domingo, 5 de março de 2017

Caros leitores do Litoral Centro


Por motivos de saúde grave, o Litoral Centro vai suspender a sua actividade por uns dias, assim esperamos.

Amem a liberdade, sejam felizes e respeitem a vida.

J. Carlos

Director

Joaquim Carlos, Fundador e Presidente da Direcção da ADASCA vai ser operado ao coração em Coimbra


Foto actual, pronto para a luta

A ADASCA informa que Joaquim Carlos, Fundador  e Presidente da Direcção
da associação de dadores de sangue do concelho de Aveiro, vai no próximo dia 6 de Março pelas 9 horas dar entrada no serviço de cardiologia do Hospital Universitário de Coimbra, onde vai ser operado no dia 7 pelo conceituado cardiologista Dr. Manuel Antunes para desobstruir três artérias do coração.

Os sintomas do EAM (Enfarte Agudo de Miocárdio) começaram a sentir-se no decorrer da cerimónia do 10º. aniversário da ADASCA no pretérito dia 18 do mês transacto.
 
A todos os elementos dos órgãos sociais assiste-lhes a esperança que tudo vai decorrer bem, e o Dr. Manuel Antunes tem dado créditos neste género de operações.
 
Durante algum tempo Joaquim Carlos vai estar impedido da sua integral dedicação à causa da dádiva, que abraçou há 11 anos.
 

O mapa de sessões de colheitas mantém-se, não está previsto qualquer alteração.  Pede-se respeito pela situação menos boa que o fundador da  ADASCA está a atravessar, dado o seu estilo na defesa pelos dadores de sangue.

Administração Interna confirma fuga de dois clandestinos da Argélia no Tejo

Dois homens conseguiram fugir a nado, depois de terem sido detetados a bordo de um navio que atracou no Barreiro.Resultado de imagem para Administração Interna confirma fuga de dois clandestinos da Argélia no Tejo
As autoridades policiais estão a tentar localizar os dois passageiros clandestinos que fugiram de um navio atracado no Barreiro, e que tinha sido visitado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, disse hoje o Ministério da Administração Interna (MAI).
Em resposta a questões da agência Lusa, o MAI explica que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tinha conhecimento da existência de dois imigrantes sem documentos a bordo do navio, que passou pelo porto de Huelva, em Espanha, e alertou as autoridades de controlo costeiro e marítimo, tendo depois estado no barco e disponibilizado "segurança e vigilância" ao comandante, que recusou.
Após ter recebido a informação da fuga dos clandestinos, o SEF avançou para os procedimentos adequados a este tipo de situação, tanto a nível nacional, como internacional, estando as autoridades policiais "a realizar todos os esforços para localizar estes dois cidadãos", continuou o Ministério liderado por Constança Urbano de Sousa.
O jornal Correio da Manhã noticia hoje que, na quarta-feira, dois homens argelinos fugiram a nado de um navio tanque carregado com gás e aportado no terminal da Quimipor, no Barreiro, vindo da Argélia, estando ainda desaparecidos.
O MAI esclarece que "navios transportando clandestinos a bordo não é uma novidade" e estão definidos procedimentos e medidas a adotar.
E relata que, após ter tido conhecimento da existência de "dois imigrantes indocumentados a bordo", ainda antes do navio ter chegado a Portugal, o SEF emitiu um alerta "às autoridades de controlo costeiro e marítimo competentes solicitando a colaboração no sentido de acompanhar o trajeto do navio em águas nacionais".
Como a embarcação já tinha atracado em porto espanhol e as autoridades daquele país já sabiam da situação, o SEF "recebeu toda a informação que os serviços congéneres de Espanha recolheram, incluindo consultas sobre os dois clandestinos a bordo", continua.
"Não existe informação sobre estes dois cidadãos relacionada com a segurança nacional, pelo que se aponta, mais uma vez, para mais um caso ligado ao fenómeno da imigração ilegal", concluiu o ministério.
Seguindo o procedimento normal, explica, o SEF deslocou-se a bordo para "aferir da situação documental, passaportes ou vistos e das condições de saúde, habitabilidade e segurança, bem como da vigilância dos mesmos" e se era necessária qualquer intervenção das autoridades.
"Foi questionado o comandante do navio se pretendia segurança e vigilância a bordo por parte das autoridades policiais nacionais, tendo aquele informado não necessitar, pois dispunha de local próprio para o efeito e a tripulação tomaria conta da situação", refere o ministério.
"Mais tarde, o SEF e restantes autoridades portuguesas, designadamente a Polícia Marítima e a PSP, foram informados da fuga dos dois clandestinos", tendo realizado os contactos estipulados, nomeadamente a partilha de informação para permitir identificação e deteção dos dois clandestinos, incluindo alertas por não admissão no espaço Schengen.
Fonte: Lusa
Foto: MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Desaparecimento da família Troadec: duas pessoas detidas

Pais e dois filhos não são vistos desde 16 de fevereiro. Imprensa francesa avança que os detidos são a irmã e o cunhado do pai, Pascal Troadec
O procurador de Nantes, Pierre Sonnès, confirmou este domingo a notícia que vinha sendo avançada pela imprensa francesa ao longo das últimas horas: duas pessoas estão sob custódia das autoridades, detidas por terem alegadamente ligação ao misterioso desaparecimento da família Troadec: Brigitte e Pascal, ambos na casa dos 50, e os filhos Sebastian, de 21 anos, e Charlotte, de 18, não são vistos desde o dia 16 de fevereiro.
"Não desejamos comunicar as identidades" dos detidos, explicou ao Le Monde o procurador. Mas a imprensa local garante que são um homem e uma mulher, detidos em Brest, a cerca de 300 quilómetros da residência dos Troadec, que fica nos arredores de Nantes. A RTLdiz mesmo que são a irmã e o cunhado de Pascal que estão detidos e que os investigadores estão a trabalhar na pista de um diferendo familiar: vestígios da passagem do casal agora sob detenção terão sido encontrados na casa abandonada dos Troadec e também no carro da família. Objetos de Charlotte Troadec também já tinham sido encontrados em Diniron, Brest, caídos no chão.
Se os Troadec estão mortos, ninguém sabe dizer. Pierre Sonnès admite, porém, que algum dos quatro desaparecidos possa ter perdido a vida, dada a quantidade de sangue detetada na residência da família em Nantes. "Aquilo de que temos a certeza, nesta fase, é que os quatro membros de uma família estão desaparecidos e que três deles sangraram muito", referiu o procurador. Na casa dos Troadec só não foi encontrado sangue de Charlotte, a filha mais nova. "Todos os cenários são possíveis", rematou Sonnès.
Só esta semana a polícia começou a encontrar pistas que permitiram dar rumo à investigação: na quarta-feira, as calças e um cartão de saúde de Charlotte foram encontradas na berma de uma estrada em Diniron, perto da cidade de Brest, onde agora foram feitas as detenções. E o carro de Sebastien, o único automóvel da família que também desaparecera, foi localizado em Saint-Nazaire, uma cidade portuária a cerca de 50 quilómetros da habitação dos Troadec.
Fonte: DN
Foto:REUETERS/STEPHANE MAHE

