terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

No âmbito do Programa Bairros Saudáveis: Câmara de Évora cedeu terreno para criação do “Espaço Multi-recreativo do Largo da Nora”

Câmara de Évora cedeu terreno para criação do “Espaço Multi-recreativo do Largo da Nora” A Câmara Municipal de Évora assinou, no dia 7 de fevereiro de 2022, com a Associação para o Desenvolvimento Cultural e Desportivo da Malagueira, um protocolo de cedência temporária de terreno municipal no Largo da Nora (Freguesia da Malagueira) para criação de um “Espaço Multirecreativo”. A cerimónia contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal de Évora, Carlos Pinto de Sá. 
O protocolo tem por base a cedência, pelo período de um ano, de um terreno municipal com 1885m2, atualmente sem utilização pública. A futura intervenção no espaço inclui a construção de muros, acesso pedonal, pontos de estadia, anfiteatro de pequena dimensão vocacionado para atividades infantis, espaço para relocalização dos equipamentos de ginástica sénior e um elemento de carater lúdico-juvenil. Contempla ainda a arborização e plantação de vegetação autóctone, bem como instalação de mobiliário urbano. 
Recorde-se que este protocolo foi aprovado em reunião pública de 22 de dezembro de 2021, de acordo com as normas e os critérios do Regulamento de Apoio ao Associativismo Social e Juvenil do Concelho de Évora, e visa dar seguimento à candidatura também já aprovada no âmbito do Programa Bairros Saudáveis a que a Associação se candidatou e engloba ainda a realização de um conjunto de atividades colaterais, nomeadamente ações de educação ambiental com a participação da comunidade escolar, feira/mercado de artesanato e produtores locais, assim como sessões de ginástica sénior ao ar livre. 

Foi também desenvolvida nesta mesma manhã a aula de educação ambiental ao ar livre "O Nosso Bosque" com a participação dos alunos do Jardim de Infância e 1º ciclo da Escola Manuel Ferreira Patrício que plantaram um pequeno bosque de árvores e arbustos autóctones. 

Tal atividade pretendeu mostrar a importância da vegetação da região e o seu papel enquanto promotora de biodiversidade e de proteção do solo contra as alterações climáticas. Visou igualmente desenvolver o sentimento de pertença do espaço público, sensibilizando para a importância do cuidado colectivo deste.

Câmara Municipal de Cantanhede transfere 1,7 milhões de euros para as freguesias

A Câmara Municipal de Cantanhede deliberou aprovar, por unanimidade, os termos dos acordos a celebrar com as freguesias do concelho, tendo em vista o financiamento de obras e intervenções em diversos domínios. O valor global que a autarquia se propõe transferir em 2022 nesse âmbito está estimado em 1,7 milhões de euros.

As condições de operacionalização dos apoios a conceder segundo critérios de equilíbrio e equidade foram aprovadas na reunião camarária desta segunda-feira, 7 de fevereiro, materializando-se na comparticipação financeira das competências próprias das freguesias e em contratos interadministrativos de delegação de competências.

O montante que as juntas de freguesia recebem diretamente da Administração Central para exercerem cabalmente as suas competências próprias é manifestamente escasso e por isso o executivo camarário faz questão de, mais uma vez, as ajudar a suprir a insuficiência de meios com que estão confrontadas, neste caso com a transferência de 615 mil euros, uma verba bastante considerável”, refere a presidente da autarquia cantanhedense, Helena Teodósio.

Por outro lado”, adianta a autarca, “elas recebem ainda 600 mil euros para realizarem investimentos em áreas devidamente contratualizadas com a Câmara Municipal, nomeadamente ao nível da requalificação urbana, o que faz mais sentido pela proximidade que têm às populações e por isso maior facilidade na identificação das necessidades e na definição das prioridades de intervenção”.

Como habitualmente, os acordos de cooperação do Município de Cantanhede com as freguesias foram estabelecidos a partir de uma auscultação prévia de todos os presidentes de junta, com os quais foram analisados e negociados os termos dos apoios a conceder. Um desses acordos refere-se à transferência de 250 mil euros para manutenção e conservação de caminhos públicos, estando previsto que, neste caso, a autarquia disponibilizará meios técnicos (máquinas) e humanos, bem como os materiais para as intervenções a realizar de acordo com uma calendarização previamente estabelecida.

Por último, Helena Teodósio lembra que a edilidade “prescinde ainda de uma verba de 215 mil euros correspondente aos antigos acordos de execução, verba essa que já está a ser paga diretamente às juntas de freguesia pela Direção Geral das Autarquias Locais, o que faz com que, na prática, o apoio que o Município lhes concede este ano ronde 1,7 milhões de euros. A verdadeira cooperação e a lealdade institucional é isto”, afirma a líder do executivo camarário, enfatizando o facto de estar “a proporcionar às juntas de freguesia o que tem reclamado para a Câmara Municipal no âmbito da assunção de novas competências transferidas pela Administração Central, ou seja, os meios que permitam exercer devidamente essas novas competências, o que, infelizmente está longe de se verificar”.


MUNICÍPIO DE SILVES REABRE BIBLIOTECA MUNICIPAL DE SILVES AOS SÁBADOS

 O Município de Silves procedeu à reabertura da Biblioteca Municipal de Silves (BMS), aos sábados entre as 14h00 e as 18h20.

Relembramos que, com esta reabertura continuarão a ser aplicadas medidas específicas por forma a garantir o funcionamento em segurança nos diferentes espaços da BMS.
O atendimento presencial está sujeito ao cumprimento de regras de segurança específicas, nomeadamente a utilização obrigatória de máscara e o cumprimento das regras de etiqueta respiratória e de distanciamento.

Estão ainda, instalados na zona de entrada dos serviços de atendimento público, dispensadores de solução líquida de base alcoólica para utilização dos utentes para efeitos de higienização das mãos.

Esperamos por si!

Morada: Rua Latino Coelho, 8300 -117 Silves
Horário: segunda a sexta-feira: 10h00 - 18h20
Sábado: 14h00 - 18h20

Encerrado aos domingos e feriados

Telefone: 282 440 899 (ext. 2730 a 2737)

Endereço: biblioteca@cm-silves.pt

 

O Modernismo, não o Ultramontanismo, é a “síntese de todas as heresias”!

