sábado, 7 de maio de 2016

Presidente da União de Leiria em prisão preventiva

Alexander Tolstikov foi sujeito à medida de coação mais dura. Já Pedro Violante, diretor financeiro do clube, ficou em liberdade.
Alexander Tolstikov, presidente da SAD da União de Leiria
O presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) da União de Leiria e um assessor, suspeitos de associação criminosa e branqueamento de capitais, vão aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, disse à Lusa um dos advogados dos arguidos.

A "Operação Matrioskas" visou os dois principais responsáveis da SAD da União de Leiria bem como o seu diretor financeiro, Pedro Violante, que ficou sujeito a apresentações periódicas, de acordo com as medidas de coação este sábado divulgadas. Em causa estão os crimes de fraude fiscal, associação criminosa, branqueamento de capitais, corrupção e falsificação de documentos. O presidente da SAD da União de Leiria, o russo Alexander Tolstikov, e o seu assessor, o moldavo Sergiu Renita, começaram a ser ouvidos na quinta-feira pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa.

O diretor financeiro da União de Leiria, fica ainda suspenso de funções e de contactar com responsáveis do clube ou a SAD. O presidente da SAD da União de Leiria, o seu assessor e o diretor financeiro do clube foram detidos na terça-feira, horas depois de as autoridades judiciárias terem realizado buscas à SAD da União Desportiva de Leiria, Sporting, Benfica e no Estádio do Sporting de Braga. A operação resulta de uma operação que se prolongava há quase dois anos. No âmbito da operação foram também constituídos arguidos o clube União de Leiria e um advogado com escritório em Lisboa.


Fonte: CM, 07.05.2016

Angola: Aumento de casos de stress entre os trabalhadores começa a ser preocupante

Luanda - O stress laboral é um mal que tem aumentado na classe trabalhadora angolana e são mais frequentes os casos diagnosticados em exames de saúde ocupacional realizados pelo Centro de Segurança e Saúde no Trabalho, informou hoje, sábado, em Luanda, a directora da referida instituição, Isabel Cardoso.


MAPTSS ENCERRA CURSO DE CAPACITAÇÃO DE INSPECTORES DO TRABALHO
FOTO: ROSARIO.DOS.SANTOS







Em declarações à Angop, a propósito do 6º aniversário do centro que hoje se comemora, a responsável disse, sem adiantar números, que existem factores endógenos e exógenos que estão na base do surgimento e aumento dos casos de stress.
Explicou que existem riscos psicossociais a que o trabalhador está exposto diariamente, como a pressão do trabalho, o assédio moral, as novas tecnologias, a relação com os colegas e demais, que contribuem para o aumento de casos desse problema.
De igual modo, adiantou que também existem factores extra-empresas como o trânsito, a violência doméstica, que levam o trabalhador a chegar ao trabalho já com problemas que não são do meio laboral e depois despoletam o stress laboral.
“ Não quer dizer que quem tem o stress laboral necessita de ter factores externos, pois, basta que tenha factores internos para o desenvolver. É um problema sério e que vai causar de alguma forma o aumento do absentismo”, considerou.
Por ser um mal não visível a primeira vista, é muito desvalorizado e inclusive chega-se a dizer que a pessoa que tem stress, depressão ou esgotamento é fraca, o que não é verdade.
Isabel Cardoso refere que na maior parte das vezes as pessoas acometidas de stress laboral são as que têm maior compromisso com a organização, com a empresa. “ São tão responsáveis no trabalho que se conclui que o dano causado pelo stress seja proporcional a importância que os mesmos dão ao trabalho”, disse.

