IPST propõe que doentes em fim de vida possam
interromper cuidados e ser dadores
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação
(IPST) vai propor a possibilidade de as pessoas poderem decidir interromper os
seus cuidados de fim de vida e doarem os órgãos após a morte, foi hoje
anunciado.
Em novembro de 2013 foi publicado em diário da república o
despacho que define os critérios médico-legais segundo os quais pode ser
declarada a paragem cardiocirculatória irreversível e em janeiro saiu a
portaria que regulamenta o processo de colheita de órgãos nestes dadores.
Esta
prática, que visa aumentar o número de transplantes, tem a condicionante de só
poder ser feita em caso de paragem cardíaca no hospital ou a caminho do
hospital.
Até
agora, a colheita de órgãos para transplante apenas era feita em doentes em
morte cerebral.
Em
qualquer dos casos, trata-se de doação de morte não controlada.
Agora
o IPST quer dar um passo no sentido de acompanhar alguns países do norte da
Europa, e propor que se permita a doação de morte controlada, anunciou numa
conferência de imprensa a propósito do Dia Europeu da Doação de Órgãos, que se
assinala no sábado.
Em
Portugal, a recolha de órgãos em dadores com paragem cardiocirculatória tem
cinco categorias (definidas na chamada classificação de Maastricht), sendo que
Portugal só contempla a categoria II, considerada "não controlada",
porque o tempo de morte do potencial dador é desconhecido.
"Vamos
debater com a Comissão de Ética e a Ordem dos Médicos para passar a ter
Maastricht tipo III, em que as pessoas podem decidir que em situação
catastrófica não querem viver, interromper os cuidados e depois serem
dadores", disse a coordenadora nacional da Transplantação, Ana França.
Nesta
classificação, o tipo III é "controlado", uma vez que se pode prever
e planear uma morte cardiorrespiratória iminente, normalmente sendo seguido nos
cuidados intensivos.
"As
pessoas que no testamento vital não querem medidas interventivas, a doação de
órgãos pode ser exceção", disse.
Ana
França deu o exemplo da Holanda, que "tem o tipo III e faz toda a
diferença na doação".
"A
opção de doação como cuidados de fim de vida, em que em conjunto com a família
se decide interromper [os cuidados]", para que possam ser doados os
órgãos, acrescentou.
O
presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, Fernando Macário,
reconhece que este não será um tema fácil e lembra que a realidade holandesa é
muito diferente, desde logo porque permite a eutanásia.
No
entanto, lembra que se em Portugal não é permitida a eutanásia, também não o é
a distanásia (prolongamento por meios artificiais a vida de um doente
incurável).
Será
pois passível de se integrar nesta classificação de dador (tipo III) um doente
em cuidados intensivos sem indicação para manutenção de suporte de vida.
Salientou,
contudo, que ficam de fora doenças como cancros e infecciosas, por serem
passiveis de afetar os órgãos.
Como
exemplo de casos de doentes a quem se poderia não prolongar a vida e recolher
os órgãos, o responsável referiu hemorragias cerebrais que não levem à morte
cerebral ou neoplasias cerebrais que não impeçam a colheita.
Postado por Joaquim Carlos
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Comentários:
Levam-nos o sangue, fazem milhões com ele, pagamos para ser solidários, somos desrespeitados no SNS e como
tudo isso não bastasse querem fazer dos doentes calhambeques para retirar
peças, que a seguir vão cobram aos seus utilizadores.