 Quadro representando a chegada do Papa Pio IX para a abertura do Concílio Vaticano I (transcorrido de 8 de dezembro de 1869 a 18 de dezembro de 1870).

  • José Antonio Ureta

 Está se tornando moda nos círculos tradicionais americanos culpar o “ultramontanismo” pelos males que afetam o catolicismo hoje. Supõe-se que o Papa Francisco possa impor uma agenda revolucionária à Igreja devido às ações dos ultramontanos durante o Concílio Vaticano I. Os detratores deste último admitem que eles conseguiram que o ensino tradicional da Igreja sobre a infalibilidade e a jurisdição universal do Romano Pontífice fosse proclamado como dogma, mas alegam que os ultramontanos corromperam a obediência dos fiéis ao Papa por uma exagerada consideração para com ele, envolvendo sua pessoa em uma aura de venerabilidade.

Este desenvolvimento teria favorecido a centralização e o consequente abuso de poder na Igreja. Para evitar a “papolatria” supostamente alimentada pelos ultramontanos, alguns autores sugerem repensar o Papado nos termos do primeiro milênio, antes de São Gregório VII, no que diz respeito à nomeação de bispos e ao exercício do poder magistral do Papa.[1]

         A mais recente formulação dessa acusação apareceu em um artigo de Stuart Chessman intitulado “Ultramontanism: His Life and Death”. Segundo o autor, um certo “espírito do Vaticano I” levou as pessoas a interpretar as definições dogmáticas daquele Concílio muito além dos limites impostos pelo texto. Isso teria inaugurado um “regime ultramontano” no qual “toda a autoridade em matéria de fé, organização e liturgia foi centralizada no Vaticano” e “a obediência à autoridade eclesiástica foi elevada a uma posição central na fé católica” com uma correspondente diminuição da autoridade episcopal. Um bispo da corrente minoritária anti-infalibilista comentou ironicamente: “Entrei [no Vaticano I] como bispo e saí como sacristão”.

         O Tratado de Latrão e a criação do Estado da Cidade do Vaticano, bem como as novas tecnologias de comunicação, teriam aumentado a importância deste elemento “ultramontano” na vida da Igreja. Tudo isso teve algumas vantagens — “uma grande uniformidade de crença e prática foi alcançada” —, mas também graves inconvenientes, em primeiro lugar a burocratização da Igreja e sua consequência inevitável: bispos gestores medíocres que deixaram de ser “líderes espirituais” capazes de converter o mundo. Esta “estratégia defensiva”, “visando a unidade do bloco, controle centralizado e subordinação absoluta aos superiores”, resultou em “um renascimento do catolicismo progressista”. Este último nasceria “como [sentimento de] frustração com a tímida natureza ‘burguesa’ do testemunho católico ultramontano e a excessiva conformidade da Igreja com este mundo”, bem como uma reação às “restrições ao discurso católico”.

         De acordo com a narrativa de Chessman, o “ultramontanismo” se aliou mais tarde às “forças progressistas internas” que se materializaram no Vaticano II [quadro acima]. Ele chega a afirmar que: “A gestão do Concílio e sua posterior implementação foram realmente o maior triunfo do ultramontanismo”. As mudanças revolucionárias impostas por Paulo VI encontraram pouca resistência porque “os costumes e tradições da Igreja provavelmente perderam sua força de atração em grande parte do mundo católico por causa da forma ultramontana de entender a obediência à autoridade e pela adesão à ideia de que as regras legais são a fonte da legitimidade de tais tradições”.

         Devido ao crescimento da corrente progressista — continua a narrativa —, os ultramontanos não conseguiram restabelecer a autoridade do Romano Pontífice após o Vaticano II e, em particular, após a rejeição da encíclica Humanae Vitae. No entanto, João Paulo II embarcou em um “renascimento neo-ultramontano” que enfatizou a infalibilidade papal e transformou o Papa em uma “espécie de líder espiritual do mundo”. Internamente, porém, em particular sob Bento XVI, “o Vaticano funcionava cada vez mais como um mero centro administrativo”, levando ainda mais longe a burocratização da Igreja e transformando-a em uma “cloaca de carreirismo, incompetência e corrupção financeira”.

         A eleição do Papa Francisco teria acarretado “um retorno à agenda progressista da década de 1960, juntamente com um renascimento radical do autoritarismo ultramontano”. Usando “a linguagem e as técnicas do ultramontanismo”, o Papa argentino “estabelece a unidade da Igreja e a inviolabilidade do Concílio como valores absolutos” para silenciar e oprimir os tradicionalistas. Portanto, “verdadeiramente o regime de Francisco pode ser chamado de ultramontanismo totalitário!”.

         Em suma, para esses círculos tradicionalistas anti-ultramontanos, todos os males de que a Igreja agora padece derivam dos ultramontanos, cujo grande erro teria sido o de ter tentado “alcançar objetivos espirituais através da aplicação de técnicas organizacionais”. Paradoxalmente, o ultramontanismo acabaria por atingir o oposto do que havia almejado: “Um conjunto de políticas que deveriam ter protegido a doutrina da Igreja contra seus inimigos internos e preservado sua independência do controle secular facilitaram a maior crise de fé na história da Igreja, juntamente com sua submissão mais abjeta ao ‘poder temporal’ — não o dos monarcas como no passado, mas da mídia, bancos, ONGs, universidades e, cada vez mais, governos ‘democráticos’ (incluindo a China!)”.
         Do exposto, quase se poderia dizer que o “misterioso processo de autodemolição” da Igreja, fruto da infiltração da “fumaça de Satanás”, de que falava Paulo VI, nasceu, se desenvolveu e atingiu seu clímax graças ao ultramontanismo, a nova síntese de todos os males! Qual poderia ser a solução para esta crise? O autor diz que “a saída do impasse ultramontano/progressista” exige um tradicionalismo anti-ultramontano que não se baseia “na autoridade do clero”, mas “no compromisso individual dos leigos” com a “plenitude da tradição católica”, no respeito da “liberdade de consciência de cada fiel”.

         A construção intelectual do Sr. Chessman padece de duas falhas. Primeiro, ele atribui a origem da atual crise da Fé a fatores puramente naturais — a forma como o poder papal é estruturado e exercido. A verdade é que essa decorre de uma crise moral e religiosa que se agravou em todo o Ocidente desde o Renascimento e o Protestantismo, como o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisou com acuidade em seu livro Revolução e Contra-revolução.[2] Em segundo lugar, a teoria do Sr. Chessman não corresponde com a verdade histórica.

