quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

CIM Viseu Dão Lafões apresentou novas iniciativas da Rota do Megalitismo


Exposição Itinerante reforça ligação entre património megalítico e público.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões apresentou ontem, dia 9 de dezembro, um novo conjunto de iniciativas que reforçam o papel da Rota do Megalitismo (MEG) enquanto eixo estratégico da valorização turística da região.

A sessão, realizada na Biblioteca Municipal de Oliveira de Frades, juntou investigadores, autarcas e agentes locais numa mesa-redonda dedicada aos desafios da rota e em que foram apresentados os resultados de um estudo de perceção dos visitantes. O programa incluiu a inauguração de uma exposição itinerante, que vai circular no próximo ano pelos 15 municípios parceiros do projeto.
Na base deste trabalho está uma ideia clara: aproximar os habitantes e os visitantes da Rota do Megalitismo, um património com milhares de anos, que distingue Viseu Dão Lafões no panorama nacional e internacional. A região possui uma das mais relevantes concentrações de monumentos megalíticos de Portugal, incluindo o maior conjunto conhecido de dólmens com pinturas preservadas.
Ao longo dos últimos anos, a CIM Viseu Dão Lafões tem investido na investigação, qualificação da rede patrimonial e criação de melhores condições de visitação. As iniciativas agora lançadas dão continuidade a esse percurso e consolidam a Rota MEG como um dos projetos culturais mais singulares do território.

Património Mundial de Portugal e integração na Megalithic Routes

No âmbito da Rota do Megalitismo, encontra-se em curso o processo de classificação nacional do Conjunto de Monumentos Megalíticos do Grupo de Viseu Dão Lafões. O procedimento de classificação de âmbito nacional do Conjunto de Monumentos Megalíticos do Grupo de Viseu Dão Lafões permitirá que este conjunto de 18 monumentos megalíticos de Viseu Dão Lafões dê um passo importante na sua proteção e no seu reconhecimento oficial pelo Estado português. Esta é mais uma etapa no processo de valorização deste património da região, único no país, que tem sido desenvolvido pela CIM Viseu Dão Lafões.

Paralelamente, a rota integra a Megalithic Routes, rede internacional reconhecida pelo Conselho da Europa e dedicada à investigação, valorização e promoção do património megalítico europeu, que reúne museus, geoparques, investigadores e entidades turísticas de diversos países, incluindo Portugal, Espanha, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, Suécia, Turquia e Países Baixos.

Estudo comprova interesse pelos monumentos megalíticos

A sessão abriu com a mesa-redonda “A Rota MEG como eixo de coesão territorial, educação patrimonial e recurso turístico”, moderada por Filipe Soares, Chefe de Equipa da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, e que contou com intervenções de João Valério, Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, Nuno Martinho, Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, António Faustino, Professor da Universidade do Algarve e arqueólogo, Pedro Sobral, arqueólogo e autor do “Guia MEG”, e Lana Gunjic, da Opium, entidade responsável pelo estudo de perceção. O debate destacou o contributo da Rota MEG para a valorização do património arqueológico da região e a importância de reforçar o conhecimento público sobre esta herança pré-histórica.

Na ocasião, foram apresentados os principais resultados do Estudo de Perceção da Rota do Megalitismo, que confirma um interesse crescente por este património.

A rota vai ao encontro das comunidades

Após o debate, foi inaugurada a Exposição Itinerante MEG, instalada até 4 de janeiro no Centro Interpretativo da Linha do Vouga (antiga estação de Oliveira de Frades). Concebida com o apoio científico do professor António Faustino, a exposição procura aproximar os residentes e visitantes das histórias, paisagens e descobertas associadas ao território megalítico. O seu carácter itinerante permitirá que, ao longo de 2026, circule pelos 15 municípios envolvidos – os 14 da CIM Viseu Dão Lafões e o município vizinho de Sever do Vouga – reforçando a presença da MEG no quotidiano das comunidades.

Declarações

Para Marco Almeida, Vice-Presidente da CIM Viseu Dão Lafões, que marcou presença na inauguração da Exposição Itinerante, “a CIM tem, ao longo dos anos, mostrado que é possível valorizar o nosso território através da inovação, mas também da preservação do património. Esta exposição representa a história dos nossos concelhos e é através da cultura e da valorização do território que nos vamos tornar mais fortes, também no plano turístico”.

