O
Ciclo de Teatro Amador de Cantanhede regressa no próximo fim de
semana com duas estreias e uma jornada de itinerância que vai levar
dois grupos cénicos a representarem os seus espetáculos fora das
comunidades em que estão inseridas.
Já
no próximo sábado, 18 de março, o Grupo de Teatro Amador da União
Recreativa de Cadima inicia no salão da Junta de Freguesia, às
21h30, a sua participação neste programa de revitalização da
atividade teatral promovido pela autarquia cantanhedense. O público
vai ter oportunidade de assistir a Um Casamento em Arregalados,
adaptação livre de “A Boda”, de Bertolt Brecht, realizada por
Maria João Espírito Santo. Trata-se de uma comédia de costumes no
contexto da comemoração do casamento de Maria e Jacob juntamente
com a família e os amigos mais chegados. Uma festa aparentemente
normal com as histórias do pai, a comida da mãe, o flirt da
irmã e as intrigas dos amigos, entre outras peripécias.
Também
no sábado, igualmente às 21h30, o Novo Rumo – Grupo de Teatro de
Amadores de Ançã estreia no Centro de Dia de Ançã “A Bela e o
Monstro”, peça de Steve Johnston que surge aqui num registo de
comédia adaptada com a ação transposta para a pacata aldeia de
Brescos (Alentejo). Vicente Leão, um alentejano rico, apaixona-se
por Preciosa, uma pobre moça que vem servir para sua casa, onde Dona
Custódia, a governanta, alimenta há muito uma paixão não
correspondida pelo patrão. Maquiavélica e astuta, Custódia tenta
de tudo para afastar Preciosa de Leão, desde as poções mágicas do
Dr. Albright, charlatão lá do sítio, aos conselhos da bruxa
Judite, entre outros sortilégios desta hilariante história em que
realidade e fantasia se cruzam a cada cena.
Ainda
no sábado, o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Pocariça vai à
sede do Rancho Regional “OS Esticadinhos” de Cantanhede
apresentar, às 21h30, Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco
Guarnieri. A peça reflete uma espécie de desconstrução do
processo de montagem de um espetáculo teatral por uma companhia que,
confrontada com escasso tempo até à estreia, depara-se com vários
outros problemas, como cortes de luz, falta de equipamento e a falta
os acessórios de cena que os credores vão levando por não estarem
pagos, entre outros. “É uma celebração do mistério do teatro,
com as suas mazelas e a sua grandeza, a sua desordem e o seu
fascínio”.
Finalmente,
no domingo, 19 de março, às 15h30, é a vez de o Grupo Cénico do
CSPO – Centro Social e Polivalente de Ourentã se deslocar ao
Zambujal para representar, na antiga Escola Primária, A Farsa do
Advogado Patelino, comédia de costumes centrada nas peripécias
de um causídico esperto e ardiloso que, com a ajuda da sua astuciosa
mulher, engana um comerciante simplório. Depois de ter defendido e
conseguido a absolvição de um pastor em tribunal, num processo que
lhe foi instaurado pelo tal comerciante, o jurista vê-se tomado nas
teias que ajudara a tecer: o pastor recorre à estratégia que lhe
havia sido instruída e recomendada para agora ludibriar também o
próprio advogado.
Sobre
o Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima
O
Grupo de Teatro Amador da União Recreativa de Cadima (URC) nasceu
por iniciativa da direção da URC, no ano 2000. Na sequência da
informação recebida por esta associação da realização do II
Ciclo de Teatro, promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede, a
direção decidiu contactar e convidar algumas pessoas com anterior
experiência de palco, em Cadima. É dessa forma que o Grupo de
Teatro renasce já que, até meados da década de 1980, se ia fazendo
algum teatro na coletividade.
Habitualmente,
o grupo não recorre a textos próprios. Farsas são o tipo de peça
que mais agrada levar à cena. Contudo, e em virtude das dificuldades
em encontrar peças deste cariz, cujo conteúdo agrade aos elementos
do grupo, tem levado à cena vários dramas, mas também pequenas
comédias. É essencial, qualquer que seja o estilo de peça levada à
cena, que o texto transmita uma mensagem.
Em
2008, pela dificuldade já mencionada em encontrar peças, o grupo
decidiu não integrar o Ciclo de Teatro Amador do Concelho de
Cantanhede, mas não deixou de receber um dos grupos que estava nele
inserido. No mesmo ano, e para não parar a atividade, realizou uma
“soirée” com declamação e teatralização de vários textos em
prosa e poesia.