Na actualidade, quer em Angola como no mundo, têm aumentado os casos de stress porque o trabalhador teme pelo seu futuro, não sabe se ficará ou não na empresa, tem problemas sérios em termos de dívidas, contas por pagar, tem vários problemas, que é necessário ajudá-lo a ter equilíbrio, através de técnicas apropriadas, advogou.
Enfatizou que o stress é um problema sério e inclusive a OIT escolheu esse tema para as comemorações do 28 de Abril, dia das vítimas de acidentes de trabalho e doenças profissionais, como um desafio colectivo, ou seja, “somos todos vítimas, afecta-nos directamente, quer trabalhadores como empregadores, no nosso dia-a-dia”, concluiu.
Stress é a resposta do organismo a determinados estímulos que representam circunstâncias súbitas ou ameaçadoras. Para se adaptar à nova situação, o corpo desencadeia reacções que activam a produção de hormonas, entre elas a adrenalina. O indivíduo fica em "estado de alerta" e em condições de reagir.
Em segundos as hormonas espalham-se pelas células do corpo, a respiração e batimentos cardíacos aceleram; sintomas denominados "reacção de luta ou fuga". Ao acalmar-se, o corpo reequilibra - se, o que não acontece quando os efeitos do stress já são graves.
Os trabalhadores sentem stress quando as exigências do seu trabalho são excessivas, superando a sua capacidade de lhes fazer face. Além de problemas de saúde mental, os trabalhadores afectados por stress prolongado podem acabar por desenvolver graves problemas de saúde física, como doenças cardiovasculares ou lesões músculo-esqueléticas.
Para a organização, os efeitos negativos incluem um fraco desempenho geral da empresa, aumento do absentismo, "presenteísmo" (trabalhadores que se apresentam ao trabalho doentes e incapazes de funcionar eficazmente) e subida das taxas de acidentes e lesões. Os períodos de absentismo tendem a ser mais longos do que os decorrentes de outras causas e o stress relacionado com o trabalho pode contribuir para um aumento da taxa de reforma antecipada.
A lista de problemas de saúde que podem surgir em função do stress é imensa. Alguns deles são alergias, transtorno de pânico, infecções causadas por baixa imunidade, bronquite, contracção  muscular  crónica, depressão, enxaqueca, gastrite, obesidade e alguns tipos de câncer.
O stress ainda não é considerado oficialmente uma doença pela OMS, mas em virtude do mal afectar mais de 90 por cento da população do planeta, a entidade teme por uma epidemia global.

Brasil. SENADORES APROVAM RELATÓRIO E GOLPE ESTÁ CADA VEZ MAIS PERTO

Entre os senadores que votaram “não”, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) chegou a criticar os “golpistas da Constituição”
Correio do Brasil, com Reuters e Agências de Notícias – de Brasília

A comissão especial do impeachment no Senado aprovou nesta sexta-feira parecer favorável à abertura do processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff. Aprovado por 15 a 5 votos, o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) será agora submetido à votação no plenário do Senado na próxima quarta-feira. Se aprovado pela maioria dos senadores, a presidenta será afastada por até 180 dias.

Os senadores líderes do PP, Ana Amélia (RS), do PSC, Eduardo Amorim (SE), do PV, Alvaro Dias (PR), do PSB, Fernando Bezerra Coelho (PE), do PMDB, Waldemir Moka, do PSD, José Medeiros (MT), do DEM, Ronaldo Caiado (GO), do Bloco Parlamentar da Oposição (PSDB-DEM-PV), Ricardo Ferraço (ES), do PTB, Zezé Perrela, do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), do PR, Wellington Fagundes, do Bloco Moderador (PTB-PR-PSC-PRB-PTC), Magno Malta, do PPS, Cristovam Buarque, e do Bloco Parlamentar Democracia Progressista (PP-PSD), Gladson Camelli, apresentaram voto favorável ao relatório.

Ao votar “não”, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou os “golpistas da Constituição” e comparou o atual processo deimpeachment a uma “infração de trânsito” que é punida “com a pena de morte”. A senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB, também apresentou voto contrário ao relatório, assim como o líder do PDT, Telmário Mota, o líder do governo, Humberto Costa (PE), e o senador Lindbergh Farias (RJ), na condição de vice-líder do PT.

Afastamento de Cunha repercute na Comissão

A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) pediu a suspensão dos trabalhos da Comissão do Impeachment do Senado por causa do afastamento, pelo Supremo Tribunal Federal, do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

– Ele foi afastado por desvio de poder no exercício de suas funções de presidente da Câmara. Recebeu denúnica contra Dilma por revanche. Há um processo com vários problemas, é nulo – afirmou a senadora.

O pedido foi negado pelo presidente da comissão, senador Raimundo Lira (PMDB-PB). Para ele, não cabe à comissão anular atos aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

O senador Cassio Cunha Lima rebateu o pedido da senadora petista.

