é também corpo . Assim, inserida no campo da discussão da cognoscibilidade humana, a noção de corpo concebida pelo pensador apresenta-se como determinante. Não mais se corre o risco da admissão de uma "cabeça de anjo alada" designando a mente do homem totalmente alheia a seu corpo, algo possível quando se considera apenas o domínio da abstração sem uma base corpórea.
Nesse sentido, se a fim de sustentar a sua teoria do conhecimento, Descartes tomou o cogito como determinante, estabelecendo a dualidade corpo/alma e o primado da res pensante sobre a res extensa; Schopenhauer, em vez de delimitar corpo e alma, une corpo e intelecto. Tanto o corpo quanto o intelecto são expressões de um mesmo em-si, que, acima de tudo, expressam algo que o pensamento e os conceitos não alcançam, a própria vontade.

O ponto de partida do conhecimento
A questão pode ser mais bem detalhada quando consideramos que o corpo é tomado pelo filósofo sob duas perspectivas. Uma que o considera como objeto imediato e outra que o vê como objeto mediato. Nesse sentido, "o entendimento nunca seria usado, caso não houvesse algo a mais, de onde ele partisse. E este algo consiste tão-somente nas sensações dos sentidos, a consciência imediata das mudanças do corpo, em virtude da qual este é objeto imediato."

Além disso, Schopenhauer salienta a que o corpo é a representação que constitui para o sujeito o ponto de partida para o conhecimento. O corpo é, pois, objeto imediato na medida em que é um mero conjunto de sensações dos sentidos que advêm da ação dos outros corpos sobre si. Nesse primeiro aspecto, o corpo designa propriamente a vontade porque cada ato de vontade corresponde a um movimento corporal; e, então, ele passa a ser - além de condição de possibilidade do conhecer - a chave para se descobrir ou se decifrar o "enigma do mundo". Contudo, esse mesmo corpo pode fornecer dados dele mesmo, na medida, por exemplo, em que os olhos veem suas partes e as mãos o podem tocar. Assim é que o corpo passa a ser, tal como os outros, objeto mediato, portanto, conhecido como representação na intuição do entendimento. Para que esse conhecimento ocorra é necessária, através do uso da lei da causalidade, a ação de uma de suas partes sobre as outras.
O autor faz uma ressalva quando toma o corpo como objeto imediato. O corpo não se dá propriamente como objeto por um motivo claro: é que Schopenhauer não o considera de um ponto de vista unilateral, ou seja, tão somente do ponto de vista do mundo como representação, o que justificava designá-lo como objeto, mas, além disso, passa a considerá-lo também a partir do mundo como vontade. De fato, principalmente a partir do Livro II de O Mundo como Vontade e como Representação, ações do corpo e atos da vontade passam a se identificar e, em razão disso, o corpo é também visto como Objeto da Vontade (Objektität des Willens). Assim é que o objeto imediato passa a ser visto por si mesmo e, mais ainda, esse outro modo de conhecimento passa a se distinguir do que é comum à representação. Com isso, a certa altura já não se tem mais tão-somente "sensações dos sentidos", ou seja, um mero meio para algo outro, mas a realidade externa. Esse mesmo meio passa a se definir como objeto e a sua figura corporal começa a ser desenhada, estando ela dotada de especificidades.

Edifício das construções racionais
Assim, o corpo, além de revelar a Vontade e ser objeto imediato, torna-se mais um objeto passível de conhecimento. É então que seus próprios membros podem se conhecer; uma mão vista ou um olho tocado e, ambos, situados espacialmente, tornam-se objetos mediatos, muito embora sejam eles também, na medida em que a mão ajuda na construção de outros objetos e o olho vê, objetos imediatos. Vê-se, pois, o motivo pelo qual, caso não houvesse a atuação do entendimento - um membro corporal determinante para a construção do conhecimento - não haveria também um mundo externo. Uma sensação por si mesma seria uma "coisa pobre", mera afecção dos sentidos. Enquanto tal, essas sensações não poderiam conter nada de objetivo, portanto, nada que se assemelhasse a uma intuição.
Desse modo, a realidade exterior a cada sujeito do conhecimento é um produto do entendimento, esse artesão que se serve das formas do princípio de razão e dos dados possibilitados pelo corpo e, com isso, oferece as representações intuitivas que se entrelaçam, formando a exterioridade. Por isso, o mundo efetivo não é um dependente da razão. Ao contrário, em vez de a razão oferecer algo, é o entendimento que, com as suas intuições empíricas possibilitadas pelo corpo, apresentase como a base do edifício das construções racionais e do conhecimento humano.
Ora, se a tarefa por excelência da filosofia é acercar-se de conceitos e com eles dar sentido ao mundo, Schopenhauer acolhe e destaca o que em essência é o avesso da abstração conceitual. Com isso, o perigo iminente da dispersão abstracionista diminui, já que os conceitos têm uma referência in concreto na realidade exterior; o pensamento provém do não pensado e, portanto, não toma este último como algo que não mereça atenção. Eis, pois, um elogio significativo ao corpo no interior da filosofia e - por que não - uma filosofia fincada no corpo.

*Vilmar Debona é Mestre e Licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Professor Analista de Conteúdos do Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino (IESDE).

A vontade é o elemento fundamental a fim de trazer o sentido das coisas e do mundo. É essa união entre o corpo e o sentimento, segundo o filósofo, que proporciona a essência metafísica elementar: a vontade da vida.


por Vilmar Debona*

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Prisão para jornalista que investigou corrupção na Venezuela

Um jornalista foi esta sexta-feira condenado por um tribunal venezuelano a quatro anos de prisão por ter publicado em 2013 uma investigação sobre alegada corrupção na empresa estatal CVG Ferrominera Orinoco.

David Natera Febres, diretor do "Correo del Caroní", foi acusado dos delitos de difamação e injúria continuada, segundo a edição eletrónica do jornal.

O tribunal multou ainda o jornalista, que passa a estar proibido de publicar notícias relacionadas com um empresário local sobre a alegada corrupção.

Segundo o Correo del Caroní, o tribunal deu razão à acusação que argumentou que "qualquer meio de comunicação (social) deve esperar uma sentença de um tribunal para poder informar sobre um caso de corrupção", situação que o jornal considera "lesiva do direito à liberdade de expressão e do direito à informação".

O jornal recorda que a investigação em causa começou quando foram recebidos vários documentos "revelando a existência de um processo de extorsão" entre um coronel da Direção de Contra Inteligência Militar, a alta administração da empresa CVG Ferrominera e vários empreiteiros.

"Como resultado três gestores e um empresário foram detidos e acusados", salientou o jornal.

A decisão do tribunal provocou várias reações de condenação de políticos, jornalistas e do Colégio Nacional de Jornalistas, entidade responsável pela atribuição da carteira profissional de jornalista.

Fonte: JN

Comentário: governos ditos democratas e amordaçarem a imprensa não encaixa nos tempos modernos.  
A VERDADE VENCE SOZINHA, A MENTIRA PRECISA DE CÚMPLICES.