Identificar e
classificar as barreiras que atualmente limitam a mobilidade dos
idosos no espaço urbano,
sobretudo no que respeita aos percursos, acessos pedonais e
transportes públicos, para projetar
a mobilidade ativa e sustentável da população idosa nas cidades do
futuro
é o objetivo do MOBI-AGE,
estudo exploratório financiado pelo programa MIT Portugal e Fundação
para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que junta cientistas das
universidades de Coimbra (UC) e do Porto (UP) e conta com o apoio de
investigadores do MIT Agelab (Boston, EUA).
Com o
envelhecimento demográfico da Europa a acentuar-se de forma
exponencial, este estudo, coordenado pela docente e investigadora
Anabela Ribeiro, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), pretende diagnosticar de forma
sistemática os centros urbanos, nomeadamente as zonas históricas,
para promover a sua adaptação às necessidades dos idosos, que na
sua maioria se desloca a pé ou de transporte público. Este estudo
será também útil para outros grupos com mobilidade reduzida (por
exemplo, pessoas em cadeiras de rodas).
«Os
centros urbanos concentram boa parte da população envelhecida das
cidades, que também habita os edifícios mais antigos. Por definição
e na maioria dessas cidades, essas áreas também são áreas onde
monumentos históricos e outros fatores de atração turística estão
localizados. O turismo sénior também é uma consequência do
envelhecimento geral da população e tem vindo a aumentar. Esse
panorama faz com que os centros urbanos, especialmente os históricos,
sejam locais onde se concentra um número maior de idosos, residentes
e visitantes, em comparação a outras zonas da cidade»,
explica Anabela Ribeiro.
Atendendo a esta
realidade, foram considerados dois estudos de caso, nos centros
históricos de Coimbra e Porto.
As equipas entrevistaram vários idosos, residentes na zona e
turistas provenientes de vários países, entre os quais Austrália,
Bélgica, Canadá e Estados Unidos.
Seguindo uma
abordagem com alguma inovação social, apostou-se na realização de
sessões participativas e dinâmicas de colaboração com essa
população, avaliando em concreto quais são as suas necessidades e
aspirações, o que permitiu não só validar diversas variáveis
identificadas pelos cientistas na revisão da literatura científica
sobre mobilidade, mas também obter feedback
sobre outras questões urbanas.
De uma forma
geral, as principais dificuldades relatadas prendem-se com o tipo
de pavimento, mau estado dos passeios, ausência de corrimões de
apoio, sistema de transportes públicos insuficiente e carros
estacionados em cima do passeio,
entre outras.
No caso do centro
histórico de Coimbra, por exemplo, «os
idosos residentes entrevistados - mais ativos do que se poderia
pensar, sobretudo as mulheres - elogiaram bastante o “Pantufinhas”,
um miniautocarro híbrido que faz a ligação entre a baixa e a alta
de Coimbra, percorrendo o centro histórico da cidade, defendendo o
alargamento deste tipo de transporte dedicado a outras zonas da
cidade»,
descreve a coordenadora do estudo.
Todos os
resultados do estudo MOBI-AGE vão ser apresentados e debatidos
publicamente na próxima
terça-feira,
dia
10 de dezembro, às 14 horas,
no Ateneu
de Coimbra,
com a presença de idosos que participaram na investigação.
Com base nas
conclusões dos dois estudos de caso realizados, a equipa do MOBI-AGE
irá desenvolver uma plataforma de informação interativa, destinada
a câmaras municipais e a utilizadores finais do espaço urbano
(residentes, visitantes, etc.).
O projeto
MOBI-AGE tem o apoio das câmaras municipais de Coimbra e Porto, bem
como do Ateneu de Coimbra, Centro Paroquial da Sé Velha e Centro
Nossa Senhora da Vitória.
Cristina
Pinto