Jessica Augusto e Rui Pinto são campeões nacionais de corta-mato

Jessica Augusto vence campeonato nacional de corta-mato
A atleta do Sporting Jessica Augusto confirmou o favoritismo e sagrou-se hoje campeã nacional em corta-mato. Em masculinos, a vitória foi para o atleta do Benfica Rui Pinto.
Jessica Augusto conquistou o título feminino com a marca de 34.29 minutos, conseguindo uma margem de mais de 30 segundos para a segunda classificada, Salomé Rocha.
Salomé Rocha, atleta sem clube, começou por liderar a prova, mas a partir da segunda volta Jessica Augusto passou a estar na frente da corrida, sempre com grande vantagem para a segunda classificada.
A atleta do Sporting foi campeã por três vezes, até deixar de apostar no 'cross', há sete anos.
A prova foi marcada pela ausência de Dulce Félix, do Benfica, que esteve sempre no pódio nos últimos anos.
O campeonato nacional também significou o regresso de Sara Moreira, que não competia desde a maratona dos Jogos Olímpicos Rio2016 e que acabou por abandonar a corrida a meio da competição, sem acusar qualquer tipo de lesão.
Nos homens, o atleta do Benfica Rui Pinto sagrou-se campeão, na pista de Mira, distrito de Coimbra.
Coletivamente, o Sporting acabou por conquistar o título masculino em Mira, com 19 pontos, contra 21 do Benfica.
Rui Pinto, que era um dos favoritos a vencer a prova, voltou a conquistar o título, com a marca de 30:50 minutos, depois de já ter sido campeão nacional em 2015.
Os atletas do Benfica começaram por liderar a prova nas primeiras voltas, chegando a ter quatro na frente a marcar um ritmo forte logo no início da corrida.
No entanto, o Sporting passou a estar em maioria no grupo da frente à terceira volta.
À quarta volta, o atleta do Sporting Ricardo Dias isolou-se na frente, mas seguido pelo seu colega de equipa Licínio Pimentel e por Rui Pinto.
Na última volta, era visível o esforço de Dias e de Pimentel para assegurarem o primeiro lugar para o Sporting.
Rui Pinto aproveitou-se do cansaço dos seus adversários e alcançou a vitória, sem os atletas do Sporting conseguirem responder à investida final do benfiquista.
A pista de Mira, com 1.750 metros, foi oficialmente inaugurada hoje, representando um investimento municipal de 60.000 euros.
A Câmara deste concelho do distrito de Coimbra vai apresentar uma candidatura à realização da Taça dos Campeões Europeus de corta-mato de 2018.
Classificação F:
1. Jessica Augusto (Sporting), 34.29 minutos.
2. Salomé Rocha (sem clube), 35.11.
3. Daniela Cunha (Sporting), 36.08.
4. Ana Mafalda Ferreira (Sporting), 36.18.
5. Marta Martins (Senhora do Desterro), 36.27.
6. Emilia Pisoeiro (Clube Emilia Pisoeiro), 36.29.
7. Solange Jesus (Sporting), 36.41.
8. Carla Martinho (Águeda), 36.58.
Classificação M:
1. Rui Pinto (Benfica), 30.50 minutos.
2. Licínio Pimentel (Sporting), 30.54.
3. Ricardo Dias (Sporting), 30.59.
4. Samuel Barata (Benfica), 31.02.
5. Nuno Costa (Maia), 31.07.
6. Ricardo Ribas (Benfica), 31.15.
7. José Moreira (Sporting), 31.15.
8. Bruno Albuquerque (Sporting), 31.22.
9. José Rocha (Sporting), 31.33.
10. António Silva (Sporting), 31.3

Fonte: TSF com Lusa
Foto: Nuno Pinto Fernandes/ Global Imagens

OS CRIMES DE ISRAEL

Artigo de resposta não toca no tema principal de nossa critica: embora divergentes em vários aspectos, esquerda e direita brasileira concordam com expulsão de milhões de palestinos de suas terras
A lista só aumenta: Duvivier e Wyllys ganham a companhia da senadora Kátia Abreu e dos senadores petistas Jorge Viana e Humberto Costa na defesa dos crimes de Israel

Arturo Hartmann e Bruno Huberman - ICArabe

Nesta semana, embarcou para Israel um grupo de parlamentares brasileiros com a missão de fortalecer as relações políticas e econômicas entre os países e aprofundar-se no conhecimento a respeito do conflito Palestina/Israel. O périplo de Kátia Abreu, Humberto Costa, Jorge Vianna e cia é financiado por organizações lobistas israelenses que atuam no Brasil. O resultado até o momento: postagem de azeitonas que não são israelenses, vídeos que falam da tecnologia de ponta da indústria local e discursos que alegam querer "compreender" a questão. Seria algo muito diferente do que foram fazer na região recentemente políticos e personalidades como Gregório Duvivier, Marcelo Crivella, Jean Wyllys e Jair Bolsonaro?

Escrevemos aqui para revelar o que o discurso sionista, em especial, aquele autointitulado de esquerda, escamoteia, confunde e omite questões importantes para o leitor. Quando dizem que são contra a ocupação israelense na terras palestinas, a que estão se referindo? E o que não se menciona? Omite-se que o Estado de Israel foi criado, em 1948, por meio de uma limpeza étnica do território, que provocou a expulsão forçada de 800 mil nativos palestinos e a demolição de 615 cidades e vilarejos palestinos [1] em um processo que deixou um rastro de massacres e expulsões forçadas: Deir Ayyub, Khisas, Balad al Shayk, o bairro de Wadi Rushmiyya (em Haifa), Lifta, Sa'sa, Qastal, Deir Yassin, Qalunya, Saris, Beit Surik, Biddu, Safad, Tantura, Lydd e Ramla. Que os territórios de Cisjordânia e Gaza foram ocupados militarmente, em 1967, por meio de novas expulsões e massacres - fatos que se repetem cotidianamente até hoje. Que a propriedade privada palestina tem sido sistematicamente expropriada legal e ilegalmente pelas autoridades israelenses, que constroem cada vez mais colônias, muros e rodovias para segregar e inviabilizar a vida palestina em todo o território - seja dentro de Israel ou nos Territórios Palestinos Ocupados. Importante observação: tudo isso realizado diretamente ou com apoio de dirigentes do sionismo de esquerda. Entendemos, portanto, que é fundamental que a opinião pública compreenda o que significa atualmente a proposta de dois Estados para a sustentabilidade desse projeto político.

Significa não respeitar o direito de retorno dos mais de seis milhões de palestinos espalhado pelo mundo - as pessoas ou os parentes daqueles que foram expulsos em 1948; muitos, inclusive, encontram-se no Brasil, alguns em seu segundo refúgio. Aliás, esses refugiados palestinos, nascidos no exílio na Síria, no Líbano, no Iraque ou na Jordânia, nunca puderam conhecer o vilarejo da sua família, colocar os pés na Palestina, pois o Estado de Israel não permite a sua entrada no país. Como vemos, o sionismo tornou-se uma forma de colonialismo: para o sionismo real, a realização de um Estado majoritariamente judaico na Palestina, como resposta à perseguição aos judeus na Europa, teve e tem que recorrer a práticas colonialistas, de uma sistemática expulsão e segregação dos palestinos. O retorno dos milhões de palestinos para as suas casas afetaria decisivamente o balanço demográfico do território, fazendo dos judeus uma minoria, o que contraria a visão de qualquer sionista, até mesmo aqueles de esquerda. O artigo dos autores são apenas mais um tijolo dentro desse esforço.