– É uma tentativa de obstruir – criticou.

Lima comentou ainda o afastamento do presidente da Câmara, dizendo que a bancada apoia a decisão do Judiciário.

– É sim uma intromissão no Legislativo, porque, às vezes, é preciso arrombar a porta para resolver situações graves. Apoiamos sim essa decisão – disse.

Encerrada as fases de questões de ordem, iniciou-se o encaminhamento dos líderes. A primeira senadora a falar foi Ana Amélia (PP-RS).

Brasil. O IMPEACHMENT COMO UMA ANTIRREVOLUÇÃO

O impeachment da presidenta Dilma é um capítulo dessa negação. Querem voltar ao estado anterior, à democracia patrimonialista

Leonardo Boff*, do Rio de Janeiro – Correio do Brasil, opinião

Sou um dos poucos que tem dito e repetido que a ascensão do PT e de seus aliados ao poder central do estado tem significado a verdadeira revolução pacífica brasileira que, pela primeira vez, ocorreu no Brasil.

 Florestan Fernandes escreveu sobre “A revolução burguesa no Brasil”(1974) que representou a absorção pelos empreendedorismo pós-colonial de um padrão de organização da economia, da sociedade e da cultura, com a universalização do trabalho assalariado, com uma ordem social competitiva e com uma economia de mercado de bases monetárias e capitalistas (cf.em Intérpretes do Brasil, vol 3, 2002 p. 1512).

Se bem repararmos, não ocorreu propriamente uma revolução mas uma modernização conservadora que alavancou o desenvolvimento brasileiro, mas não teve, o que é decisivo para se falar de revolução, de uma mudança do sujeito de poder. Os que sempre estiveram no poder, sob várias formas, continuaram e aprofundaram seu poder. Mas não houve uma mudança de sujeito do poder como agora.

Pois é isso, que a meu ver, ocorreu com o advento do PT e aliados com a eleição de Lula a presidente. O sujeito não é mais formado pelos detentores de poder, tradicional ou moderno e sempre conservador mas pelos sem-poder: os vindos da senzala, das periferias e dos fundões de nosso país, do novo sindicalismo, dos intelectuais de esquerda, da Igreja da libertação com suas milhares de comunidades de base. Todos esses, num longo e penoso processo de organização e articulação conseguiram transformar o poder social que haviam acumulado num poder político-partidário. Via PT operaram analiticamente uma autêntica revolução.

Superemos a visão convencional de revolução como um processo de mudança ligado à violência armada. Assumimos o sentido positivo dado por Caio Prado Jr em seu clássico “A revolução brasileira” (1966,p.16): “transformações que reestruturam a vida de um país de maneira consentânea com suas necessidades mais gerais e profundas, e as aspirações da grande massa de sua população que, no estado atual, não são devidamente atendidas, algo que leve a vida do país por um novo rumo”.

Pois foi isso que efetivamente ocorreu. Conferiu-se um novo rumo ao país. Lula presidente teve que fazer concessões à macroeconomia neoliberal para assegurar a mudança de rumo, mas abriu-se ao mundo dos pobres e marginalizados. Conseguiu montar políticas sociais, algumas inauguradas anteriormente de forma apenas inicial, mas agora oficiais como políticas de estado. Elas “atenderam as necessidades mais gerais e profundas que não haviam sido antes devidamente atendidas”(Caio Prado Jr.).

Enumeremos algumas de todos conhecidas como a Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e as inúmeras universidades e escolas técnicas, o FIES e os diversos regimes de cotas para o acesso à universidade. Ninguém pode negar que a paisagem social do Brasil mudou. Todos, também os banqueiros e os endinheirados (Jessé de Souza) saíram ganhando.

Logicamente, herdeiros de uma tradição perversa de exclusão e de desigualdades gritantes, muita coisa resta ainda por fazer, particularmente no campo da saúde e da educação. Mas houve uma revolução social.