“Aqui foi realizado um trabalho extraordinário e que constitui uma marca poderosíssima do nosso território, na qual acreditamos. Foi criado um percurso circular que permite, a quem nos visita, conhecer e apreciar aquilo que de melhor o nosso território oferece. Este projeto é mais um complemento ao percurso que temos feito na valorização dos nossos produtos e do nosso património, e estamos certos de que dele retiraremos grande proveito em termos turísticos”, conclui o Vice-Presidente.

Nuno Martinho, Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, defendeu que “a Rota do Megalitismo está, passo a passo, a ganhar a maturidade necessária para se afirmar como um produto distintivo da nossa região. O estudo de perceção dos visitantes confirma que existe curiosidade, procura e vontade de conhecer mais. Cabe-nos agora criar condições para transformar esse interesse em visitas reais, experiências qualificadas e um sentimento de pertença mais forte. Estamos a trabalhar para que o megalitismo seja um património cultural e turístico capaz de mobilizar pessoas e dinamizar o território”.

“O percurso que hoje apresentámos é a continuação de um compromisso que temos vindo a assumir com o território. A exposição itinerante aproxima a rota das pessoas e o estudo dá-nos informação concreta sobre os caminhos a seguir. A promoção, a interpretação no terreno e a ligação entre património, natureza e comunidades continuam a ser prioridades. A diferença é que agora temos dados, aliados e vontade para avançar ainda mais”, acrescenta.

Segundo João Valério, Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, “o Megalitismo é um fator diferenciador do nosso território e um património que nos distingue. Todo o trabalho desenvolvido em torno da Rota do Megalitismo reforça essa singularidade, aproximando as nossas comunidades e visitantes de monumentos com milhares de anos de história. Em Oliveira de Frades temos orgulho em fazer parte desta rota e em contribuir para que o megalitismo continue a ser um ativo de referência e termos turísticos e culturais, capaz de dinamizar o território, criar oportunidades e reforçar o sentimento de pertença de todos os que aqui vivem e visitam”.

*Miguel Fernandes
Gabinete de Comunicação CIM Viseu Dão Lafões

**Filipe Santos
Assessoria de Imprensa


CIM Viseu Dão Lafões mobilizou comunidade e parceiros nacionais em ação de reflorestação de grande escala


Iniciativa plantou 500 carvalhos-alvarinhos em Vouzela, numa zona devastada pelos incêndios, com a participação de escolas, clubes desportivos, Liga Portugal, sapadores florestais e técnicos da CIM.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões organizou hoje, dia 10 de dezembro, em Vouzela, uma ação de reflorestação que mobilizou dezenas de participantes – entre autarcas, associações, alunos, clubes desportivos, outros parceiros nacionais, técnicos e sapadores florestais – num gesto coletivo de regeneração do território e de compromisso com a sustentabilidade ambiental.

A iniciativa decorreu nas imediações do Parque de Campismo de Vouzela, em plena Rede Natura 2000 e no Parque Natural Local Vouga-Caramulo, numa zona fortemente afetada pelos incêndios de 2017. Foram plantados 500 exemplares de carvalho-alvarinho (quercus robur), uma espécie autóctone, robusta e perfeitamente adaptada às condições do território, essencial para reforçar a resiliência ecológica da região e restaurar os habitats naturais.
A ação contou com a presença de várias entidades, incluindo o Presidente da Câmara municipal de Vouzela, Carlos Oliveira, o Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões, Nuno Martinho, e o Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Frades, João Valério, bem como de representantes de diversas instituições locais e regionais.

Na área do desporto, associaram-se à iniciativa a Associação de Futebol de Viseu, os dois clubes de futebol profissionais da região – CD Tondela e Académico de Viseu FC, Futebol SAD –, que mobilizaram jogadores e dirigentes, a Fundação do Futebol - Liga Portugal, e ainda a Hyundai Portugal, através do piloto viseense Hugo Lopes, representado no evento pelo seu irmão, Rúben Lopes.

O setor da educação marcou também presença ativa, com a participação entusiasta de dezenas de alunos do Agrupamento de Escolas de Vouzela, que contribuíram ativamente para a plantação e tiveram contacto direto com boas práticas de preservação ambiental.

A operação no terreno foi assegurada por equipas técnicas e sapadores florestais da CIM Viseu Dão Lafões, num esforço articulado e eficaz. No final, a Câmara Municipal de Vouzela ofereceu um lanche-convívio aos participantes.