Para evitar "simplificações extremas", vamos a alguns fatos. A esquerda sionista participa da colonização da Palestina há cerca de 140 anos, quando os primeiros colonos sionistas europeus começaram a migrar para a região. Os grupos nacionalistas judeus de esquerda lideraram este empreendimento ao longo de décadas, vindo do contexto dos debates políticos do leste europeu. Foram eles que protagonizaram as maiores catástrofes do povo palestino: os trágicos massacres e desapropriações de 1948 e 1967.

Se Duvivier e Wyllis tivessem tido pernas, teriam ido ao Vale do Jordão e visto a humilhação pela qual um palestino passa cotidianamente. Não é difícil, mesmo para um estrangeiro ser abordado e interrogado por um jovem soldado israelense. "Passaporte. O que faz aqui?". Silêncio, pouca interação. "Por que você está nessa área pobre, com essa gente pobre?". É chocante ver a lógica desse soldado israelense criado dentro desse sistema que incentiva o racismo ser reproduzida por pessoas como Wyllys e Duvivier. É chocante ver estes expoentes da esquerda tornarem-se defensores dessa lógica do sistema de segregação israelense. A esquerda sionista, cuja agenda o humorista e o deputado parecem defender, situa-se onde seu nome a coloca: à esquerda do sionismo, portanto, uma esquerda, acima de tudo, sionista. Esse exercício de lógica pode nos fazer parecer tolos, mas é necessário.

O debate, portanto, não é sobre este ou aquele governo israelense, mas sobre o regime de Israel, moldado pelo sionismo, que se fortalece pelos ganhos militares, ganhos econômicos e a indiferença da comunidade internacional em relação às violações israelenses. O processo de paz, como disse Edward Said, foi a rendição palestina. O que os presidentes Donald Trump e Bibi Netanyahu fizeram na semana passada, ao por fim ao processo de paz, foi apenas enterrar uma farsa iniciada por Yithzak Rabin, Shimon Peres e Yasser Arafat. O projeto de Estado-nação sionista está acima das nuances entre os partidos e as forças políticas israelenses. Nosso argumento é que há uma convergência de agendas entre a esquerda e direita israelense para a manutenção do Estado judaico com uma ampla maioria judaica. E isso tem implicações relevantes. Nas palavras do historiador Ilan Pappe, o fato de a limpeza étnica realizada na Palestina entre 1947 e 1949 não ser colocada a sério no cotidiano é, no mínimo, "desconcertante". Segundo ele, existe um "grande abismo entre a realidade e a representação" no caso da Palestina.

O discurso da esquerda sionista se entrega a essa distorção, pois vê a questão palestina de forma binária: ou se é contra ou a favor da ocupação dos TPO; contra ou a favor do governo Netanyahu. Uma das consequências de dirigir a sua luta apenas em relação à desocupação dos territórios conquistados em 1967 - isto é, a Faixa de Gaza e Cisjordânia -, é a legitimação da posição que também é da direita, de negar retorno de milhões de palestinos refugiados da nakba de 1948. A superioridade demográfica em vigor até hoje em Israel (apenas cerca de 20% da população israelense é palestina, enquanto o restante é quase na totalidade judaica, à exceção de alguns imigrantes africanos e asiáticos) foi obtida originalmente através de um detalhado e planejado processo de eliminação e afugentamento da população nativa. O plano Dalet, de 1947, continha orientações explicitas nesse sentido: "os vilarejos que você capturará, limpar ou destruir serão decididas de acordo com consulta com seu oficial de assuntos árabes e de inteligência." O vídeo abaixo traz um exemplo, narrado por um miliciano sionista, de como isso aconteceu.

O patriarca do Estado de Israel e herói da esquerda sionista, David Ben-Gurion, foi um dos principais idealizadores do plano. Em 11 de janeiro de 1948, ele explicou que "o que aconteceu em Jerusalém e Haifa pode acontecer em outras partes do país. Se persistimos, é possível que em seis ou oito meses haja mudanças consideráveis, e a nosso favor. Com certeza haverá mudanças na composição demográfica do país". Pois então, o professor Gherman em artigo acadêmico "Entre a Nakba e a Shoá: catástrofes e narrativas nacionais", manifesta de forma clara um posicionamento político comum à esquerda sionista: negar a limpeza étnica. O professor reconhece que houve "um processo de expulsões, fugas e exílios de parte dos árabes habitantes de regiões da Palestina", mas que isso ocorreu devido a "disputas nacionais e coloniais" de 1948, absolvendo o protagonismo dos sionistas, principalmente dos dirigentes socialistas, na execução de crimes premeditados contra a humanidade, que provocaram uma fratura profunda na memória e no tecido social do povo palestino. Nesse sentido, repete o que um dos historiadores revisionistas israelenses, Benny Morris, sempre responde ao ser indagado sobre as expulsões: " guerra é guerra". É como se dissesse no popular "perdeu playboy". Isso é justiça? Isso é lutar pelos direitos humanos?

Perguntamos ainda o que você faria se estive entrevistando uma pessoa que declarasse o seguinte: "Os árabes têm bem menos respeito pela lei, como mostram estatísticas de trânsito, assassinato, assaltos e outros processos criminais. Isso pode ser desagradável de ouvir e pode parecer racista, mas é uma questão de estatística, não do que eu penso. É o que está lá, o que está acontecendo." Esse é o trecho de uma entrevista do historiador Morris para Gherman que permaneceu em silencio diante dessa resposta.

Os autores se enfurecem com a crítica que fizemos ao fato de visitarem a Universidade Hebraica. Ora, em seu artigo "Revisiting 1967: the false paradigm of peace, partition and parity", o historiador Ilan Pappe revela que a universidade promoveu, em 1963, um encontro entre os seus acadêmicos e os dirigentes civis e militares israelenses para montar um plano de governo para uma possível ocupação militar dos territórios palestinos de Cisjordânia e Faixa de Gaza, o que viria a acontecer de fato na guerra de 1967. O envolvimento da universidade com os crimes israelenses teve mais um importante capítulo por ocasião dos ataques à Faixa de Gaza, em 2014, que vitimaram 2.104 palestinos, sendo que 1.462 deles civis e 30% de crianças. Em carta, declarou: "A Universidade está se juntando ao esforço da guerra para apoiar seus estudantes guerreiros, para que possam minimizar o fardo financeiro" para aqueles que foram convocados para os ataques à Gaza". Caro leitor, sinceramente, vocês acham que é possível fazer acordos de cooperação com universidade que conclama a cometer crimes de guerra?

Mais recentemente, outro herói da esquerda sionista, o falecido Shimon Peres, quando presidente, em 2009, foi aos EUA vender colônias no deserto israelense do Negev, que segregariam e desocupariam os beduínos palestinos que ali vivem, para a classe dominante judaica dos EUA com a promessa de "fazer alyah [o processo de imigração de judeus para Israel] e viver com estilo" em condomínios com pistas de golfe, piscinas olímpicas e casas elegantes com ar condicionado central. E não fica por ai. Peres foi também o garoto propaganda da indústria armamentista israelense no Brasil. Quando o país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, Peres veio ao país como representante de corporações envolvidas em diversos crimes na Palestina, como os ataque à civis em Gaza e na construção do Muro na Cisjordânia.

Vocês acham que é coerente o comediante, o deputado, e os intelectuais que se alinham na defesa dos direitos humanos no Brasil, apoiar um politico como Peres?

A ESQUERDA SIONISTA COMO FARSA?

Como vemos, Israel tornou-se uma conveniente combinação de um Estado democrático e liberal ao estilo ocidental para os judeus, mas que sustenta a sua economia com base na contínua catástrofe palestina, isto é, na exportação das armas e demais tecnologias de segurança testadas nos ataques à população palestina, além de sistemas de irrigação por gotejamento desenvolvidos nas terras expropriadas ilegalmente dos palestinos. As supostas qualidades democráticas e liberais, assim como a sua indústria high-tech, são saudadas e defendidas por Wyllys, Duvivier, Bolsonaro, Crivella e, agora, Katia Abreu, Humberto Costa e cia. Claro que Bolsonaro discorda de Wyllys, assim como Crivella de Duvivier. Essa clivagem é explicitada cotidianamente nas ruas, nos jornais e no Parlamento. Mas as semelhanças que apontamos são reveladoras da força da ideologia e das atitudes sionistas. É impressionante notar que, após décadas de crimes contra a população palestina, o lobby sionista consegue se renovar e conquistar o apoio de quadros tão diversos.

No Brasil, o lobby sionista se faz presente principalmente por meio de organizações financiadas pelo governo israelense ou por indivíduos e grupos sionistas que participam do debate público na sociedade brasileira, principalmente entre a comunidade judaica.
Destacam-se a Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Federação Israelita de São Paulo (Fisesp) e a Federação Israelita do Rio de Janeiro (Fierj). A Conib, por exemplo, apoiou tanto a viagem dos parlamentares brasileiros que acontece nesses dias em Israel, como a viagem de Wyllys (vide imagem abaixo). Em seu artigo, Gherman, Cohen e Green afirmam terem rejeitado o apoio da Fierj, e nos chamaram de "tolinhos ou mentirosos" por expor a conexão. Ora, como poderiam explicar um vídeo produzido pela Fierj com uma entrevista de Jean Wyllys que "revela como a viagem o ajudou a entender melhor o conflito entre israel e os palestinos e como encarou as reações contrárias à sua visita ao Estado Judeu"? Além disso, num post de 7 de janeiro de 2016 no Facebook, a Federação afirmava: "A viagem de Jean Wyllys a Israel é uma iniciativa idealizada e custeada diretamente por membros da Comunidade Judaica do Rio de Janeiro. A Fierj, apesar de não ter tido qualquer participação na logística ou financiamento deste projeto, tradicionalmente vê com bons olhos a ida de formadores de opinião brasileiros a Israel, onde podem vivenciar in loco os desafios e conquistas do país. Salvo exceções, tais viagens costumam solidificar o apoio dos que já são amigos de Israel e oferecer novas formas de enxergar o país àqueles que lá chegam com estereótipos negativos." Quem mentiu? Fierj ou o nobre deputado?

Como bem expôs o jornalista Andrew Fishman, diferente do discurso de um sionista conservador, o liberal "quer convencer [...] que não existe um lado correto e um lado errado, é apenas 'um conflito' ou, melhor ainda, 'uma situação complicada' com gente boa e gente ruim nos dois lados. Só que um lado tem todo o poder e privilegio e o outro vive cada vez mais apertado e violado". Israel tem o completo controle vertical e horizontal de todas as fronteiras do território (terra, água e ar), do fornecimento de água, da moeda e do recolhimento de impostos, tem uma das Forças Armadas mais bem equipadas do mundo, instituições fortes e uma economia desenvolvida; enquanto os palestinos não tem controle sobre a sua própria terra, não possuem Forças Armadas, mas apenas uma polícia despreparada, instituições fracas e uma economia subdesenvolvida e dependente da israelense.

O que essas viagens de turismo de Wyllys e Duvivier mostram é que há divergências internas, de política nacional, entre a esquerda e a direita sionista, mas que há um consenso entre eles de que não se pode questionar o colonialismo que fundou o Estado de Israel. Essa esquerda sionista não aborda com afinco o projeto de armas, do controle, de prisioneiros políticos, dos assassinatos extrajudiciais, da distribuição desigual da água, do roubo de terras, das diferentes identidades, placas de carro e estradas para circulação, do impedimento para a compras de terras, de ter o seu vilarejo reconhecido, de que sua parede possa permanecer de pé. Algo que Wyllys e Duvivier parecem compreender tão bem no Brasil, não apenas lhe escapou na sua visita à Palestina, ou lhes foi ocultado, como ganhou a sua defesa inconteste. Um amigo palestino de Beit Sahour, ao saber o posicionamento de Wyllys durante a sua visita, observou: "Se ele vem até aqui e todo o discurso dele pisa em ovos porque nossos projetos políticos de resistência devem ter cuidado para não cair no antissemitismo, se essa é a compreensão, então no subtexto está dito que temos que ficar em silêncio diante de décadas de ocupação e opressão. Ou seja, a nossa própria existência é antissemita".

Diferente do que afirmam Gherman, Cohen e Green, não achamos que a militância de esquerda sionista é falsa, achamos sim que é hipócrita. Ela pode ter sido relevante quando se mobilizou nas ruas entre os anos 1980 e 1990 para apoiar um acordo de paz que, não sabiam ainda, se seria manipulado para perpetuar a ocupação. Mas é hipócrita ao se posar como ativista pró-palestina ao mesmo tempo em que rejeita o direito de retorno dos refugiados que foram expulsos. Ao fazer assim estão consentido, implicitamente, com a máxima de que a Força cria o Direito. Assim como denunciou Norman G. Finkelstein, ao revelar que existem judeus que lucram como falsas vítimas do Holocausto, os militantes da paz da esquerda sionista, assim como a elite burocrática da Autoridade Palestina, governada pelo Fatah, e os liberais americanos, lucram econômica e politicamente com a perpetuação do falso processo de paz, que jamais levaria à criação de um Estado palestino independente e soberano. Estes não defendem a ocupação de Gaza e Cisjordânia, mas desconsideram os direitos de quem perdeu suas terras e vidas. Eles dizem que lutam pela paz. Ok, qual paz? Defender as políticas do Estado israelense significa estar do lado do colonialismo e do apartheid. Irônico relembrar que liberais americanos brancos se diziam contra o racismo, mas se opunham a Martin Luther King.+

[1] Os dados fazem parte de uma nova pesquisa da ONG israelense DeColonizer, que agregou em um só mapa as destruições de localidades palestinas, de 47 até 2016.