Por que nos referimos a todo esse processo? Porque está em curso no Brasil uma antirrevolução. As velhas elites oligárquicas nunca aceitaram um operário como presidente. Relacionada à crise econômico-política (que devasta a ordem capitalista mundial), uma direita conservadora e rancorosa, aliada a bancos e ao sistema financeiro, a investidores nacionais e internacionais, à imprensa empresarial hostil, a partidos conservadores, a setores do judiciário, da PF e do MP sem excluir a influência da política externa norte-americana que não aceita uma potencia no Atlântico Sul ligada aos BRICS, esta direita conservadora está promovendo a antirrevolução. O impeachment da presidenta Dilma é um capítulo dessa negação. Querem voltar ao estado anterior, à democracia patrimonialista, de costas para o povo, pela qual se enriquecem como no passado.

Além de defender a democracia e desmascarar o impeachment como golpe parlamentar contra a presidenta Dilma, importa assegurar a revolução brasileira, para a qual esperamos por séculos. Repito o que escrevi e vi num twitter:”Se os pobres soubessem o que estão armando contra eles, as ruas do Brasil seriam insuficientes para conter o número de manifestantes que protestarão contra”.

*Leonardo Boff, é articulista do Jornal do Brasil on line e escritor

CABINDA, O CONTRASTE DE UMA NAÇÃO

A primeira vez que eu ouvi falar de Cabinda foi em numa aula de geografia no ensino médio no Brasil. A aula era sobre geopolítica no território africano e como é de praxe nós estudávamos sobre como a África era riquíssima em recursos naturais e com boa qualidade do solo para agricultura e, ao mesmo tempo, tinha a maioria da sua população vivendo em situação de extrema pobreza.

Marcelo de Medeiros*

Cabinda aparecia em uma espécie de rodapé do livro e ressaltava como a região era rica em petróleo, mas que era explorada basicamente pela ganância das petrolíferas estrangeiras e pelo próprio governo para financiar a vitória na guerra civil.

Cabinda é uma das regiões que tem o grande paradoxo dos países em desenvolvimento ao longo da história: são cidades ou províncias extremamente ricas, mas em que sua riqueza foi usurpada pelos colonizadores (ou pelas modernas multinacionais) e pela gananciosa elite local.

Foi assim na cidade de Potosí na Bolívia, riquíssima em prata e que foi explorada até a última grama desse valioso minério pelo império espanhol durante a colonização da América Latina entre os séculos XVI e XIX, deixando um saldo negativo de milhares de indígenas mortos devido às condições desumanas de trabalho e boa parte da população local na pobreza por causa do alto custo de vida derivada da actividade extractivista. Actualmente, Potosí é um das cidades mais pobres da região latino-americana.

A cidade brasileira de Ouro Preto também sofreu dessa atitude maléfica, pois todo o seu ouro e valiosos minerais foram drenados para Portugal e até hoje sofre os efeitos da super exploração e da desigualdade social advinda dessa prática colonialista.

Infelizmente, existem várias “Cabindas” ao redor do mundo, principalmente em África.

Actualmente, cerca de 70% das sociedades que vivem em situação de extrema pobreza no mundo possuem alguns factores em comum, sendo os dois principais a existência de uma guerra civil actual ou em um passado muito recente e a existência de recursos naturais que são explorados pela elite político-económica, aumentando ainda mais o abismo social entre a classe dominante e o restante da população. Lamentavelmente, Angola possui esses dois factores e isso explica em grande parte o desafio que o povo angolano terá para que o país cresça de forma justa e igualitária, ao mesmo tempo em que preserva o seu património natural.

Cabinda é o principal exemplo e reflexo dessa situação controversa já que a província garante a maior parte da produção de petróleo de Angola, principalmente na zona offshore, e possui boas reservas minerais, um óptimo solo para a agricultura e boas condições para a actividade pesqueira na costa da região. À primeira vista, quem lê a descrição da província pensa que por causa de toda essa riqueza de recursos ela é desenvolvida e detém excelentes índices de qualidade de vida, mas a realidade está bem distante desse quadro.

A abundância de recursos naturais contrasta com a falta de educação, saúde, segurança e empregos para a população, além dos graves impactos ambientais causados pela actividade petrolífera. Ao pensarmos nos motivos pelos quais a região tão rica de Cabinda possui uma população tão pobre em sua maioria, infelizmente chegamos à conclusão de que também existem duas outras coisas em abundância na província angolana: violência contra a população e corrupção no poder político-económico.