A ação de hoje contribuiu também para consolidar os resultados alcançados pelo projeto LIFE Nieblas, que, recorde-se, implementou métodos inovadores de captação de água da atmosfera, através da neblina, e de técnicas sustentáveis de gestão ecológica para regenerar zonas afetadas por incêndios e desertificação. A reflorestação aconteceu precisamente numa parcela regada pela água extraída da neblina pelo projeto.

Reconhecido e premiado a nível europeu, o LIFE Nieblas tornou-se uma das iniciativas ambientais de referência da última década em Portugal e projetou a região de Viseu Dão Lafões no panorama internacional das boas práticas climáticas.

Declarações:
João Azevedo, Presidente da CIM Viseu Dão Lafões: "Plantar uma árvore pode parecer um gesto simples, mas hoje foi uma ação plena de significado. Cada carvalho colocado na terra representa um compromisso com o futuro, uma resposta concreta aos desafios ambientais que enfrentamos e uma homenagem ao território que resistiu às chamas. Esta ação é um símbolo da nossa capacidade coletiva de regenerar, de cuidar e de projetar uma região mais verde, mais resiliente e mais unida. Agradeço a todos os que se juntaram a nós – autarquias, escolas, clubes, associações e parceiros – por darem corpo a este esforço de reconstrução ativa e participada".

Nuno Martinho, Secretário Executivo da CIM Viseu Dão Lafões: "Esta reflorestação é um sinal de maturidade cívica e de força coletiva. A reflorestação é mais uma atividade, das muitas que temos realizado, como é o caso do fogo controlado ou da silvo pastorícia, que tem contribuído, decisivamente, para uma floresta mais resiliente e mais adaptada às alterações climáticas. Esta é uma região que não se limita a reagir às adversidades: antecipa, inova e envolve a comunidade. É assim que se constrói resiliência, com ação no terreno e com pessoas que acreditam no valor do seu território".

José Carlos Lopes, Presidente da Associação de Futebol de Viseu: “A Associação de Futebol de Viseu orgulha-se de se envolver nesta iniciativa de reflorestação promovida pela CIM Viseu, contribuindo para um território mais sustentável e ambientalmente resiliente. A plantação de 500 carvalhos-alvarinhos numa área afetada pelos incêndios de 2017 é um gesto simbólico, mas profundamente significativo, que reforça o compromisso de todos na proteção e recuperação do património natural da região. Enquanto instituição com forte ligação à comunidade, acreditamos que o desporto também deve estar ao serviço das causas que promovem um futuro melhor. Por isso, continuaremos a participar ativamente em ações que valorizem o ambiente, a cidadania e o desenvolvimento sustentável em Viseu Dão Lafões”.

Bebeto, Capitão do CD Tondela: “Jogo no CD Tondela desde 2020 e tenho assistido de perto ao flagelo dos incêndios todos os verões e é com muito gosto que hoje estou aqui, juntamente com o meu Clube, a ajudar do renascimento florestal desta Região que já sinto como se fosse a minha casa”.

Miguel Vasconcelos de Sousa, Administrador Executivo do Académico de Viseu FC, Futebol SAD: “A reflorestação é um gesto de futuro, sobretudo em áreas fustigadas pelos incêndios. Enquanto emblema nuclear desta região, é uma honra para o Académico contribuir para a recuperação da nossa casa comum e reforçar o laço que nos une à comunidade. Esta é mais uma iniciativa que se enquadra no projeto de responsabilidade social da nossa estrutura, que visa abranger as mais diferentes áreas de ação e contributo”.

Susana da Silva Curto, Diretora Executiva da Liga Portugal: “A Fundação do Futebol - Liga Portugal orgulha-se de se associar a esta ação de reflorestação, promovida pela Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões e realizada com o apoio dos Sapadores Florestais, dos seus técnicos e do Município de Vouzela. Este é um gesto simples, mas profundamente simbólico: reforça o compromisso coletivo de deixar um território mais resiliente e sustentável para as próximas gerações. É inspirador ver Clubes, escolas, parceiros locais e regionais, desde a Associação de Futebol de Viseu ao Académico de Viseu e ao CD Tondela, assim como o Agrupamento de Escolas de Vouzela, lado a lado em torno de um propósito maior. A Liga Portugal estará sempre disponível para iniciativas que acrescentem valor à Sociedade, sempre com o intuito de aproximar o Futebol das comunidades”.