Artigo publicado originalmente no site http://www.revistaforum.com.br/arabizando/2017/02/23/a-lista-so-aumenta-duvivier-e-wyllys-ganham-a-companhia-dos-senadora-katia-abreu-e-dos-senadores-petistas-jorge-viana-e-humberto-costa-na-defesa-dos-crimes-de-israe

- Em Pravda.ru

ALBA! EVOCAÇÃO À PEGADA ARDENTE DE BOLIVAR

XVIII
AMÉRICA, NO INVOCO TU NOMBRE EN VANO


Cuando sujeto al corazón la espada, 
cuando aguanto en el alma la gotera, 
cuando por las ventanas
un nuevo día tuyo me penetra, 
soy y estoy en la luz que me produce, 
vivo en la sombra que me determina, 
duermo y despierto en tu esencial aurora:
dulce como las uvas, y terrible, 
conductor del azúcar y el castigo, 
empapado en esperma de tu especie, 
amamantado en sangre de tu herencia.

PABLO NERUDA – CANTO GENERAL

Martinho Júnior, Luanda  

Março chegou e com ele a pegada ardente de Bolivar volta a ressoar no coração dos homens que perderam o medo e se levantaram como um vulcão do martirizado chão da América!

Evocados estão os rios humanos com o manso espanto duma coroa feita bruma, ao amanhecer e as crianças já correm envoltas nas frescas manhãs que marcam a poalha dos passos insurrectos!

América húmida de lágrimas e de sangue, de ecos que se esbatem em fraccionados espelhos tisnados de verde espuma, mas vertical em suas veias abertas, liberta das lianas que como surpreendentes amarras emergem do breu, América radiografando o espaço e o tempo com os olhos de Chavez e de Fidel!

A Venezuela Bolivariana é como Cuba: latejante fluxo de lutas que como torrentes brotam desde Bolivar e Marti, desde Fidel e Chavez e tornou-se território fresco de peitos fortes e vozes adultas, sopro de vocação emergente, de integridade feita e de gravidade feita, num plasma rigoroso e telegráfico, capaz de unir todos os povos da Terra.

Para que não restem dúvidas, de novo a ALBA se assume nesse pulsar, por que necessário é em nossos dias revitalizar os tecidos que dão movimento ao barro, ali onde os oligarcas decadentes em seus enormes umbigos até o pão roubam da boca dos famintos e onde as ausências são caudais invisíveis nas mesmas águas de onde afinal emergem embriões recém-chegados.

Que não se temam nem essas ausências, nem os oligarcas desapiedados, muito menos seus patrões refugiados nas casas-fortes do norte, por que não é desperdício na memória a pegada ardente de Bolivar a ressoar no coração dos homens: pelo seu sangue passado, pelo seu suor seco, pelo sulco que se adivinha de suas lágrimas na hora amarga da despedida, uma hora trespassada de espadas, mas sobretudo pela energia intemporal que se desprende desse movimento tornado multidão, são mesmo assim, em Março, o cristalino e vital renascer!

Apontamento sobre o 5 de Março, 4º ano em que desde a mobilização singular do Comandante Hugo Chavez, na América se continuam a remover as montanhas forjadas no passado de todas as trevas medievais…

ENDIVIDAMENTO EXTERNO CUBANO: O CAMINHO RUMO À NORMALIZAÇÃO

Marlén Sánchez Gutiérrez [*]
No conjunto de dificuldades que afecta a economia cubana destaca-se, pela sua importância e conotação, o problema da dívida. As múltiplas categorias que se estabeleceram desde meados dos anos 80, a estrutura e composição das mesmas, a acumulação de atrasos, as particularidades da renegociação e a ausência de informação estatística actualizada, apresentam-se como peças de um quebra-cabeças que torna muito complexa a análise desta problemática. 

Portanto, o presente artigo só se propõe comentar o que a autora chamou linha de tempo do endividamento externo cubano com o objectivo de facilitar a compreensão do tema e ao mesmo tempo identificar o que se conseguiu em matéria de renegociação, o que ainda está pendente e os reptos derivados do processo de normalização de relações com os credores e do novo cenário de contracção da economia cubana.

As premissas de partidas são três. A primeira, deixar claro que os conceitos dívida e desenvolvimento não são por natureza incompatíveis. A dívida externa tem origem nas relações financeiras que as nações estabelecem livremente com os credores para "financiar seu desenvolvimento", seja por iniciativa privada ou pública. O que acontece é que os países subdesenvolvidos, na sua maioria, passarão de uma dívida pequena, no âmbito de grandes esforços "para se desenvolverem", a uma dívida grande e não manejável sem haver conseguido o ansiado desenvolvimento.
De modo que o problema não está em endividar-se com o exterior e sem na capacidade para administrar esses níveis de endividamento, pelo que velar pela sustentabilidade da dívida é essencial e para Cuba isto continua a ser um grande repto.

A segunda premissa parece muito simples mas deve ser uma constante nas políticas de endividamento de qualquer país. Há que honrar os compromissos assumidos. Se não se pagam pontualmente as obrigações contraídas, a dívida alimenta-se a si própria pela acumulação de atrasos, corre-se o risco de incorrer em crises de pagamento e fecham-se praticamente todas as fontes de financiamento externo.

A terceira é muito mais complexa e exige um nível de debate que certamente escapa dos propósitos deste artigo mas que é essencial. A análise da sustentabilidade da dívida não pode centrar-se somente num enfoque da capacidade de pagamento porque deixa o país numa situação muito vulnerável. Normalmente, a capacidade de pagamento associa-se a condições de solvência, que se se cumprirem reflectem que se conta com os recursos necessários para fazer frente às obrigações de dívida externa.

Entretanto, entender a sustentabilidade, [apenas] como esta capacidade da economia frente a seus compromissos pode conduzir a ratificar termos como solvência e sustentabilidade, ao entender-se que um país que seja capaz de satisfazer suas obrigações externas de pagamento, ou seja, que seja solvente, tem uma situação de dívida sustentável.

Conceber a sustentabilidade só como capacidade de pagamento é considerar a solvência como condição suficiente, quando é só uma condição necessária. A solvência de hoje não garante per se a solvência de amanhã, ser sustentável pressupõe uma análise de longo prazo. Portanto é preciso distinguir as fontes que a estão a garantir, sejam estruturais (capacidade de resposta de uma estratégia de desenvolvimento económico ao processo de endividamento, por exemplo) ou conjunturais [1] , uma vez que cada um destes cenários terá consequências diferentes ao garantir a capacidade de pagamento futura (Curbelo, 2006).

Assim, o determinante é que a capacidade de pagamento surja do processo de desenvolvimento económico, mas que esteja determinada pelo impacto que esses fluxos de dívida gerem na economia devedora.

Assumindo estas premissas à partida, o artigo propõe-se num primeiro momento a estabelecer as peças chave do quebra-cabeças da dívida; num segundo momento abordar-se-á o processo de reordenamento da dívida externa a parte da análise das renegociações acordadas dentro e fora do Clube de Paris e, finalmente, sintetizar-se-ão os desafios que ainda prevalecem para normalizar efectivamente as relações com os credores.

Sobre o quebra-cabeças da dívida 

Para entender a problemática recente do endividamento cubano é preciso considerar as três categorias de dívida que prevaleciam até que começaram a se concretizar os processos de renegociação: a dívida activa, a passiva e a dívida com os ex-países socialistas.

A dívida activa é a dívida corrente, a que não se deixou de pagar e que tão pouco deixou de crescer devido à contribuição dos novos fluxos captados. A dívida passiva corresponde àquela que entrou em incumprimento (default)em 1986 e que se renegociou em fins de 2015. E a dívida com o antigo campo socialista dizia-se que era significativa mas, ao desaparecer a moeda na qual foi concertada (rublo transferível) e desintegrar-se o principal credor, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), caiu num limbo jurídico que criou um litígio entre as partes o qual durou mais de uma década.