Mesmo alguns anos após o fim “oficial” da guerra civil em 2002, milhares de soldados angolanos permaneciam em Cabinda e praticavam crimes contra a população civil como práticas de torturas, detenções arbitrárias, casos de estupro contra mulheres, dentre outras barbaridades conforme relatos da divisão africana da Human Rights Watch. A intolerância política por meio da força policial também é vista nos casos de repressão em manifestações e comícios populares, além das prisões arbitrárias e aparentemente sem fundamentos de pessoas dissidentes do actual governo.

Tal brutalidade, característica de uma ditadura e não de um Estado democrático e que está presente em todo o território angolano, foi duramente criticada em um relatório do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, no qual se relata várias violações dos direitos humanos praticados pelo governo angolano. Dentre as prisões absurdas praticadas pelo regime do presidente José Eduardo dos Santos, destaca-se a do jornalista Rafael Marques que fez grandes investigações denunciando esquemas de corrupção ligando o presidente e sua família com empresas petrolíferas.

Vale ressaltar também que existem outras formas de violência além das físicas: um jovem angolano ser privado de estudar e trabalhar, o alto custo de vida de Cabinda, a má qualidade do sistema de saúde e todas as privações que a população sofre constantemente são também formas de violência, e essas, caros leitores, podem ter efeitos devastadores para o futuro de uma nação.

O segundo ponto é o mais importante: a corrupção, alimentada pela exploração e comercialização do petróleo, é quem alimenta toda essa repressão e desigualdade social. Toda a máquina de influência política e repressiva do actual governo, e obviamente a manutenção do poder do actual presidente, é financiada maioritariamente pela petrolífera estatal Sonangol, que detém a concessão para a produção de petróleo no país e que cede à petrolíferas internacionais a operação em vários blocos, por meio de grupos empresariais empreiteiros.

Desde o começo da exploração do petróleo em Angola as empresas estrangeiras se fazem presentes na actividade ganhando lucros inimagináveis às custas de acordos com o Estado, enquanto o país vivia uma sangrenta guerra civil em boa parte do tempo. Não foi à toa que as primeiras grandes reservas deste combustível fóssil foi descoberta pela empresa americana Gulf Oil em Cabinda no ano de 1966. De lá para cá esta relação “amigável” entre multinacionais estrangeiras e governo vem se intensificando cada vez mais gerando receitas financeiras vultuosas para ambas as partes.

Um caso emblemático de como as petrolíferas estrangeiras tem poder quase absoluto na região de Cabinda é o da petrolífera Chevron. A situação foi muito bem retratada pelo jornalista Carlos Narciso em 2005, o qual descreve como a multinacional era praticamente dona da área do Malongo, onde sua base administrativa e de armazenamento dos tanques de crude era patrulhada até por um batalhão policial e duas unidades militares (essas forças não deveriam cuidar da segurança da população em vez de vigiar barril de petróleo?). A Chevron também detinha o poder na zona marítima, na qual era proibida até a actividade pesqueira da população. Um verdadeiro absurdo e caso concreto de como a indústria do petróleo angolana não beneficia a sua população.

No fim de 2011, a Sonangol concedeu a algumas empresas petrolíferas o direito de explorar a camada de pré-sal angolano em 11 blocos por meio de contratos. Estima-se que com a exploração do pré-sal a vida útil das reservas de petróleo no país foi aumentada para 50 anos. Se a situação permanecer assim, serão mais 50 anos de exploração estrangeira com várias regalias.

Uma das empresas que ganhou concessão para a exploração de 4 blocos do pré-sal foi a BP, a mesma empresa que causou o maior desastre ambiental dos EUA pelo derramamento de petróleo no Golfo do México em 2010. Num país que possui uma fiscalização ambiental frágil e os órgãos estatais são alinhados com as multinacionais, tal facto desperta certa apreensão, pois o método de extracção de petróleo nessa camada exige uma tecnologia avançada e qualquer erro que ocasione um vazamento será de grandes proporções negativas.

Talvez um dos maiores exemplos de como funciona o esquema de corrupção para a exploração de petróleo em Angola é o caso da Cobalt. Em 2012, a petrolífera norte-americana descobriu uma enorme reserva de petróleo na zona marítima do país e como condição imposta pelo governo angolano, a Cobalt recebeu o direito de exploração contanto que mais 2 pequenas empresas angolanas participassem da operação.

