domingo, 23 de junho de 2024

Cantanhede | Empreitada tem um prazo de execução de 180 dias. Rua 1.º de Maio vai ter passeios até ao limite urbanizável da cidade

 

A Câmara Municipal de Cantanhede formalizou na última quinta-feira, 20 de junho, o auto de consignação da empreitada de construção de passeios na rua 1.º de Maio. Marcaram presença neste ato formal a presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Helena Teodósio, o representante da empresa Predigandaresa - Sociedade de Construções, Lda., que será responsável pela empreitada, e o presidente da União de Freguesias de Cantanhede e Pocariça, Nuno Caldeira.
Adjudicada pelo valor de 88.418,84 euros, a obra tem um prazo de execução de 180 dias seguidos.
A empreitada enquadra-se no projeto de requalificação desta importante artéria e visa o prolongamento dos passeios existentes a nascente da rua até ao limite urbanizável da cidade a poente.
“Esta intervenção faz parte de um plano mais vasto de requalificações viárias que estendemos a todo o concelho de Cantanhede. No caso da rua 1.º de Maio, é uma das mais movimentadas da cidade e carece de melhoria das condições de circulação dos utentes que, no seu dia-a-dia, têm de utilizar a via”, explica a presidente da autarquia, reforçando a importância de “proporcionar condições de segurança aos peões com zonas pedonais protegidas e de largura adequada”.
Os trabalhos a executar no âmbito desta empreitada incluem, além da execução dos passeios, trabalhos preparatórios e demolições, pavimentação, muros e arranjo paisagístico. Implicam ainda a readaptação a rede de drenagem de águas pluviais, com a instalação de um novo coletor.

EQUIPA DE BASQUETEBOL SUB 14 MASCULINO ALCANÇOU NA FASE FINAL O TERCEIRO LUGAR DO PÓDIO


Promovida e organizada pela Associação de Basquetebol de Coimbra, com o apoio do Ginásio Clube Figueirense, realizou-se nos passados dias 15 e 16 de junho, a Fase Final Distrital Sub 14 masculino, tendo como palco o Pavilhão Galamba Marques, na Figueira da Foz.
Competiram nesta fase final, em que os jogos foram disputados, em 2 tempos de 12 minutos cada, as equipas da Associação de Solidariedade Social Sociedade Columbófila Cantanhedense, Ginásio Clube Figueirense A e B, Associação Académica de Coimbra A e B e o Olivais Futebol Clube.
A equipa da Sociedade Columbófila constituída pelos jovens atletas, Duarte Jerónimo, Guilherme Monteiro, João Pedro Sarmento, Miguel Dinis, Tiago Bessa, Diogo Ribeiro Cap, Guilherme Cortesão, Tomás Miranda, Bernardo Bento, Gabriel Farinha, Bernardo Caldeira e Simão Cruz, tiveram um bom desempenho, batendo-se com galhardia e com grande determinação.
A equipa da ASSSCC, iniciou a sua participação, nesta fase final, defrontando no primeiro dia, a equipa A da Académica de Coimbra, saindo derrotada por um expressivo, 66 – 20.
Ainda no mesmo dia, os jovens basquetebolistas da Sociedade Columbófila, defrontaram o Ginásio A, voltando a registar um resultado menos favorável, vencendo a partida, a equipa do Ginásio, por 33 – 47.
Na jornada seguinte, último dia da competição a equipa da ASSSCC, defrontou a Académica – B, obtendo no final do jogo um resultado favorável de 38 – 06, vencendo igualmente, no último jogo, a equipa do Olivais por 42 – 32, o que lhe valeu alcançar o 3º lugar do pódio, vencendo esta competição a Associação Académica de Coimbra, equipa A.
Regista-se com muito agrado a presença do nosso atleta Bernardo Telles Bento, no 5 ideal, que premeia o trabalho e a dedicação deste jovem.
A dedicação e o trabalho desenvolvido, por todos os jovens atletas, a par da sua assiduidade aos treinos, foi o garante de pela primeira vez na história do nosso clube, alcançar um 3º lugar numa fase final, desta modalidade.
Este resultado que muito nos orgulha, não é alheio o trabalho desenvolvido pelo coordenador da Secção de Basquetebol e treinador, Professor João André e da Team Manager Ana Rodrigues.
E porque os últimos são sempres os primeiros, a grande homenagem, bem merecida, é sem dúvida para as famílias dos nossos atletas que foram incansáveis no apoio aos seus filhos e sobretudo à Secção de Basquetebol.


NOVO COMANDANTE DOS BOMBEIROS DA MARINHA GRANDE TOMA POSSE

 Numa cerimónia solene realizada na tarde deste sábado, 22 de junho, nas instalações do quartel, Eduardo Abreu tomou posse como novo comandante dos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande.
Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, lembrou que, “depois de um período de mais de um ano, em que o comando foi assumido interinamente por Mário Canelha Silva, a quem agradeço toda a dedicação, compromisso, responsabilidade e sacrifício, no exercício destas funções, eis-nos chegados a um momento de transição de liderança e de continuidade de um compromisso inabalável com a segurança e o bem-estar da nossa população”.
Aurélio Ferreira acrescentou que, “hoje renovamos este compromisso, com a tomada de posse do novo Comandante, Eduardo Abreu, a quem dirijo as maiores felicitações e o agradecimento por assumir este nobre cargo. Faço votos de que os próximos tempos sejam de entendimento, partilha e espírito de missão, num trabalho em constante harmonia com os órgãos sociais desta Associação Humanitária e com o Município”.
O comandante Eduardo Abreu declarou querer “contar com os bombeiros para continuar e até fortalecer o excelente serviço que, todos os dias, garantimos nas diferentes vertentes operacionais” e salientou que pretende “formar uma equipa forte e coesa”, composta “por homens e mulheres com formação na área do socorro, que dão o que mais precioso têm à causa humanitária: o seu tempo”.

O presidente da direção dos Bombeiros da Marinha Grande, Carlos Carvalho, felicitou Eduardo Abreu e agradeceu a Mário Canelhas por ter assumido aquelas funções neste período transitório, lembrando ter como missão a escolha de um comandante aquando da sua tomada de posse.

A sessão contou ainda com a presença de diversas autoridades, membros da corporação e familiares.


OBITUÁRIO: Morreu o poeta de Estremoz que escrevia “para mudar o mundo”

 Nascido em Estremoz a 18 de março de 1953, Joaquim Murale publicou poesia, romance, contos, dramaturgia, tornando-se numa figura incontornável da literatura portuguesa. Morreu em casa, aos 71 anos, a dias antes de apresentar o seu mais recente livro na Casa do Alentejo.

LUÍS GODINHO (TEXTO) (FOTO D.R.)

Em “Até ao Último Sopro” (2020), há um poema no qual Joaquim Murale escreve que a poesia “come-se
bebe-se
respira-se
fornica-se
usa-se em todas as coisas mais ou menos [extra]ordinárias
veste-se da cabeça aos pés”.

Gostava de tratar os livros por “filhos” e, como adiante se verá, teve muitos ao longo da vida. Mas já não assistiu ao nascimento do último, “O Cio da Serpente”, cujo “parto” chegou a anunciar na sua página de Facebook: “É com imensa alegria que vos anuncio que ‘O Cio da Serpente’, o meu novo livro de poesia, será lançado em Lisboa, no próximo dia 8 de junho, um sábado, pelas 16h00, no espaço acolhedor da biblioteca da Casa do Alentejo. A vossa presença é muito importante para mim, pelo apoio e carinho que representa e pela força que me dá, mas também para o meu novo filho que, pelas vossas mãos, ganhará o mundo com maior ousadia e segurança”. A morte trocou-lhe as voltas.

A informação de que o poeta morreu chegou-nos através da Lincemoz, a Liga dos Naturais e Amigos do Concelho de Estremoz, que reúne boa parte da diáspora estremocense residente na Área Metropolitana de Lisboa. “A direção”, referia essa curta mensagem de correio eletrónico, “informa que o seu sócio, poeta Joaquim Murale, faleceu inesperadamente no dia 26 do corrente [mês de maio]”. Mas acrescentava que o lançamento de “O Cio da Serpente”, anunciado para 8 de junho, se manteria inalterado, agora com a dupla finalidade de apresentação de um livro novo e de homenagem póstuma ao seu autor.