Segundo números do Banco Central de Cuba o montante da dívida cubana em fins de 2013 era de 11914 milhões de dólares. Contudo, este montante inclui só a dívida activa, a qual é a única categoria para a qual existe informação oficial (ONEI, 2015). A análise da sua composição permite identificar que:

1. A dívida é essencialmente de longo prazo e a boa notícia é que a de curto prazo tende a diminuir.

2. 61% da dívida total é com credores oficiais, essencialmente bilaterais e com um baixo componente concessional; 17% é com credores privados e 22% refere-se a dívida comercial (de fornecedores). Esta última mostra uma acentuada tendência de crescimento.

3. A estrutura da dívida de médio e longo prazo mostrou uma mudança interessante: aumenta significativamente a dívida de fornecedores e diminui a bancária. Enquanto em 2012 a primeira representava 46% do total da dívida de médio e longo prazo, em 203 passou a representar mais de 78%. Isto dá certa margem de folga à economia cubana, que até o momento dependia muito de créditos comerciais de muito curto prazo.

4. A dívida de curto prazo representa 17% do total e em 2013 deu-se uma mudança significativa na sua composição. Até o momento, apesar desta dívida tender a diminuir, preocupava que dentro desta aumentasse exponencialmente a dívida de fornecedores. Entretanto, os últimos números mostram que a mesma diminuiu consideravelmente, passando de 54% do total da dívida de prazo em 2012 a menos de 22% em 2013. Não obstante, a dívida bancária passou a representar quase 55% do total da dívida de curto prazo durante 2013 e, como se sabe, os termos e condições desta categoria de dívida são mais onerosos do que os da dívida oficial.

5. Os indicadores de dívida têm melhorado mas isso não indica que o endividamento acumulado seja sustentável porque os factores têm estado a determinar a capacidade de pagamento da economia foram conjunturais. A dívida representa 15,4% do PIB e algo mais de 44% das exportações de bens. Segundo The Economist Intelligence Unit o serviço da dívida em 2013 era de 5383 milhões de dólares. Desse montante, um total de 3453 milhões destinaram-se a pagar juros. (EIU, 2017)

6. A alta concentração da dívida é um foco de tensão. Segundo fontes não oficiais só dois países são responsáveis por 55% da dívida com credores oficiais de carácter bilateral (Venezuela com 37% e China com 18%). (Sánchez, 2016)

7. A qualificação de risco da [agência de notação] Moody's mantém-se na categoria especulativa [2] . Em Abril de 1999 era Caa1, em Novembro de 2003 passa a Caa1 estável, em Abril de 2014 a referida agência baixou a qualificação para Caa2 estável depois de avaliar a vulnerabilidade do país a choques externos e internos, em relação a países com qualificação semelhante e em Dezembro de 2015 sobe-a para "positiva" mas na mesma categoria Caa2, devido à diminuição da dependência para com a Venezuela e à aproximação com os Estados Unidos. De qualquer maneira, a percepção da Moody's em relação à dívida cubana continua a ser de risco substancial.

Em síntese, as mudanças na composição da dívida deram-se essencialmente pelo lado da dívida bancária e de fornecedores. A dívida oficial continua a descrever a mesma tendência tanto no longo como no curto prazo e na prática o que se deu foi uma reacomodação funcional para Cuba mas não isenta de riscos uma vez que o peso da dívida de fornecedores se desloca a médio e longo prazo mas concentra-se a carga da dívida bancária no curto prazo.

De qualquer modo, estes números têm tanto atraso e são tão agregadas que impedem realizar uma análise qualitativa que reflicta efectivamente a situação recente em matéria de dívida, inclusive por tipo de credor. Muitos acontecimentos verificaram-se desde 2013 que de um modo ou de outro tiveram impacto e continuarão a afectar o reordenamento da dívida: o relacionamento de relações diplomáticas com os Estados Unidos; o VII Congresso do PCC onde ficou definida a Conceptualización del modelo económico y social cubano e foi apresentado o Plan nacional de desarrollo hasta 2030; a derrogação da posição comum da União Europeia em relação a Cuba; decrescimento da economia cubana em 2016 a seguir a um crescimento de 4% em 2015; e o início de uma nova administração nos Estados Unidos que desencadeou uma grande incerteza quanto ao rumo do processo de normalização de relações entre ambos os países.

A dívida passiva, por sua vez, era estimada nuns 8200 milhões de dólares em fins dos anos 2000, da qual algo mais de 60% correspondia ao Clube de Paris. O resto constituía débitos com o Clube de Londres. Aquela contraída com o antigo Conselho de Ajuda Mútua Económica (CAME) era de quase 37 mil milhões [de dólares], dos quais 35 mil milhões com a Rússia. (Sánchez, 2016) The Economist Intelligence Unit reflecte a dívida passiva nas suas estatísticas da dívida externa cubana e, segundo os seus cálculos, em 2016 esta alcançava o montante de 26309 milhões de milhões de dólares [3] . (EIU, 2017)

A dívida com a antiga URSS foi renegociada finalmente em Fevereiro de 2013. O acordo incluiu a redução(condonación) de 90% do montante em débito e os 3500 milhões restantes serão pagáveis em dez anos com a possibilidade de converter parte dessa dívida em capital produtivo, ou seja, dar à Rússia a possibilidade de investir em Cuba (Rodríguez, 2013).

Sobre a normalização de relações com os credores 

Em princípios dos anos 2000 deu-se uma aproximação ao Clube de Paris mas em 2001 considerou-se que os termos e condições oferecidas pelo referido fórum para a renegociação da dívida cubana era inaceitáveis para Cuba. Não obstante, conseguiram-se alguns acordos bilaterais, fora do Clube de Paris, que permitiram ao país começar a reorganizar suas relações com os credores.

Assim, "em Maio de 2000 Cuba firmou um acordo bilateral para renegociar o pagamento da dívida pendente com a Alemanha de 115 milhões de dólares de curto, médio e longo prazo. Nesse mesmo ano reestruturou-se a dívida comercial com a China, que se estima em cerca de 6000 milhões de dólares e firmou-se outro acordo com o Japão no qual se perdoaram 130 mil milhões de yens (cerca de 1140 milhões de dólares) pendentes com os credores comerciais japoneses desde a década dos 80 e o resto acordou-se o seu pagamento em vinte anos" (Sánchez, 2014).

Posteriormente renegociou-se a dívida com a Mongólia, com o México [4] , com a Rússia e finalmente, em Dezembro de 2015, alcançou-se um acordo multilateral histórico com o Grupo Ad-Hoc de Países Credores de Cuba no Clube de Paris sobre a dívida que estava em incumprimento desde 1986.

