João Antonio Pagliosa |
O sentimento de medo, invariavelmente sempre está a rondar a cabeça do homem. Embora haja períodos de maior ou menor incidência deste sentimento tão nefasto à saúde, de maneira geral, as pessoas sofrem demasiado em função de suas angústias e medos.
E bloqueiam sua vida.
O medo quando não enfrentado, pode assumir níveis de grandeza suficientes para desencadear doenças psíquicas sérias que redundam em estados de desânimo, fobias, depressão e síndrome de pânico.
O resultado é que a vida passa a ser um martírio, uma inquietude permanente onde a alegria de viver se esvai, e com muita frequência, estas anomalias mentais induzem tamanha confusão na cabeça, que alguns indivíduos creem não existir nenhuma solução para o seu problema.
Daí para realizar um atentado contra a própria vida é apenas um passo.
E um fator complicante neste processo é o isolamento. Pessoas neste estado devem procurar amigos e abrir seu coração, dizendo com clareza a sua dificuldade e clamando por ajuda.
Isto é compreensível e lógico porque temos que saber lidar com nossas fragilidades. Assumir nossa fragilidade é o primeiro passo.
Há tempos atrás presenciei uma cena típica de alguém que efetivamente precisa de cura interior (cura da alma como prefiro manifestar), pois não tem controle sobre seus medos. Vejam o que ocorreu:
Estava em meu trabalho demonstrando um produto a um casal e o negócio estava praticamente concluído. O produto ofertado satisfazia a necessidade deles, com preço bom e dentro do orçamento dos compradores. Em determinado momento da negociação, porém, a esposa do cliente começou a sentir-se desconfortável e passou a sussurrar algumas palavras ao marido, e percebi que o entusiasmo do casal esfriou. Alguns instantes depois a esposa interrompe a conversa e chama seu marido para conversar a parte, mas estava visivelmente perturbada. Logo após, ele vem a mim e diz:
Olha Sr. João, nós pensamos melhor e consideramos que não devemos concluir este negócio. Minha mulher não está bem e entendemos que é um sinal para não fecharmos nada neste momento. Eu sei que o produto é bom e eu lamento, mas...
Bem, eu conhecia o casal há algum tempo e ponderei que naquele instante não deveria insistir. Melhor seria apresentar outra possibilidade, noutra ocasião. Percebera que a mulher cujo rosto
mostrava a angústia que sentia, tinha um medo muito maior que aquele de fechar o negócio que planejáramos.
Observe que nas ocasiões em que estamos fora de nosso estado emocional normal, nas ocasiões em que somos penalizados pelo medo, todas as nossas ações, todos os nossos pensamentos e capacidades de raciocínio são limitados, e chegam ao nível da mediocridade porque a angústia nos cega, nos bloqueia, nos deixa impotentes e humilhados frente ao fracasso de nosso comportamento.
O medo é uma prisão sem grades, mas de poderosas amarras individuais e só o desafio de enfrentá-lo com coerência e lucidez, romperá estas amarras e o levará ao caminho da luz, do entendimento e da sabedoria.
Perder um negócio me incomoda um pouco. O que me incomoda muito é presenciar que existem milhões de pessoas transtornadas pelo medo, dificultando suas vidas e sofrendo na pele as agruras deste sentimento tão devastador, porque não se estruturam para lidar com isso. E a maioria sofre em silêncio...
Medo todos nós temos. Bem dosado até é saudável porque não nos
expomos demasiado. Entretanto quando necessário, enfrente seus medos e domine-os, mantendo-os sob seu controle.
Chorar é muito bom, às vezes. Abrir-se para o mundo e para as pessoas é muito bom, sempre.
Ajudar o próximo e sentir-se útil para alguém é sublime. Amar e
sentir-se filho de DEUS é a glória.
Reflita mais sobre o real significado da vida. Num mundo conturbado pela ganância e pelo egoísmo, procure ser diferente. Ore com mais frequência e tenha DEUS em comunhão com você.
Esta é uma terapia e tanto!