Uma empresa era a Nazaki oil and gás, cujo capital em parte pertencia à Manuel Vicente – actual vice-presidente de Angola – e a dois generais próximos do presidente Eduardo dos Santos.

Precisa falar mais alguma coisa? Corrupção pura! Este caso de corrupção está sendo investigado pela agência reguladora dos mercados financeiros dos Estados Unidos. A Cobalt alega que não sabia de nada.

A corrupção parece estar inserida em todo o sistema político e económico de Cabinda. No ano passado, fortes indícios de que a governadora da província, Aldina Matilde da Lomba Catembo, estava promovendo o enriquecimento de familiares com fundos públicos, além de colocá-los em posições de alto escalão criando uma espécie de elite na região, fez com que a população exigisse sua exoneração imediatamente. Tais fundos que enriqueciam a família da governadora são alimentados por qual actividade económica? Actividade de exploração petrolífera.

É preciso urgentemente acabar com esse vínculo nefasto de corrupção entre governo e petrolíferas em Angola. A indústria do petróleo e todo o seu arcabouço estão colocando em perigo a real democracia e o desenvolvimento sustentável em Angola. O povo angolano precisa acordar para o assunto, virar a página da história e adoptar as fontes energéticas não poluentes, além de acelerar a diversificação da economia para sair desta situação tão lastimável, pois, com certeza, a população deste país tão belo e rico não merece passar por mais sofrimentos.

(*) Activista climático brasileiro e colaborador do ClimateTrackerProgram

Folha 8

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“SE NÃO ACREDITASSE NA JUSTIÇA NÃO VIVIA EM ANGOLA” - Eva Rap Diva

A conhecida cantora angolana Eva Rapdiva disse acreditar que haverá justiça em Angola.

“Se não acreditasse nisso não vivia em Angola”, disse a conhecida cantora que falava no programa Angola Fala Só nesta sexta-feira, 6.

Num animado programa em que a cantora respondeu a questões colocadas por telefone e através das redes sociais, Eva Rapdiva disse que o seu novo álbum deverá ser colocado no mercado ainda este ano.

A cantora deverá, antes disso, começar a realizar espectáculos novamente, tendo um previsto para meados deste mês em Benguela.

Eva Rapdiva disse que o facto de ter estado ausente dos palcos não se deve “a nenhum boicote ou nada que se pareça”.

“Fui eu que decidi trancar a minha agenda para trabalhar no álbum”, afirmou, acrescentando ainda não ter sido excluída de canais de televisão ou rádio.

A cantora tinha rejeitado alguns convites porque decidiu que iria à televisão “quando tivesse coisas novas para promover”.

“Eu podia fazer um discurso para dizer que estou a ser boicotada para passar-me por vítima como muitos cantores pseudo-revolucionários às vezes fazem, mas não é isso que se está a passar”, afiançou.

A cantora disse compreender porque muitas pessoas tenham reagido de forma antagónica às suas declarações “devido à ignorância sobre o qu e a liberdade de expressão”.

“Houve certas coisas que aconteceram que eu não tornei públicas porque não me escandaliza, pois já sabia que isso ia acontecer”, afirmou, esclarecendo que "da parte das rádios não conheci essa exclusão” e que ainda não começou a promover o seu novo álbum”.

“Só vou poder falar disso dentro de um a dois meses e se assim for eu direi abertamente se estou ou não a ser excluída”, prometeu.

Interrogada sobre o activista Luaty Beirão que foi recentemente condenado a uma pena de prisão por alegada tentativa de golpe de Estado e o seu valor enquanto intérprete de rap, Eva Rapdiva disse que “Luaty Beirão é mais relevante como activista do que rapper, mas é um bom rapper”.

A cantora adiantou estar convencida que os activistas deste caso serão libertados em breve porque o caso contra eles “não tem ponta por onde se lhe pegue”.

Para Eva Rapdiva, a justiça será eventualmente feita nas instâncias jurídicas mais altas.

A cantora disse ainda haver injustiças todos os dias, mas acredita que haverá justiça em Angola

“Tenho que acreditar que em Angola vai haver justiça porque se não não vivia aqui”, afirmou a cantora, para quem em Angola "não há hospitais públicos".