Na referida renegociação foi calculado o montante total de dívida pendente com o Clube de Paris em 11,1 mil milhões de dólares. Deles perdoaram-se 8,5 mil milhões, quase 77%. Os termos e condições pactuados foram muito favoráveis a Cuba. Decidiu-se não pagar juros até 2020 e, a partir daí, pagar só 1,5% da dívida total ainda pendente. O prazo de amortização será de 18 anos e os pagamentos anuais serão incrementados gradualmente desde 1,6% dos US$2600 milhões em débito (uns 40 milhões) em 2016 até 8,9% em 2033. (Clube de Paris, 2015)

Além disso acordou-se que os credores podem negociar swaps da dívida de forma bilateral em até 30% da dívida, ou US$20 milhões em ajuda ao desenvolvimento, o montante que for mais alto. (Clube de Paris, 2015)

Este foi um acordo sem precedentes, totalmente fora das regras do Clube de Paris. Foi efectuado sem a intervenção do FMI como garantidor e o sítio web do Clube de Paris só emitiu um comunicado de imprensa de uma página com os resultados acordados. Sem dúvida, o início do restabelecimento de relações entre os Estados Unidos e Cuba constituiu um factor influente neste processo. Os credores tradicionais, com interesse crescente em realizar negócios com a ilha, não podiam ficar à margem no novo cenário e optaram por serem flexíveis com a nação devedora.

A instrumentação deste Acordo Multilateral subscrito implicou a assinatura de convénios específicos com cada um dos catorze países membros do Grupo Ad-Hoc de Países Credores de Cuba [5] para poder tornar efectiva a regularização completa da dívida de médio e longo prazo de carácter bilateral. Este processo está em curso e já são treze os países que regularizaram os pagamentos com Cuba.

Sobre os desafios pendentes 


A renegociação da dívida cubana era imprescindível para normalizar as relações com os credores e aceder a dinheiro fresco, mas o desafio agora é cumprir em tempo os novos e os velhos compromissos para não ficarmos presos em cenários que podem levar à moratória de parte da dívida.

Nem todas as variáveis da equação do endividamento externo cubano se conseguiu resolver. Na realidade, trata-se de um sistema de equações complexo cuja solução vai muito além de considerações políticas e das boas intenção para honrar os compromissos.

Os principais reptos a encarar estão relacionados com:

1. A obrigatoriedade de pagar anualmente, durante o mês de Outubro, 40 milhões de dólares em consequência dos acordos derivados da renegociação com o Clube de Paris. Tenha-se em conta que este pagamento será incrementado gradualmente ao longo do período de amortização, na medida em que se vá reduzindo o montante em dívida.

2. Os custos adicionais do risco de incumprimento dos acordos concertados com o Clube de Paris. É certo que até 2020 não se pagarão juros mas se o país suspender temporariamente o pagamento anual pactuado da amortização será tributado com um juro de 9% até o pagamento final, além dos juros de mora pela porção em atraso.

3. A renegociação daquela parte da dívida passiva correspondente ao Clube de Londres. Segundo informações não oficiais, um grupo de credores comerciais de Cuba em Abril de 2015 constituiu um comité liderado pelo Stancroft Trust para começar a negociar uma reestruturação da dívida. Diz-se que entre os maiores detentores de dívida do Clube de Londres cubano três instituições concentram 50% da dívida comercial. (Strohecker, 2015)

4. A necessidade de continuar a cumprir pontualmente com o serviço da dívida activa e a já renegociada. Murillo afirmou na legislatura de Dezembro de 2015 da Assembleia Nacional do Poder Popular que para conseguir 6500 milhões de crédito para o financiamento da economia em 2016 "temos que pagar os mais de 5000 milhões da dívida" (exactamente 5299 milhões). (Murillo, 2015)

5. A própria composição da dívida activa, onde adquire cada vez mais importância a dívida de fornecedores que é a que nos permite cobrir as importações.

6. A diminuição das reservas internacionais em termos reais pela valorização do dólar estado-unidense e pela necessidade de enfrentar os desastres significativos verificados após a passagem do furacão Matthew.

7. O decrescimento da economia cubana e o excesso de optimismo quanto aos 2% de crescimento em 2017, num contexto onde continua a predominar uma alta incerteza quanto ao crescimento económico mundial e o desempenho dos principais sócios comerciais de Cuba. Tenha-se em contra que a renegociação da dívida foi efectuada considerando perspectivas de crescimento que não se puderam alcançar.

8. A necessidade de continuar a canalizar recursos externos pela via do crédito num cenário em que o investimento estrangeiro não chega a constituir-se numa fonte essencial de financiamento do desenvolvimento.

9. O risco de que a percepção da Moody's sobre o desempenho a médio prazo de Cuba pressione em baixa a sua qualificação creditícia.

Em síntese, Cuba avança rumo à normalização das relações com os credores, percebe-se um esforço importante por parte do governo em honrar os novos e velhos compromissos. Mas 2017, sem dúvida, colocará a necessidade de realizar ajustes importantes em matéria de reordenamento da dívida. O péssimo desempenho macroeconómico, logo no primeiro ano depois do acordo histórico com o Clube de Paris, não é uma boa notícia para os credores. Tão pouco o são as rigidezes que ainda permanecem da economia cubana para canalizar os fluxos de investimento estrangeiro directo pelos quais se apostou para conseguir oxigenar a economia.

O desafio da dívida continua pendente.

Bibliografia 
  Club de París Agreement 2015. Club de Paris 
  Curbelo, Liudmila. Tesis de Maestría: "La sostenibilidad de la deuda externa: del enfoque de capacidad de pago al basado en el desarrollo". 2006. 
  Anuario Estadístico de Cuba, 2015. La Habana, ONEI 
  Rodríguez, José Luis. "Las relaciones económicas entre Cuba y Rusia en una nueva etapa". Cubadebate , 1 de octubre de 2014. 
  Sánchez Gutiérrez, Marlén. "La renegociación de la deuda cubana en el Club de París: algunas lecturas". Conferencia Instituto Internacional de Periodismo José Martí, 2016. 
  Sánchez Egozcue, Jorge Mario. "Reestructuración incipiente del comercio exterior cubano" en Colectivo de Autores, Economía cubana: transformaciones y desafíos, Editorial de Ciencias Sociales, La Habana, 2014. 
  Strohecker, Karin. "Acreedores comerciales de Cuba crean comité para iniciar negociaciones sobre deuda" Reuters , 8 de abril de 2015. 
  Murillo, M. "Ministro de Economía y Planificación de Cuba presentó en Asamblea Nacional resultados 2015 y propuesta Plan 2016". Cubadebate 
  The Economist Intelligence Unit. Country Report Cuba , 5 de enero de 2017. 
  Ratings Definitions. https://www.moodys.com 

Notas
[1] Alívio conjuntural da dívida, incremento do nível de rendimento da economia em consequência de mudanças externas conjunturais ou ajustes fortes na economia, em que se prioriza o serviço da dívida. Como se vê, em todos os casos o pagamento dos compromissos externos estará comprometido; nos dois primeiros porque depende de factores externos e conjunturais, no último porque os custo de pagar a dívida externa são significativos para o desenvolvimento económico.
[2] Esta qualificação vai desde Aaa até C e compreende 21 graus. Divide-se em duas categorias: de investimento e especulativa. A Caa (Caa1, Caa2, Caa3) refere-se a títulos de baixa solvência, o risco de crédito é muito alto e é assinalada a títulos de baixa qualidade. Apresentam risco de não pagamento de juros ou já haver incumprido os referidos pagamentos. No caso de Caa1 o risco é substancial e a classificação de Caa2 é altamente especulativa. Ca refere-se aos títulos altamente especulativos, que geralmente não cumprem suas obrigações de depósito e C, a qualificação mais baixa, reflecte que existem poucas possibilidades de recuperação.
[3] Não fica claro se este número já está ajustado a partir das renegociações que tiveram lugar dentro e fora do Clube de Paris.
[4] Renegociou-se uma dívida pendente de 500 mil milhões. O acordo incluiu o perdão de 70% e o resto pagável em 10 anos com a possibilidade também de convergir parte dessa dívida pendente em investimentos estrangeiros directo no país.
[5] 45% da deuda renegociada estava acordada com a França.
[6] www.cubadebate.cu . Ministro de Economía y Planificación de Cuba presentó en Asamblea Nacional resultados 2015 y propuesta Plan 2016.