Hugo Lopes, piloto da Hyundai Portugal: “Parabéns à CIM Viseu Dão Lafões por esta excelente iniciativa. Depois da tragédia vivida pela nossa região, no último verão, é preciso toda a comunidade meter mãos à obra e meter as mãos na terra em todas as ações de reflorestação e outras iniciativas que sejam desenvolvidas. A minha missão nos ralis com a Hyundai é ser rápido e vencer. Neste caso, vamos unir-nos, ser fortes e lutar por um futuro sustentável para a nossa fantástica região”.

Catarina Brás, Diretora de Comunicação da Hyundai Portugal: “A Hyundai Portugal orgulha-se de se associar a uma iniciativa que reafirma o compromisso que partilhamos com as gerações presentes e futuras: proteger o território, regenerar a natureza e promover um futuro verdadeiramente sustentável. Numa região tão marcada pelos incêndios, acreditamos que ações de reflorestação com espécies autóctones, como esta promovida pela CIM Viseu Dão Lafões, são essenciais para fortalecer a resiliência das comunidades e renovar paisagens que pertencem a todos. A participação da HYUNDAI reflete a nossa visão de mobilidade responsável, inclusiva e de proximidade às pessoas, contribuindo ativamente para soluções que cuidam do planeta e da vida que nele se constrói, em linha com a nossa visão de Progresso pela Humanidade”.

Sobre a CIM Viseu Dão Lafões:
A CIM Viseu Dão Lafões é uma associação de municípios, denominada como Comunidade Intermunicipal, sendo constituída pelos municípios de Aguiar da Beira, Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela.

*Miguel Fernandes
Gabinete de Comunicação CIM Viseu Dão Lafões
*Filipe Santos
Assessoria de Imprensa

Crónica - Como tentei desmontar o "Eu é que sou o Presidente de Junta" de Herman José

 O humor tem um peso enorme na forma como um país olha para si próprio. Faz-nos rir, aproxima-nos e até ajuda a revelar vícios coletivos, mas também pode cristalizar preconceitos e transformar caricaturas em “verdades” aceites sem reflexão. Durante anos, o sketch “Eu é que sou o Presidente da Junta”, do Herman José, entrou na rotina das pessoas com grande eficácia humorística, mas acabou por criar uma imagem distorcida — e duradoura — sobre quem exercia funções nas juntas de freguesia. A brincadeira, que servia para entreter, tornou-se uma espécie de rótulo que recaiu sobre todos os autarcas locais.
Quando fui eleito presidente de junta, em 2009, era um dos mais jovens do país e percebi muito depressa o peso desse estereótipo. Havia sempre a expectativa de que o presidente de junta fosse uma personagem pitoresca, pouco preparada ou limitada, quase como se o humor tivesse definido a realidade. Encontrei, assim, um desafio que não estava nos livros: contrariar a caricatura, mostrando que o cargo podia — e devia — ser desempenhado com seriedade, competência e proximidade.
Foi com esse espírito que tirei a carta de condução para poder levar as crianças da freguesia à escola, que criámos a primeira loja solidária do país e que introduzimos soluções de telemedicina numa altura em que pouco se falava do tema. Não se tratava de grandes revoluções, mas de respostas práticas a necessidades reais. A verdade é que estas iniciativas chamaram a atenção e mostraram que uma junta de freguesia podia inovar e desempenhar um papel social relevante, bem longe da tal caricatura humorística.
Com o tempo, percebi que estas mudanças coincidiam com um movimento mais amplo. Em 2013, com as novas freguesias urbanas, tanto o PS como o PSD apresentaram várias candidaturas protagonizadas por jovens, sinal de que algo já estava a mudar no perfil esperado para o cargo. Figuras como Pedro Delgado Alves, Cegonho, Newton e outros passaram a representar uma nova geração no poder local.
Não reclamo para mim a autoria dessa transformação, mas reconheço que o trabalho desenvolvido — tal como o de muitos outros autarcas jovens — ajudou a desmontar a imagem instalada pelo sketch. O humor teve a sua graça, mas durante demasiado tempo moldou uma perceção injusta. A realidade, feita de trabalho diário, decisões concretas e proximidade às pessoas, acabou por demonstrar que a liderança local é muito mais do que uma caricatura televisiva.
Hoje, ver mais jovens a assumir juntas de freguesia é sinal de que o velho preconceito perdeu força. E, olhando para trás, sinto que valeu a pena cada esforço feito para desmanchar aquela frase tão marcante da televisão: eu não era “o” presidente de junta — estava ao serviço da freguesia, como tantos outros que levaram o cargo a sério e ajudaram a mudar a forma como o país o vê.
*Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor