Realizou-se
a 4 de julho, no auditório da Biblioteca Municipal de Cantanhede, a
conferência “Tesouros
de Castelo Branco”.
Esta iniciativa surge no âmbito do projeto
Tardes Comunitárias: Dar + Vidas aos Anos
e foi oradora na sessão Rosário dos Santos Nunes, exímia bordadora
e participante frequente neste projeto concelhio, que que se fez
acompanhar na mesa de Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara
Municipal de Cantanhede.
Maria
do Rosário Nunes aproveitou a ocasião para destacar “a
origem desta arte manual secular, sendo um dos produtos mais
reconhecidos desta região, com especial enfoque na forma como se tem
desenvolvido em Portugal ao longo dos séculos e a sua importância
para
a economia da cidade de Castelo Branco e de Portugal”.
Para a bordadora “esta
conferência em conjunto com a exposição que já se encontra
patente, tem como um dos principais objetivos divulgar a riqueza
deste património nacional”,
concluiu.
Já
Pedro Cardoso, enalteceu “o
brilhantismo da oradora e a elevada qualidade da sua apresentação,
bem como dos trabalhos em bordado de Castelo Branco patentes aqui,
neste equipamento cultural durante todo o mês de julho”.
O autarca sublinhou ainda “as
características únicas e distintas destes bordados portugueses,
cujas peças belíssimas e ímpares valem por si, pela estética,
pela originalidade da expressão artística, sendo hoje uma
referência mundial, atente-se na beleza das peças que estão nos
altares da Catedral de Manchester. Um património que importa
valorizar e defender, e que resulta de um trabalho muito moroso e
complexo”.
No
decurso da sessão, na qual estiveram presentes mais de 70 pessoas,
foi inaugurada a exposição de bordados, que está patente ao
público até 31 de julho sob o mesmo tema, “Tesouros
de Castelo Branco”,
com a autoria de grande parte dos trabalhos expostos a pertencerem à
conferencista.
Na
mostra estão patentes 26 trabalhos realizados com este tipo de
bordado, dos quais se destacam uma colcha de
finais do século XIX, quadros e painéis, almofadas e naperons,
ricamente decorados com o tradicional bordado de Castelo Branco. Para
além dos trabalhos de Maria do Rosário Nunes, estão expostos
bordados executados por Diamantina Simões dos Santos e Maria
d’Ascensão Almeida Afonso.
Sobre
os Bordados de Castelo Branco
O
bordado de Castelo Branco
é um dos produtos artesanais mais emblemáticos da região de
Castelo
Branco. Os bordados surgem essencialmente em colchas de linho
bordadas com fio de seda
natural, tingidos de diversas cores e tonalidades, com desenhos de
inspiração oriental. Este tipo de trabalhos tornaram-se conhecidos
a partir de meados do século
XVI, trazidos do Oriente pelos navegadores portugueses.
Estas
peças têm semelhanças com as colchas de Toledo
e Guadalupe,
na Espanha.
Representaram, durante séculos, a dignidade do enxoval
de qualquer noiva da região, quer fosse plebeia ou nobre.
Neste
tipo de bordado utilizam-se vários pontos, como o “ponto de
cadeia” ou o “ponto pé de flor”, entre outros. O ponto que
ganhou o nome da cidade e que deu também origem a um dos nomes deste
bordado foi o “ponto a frouxo”, que cobre maiores extensões do
desenho.
Os
motivos figurativos usados no bordado de Castelo Branco são
inúmeros, mas sobressaem as flores e os frutos, aas aves, algumas de
duas cabeças, os corações, os laços e as figuras humanas, entre
outros.
Sobre
Maria do Rosário dos Santos Nunes
Maria
do Rosário dos Santos Nunes é natural de Castelo Branco, onde
nasceu 1954 e reside em Cantanhede desde 2007. Possui o Curso de
Formação Feminina e, atualmente, está aposentada do Ministério da
Economia.
Maria
do Rosário Nunes iniciou a prática do bordado com 6 anos e foi
aperfeiçoando a sua técnica de bordar ao longo da vida.
Sobre
o projeto Tardes Comunitárias
O
programa de animação social “Tardes Comunitárias”
visa proporcionar
oportunidades de valorização e realização pessoal para um público
com mais de 55 anos e percursos de vida diversificados, através de
encontros em que é dada também a possibilidade de partilharem a sua
experiência e saber com outras pessoas. As ações decorrem todas as
quartas-feiras, entre as 14h30 e as 17h30, contemplando atividades
variadas como exercícios de ginástica e outros desportos ou debates
em torno de matérias tão diversificadas como a saúde e segurança,
literatura, artes plásticas, turismo e a proteção civil, entre
outras, nalguns casos a partir da análise de documentos ou da
projeção de filmes. Visitas guiadas, debates literários ou apenas
convívio social ativo são outras das áreas abrangidas pelo
programa.
Os
interessados podem formalizar a sua inscrição na Casa Francisco
Pinto, na Rua António José de Almeida nº 3, em Cantanhede, ou
através do telefone 231 410 123 e do e-mail
tardescomunitarias@cm-cantanhede.pt.