Para
além das atuações no Ciclo de Teatro, o grupo tem aceitado
convites para apresentar o seu trabalho por parte de coletividades do
Concelho e fora deste, designadamente Cordinhã, Caniceira e Canelas,
em Vila Nova de Gaia, com as quais tem partilhado enriquecedoras
experiências, contributos relevantes para a própria dinâmica que o
grupo tem assumido.
No
ano 2006, um grupo de teatro da Escola Pedro Teixeira acompanhou o
grupo nas suas atuações com uma peça da sua autoria.
Sobre
o Novo Rumo – Grupo de Teatro de Amadores de Ançã
O
Novo Rumo – Grupo de Teatro de Amadores de Ançã é um grupo que
nasceu da vontade de muitos amantes desta arte cénica, no ano de
1983, a 28 de março. Após um início conturbado, este grupo entrou
numa fase de paragem e reflexão.
Em
março de 2002, por convite da Junta de Freguesia de Ançã, na
pessoa do então Presidente da Junta de Freguesia Dr. Pedro Cardoso,
foram convidados todos quantos já haviam participado no referido
grupo, no sentido de fazer reiniciar a sua atividade.
Retomada
a atividade regular, o grupo tem vindo a participar ativamente no
Ciclo de Teatro do Concelho de Cantanhede e esporadicamente no Ciclo
de Primavera do INATEL, registando enorme acolhimento junto do
público que o tem recebido.
O
Novo Rumo, apesar de muitos anos de existência, começou do zero.
Não existiam peças pertencentes ao grupo, não existia qualquer
tipo de material cénico (roupas ou qualquer outro tipo de adereços),
não tem um espaço próprio, com disponibilidade e condições de
trabalho para ensaios e apresentações e os fundos são parcos.
Apenas existe muito boa vontade, esforço, entusiasmo e paixão de
todos os elementos que compõem o grupo.
Porém,
porque sempre foi convicção deste grupo que, criando melhores
condições de trabalho e apresentação de peças, este entusiasmo
poderia ser ainda maior, dinamizando o público mais jovem para este
tipo de arte, foi crescendo e adquirindo equipamento que permitisse
melhorar cada vez mais o produto final a apresentar ao público.
Neste
momento, dispõe de equipamento de som e luz, vocacionado para este
trabalho e de excelente qualidade, adquirido com esforço dos
elementos, ajuda dos sócios e a comparticipação da Junta de
Freguesia e da Câmara Municipal.
Desde
o reinício do Grupo foram já levadas a cena as seguintes peças:
Hora de partir, drama; O Gato, comédia; O meu Amor
é traiçoeiro, drama; Os trinta botões, comédia; O
amor, comédia; Aqui há fantasmas, comédia; O céu da
minha rua, farsa; Sonho de uma noite de verão, comédia.
O
Grupo de Teatro “Novo Rumo”, num processo de evolução natural,
sentiu necessidade de divulgar as artes cénicas e o gosto por esta
forma de arte milenar junto de um público mais infantil, por
considerar ser este um desafio que apesar de exigente, poderia dar
muitos frutos. Por isso, desde 2006 tem vindo a apresentar peças
infantis, que pelo seu sucesso os motiva a fazer mais e melhor! Tem
envolvido cerca de 10 crianças por peça e tem sido apresentada
localmente, em algumas localidades, escolas do concelho e Hospital
Pediátrico de Coimbra, com enorme sucesso. Peças Infantis já
apresentadas: Ursinho Guloso – 2007; D. Tão Parlapatão – 2008;
Biscoitos de Natal – 2008.
Após
um período de interregno, em outubro de 2013, o Grupo de Teatro
“Novo Rumo” retomou as suas atividades e participou na 16.ª
edição do Ciclo de Teatro Amador, organizado pela Câmara Municipal
de Cantanhede, com a peça “Uma Bomba Chamada Etelvina”, uma
comédia escrita por Henrique Santana e Ribeirinho, posteriormente
representou “dois maridos em apuros” e na última edição levou
a palco “Daqui fala o morto” de Carlos Llopis.
Sobre
o Grupo de Teatro, Arte e Cultura da Associação Musical da Pocariça
O
teatro na Pocariça remonta ao ano de 1895, quando começaram a ser
feitas várias representações por um grupo de amadores de Coimbra.
Um dos elementos deixou o grupo e decidiu organizar uma sociedade
dramática, apenas constituída por amadores da Pocariça, que foi
designada de Recreio Artístico. Apesar da saída de alguns membros
do Recreio Artístico pouco depois da sua fundação, o agrupamento
ainda subiu ao palco em fevereiro de 1896.