         Em artigos recentes, tratei brevemente do erro consistente em atribuir à corrente ultramontana e ao suposto “espírito do Vaticano I” a extensão da autoridade magisterial e disciplinar do Papa para além dos limites estabelecidos pela constituição dogmática Pastor HYPERLINK “https://www.vatican.va/content/pius-ix/it/documents/constitutio-dogmatica-pastor-aeternus-18-iulii-1870.html”Aeternus.

         No primeiro artigo [3] mostrei como o maior representante do ultramontanismo, o cardeal Louis-Edouard Pie, tinha uma concepção perfeitamente equilibrada e não absolutista da monarquia papal e era um grande defensor dos concílios provinciais e plenários.

         No segundo artigo [4] mostrei que o Papa Leão XIII — ortodoxo na doutrina, mas liberal na política — foi quem começou a exigir que os leigos católicos aderissem incondicionalmente à sua política de “Ralliement”, ou seja, de convergência em torno do regime republicano e maçônico da França. Quem aplaudiu tal imposição de uma obediência incondicional em assuntos políticos foram os representantes da corrente liberal que se tinham oposto às definições dogmáticas do Vaticano I. Um desses prelados liberais, o cardeal Lavigerie, chegou a afirmar: “A única regra de salvação e de vida na Igreja é estar com o Papa, com o Papa vivo. Quem quer que seja”. Demonstrei também que os representantes do ultramontanismo foram os que resistiram àquela extensão abusiva da autoridade e da obediência papal para além dos limites definidos. Estavam tão cientes dessas limitações que, ainda no século XIX, um deles levantou a espinhosa questão da possibilidade teológica de um papa herege.

         São Pio X [foto ao lado] foi um Papa ultramontano e grande admirador do cardeal Pie. Os escritos do prelado francês o inspiraram a escolher “instaurare omnia in Christo” como lema de seu pontificado. É claro que São Pio X exigia total obediência em matéria de fé e era firme em denunciar e reprimir a heresia. Ele excomungou os líderes modernistas e impôs o juramento antimodernista. No entanto, não abusou da autoridade papal nem tentou impor um pensamento uniforme em assuntos em que os católicos têm o direito de formar uma opinião pessoal. Ele até desculpou os irmãos Scotton, donos de um jornal antimodernista, por seu zelo em se opor ao cardeal Ferrari, arcebispo de Milão, dizendo que usaram linguagem excessiva porque “para se defenderem, usaram as mesmas armas com as quais foram golpeados”.[5]

         Com os aplausos da corrente liberal, posteriores Papas não ultramontanos também pediram aos fiéis que obedecessem estritamente à sua respectiva agenda de pacificação com os poderes políticos revolucionários. Isso começou com Bento XV. Em sua primeira encíclica (Ad Beatissimi Apostolorum), silenciou aqueles que defendiam a adesão irrestrita aos ensinamentos da Igreja e sua aplicação na sociedade, rotulando-os de “integristas”. Ele o fez “para reprimir as dissensões e lutas de qualquer tipo entre os católicos e impedir que surgissem novas, para que assim todos estejam unidos em pensamento e ação”.

         Para isso, todos tinham que se alinhar com a Santa Sé: “Se a autoridade legítima dá alguma ordem, ninguém pode transgredi-la porque não gosta; mas cada um deve submeter sua opinião à autoridade daquele a quem está sujeito e lhe obedece por dever de consciência. Da mesma forma, que nenhum particular, seja publicando livros ou jornais, seja realizando discursos públicos, se comporte como um mestre na Igreja. Todos sabem a quem o Magistério da Igreja foi confiado por Deus; portanto, seja-lhe deixado o campo livre, para que possa falar quando e como achar conveniente. O dever dos outros é de escutá-lo com reverência e obedecer à sua palavra.”[6]

         Opiniões divergentes eram admissíveis em matérias diversas da fé e da moral, como a ação política dos leigos católica ou a abordagem jornalística a ser adotada em relação ao modernismo, mas unicamente se o Papa não tivesse dado a sua própria linha: “Quanto às questões onde, sem prejuízo da fé ou da disciplina, se podem discutir os prós e os contras, porque a Santa Sé ainda não decidiu nada, não é vedado a ninguém emitir sua opinião e defendê-la”.[7] Uma aplicação prática desta restrição ao debate foi submeter o jornal dos irmãos Scotton ao estrito controle do bispo de Vicenza, invertendo a liberdade de opinião que São Pio X lhes havia garantido.[8]

         O sucessor de Bento XV, Pio XI — que pertencia à mesma corrente não ultramontana —, chegou a excomungar os assinantes do jornal monárquico Action Française devido às opiniões agnósticas de seu editor Charles Maurras.[9] (Seria como se o Papa Francisco excomungasse os leitores da Breitbart ou da Fox News por apoiarem políticas anti-imigração.) Ele até retirou o chapéu de cardeal do jesuíta Louis Billot [foto ao lado], um dos maiores teólogos do século XX, por ter manifestado oposição a essa disposição.[10] […]

O mesmo não ultramontano Pio XI aprovou o Acordo entre os bispos liberais do México e o governo maçônico, negociado pelo embaixador dos EUA, e pressionou os Cristeros a deporem as armas. Como se sabe, o governo não honrou o Acordo, executou milhares de combatentes católicos e manteve a maioria de suas leis anticlericais.

Dentro da Igreja, Pio XI centralizou o apostolado leigo em todo o mundo na Ação Católica, uma organização infiltrada por tendências liberais e laicistas. Ele lhe deu preeminência sobre todos os movimentos tradicionais e autônomos de apostolado leigo, como as Ordens Terceiras, as Congregações Marianas e o Apostolado da Oração.

O Papa Pio XII foi uma figura cheia de contrastes. Antes de fazer do Padre Augustin Bea, S.J. (posteriormente criado cardeal) seu confessor, adotou uma posição tradicional próxima à dos herdeiros do ultramontanismo e condenou os erros progressistas emergentes, particularmente na Liturgia. Mais tarde, inspirado pelo Pe. Bea e auxiliado pelo então Pe. Bugnini, o mesmo Pio XII revolucionou os ritos litúrgicos da Semana Santa e permitiu o uso do método histórico-crítico (de origem protestante) para os estudos bíblicos.

