Os citadinos de Maputo, Matola, Boane e de Marracuene terão de aguardar até pelo menos 2020 para começarem a consumir água potável proveniente da barragem de Corumana. O @Verdade apurou que embora a conduta adutora de 95 quilómetros esteja quase operacional falta edificar uma Estação de Tratamento cujas obras ainda não tem data para iniciar. Ironicamente o custo das obras em Corumana e a construção da adiada barragem de Moamba Major está orçado em um quarto das dívidas ilegais, aqueles 500 milhões de dólares norte-americanos que a Kroll não conseguiu apurar como os gestores da Proindicus, EMATUM e MAM gastaram e o Governo do partido Frelimo não está interessado em esclarecer.
Em Agosto de 2014, no balanço do seu segundo e último mandato como Presidente de Moçambique Armando Emílio Guebuza afirmou na Assembleia da República que estavam “criadas as condições técnicas e financeiras para a construção da barragem de Moamba-Major para o reforço do abastecimento de água à cidade de Maputo, produção de energia e alargamento da área irrigada na Bacia do Incomáti. Criámos as condições para a instalação das comportas na Barragem de Corumana, para o reforço do abastecimento de água às cidades de Maputo e Matola”.
A construção da barragem de Moamba-Major iniciou em Novembro de 2014 porém no início de 2017, com o progresso de somente 10 por cento das obras, foi interrompida devido a incapacidade do Governo de Filipe Nyusi em investir 220 milhões de dólares correspondentes a comparticipação moçambicana no custo da obra que tem financiamento de 320 milhões de dólares norte-americanos assegurado pelo Governo do Brasil, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico do Brasil.
Diante do drama de escassez do precioso líquido, que já existia antes da seca que em 2016 assolou o Sul do continente africano, o Executivo reiniciou a conclusão da barragem de Corumana, construída nos anos oitenta, e reabilitação dos danos que as cheias de 2013 deixaram na infra-estrutura localizada no distrito da Moamba.
Instalação de seis comportas, edificação de um dique de portela, ligação Corumana a Machava através de uma conduta adutora são algumas das acções que aconteceram nos últimos meses, graças a financiamentos do Banco Mundial, e dos governos da Holanda e da França.
Embora esteja também a enfrentar alguma estiagem o novo ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, constatou nesta quinta-feira (14) que existe água na barragem de Coruma, cerca de 100 metros de cota que corresponde a aproximadamente 50 por cento da sua capacidade de encaixe, no entanto o precioso líquido não pode ainda ser bombeado para os municípios de Maputo, Matola e Boane porque tem de passar por uma Estação de Tratamento de Água (ETA) que não existe.
“Está em processo de licitação, a obra da ETA terá uma duração de 20 meses”, ouviu o novo titular das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos de um dos engenheiros responsáveis pela infra-estrutura que referiu ainda que “o concurso foi lançado no ano passado, recebemos propostas técnico financeiras, fizemos a submissão do relatório de avaliação ao financiador para não objecção no início deste mês (Junho de 2018), contamos assinar o contrato, obter as aprovações e iniciar as obras brevemente”.
Portanto mesmo que o Banco Mundial, principal financiador da Estação de Tratamento de Água que vai ser edificada no Sábie, dê luz verde esta semana o empreendimento só poderá começar a tornar potável a água da barragem de Corumana em Fevereiro de 2020.
“Estão a decorrer negociações” para retoma de Moamba-Major que continua a ser um imperativo
Por outro lado, mesmo quando estiver a funcionar em pleno e sem a seca hídrica que se enfrenta actualmente no Sul de Moçambique, a barragem de Corumana não vai suprir todos os munícipes de Maputo, Matola, Boane e Marracuene.
Os engenheiros do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água(FIPAG) esperam que em 2025 a barragem de Corumana possa servir 650 mil consumidores, no entanto os dados preliminares do Censo da população de Maputo, cidade e província, indicam que existem pelo menos 845 mil agregados familiares.
A barragem dos Pequenos Libombos garante actualmente água potável para 135 mil clientes das Águas da Região de Maputo, portanto se a população não aumentar sobrarão ainda, em 2025, 60 mil famílias sem acesso ao precioso líquido, por isso é um imperativo a construção da barragem de Moamba-Major.
“A barragem de Moamba-Major é um processo que estamos a olhar com a devida atenção, estão a decorrer negociações entre os principais intervenientes neste processo por forma a encontrar uma solução e viabilizar a retomada dos trabalhos da barragem” revelou o ministro João Machatine a jornalistas, após visitar a barragem de Corumana, assegurando que “esta abordagem está a bom ritmo, acreditamos que até finais desde semestre, início do próximo semestre poderemos ter boas notícias em relação a retoma dos trabalhos da barragem de Moamba-Major”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique