José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Mais um atentado islâmico, covarde, brutal e cruel. Desta vez em Barcelona, contra transeuntes de várias nacionalidades que, despreocupados, numa ensolarada tarde de verão, desfrutavam do lazer no famoso calçadão de Las Ramblas, na capital da Catalunha.
Terroristas planejavam grande atentado
Ao volante de uma van, um terrorista islâmico irrompeu numa corrida louca no calçadão e, ao longo de 500 metros, atropelou a esmo quem estava diante de si, inclusive crianças e bebês. 13 mortos, mais de 100 feridos, 15 dos quais em estado grave.
Um segundo ataque, poucas horas depois, se deu em Cambrilis, Tarragona. Outro veículo, conduzido por terroristas, também foi jogado sobre pedestres, ferindo sete pessoas, uma das quais veio a falecer. A polícia abateu os cinco terroristas.
Na noite anterior aos atentados houve uma explosão numa casa em Alcanar. As forças de segurança espanholas creem que a mesma foi fruto da manipulação de substâncias com as quais os terroristas preparavam um grande atentado com veículos-bomba. Após a falha, improvisaram os ataques da La Rambla e Cambrilis.
Estado Islâmico reivindica
A Catalunha é conhecida pelos serviços secretos europeus como um dos principais centros do terrorismo islâmico. E as ações terroristas de atropelar pedestres repetiram a estratégia dos atentados em Nice, Berlim, Londres e Estocolmo.
A dantesca visão de cadáveres e corpos feridos jogados na calçada correu o mundo, gerando espanto e confusão. E, evidentemente, as reações tiveram início. As de costume. As indecisões, as dúvidas… sobre aquilo que não é indeciso nem duvidoso. Por fim, o Estado Islâmico reivindicou os atentados como atos de seus “soldados” em solo espanhol.
“Pray for Barcelona”
As páginas das redes sociais começaram a encher-se de fotos com os dizeres “Pray for Barcelona”, como já tinha acontecido anteriormente nos diversos atentados: “Pray for Nice”, “Pray for London”, etc. E, claro, pouco depois, no local do massacre não faltariam as flores e as velas.
A prece é algo de muito precioso e até sublime, fora de dúvida. Mas tenho a impressão de que essas preces muitas vezes são mencionadas com o estado de espírito de certas crises de lágrimas e de soluços humanitários, momentâneos e sem maiores consequências: um modo de acalmar a consciência para, logo em seguida, prosseguir no indiferentismo e na rotina do dia-a-dia. Afinal, a maneira de fugir da dor é muitas vezes anestesiar-se diante dela; e o meio pode muito bem ser uma prece mecânica e filantrópica.
“Vigiai e orai”
Ora, nos momentos que antecederam a Sua Paixão, Nosso Senhor nos ensinou: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”. “Vigiai e orai”. Este apelo à vigilância, antes mesmo da oração, é uma advertência contra a nossa índole despreocupada e bonacheirona, amiga de pactuar, adversa ao esforço e a considerar de frente o mal. Ele nos ensinou, pois, antes de tudo, a vigiar para não entrarmos em tentação, já que o mal não recua diante de nada e não recuou sequer ao matar o Homem-Deus, o Inocente por excelência.
“Vigiai”: diante do mal, todas as desconfianças são rigorosamente necessárias, já que ele é capaz até mesmo das piores infâmias. Contra ele devem empregar-se todas as atitudes preventivas, inclusive de força, conformes à Lei de Deus e dos homens. O otimismo bobo, o não considerar o perigo, o adiar o combate ao mal são verdadeiros crimes de quem não quer vigiar. E nossa oração só atingirá todo o seu fruto se vigiarmos, como nos ensina o Divino Redentor.
Paganismo insolente
Diante do atentado terrorista islâmico de Barcelona não fechemos os olhos, uma vez mais, apelando para uma prece vaga. Tenhamos coragem de ver o perigo, de analisá-lo, de enfrentá-lo com sabedoria e fé. O Islã, que hoje procura o Ocidente para se refugiar de seus próprios fracassos políticos, sociais e econômicos, se manifesta em muitos de seus elementos “como um paganismo insolente, opressivo, xenófobo e com ares racistas”, como advertia com previdente vigilância Plinio Corrêa de Oliveira em 1943, em um de seus célebres artigos no “Legionário” (cfr. “Neopaganismo”, 8-8-1943).
Não nos esqueçamos de que o mal é tão ardiloso, que não se esquiva sequer de usar suas máquinas de propaganda para tentar justificar os assassinos, diminuir a gravidade dos atos terroristas, escamotear seus fundamentos, ao mesmo tempo em que, manipulando palavras e termos “talismãs” – como “islamofobia” – tenta inibir qualquer reação e voltar a desconfiança contra as próprias vítimas da barbárie.
Sim, “pray for Barcelona”. Mas não nos esqueçamos das palavras de Nosso Senhor: “Vigiai e orai”, para que nossas preces não sejam vãs.
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Acabo de receber de um amigo a fotografia da estátua de “Mio Cid” – Rodrigo Díaz de Vivar, o lendário cavaleiro castelhano do século XI que enfrentou os muçulmanos por diversas vezes. Segundo reza a lenda, às vésperas de uma batalha contra os infiéis, “El Cid Campeador” faleceu de ferimentos em seu castelo de Valência. Seus adversários ficaram confiantes, pois o haviam finalmente matado. Entretanto, sua mulher mandou amarrar seu corpo ao cavalo e sua espada a sua mão, e o enviou ao campo de batalha. Ao verem El Cid em cima do seu cavalo, os muçulmanos fugiram em debandada, sendo perseguidos e derrotados pelo exército de Rodrigo.
Numa das faces do pedestal da estátua de “El Cid”, na cidade espanhola de Burgos, está escrito: “O Campeador, levando consigo sempre a vitória, foi, por sua infalível clarividência, pela prudente firmeza de seu caráter, e pela sua heroica bravura, um milagre entre os grandes milagres do Criador”.
Espelhemo-nos no Cid Campeador, um homem que, em relação a si e ao mal, teve uma “infalível clarividência” e foi vitorioso, por seguir o conselho do Divino Mestre: “Vigiai e orai, para não entrardes em tentação”!
(*) José Carlos Sepúlveda da Fonseca é analista politico e colaborador da ABIM.