         Quem alertou para o perigo de uma “instrumentalização” do Magistério não foi um liberal anti-ultramontano, mas uma figura de destaque da Escola Romana (o reduto do que restava do ultramontanismo no mundo acadêmico). Em um artigo publicado no L’Osservatore Romano de 10 de fevereiro de 1942, Dom Pietro Parente denunciou “a estranha identificação da Tradição (fonte da Revelação) com o Magistério vivo da Igreja (guardião e intérprete da Palavra divina)”.[11] Se a Tradição e o Magistério são a mesma coisa, então a Tradição deixa de ser o depósito imutável da Fé e passa a variar de acordo com o ensinamento do Papa reinante.

         Tudo isso mostra que culpar o ultramontanismo pelo erro de identificar a Tradição com o Magistério vivo e querer impor um pensamento uniforme em questões não dogmáticas é historicamente falso. Foi a corrente liberal-progressista quem o fez. Ao contrário do que afirma o Sr. Chessman, os herdeiros do ultramontanismo foram aqueles que resistiram, durante todo esse período, às tentativas de forçá-los a aceitar a política dos Papas, de mão estendida ao mundo.

         O centralismo e o autoritarismo agora atribuídos ao ultramontanismo não foram fruto do Vaticano I ou de seu suposto “espírito”, mas do liberalismo infiltrado na Igreja. Como explica Plinio Corrêa de Oliveira: “O liberalismo pouco se importa com a liberdade para o bem. Só lhe interessa a liberdade para o mal. Quando no poder, ele facilmente, e até alegremente, tolhe ao bem a liberdade, em toda a medida do possível. Mas protege, favorece, prestigia, de muitas maneiras, a liberdade para o mal”.[12]

Assim como os liberais denunciaram “as Bastilhas” antes da Revolução Francesa, mas depois impuseram o Terror uma vez no poder, os liberais e modernistas católicos denunciaram o suposto autoritarismo do Beato Pio IX [quadro ao lado] e de São Pio X. No entanto, tão logo assumiram as mais altas posições na Igreja, impuseram uma estrita obediência ao seu programa de abraçar o mundo, mesmo em assuntos estritamente políticos que não diziam respeito a questões de Fé e Moral.

         Outra imprecisão histórica do Sr. Chessman é a suposta aliança entre ultramontanismo e progressismo no Concílio Vaticano II. Giuseppe Angelo Roncalli não era ultramontano, mas, em sua juventude, ele foi um simpatizante do modernismo. Abrindo a assembleia conciliar, João XXIII ridicularizou os “profetas da perdição”, referindo-se precisamente aos ultramontanos. Todos os historiadores daquele concílio acreditam que houve um confronto entre as minorias progressista e conservadora, com a primeira conseguindo, aos poucos, puxar para o seu lado a grande maioria moderada. O punhado de prelados de espírito ultramontano, reunidos no Coetus Internationalis Patrum, foram os que mais trabalharam para incluir verdades tradicionais opostas às inovações modernistas nos textos conciliares.

O Beato Pio IX deve ter-se revirado no túmulo enquanto o Vaticano II aprovava a introdução de uma “dupla” autoridade suprema na Igreja, implícita na teoria da colegialidade. Como é possível, então, afirmar que “a gestão do Concílio e sua posterior implementação foram realmente o maior triunfo do ultramontanismo”?

         Não há dúvida de que o pontificado de João Paulo II foi uma primeira tentativa de dar às novidades do Concílio uma interpretação moderada nos moldes do que mais tarde foi definido como a “hermenêutica da continuidade”. Seus partidários defendiam essa posição moderada apelando principalmente para a imagem midiática de celebridade mundial de Karol Wojtila (o Pe. Chad Ripperger chamou essa atitude de “magisterialismo”[13]). No entanto, não faz sentido caracterizar essa ofensiva moderada como um “renascimento ultramontano”. João Paulo II é o autor de Ut Unum Sint. Esta encíclica pretendia “encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao essencial da sua missão, se abria a uma nova situação”, procurando satisfazer “a aspiração ecumênica da maior parte das Comunidades cristãs”.[14] Essa aspiração era exatamente o oposto do que os ultramontanos haviam obtido no Concílio Vaticano I: a proclamação do dogma do primado da jurisdição do Papa — que as comunidades cristãs heréticas e cismáticas rejeitam.

         Como mencionado acima, um dos erros do artigo do Sr. Chessman é atribuir a origem da atual crise da Fé a um fator puramente natural: o exercício burocrático e centralizado da autoridade papal. A crescente centralização do poder papal nas mãos de papas não ultramontanos e até anti-ultramontanos (Leão XIII, Bento XV, Pio XI e os papas conciliares) não é a razão pela qual a crise da fé se agravou no final do século XIX e ao longo do século XX.

A crise resultou e foi agravada pela penetração dos putrefatos miasmas liberais do mundo na Igreja Católica. A mentalidade da Modernidade nasceu da Revolução anticristã e passou a dominar a vida cultural, intelectual e política do Ocidente a partir do Renascimento. A Igreja foi pressionada para se adaptar ao novo mundo emergente, especialmente a partir do século XIX. “Não se trata de escolher entre os princípios de 1789 e os dogmas da religião católica”, exclamou o duque Albert de Broglie, um dos líderes do bloco católico liberal, “mas de purificar os princípios com os dogmas e fazê-los caminhar lado a lado. Não se trata de confrontar-se em duelo, mas de fazer as pazes”.[15]

         Essa infiltração de erros revolucionários na Igreja atingiu seu ápice com o Modernismo, o qual professa que os dogmas da Fé devem se adaptar à evolução da experiência religiosa da humanidade e que o culto deve evoluir de acordo com os usos e costumes de cada época. O Beato Pio IX e São Pio X emitiram condenações explícitas contra qualquer tentativa de reconciliar a Igreja com os erros modernos. Exortaram os católicos a enfrentar com coragem o que São Pio X chamou de “a síntese de todas as heresias”. Essa oposição fez deles modelos de um papado ultramontano. No entanto, seus sucessores foram menos enérgicos e até conciliadores. Com João XXIII e a abertura do Concílio Vaticano II, a posição ultramontana e antiliberal de luta contra a Modernidade e seus erros foi oficialmente abandonada e substituída por uma atitude de diálogo benevolente e de submissão ao mundo moderno.