“A obra de Joaquim Murale, no seu conjunto, deixa-nos um alerta mas também uma mensagem de esperança: podemos mudar o mundo! Isto não é um exagero retórico. Podemos mesmo!, e é urgente!, missão para todos os que – como ele dizia – não se rendem, que não se humilham, nem aceitam as muitas formas de estar morto”, diz o editor Jorge Castelo Branco, que num texto introdutório a “O Áspero Tempo das Marionetas” (2022) considera a obra literária de Murale como estando “inequivocamente comprometida com valores de justiça social e empenhada na edificação de valores de rutura”. Uma obra “comprometida, igualmente, com princípios essenciais de coerência”, e que por isso “é uníssona, sólida e perturbante”.

Pseudónimo literário de António José Rocha, Joaquim Murale nasceu em Estremoz a 18 de março de 1953, aqui tendo descoberto nas primeiras letras, muito por “culpa” da biblioteca itinerante da Gulbenkian. Aos 14 anos, acompanha a família para a periferia da capital, em busca de melhores condições de vida, tendo começado a trabalhar de forma precoce, com apenas 16 anos. Os estudos, esses, só os retomaria mais de duas décadas depois, licenciando-se aos 40 anos em psicologia social e das organizações, no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).

Os livros de poesia “Do Fogo e da Água” (1977) e Erva de Agosto” (1979) foram os primeiros que publicou, lançando em 1980 o seu primeiro texto para teatro, “Ao Atiçar do Lume” (1980), premiado pela Secretaria de Estado da Cultura, e outro livro dramatúrgico, “Diálogos da Sala de Fumo” (1982) e mais de duas décadas de silêncio. Regressaria à edição em 2005, com um primeiro romance, “Dou Este Mar por um Céu de Andorinhas”, a que se seguiu “Há Sempre um Sonho no Enquanto” (2006) e outras dezenas de obras, tocando os mais diversos géneros literários, do romance à poesia, dos contos ao teatro. “Escrevo para mudar o mundo”, disse Joaquim Murale numa entrevista ao “Jornal de Notícias” em 2017, uma das poucas publicações que assinalou a sua morte: “autor de uma obra extensa que fazia a apologia da dignidade humana e procurava combater as desigualdades sociais, Joaquim Murale entendia a literatura como um instrumento de transformação das consciências”. Veja-se, por exemplo, um poema de 2023 no qual regista que o Alentejo, “depois dos anos da hedionda tirania”, continua a “expulsar filhos” e “agora vive de escravizar imigrantes”.

Foi o padre Mário Pais de Oliveira, no prefácio a “De Riso Largo Como a Lua Plena” (2014), quem sublinhou estarmos “perante um autor e uma escrita em que a ficção consegue dizer a realidade tal e qual ela é, ainda melhor do que uma qualquer grande reportagem de jornal, de revista ou de tv”, pois “os olhos da mente cordial de Joaquim Murale conseguem ver a realidade que é mantida cativa, sequestrada, sob o manto ideológico com que ela sempre nos é apresentada”.

Uma observação que o próprio autor não teria dificuldade em subscrever, ele que numa das últimas entrevistas [a Sérgio Almeida, “JN”, 2022] se assumia, não sem alguma amargura, como um dos herdeiros da tradição “realista” da literatura portuguesa: “Temo que possa perder-se! Vejo as novas gerações muito acomodadas quando o realismo implica denúncia, confronto e, consequentemente, sofrer na pele as consequências: a censura do silenciamento! Hoje busca-se fama e sucesso, que são legítimos, mas quase sempre inférteis. Um escritor realista nunca será ‘best-seller’, por sublime que possa ser a sua escrita”.
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“AS NOITES BRANCAS”

Um dos poemas, “Adágio em Sol Maior para Voz e Violoncelo”, dedica-o Joaquim Murale a Estremoz, a sua cidade natal: (…) “O rumor do silêncio
As noites brancas
A alma plena
O sol a pique no restolho
As mãos coando o estio da tarde
O Alentejo refulge tanta luz”.

In Brados do Alentejo 13 JUNHO 2024
*Enviado por José Rui Marmelo Rabaça