Em
14 de julho desse mesmo ano nasceu outro grupo de teatro amador, que
foi batizado de Sociedade Dramática Pocaricense e que teve a sua
estreia com a peça “Os Milagres de Santo António”.
Um
novo grupo dramático foi constituído em 1909 com o objetivo
específico de angariar fundos para a construção de uma casa de
teatro na Pocariça. Constituído exclusivamente por elementos da
localidade, este grupo exibiu as primeiras peças em abril, como a
opereta intitulada “Canto Celestial” e outras peças, entre as
quais um original de José Gomes Lopes, intitulado “Milagres de
Amor”, o mais recordado de todos. Com a receita destas peças e com
o produto de uma subscrição pública foi possível instalar um
palco, camarins, vários cenários pintados e ainda pano de boca de
cena.
Em
abril de 1914 foi representada a última récita, uma vez que, pouco
tempo depois, o prédio teve novo dono e desapareceu assim o
“passatempo” de representar peças teatrais.
O
Grupo Cénico da Pocariça surge já na década de 1950, sob
orientação de Mário Pereira da Silva. Aí se revelaram nova vaga
de atores amadores de grande vocação artística.
Para
manter viva esta tradição ligada ao teatro amador, foi criado em
2000 o Grupo de Teatro, Arte e Cultura, no seio de outra coletividade
de referência, a Associação Musical da Pocariça. A inspiração
para este grupo está ligada ao trabalho artístico da atriz de
teatro musical que conquistou fama a nível internacional, Auzenda de
Oliveira, nascida na Pocariça em 1888.
O
Ciclo de Teatro Amador do Concelho de Cantanhede, organizado pelo
Município, serviu também de pretexto para trazer de volta a
atividade teatral e de lhe dar um caráter sistemático e regular.
“Saudades
da minha Terra” foi o primeiro êxito desta formação mais
reduzida, mas também a opereta “Entre Duas Avé Marias”, peça
dos anos 1950, ajudou a cimentar a reputação deste coletivo.
O
Grupo participa ininterruptamente no Ciclo de Teatro Amador do
Concelho de Cantanhede desde a sua 4.ª edição em 2001-2002.
Sobre
o Grupo Cénico do C.S.P.O. – Centro Social e Polivalente de
Ourentã
Constituído
por cerca de 25 elementos, entre atores, atrizes e demais
colaboradores, o Grupo Cénico do C.S.P.O. – Centro Social e
Polivalente de Ourentã fez renascer na freguesia uma tradição
local que há muitos anos se encontrava sem atividade.
A
primeira formação teatral conhecida remonta a 1936, cujas atuações
permanecem ainda na memória de alguns dos residentes mais velhos
como acontecimentos importantes na dinamização sociocultural da
comunidade. Depois de vários períodos de interrupção, o último
dos quais de vinte anos, devido a dificuldades no relacionamento
entre a direção então eleita e o proprietário do imóvel que
servia de sede à coletividade (Centro de Recreio Popular de
Ourentã), o
teatro
voltou a ter expressão em Ourentã em 2003, ano em que um conjunto
de entusiastas mobilizou esforços e vontades para criar
um
grupo
cénico no âmbito da valência cultural do Centro Social e
Polivalente de Ourentã, que havia sido fundado em 1995.
Para
além do objetivo de fazer reviver uma tradição antiga na
freguesia, na base da iniciativa esteve também a motivação dos
promotores em fazer representar a instituição no Ciclo de Teatro
Amador, programa da Câmara Municipal com reconhecido alcance
cultural e grande notoriedade em todo o Concelho.
Depois
do afastamento de Laurindo Francisco, em 2005, por motivos de saúde,
Abel Ribeiro ficou a coordenar o grupo, cujos elementos têm
participado nas ações de formação que a autarquia cantanhedense
tem vindo a promover, sob orientação de atores profissionais.
Segundo
os seus responsáveis, estas ações têm sido um fator muito
importante na valorização técnica e artística dos intervenientes,
ao mesmo tempo que têm permitido tirar melhor partido dos recursos e
alargar os horizontes do grupo na produção dos espetáculos.
O
financiamento da sua atividade é assegurado pelo CSPO, que também
gere as receitas provenientes de outros apoios e subsídios, entre os
quais o que é atribuído pela Câmara Municipal no âmbito dos
ciclos de teatro.
Os
ensaios decorrem normalmente na sede do CSPO ou, quando isso não é
possível, num dos salões da Junta de Freguesia de Ourentã. O
trabalho é desenvolvido ao longo do ano com a regularidade possível,
de acordo com a disponibilidade das pessoas envolvidas, muitas vezes
com grande sacrifício.