         Como os modernistas do século XX, o Papa Francisco procura abertamente adaptar a Igreja às “mudanças antropológicas e culturais”. Segundo ele, o impulso divino presente no progresso da humanidade justifica as mudanças atuais. Ele atribui esses impulsos e a nova dinâmica da ação humana à ação divina: “Deus Se manifesta numa revelação histórica, no tempo. […] Deus Se manifesta no tempo e está presente nos processos da História”[16], afirma. Eugenio Scalfari, o fundador ateu do La Repubblica, estava certo quando intitulou seu artigo sobre a Laudato Si’: “Francisco, Papa-Profeta que encontra a Modernidade” [17]. Os aplausos dos líderes hodiernos às declarações e iniciativas do atual Papa confirmam esta avaliação.

         O atual Papa e alguns de seus predecessores abusaram da autoridade papal para avançar na agenda modernista de reconciliar a Igreja com o mundo revolucionário. Isso não os torna Papas ultramontanos. Os prelados carreiristas que dirigiram suas dioceses como funcionários públicos medíocres, ignorando a infiltração de erros modernistas entre os fiéis — erros pelos quais tinham simpatia — também não eram ultramontanos. Clérigos e fiéis que adotaram os erros modernistas não o fizeram por um falso conceito de obediência, mas porque estavam imbuídos do espírito liberal e revolucionário do mundo.

Durante esta longa apostasia da Fé, uma pequena minoria ultramontana de clérigos e leigos se esforçou para combater a infiltração da heresia e defender os ensinamentos tradicionais da Igreja. Se alguns deles não fizeram mais ou até se encolheram na luta, foi por covardia, não por uma reverência ultramontana excessiva pelo papado.

Culpar o ultramontanismo pela atual crise da Igreja e ignorar o papel central do Modernismo em sua gestação e na sua marcha para o paroxismo equivale a acusar da inundação a barragem, por não ter conseguido resistir à avalanche, liberando as águas agitadas que transbordaram da represa.

A corrente ultramontana sempre foi admiradora e respeitosa da ordem hierárquica no universo, na sociedade e na Igreja, especialmente no Papado, sede da mais alta autoridade da Terra. Mas esse mesmo amor pela ordem hierárquica a levou a venerar e obedecer acima de tudo ao Criador e soberano Senhor do mundo e ao divino Fundador da Igreja. E, portanto, a rejeitar qualquer erro e qualquer transgressão da lei divina, porque é preciso “obedecer a Deus antes que aos homens”.

Por causa desse amor ordenado ao princípio de autoridade, quem mais ama o Papado tem condições melhores para ser mais firme na resistência respeitosa aos seus desvios: Ninguém teve um amor mais ardente ao Papado do que São Paulo, que “subiu a Jerusalém para conhecer Cefas” (Gal. 1, 18) e voltou lá 14 anos mais tarde para expor o Evangelho que pregava aos pagãos “a fim de não correr em vão” (Gal. 2,2); porém, ninguém foi mais firme do que ele ao “resistir em face” ao mesmo Cefas, “porque era censurável” (Gal. 2, 11).

A proposta de redimensionar o Papado para evitar abusos da autoridade papal pode tornar menos agudos, a curto prazo, os problemas de consciência criados pela série de papas que têm promovido a autodemolição da Igreja. Porém, contribui a longo prazo para ajudar os promotores da autodemolição da Igreja, um de cujos aspectos cruciais é a demolição, ou pelo menos o enfraquecimento da Rocha sobre encima da qual Ela foi edificada. Não deixa de ser paradoxal que os ultraprogressistas e os “tradicionalistas anti-ultramontanos” coincidam na proposta de deixar de chamar o Papa “Vigário de Cristo”, como fez o diretor de Crisis, sob o pretexto de que esse título leva a uma veneração excessiva se aplicada somente a ele, quando na realidade poderia também ser aplicada a todos os bispos.

Não é menos paradoxal que um artigo que denuncia o “totalitarismo ultramontano” apareça originalmente num blog que leva o nome de Santo Hugo de Cluny, o grande conselheiro dos papas São Leão IX, Nicolau II e sobretudo de seu confrade cluniasence, o grande São Gregório VII, os quais elevaram a autoridade da Sé de Pedro ao seu apogeu, tanto na disciplina interna imposta pela reforma gregoriana quanto pela afirmação vitoriosa da primazia do Papa em relação ao imperador. Santo Hugo estava junto a São Gregório VII no famoso episódio de Canossa, considerado pelos historiadores revolucionários como o ponto de partida do ultramontanismo.

Neste período de eclipse do Papado — provavelmente o maior e mais dramático eclipse na história bimilenar da Igreja — é preciso aumentar ainda mais nosso amor pela mais sagrada instituição da Terra, fundada pelo próprio Jesus Cristo como principal pedra de sustentação de todo o edifício, dotada do maior e mais sagrado poder que une o Céu e a Terra.

Alguns desatinos do legado de São Leão IX irritaram os gregos e favoreceram o Cisma do Oriente. Os escândalos dos papas da Renascença irritaram os alemães e favoreceram a heresia de Lutero. Sejamos extremamente prudentes na avaliação da situação, para que os desatinos, os escândalos e os ensinamentos claramente errôneos do Papa Francisco não provoquem, entre suas vítimas, uma irritação temperamental que favoreça uma atitude de reserva, não apenas em relação ao ocupante do trono de Pedro, mas em relação ao próprio Papado.

Imitemos os monarquistas franceses do período da Restauração que, apesar da política liberal de Luís XVIII, que favorecia os bonapartistas e os republicanos e perseguia os defensores do trono, gritavam: Vive le roi, quand même !, apesar de tudo, viva o Rei!

ABIM
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NOTAS

[1] Eric Sammons, Rethinking the Papacy, Crisis Magazine, 28 de setembro de 2021.

[2] Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, terceira edição. (Spring Grove, Penn.: A Sociedade Americana para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade, 1993).

[3] José Antonio Ureta, Understanding True Ultramontanism, OnePeterFive, 12 de outubro de 2021.

[4] José Antonio Ureta, Leão XIII: o primeiro papa liberal que foi além de sua autoridade, OnePeterFive, 19 de outubro de 2021.

[5] Romana beatificationis et canonizationis servi Dei Papae Pii X disquisitio circa quasdam obiectiones modum agendi servi Dei respicientes in modernismi debellationem, Typis poliglottis Vaticanis 1950 (editado pelo Cardeal Ferdinando Antonelli), 178, in Roberto de Mattei, “Modernismo e antimodernismo na época de Pio X”, em Dom Orione nos anos do modernismo, 60.

[6] Bento XV, encíclica Ad Beatissimi Apostolorum, 1 de novembro de 1914, n° 22.

[7] Ibid., Nº 23.

[8] Giovanni Vian, Modernismo durante o pontificado de Bento XV, entre a reabilitação e as condenações.

[9] Domar a ação — II O decreto, Rorate Caeli, 21 de janeiro de 2012.

[10] Ver Peter J. Bernardi, S.J., Louis Cardinal Billot, S.J. (1846-1931): tomista, anti-modernista, integralista, Journal of Jesuit Studies, 8, 4 (2021): 585-616.

[11] Pietro Parente, Supr. S. Congr. S. Officii Decretum 4 febr. 1942 – Annotationes, Periodica de Re Morali, Canonica, Liturgica 31 (fevereiro de 1942): 187 [o original foi publicado como “Novas tendências teológicas”, L’Osservatore Romano, 9-10 de fevereiro de 1942].

[12] Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, 52.

[13] Chad Ripperger, Operative Points of View, Christian Order (março de 2001).

[14] João Paulo II, encíclica Ut Unum Sint (25 de maio de 1995), n° 95.

[15] Albert de Broglie, Questions de religion et d’histoire, (Paris: Michel Lévy Frères, 1860), 2: 199.

[16] Antonio Spadaro, S.J., Um grande coração aberto a Deus: uma entrevista com o Papa Francisco, América, 30 de setembro de 2013.

[17] Eugenio Scalfari, Francesco, papa profeta que encontra a modernidade, La Repubblica, 1 de julho de 2015.

Castelo de Paiva | Patente até ao fim do mês de Fevereiro: BIBLIOTECA MUNICIPAL DE CASTELO DE PAIVA RECEBE EXPOSIÇÃO ITINERANTE DE PINTURA E ESCULTURA

No espaço da Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva, está patente ao público até ao dia 28 de Fevereiro a Exposição Itinerante de Pintura e Escultura da Associação Gens’ Arte, cuja inauguração contou com a presença da Vereadora da Cultura Liliana Vieira, para além de responsáveis da Academia de Musica local.


 Este evento cultural conta com o apoio da Academia de Música de Castelo de Paiva, sendo que, este projecto tem como principal objectivo diversificar e desenvolver actividades artísticas dando a conhecer artistas desconhecidos e autodidactas da região.

Segundo destaca a direcção da Gens’ Arte, “ levar a Exposição Colectiva Itinerante (pela sua diversidade e riqueza) representa a expressão da actividade dos nossos sócios, transformada numa ligação profunda e activa com as cidades que nos irão acolher, daí sentir muito sensibilizados e honrados com os convite que nos são dirigidos e que de pronto aceitamos “.      “ Fazemos jus, aliás, ao espírito que nos anima; o de aprofundar e estreitar laços com as instituições (sociais, educativas e culturais) e de, assim, contribuir para o reforço de um trabalho de rede mutuamente proveitoso, em favor da valorização da cultura e no apoio aos agentes culturais e promovendo o acesso aos bens e valores culturais por toda a comunidade “, refere ainda os responsáveis directivos da Gens’ Arte.

Esta exposição, que segue depois para outros concelhos da região, pode ser apreciada na Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva e tem entrada livre, no horário habitual de funcionamento.

  Carlos Oliveira 

NADADORES DA SOCIEDADE COLUMBÓFILA NAS FINAIS DO XII MEETING INTERNACIONAL POVOA DO VARZIM

Realizou-se nos dias 5 e 6 de fevereiro, a 12ª edição do Meeting Internacional da Póvoa do Varzim, contando a edição de 2022, com a presença de 363 atletas em representação de 42 clubes nacionais e ainda com 30 atletas em representação de 3 clubes espanhóis.

A Associação de Solidariedade Social Sociedade Columbófila Cantanhedense esteve representada por 4 atletas do escalão de juvenis e juniores.

Numa prova com classificação absoluta os maiores destaques da participação da coletividade de Cantanhede, vão para o atleta júnior, Guilherme Cardoso que garantiu acesso as finais A nos 400 e 1500 Livres tendo obtido a 6ª posição em ambas, tendo o mesmo atleta alcançado ainda, um 2º lugar na final B dos 200 Livres.

Tomás Oliveira, atleta juvenil conquistou acesso a final A nos 50 Bruços, onde obteve a 5ª posição tendo ainda participado na final B dos 100 Bruços onde alcançou o 2ºlugar.

Integraram ainda a comitiva da ASSSCC os atletas juvenis João Lucas e Martim Silva sendo liderada pelo técnico Hugo Neto.

NADADORES CADETES DA COLUMBÓFILA EM DESTAQUE NA EDIÇÃO 2022 DO TORNEIO NADADOR COMPLETO


A Secção de Natação da Associação de Solidariedade Social Sociedade Columbófila Cantanhedense, esteve representada com 11 atletas cadetes (A e B) na edição de 2022 do Torneio Nadador Completo.

A edição do presente ano realizada nas piscinas municipais de São Martinho do Bispo, na cidade de Coimbra, contou com a presença de 62 atletas em representação de 8 Clubes.

A coletividade de Cantanhede colocou 5 atletas entre os 12 pódios possíveis no escalão de cadetes A e B no género masculino e feminino.

A classificação nesta competição foi obtida pelo somatório dos pontos obtidos nas 5 provas nadadas ao longo das 2 jornadas. Nomeadamente 100 metros de cada técnica de nado e por prova de estilo

No escalão de cadetes A no setor feminino Matilde Oliveira obteve o 2º lugar e Beatriz Portulez a 4ª posição, no mesmo escalão, mas no setor masculino, Daniel Correia e Santiago Pereira obtiveram a 2ª e 3ª posição respetivamente.

Já no escalão de cadetes B no setor masculino, Diogo Lopes e Francisco Pereira alcançaram a 2ª e 3ª posição respetivamente.

Participaram ainda os atletas Eva Almeida, Filipa Loisas, Sara Santos, Afonso Oliveira e David Marques, os mesmos por terem sido desclassificados numa ou mais prova não integraram a classificação final.