[*] Professora Titular do Centro de Investigaciones de Economía Internacional da Universidade de Havana, marlens@rect.uh.cu [Publicado en Catalejo el 19 de enero de 2017] 

O original encontra-se em http://temas.cult.cu/node/1238

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Outros tons da Europa



Bernardo Pires de Lima
Parece que foi há uma eternidade que um filho de refugiados russos foi eleito presidente da Áustria, ainda por cima com um percurso nos Verdes e não num dos principais partidos. Na altura mereceu uma atenção mediática superior à importância que o cargo encerra, com um ângulo preferencial de análise pelo que conseguiu fazer à extrema-direita: derrotá-la, travando a sua ascensão onde ela tenha de acontecer. No fundo, o olhar sobre Alexander van der Bellen não vinha do facto de ser de uma esquerda considerada meio perdida no meio da evolução das esquerdas europeias das últimas duas, três décadas, sobretudo entre partidos socialistas e sociais-democratas, mas porque era o opositor do candidato nacionalista. O epílogo provou o raciocínio: meio mundo respirou de alívio, mas perdeu pouco tempo com o vencedor. E sobretudo com as transformações que essa tal esquerda meio perdida das últimas décadas está a atravessar.
O caso dos Verdes é um dos mais interessantes e ao mesmo tempo o mais desvalorizado. Na Alemanha, por exemplo, estiveram no governo entre 1998 e 2005, até Merkel vencer a primeira eleição. Durante esse período tiveram pastas como os Negócios Estrangeiros, Transportes, Agricultura, Proteção do Consumidor e Ambiente, reforçando assim os temas mais fortes da sua agenda ao mesmo tempo que ganhavam estatuto na dimensão externa, com particular relevância para o federalismo europeu de Joschka Fischer e o ceticismo quanto ao envolvimento das forças armadas alemãs no exterior durante as guerras no Kosovo e no Afeganistão.
De qualquer forma, mesmo não fazendo parte de nenhuma das coligações lideradas por Angela Merkel, os Verdes estão hoje coligados em 11 dos 16 governos estaduais alemães, sendo mesmo o partido mais votado no Baden--Wurttemberg, o terceiro mais populoso do país. É verdade que em oito desses lander a coligação é feita à esquerda, sobretudo com o SPD, mas há também dois casos em que a CDU é parceira e um em que tanto a CDU como o SPD são aliados, o que mostra algum pragmatismo em detrimento de uma excessiva cultura ideológica sem espaço para o compromisso. As sondagens estabilizaram os Verdes nos 7%/8%, praticamente iguais ao Die Linke e à AfD. Bem sei que não é muito comum prepararmos cenários políticos nesta Europa habituada a correr atrás dos factos consumados, mas valia a pena pensar que uma vitória de Martin Schulz pode não perpetuar a "grande coligação", mas sim reavivar a fórmula em curso em tantos estados alemães, incluindo até o Die Linke.
Preparar um cenário não é o mesmo que apostar todas as fichas nesse desfecho, significa apenas que governos, empresários, investidores e analistas, que naturalmente colocam a Alemanha no epicentro das políticas europeias, devem começar já a avaliar as consequências de um executivo como aquele. Defenderá outra flexibilidade para os devedores da zona euro? Acelerará os círculos de integração num federalismo voluntarista e sem rede democrática que o suporte? Quererá uma defesa europeia robusta e com capital político reforçado, ou antes a recuperação de um modelo de segurança normativa tão em voga na década de 1990? Confundirá a um extremo irrecuperável a relação com Donald Trump e a relação com os EUA? E sobre a política de asilo e imigração comuns, será uma prioridade numa nova influência de Berlim na Europa ou foi até aqui uma mera bandeira política de algibeira? E o mercado único energético é uma primazia? E o que fará para que seja exequível a curto prazo? E a defesa de um desenvolvimento urbano sustentável é um padrão-modelo civilizacional na primeira linha das políticas públicas europeias, ou uma mera premissa oca para contentar eleitores descontentes com a ausência de agenda por parte de muitos partidos sociais-democratas? O caso da influência dos Verdes na Alemanha merecia até um acompanhamento próximo sobre o que têm feito nos governos locais. A transposição dessa postura para uma política de Estado e, necessariamente, europeia justifica essa atenção. Há vida para lá do simplismo agressivo dos nacionalistas.
É dentro da esfera cosmopolita, enquanto contraponto a uma internacional nacionalista, que o eleitor dos Verdes se posiciona: preferencialmente abaixo dos 35 anos, maioritariamente feminino, com educação superior, aberto ao mundo e aos fluxos migratórios, com uma consciência ecológica acentuada mas não necessariamente oposta a uma globalização mais institucionalizada, partidário de um federalismo europeu com uma expressiva legitimidade democrática, liberal nos costumes mas defensor de impostos altos que sustentem uma presença forte do Estado nas várias políticas públicas. Se persistir a erosão de alguns partidos sociais-democratas, cristalizados por desadequação programática, enredados por caciquismo e corrupção, quais marcas gastas da política tradicional, então pode haver espaço para o regresso do cosmopolitismo ecológico, chamemos-lhe assim, como lugar mais interessante aos novos eleitores.

Não quero com este raciocínio atribuir uma relevância absurda ao que os Verdes têm hoje, afinal de contas estão apenas em coligações de governo na Suécia e no Luxemburgo. O meu ponto é de acompanhamento para não nos surpreendermos com a eleição de um presidente na Áustria ou a chegada a um governo alemão ou holandês, cenários que não são improváveis. A tecnologia, a bulimia energética e a necessidade de manter as economias a carburar estão a mudar as agendas políticas por todo o mundo, numa globalização das ideias que vai deixar partidos para trás, outros à tona e espaço aos demais. À esquerda e à direita há quem esteja a perceber isto e não é necessariamente quem costuma abrir os noticiários.

Fonte: DN
05 DE MARÇO DE 201700:01
Paulo Sousa · 
Bom artigo. Mesmo bom. Afinal o bom jornalismo não morreu em Portugal. Peço aos directores do DN que honrem aqueles que lutaram pelo jornalismo sério e que recusem a influência daqueles que garantem o poder controlando os media.
GostoResponder18 h
Maria Rebeca
Sempre indispensável. Visão objectiva, temas prementes, pontos de vista novos, escrita legível. Muito bom.
GostoResponder16 h
João AntiLampião
Ontem ficaste em brasa com a derrota do amigo pmr. Sportinguense de caca.
GostoResponder5 h