Crónica Postal: O CERTIFICADO

 

Aquele homem, a rondar os 70 anos, foi ao centro de vacinação para solicitar um certificado. Já tinha as doses de vacina tomadas e precisava do papel para aceder a restaurantes e outros locais. A funcionária explicou muito bem o que o homem tinha que fazer para obter o certificado de vacinação. “Vai ao seu telemóvel… etc., etc.” O homem tirou do bolso o telemóvel e mostrou. “Este meu telemóvel não tem essas coisas…”. A funcionária, muito despachada (ou a despachar…) sugeriu que o homem tratasse com algum familiar ou amigo que tivesse esse género de telemóvel, onde extrairia a certidão que pretendia. O homem, muito educado, insistiu que só pretendia o “papel que prove que estou vacinado”. “Mas, volto a insistir, peça ajuda a um familiar, a um amigo!” O homem lá confessou que os filhos estavam emigrados e os seus amigos também não tinham “desses” telemóveis. “Só precisava que me dessem o papel”, insistiu o humilde homem.

De nada valeu. O desanimado homem agradeceu e, cabisbaixo, deu meia volta.

Os comentários dos empregados do centro de vacinação não foram muito felizes. “Vejam só!, queria que fôssemos ali ao computador e imprimir o certificado! Há pessoas com tamanha lata!”

Pois é. Vai-se lá perceber porque razão uma parte, ainda considerável da população não sabe lidar ou não possuem aparelhos tecnológicos para aceder às plataformas digitais. Sobretudo as pessoas de mais idade.

Lamentável a insensibilidade para a realidade dura de muitos cidadãos, no caso, excluídos a larga percentagem de cidadãos ainda inadaptados à era digital.

EDUARDO COSTA, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional

Leiria | REDE CULTURA 2027 - APRESENTADOS OS EIXOS DA CANDIDATURA

 RECONHECER, RELIGAR, TECER”, CUIDAR, IMAGINAR, SUSTENTAR: os eixos que vão mostrar à Europa um território cultural comum!

 

VIDEO DO EVENTO: https://www.facebook.com/Redecultura2027/videos/514870219951047

FOTOS https://we.tl/t-AnvjdZNWRy

A Rede Cultura 2027 convocou no sábado, dia 5 de fevereiro, às 14h30, na Sala do Capítulo do Museu de Leiria, todos os agentes culturais do território envolvidos na candidatura a Capital Europeia da Cultura. O momento, além de lançar a convocatória municipal da Rede Cultura para o ano de 2022, partilhando os resultados alcançados com os projetos que foram selecionados na primeira convocatória, apresentou os eixos que vão orientar o trabalho cultural, neste ano verdadeiramente “CCCapital” para a Rede Cultura 2027 e para a Candidatura a Capital Europeia da Cultura que dela emana. O momento contou com a presença, entre outros, de Maria Vlachou, diretora da associação Acesso Cultura, de Samuel Silva, jornalista vimaranense, de João Bonifácio Serra, presidente do Conselho Estratégico Rede Cultura 2027, e de elementos da equipa redatora do Bid Book (Ana Bonifácio, Lígia Afonso, Teresa Andresen).

Coube à vereadora da cultura da Câmara Municipal de Leiria, Anabela Graça, abrir a sessão, enaltecendo o trabalho associativo forte que existe no território, refletido nas mais de 90 candidaturas recebidas na anterior convocatória. “Acreditamos que o associativismo pode acrescentar valor, com mais formação, com mais capacitação, com mais momentos como este”, adiantou. A vereadora espera que muitos mais concorram a esta edição e é expectável que a 4 de abril o processo de seleção esteja concluído. “Queremos estar na linha da frente porque a cultura é um fator de coesão do território. Somos 26 a acreditar num território comum”, rematou.

Samuel Rama, membro do Conselho Estratégico da RC2027, deu o mote para o momento do

C de CONVOCAR.

Os convocados da edição anterior não quiseram deixar de partilhar a sua experiência. Para Pedro Oliveira, d’ O Nariz – Teatro de Grupo, com o projeto: O Rei que nunca foi Rei, “foi entusiasmante cativar a população e um desafio imenso percorrer tantos municípios com a partilhar com a população”. Já Raquel Gomes, da Sociedade Artística Musical dos Pousos, responsável pelo projeto, Palco em Casa, é de realçar a “cumplicidade que se criou com os habitantes das aldeias mais isoladas do território” e a ação foi de tal forma bem-sucedida que já está em marcha um Palco em Casa 2, suportado pelos municípios e pelo programa Portugal Inovação. A Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura teve André Camponês a falar sobre o “Baile dos Pastorinhos”, que partilhou o “carater inclusivo” do projeto, que chegou a mais de 1 milhão de crianças. Hugo Ferreira, da CCER Mais – Cooperativa para a Criação e Promoção Cultural, Educacional, Marketing e Intervenção Social, Cooperativa de Responsabilidade Limitada, com o projeto: Surma – II, encerrou as apresentações das convocatórias, sublinhando “o espírito colaborativo que o projeto despoletou” e “o orgulho que será ter a insígnia da Rede Cultura impressa em todos os suportes que vamos ter gravados na rua”.

C de CANDIDATAR

“Essa é a característica que é o nosso traço comum: o ADN de transformar o que temos”. A frase de Ana Bonifácio, da equipa redatora do BidBook, acerca da força da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura, foi uma das que mais marcou o encontro decorrido no passado sábado, dia 5 de fevereiro, na Sala do Capítulo do Museu de Leiria, no qual a Rede Cultura 2027 deixou sair mais do conteúdo do livro de candidatura, apresentado em novembro de 2021 e que será defendido a 9 de março.

Com o lema “Curar o comum”, o documento desenvolve-se segundo os eixos “Reconhecer”, “Religar”, “Tecer”, “Cuidar”, “Imaginar” e “Sustentar”. “Queremos demonstrar à Europa que conseguimos construir aqui um espaço cultural comum. E que queremos fazê-lo com parceiros europeus”, disse Teresa Andresen.

Para Lígia Afonso, outra das redatoras do BidBook presente no evento, o projeto da Rede Cultura 2027 quer “um novo modelo de governança para a cultura”, com “um programa aberto, no qual onde apenas as ideias estão definidas, sendo depois desenvolvidas pelos agentes no território”. “Eles, os agentes culturais, existem, têm capacidade inequívoca, são o ‘core’ da candidatura e só temos de trazer isto para o palco”, referiu.

 

“Temos cá tudo”, sublinhou Ana Bonifácio, acrescentando que “temos a prática material – e temos a promessa de que não vamos construir infraestruturas novas, não se vai fazer ‘o pavilhão’ como se fez em tempos – e vamos trabalhar as preexistências e isso é tudo o que é público”, desde os espaços culturais convencionais, às praças, os coretos, as habitações particulares ou “os oito mil quilómetros de trilhos, desde Sicó a Montejunto, passando por Aire e Candeeiros, até às praias, transversalmente”.

Outra preexistência do território é “um ADN de quem não fica sentado. Essa é a característica que é o nosso traço comum: o ADN de transformar o que temos”, disse. “Neste momento, nós não temos nevoeiro à nossa frente”, rematou.

O coordenador da candidatura, Paulo Lameiro, lembrou que ainda decorre a competição, mas avançou que um dos trunfos principais de Leiria envolve o “Menino do Lapedo”, também conhecido por “Criança do Lapedo”, um esqueleto com cerca de 29 mil anos, encontrado em 1998 no Abrigo do Lagar Velho, em Santa Eufémia, a cerca de dez quilómetros de Leiria.

Em conjunto com os vestígios de dinossauros do Bairro, no concelho de Fátima, e da Lourinhã, e do “crânio da Aroeira”, encontrado em Torres Novas e que remete para “o primeiro homem no nosso território”, o “Menino do Lapedo” acentua “a ideia de tempo longo – ‘slow life, slow cities’ -, uma outra forma de habitarmos este espaço”, que é uma das motivações do projeto liderado por Leiria, de acordo com a candidatura.

Coube ao presidente do Conselho Estratégico Rede Cultura 2027, João Bonifácio, lembrar a experiência de Guimarães, Capital Europeia da Cultura 2012, e fazer a ponte com Leiria.

 

C de Curar

Curar o Comum pela Cultura, na Cidade, com Intervenção de Maria Vlachou. A Diretora da Acesso Cultura, com a reflexão “Porque fazemos o que fazemos em Cultura?, partilhou com os presentes conceitos que orientam a sua atividade, deixando alguns alertas como “programar não é colecionar eventos” e “temos que aprender a ouvir, a sermos curiosos, a dar tempo e ter tempo para estarmos juntos, para pensarmos”. “Temos que ter tempo para fazer coisas com amor porque é isso que nos torna uma comunidade”, rematou.

 

A sessão terminou com o desafio aos presentes para fazerem percursos paralelos a pé com agentes culturais da Rede Cultura 2027, e apresentarem impressões sobre os 6 eixos: Reconhecer, Religar, Cuidar, Sustentar, Tecer, Imaginar

Marinha Grande | MUSEU JOAQUIM CORREIA COM VISITA GUIADA NO SÁBADO

O Museu Joaquim Correia, situado no Largo 5 de Outubro, na Marinha Grande, realiza uma visita guiada, no próximo sábado, 12 de fevereiro, às 15h00.

A visita guiada é sujeita a reserva para o email museu.jcorreia@cm-mgrande.pt.

O Museu Joaquim Correia consagra a obra de um dos maiores expoentes no campo da criação artística do concelho da Marinha Grande, o Professor Escultor Joaquim Correia. O acervo do Museu é constituído por várias coleções de obras de arte e por estudos, criados pelo escultor. Constam bustos, estátuas em bronze e gesso com e sem policromia, medalhas, desenhos e pinturas.
O Museu Joaquim Correia pode ser visitado de quarta-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 (últimas entradas às 12h30 e 17h30).

Marinha Grande | JOAQUIM CORREIA RECORDADO POR FAMILIARES E AMIGOS

Filhos, netos e amigos de Joaquim Correia lembraram a memória e o percurso profissional e artístico do escultor marinhense, numa tertúlia realizada no Museu Joaquim Correia, no passado sábado, 5 de fevereiro.

Falecido a 6 de fevereiro de 2013, aos 92 anos, o artista marinhense Joaquim Correia foi recordado numa conversa informal organizada pela Câmara Municipal da Marinha Grande, na qual esteve presente a vereadora da cultura, Ana Alves Monteiro, que manifestou o desejo de continuar a promover iniciativas que divulguem a obra daquele mestre.
Joaquim Correia foi referenciado pelos familiares como tendo sido um humanista, professor, encantado por comunicar e dialogar, interessado por todas as formas da escrita, filosofia, teatro e música. Foi também apelidado de desenhador, pintor, escultor, estatuário, medalhista, com uma carreira exímia, que deixou marcas culturais não apenas na Marinha Grande, como em todo o pais.

Joaquim Correia nasceu na Marinha Grande, a 26 de Julho de 1920, sendo neto e filho de uma família de Mestres Vidreiros. 

Depois de ter realizado os estudos primários na sua terra natal, continuou os estudos secundários em Leiria. Beneficiou do ensino e da convivência com um grupo de professores-artistas dos quais destaca os escultores Luís Fernandes e Narciso Costa e os pintores Miguel Barrias e Lino António.

Em 1938, foi para Lisboa, a fim de frequentar o curso superior de escultura na escola Superior de belas artes, onde apesar das excelentes classificações obtidas nas provas artísticas, lhe foi negada a matricula.

Em 1940, foi admitido e frequentou o 1.º ano do curso superior de escultura, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, tendo concluído os restantes anos do curso na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde foi discípulo do Prof. Escultor José Simões de Almeida. Completou a sua formação de escultor nas oficinas dos Mestres Francisco Franco, Salvador Barata Feyo e António Duarte.

Foi sócio efetivo da Sociedade Nacional de Belas Artes da associação dos Arqueólogos Portugueses e da Sociedade de Geografia de Lisboa. Presidiu à comissão instaladora do museu nacional do vidro. Foi comendador da Ordem Militar de Santiago de espada e "Des Arts et Lettres" de França. Foi autor de numerosas estátuas, baixo-relevos e medalhas que figuram em lugares públicos e privados em Portugal e no estrangeiro.

Para além do Museu Joaquim Correia, está representado nos Museus Nacionais de Arte Contemporânea de Lisboa, de Soares dos Reis no Porto, no centro de arte moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, e em várias coleções nacionais e estrangeiras.