“Temos coisas em que se deitam pessoas como se fossem animais”, concluiu Eva Rapdiva.

Voz da América, em Angola Fala Só

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “EMOÇÕES” NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE VAGOS

Encontra-se patente, até dia 23 de junho,  na Biblioteca Municipal de Vagos, a exposição de pintura "Emoções", de Maria Eugénia de Almeida Sarabando Mateus. A exposição pode ser visitada, de terça-feira a sábado, das 10h às 20h.

Maria Eugénia de Almeida Sarabando nasceu e cresceu na vila de Vagos. Nos pincéis, nas cores e nas suas telas encontrou a força para traduzir as suas “emoções”. Assim, “deu largas” à sua imaginação e retratou os ambientes que amava: a sua ria, o “bailado” dos moliceiros, as flores, as paisagens…

Exibiu os seus trabalhos em várias exposições: “Gerações” – Exposição Coletiva de Pintura; “Coincidências” – Exposição que partilhou com a irmã Maria Susete Sarabando e com o primo João Almeida; “Bienal de Desenho e Pintura” da Academia de Belas Artes de Aveiro.

Durante dez anos aproveitou-se dos seus pincéis buscando a felicidade que procurava “em tudo, em todos os lugares e em todas as pessoas à sua volta” (Gena, 2008).

Viajou em busca da felicidade eterna em 10 de abril de 2014.

INSCRIÇÕES ABERTAS PARA O II ENCONTRO COM A BIODIVERSIDADE

A Associação Ruralidades & Memórias promove, no dia 22 de maio, o II Encontro com a Biodiversidade na Ribeira da Presa Velha, em Covão do Lobo. O percurso será orientado pela Associação Charcos e Companhia e pretende dar a conhecer algumas das espécies de fauna e flora desta zona.

Este será um percurso com cerca de 3km e tem início na Igreja de Covão do Lobo.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas através do e-mail: ruralidades.memorias@gmail.com.

XII SARAU – VAGOS EM MOVIMENTO

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O Pavilhão Municipal Dr. João Rocha, em Vagos, recebe, no próximo dia 7 de maio, pelas 21h00, o XII Sarau Vagos em Movimento!

Mais uma vez o Pavilhão Municipal irá receber um espetáculo com muita qualidade e cor que contará com a participação de várias instituições ligadas às áreas da dança e da ginástica do distrito de Aveiro. O evento encerra com a atuação da Escola de Dança Desportiva Ritmo das Formas.

A entrada, para assistir ao Sarau, é gratuita.

O Sarau Vagos em Movimento associa-se, novamente, a uma causa através da reco-lha de donativos para ajudar a Associação Diferentes e Especiais com uma aula de Zumba, com início às 15h30, no Pavilhão Municipal de Vagos e dinamizada por professores especializados e credenciados na área.


A entrada, para esta aula, é de 3 zumbas que reverterão, na íntegra, para esta associação, no apoio à consolidação do Banco de Equipamento Adaptado (banco de empréstimo de Ajudas Técnicas, que são equipamentos adequados a crianças com dificuldades e limitações físicas e motoras).

FESTAS DE VAGOS

Festas de Vagos
Como já vem sendo tradição e, no seguimento de uma aposta forte na promoção e divulgação do Município na área da Cultura e do Turismo Religioso, a Câmara Municipal de Vagos realiza entre os dias 13 e 17 de maio, as Festas de Vagos, em Honra do Divino Espírito Santo e Santa Maria de Vagos, e Mostra Cultural.

Fique a conhecer toda a programação aqui:

Dia 13 de maio

Dia 14 de maio

Dia 15 de maio

Dia 16 de maio


Dia 17 de maio
Também pode seguir-nos em:
facebook.com/festasdevagos
istagram.com/festasdevagos

União de Freguesias de Covões e Camarneira conclui passeios em Porto de Covões e Marvão

Em parceria com a Câmara Municipal
A Rua Principal de Porto de Covões, entre o largo central desta localidade e o início do lugar de Labregos, foi sujeita a um processo de requalificação urbana que contemplou a construção de passeios e a dignificação do espaço público, bem como a execução de infraestruturas de drenagem de águas pluviais.

A obra decorreu no âmbito de uma parceria entre a União de Freguesias de Covões e Camarneira, que assegurou o pagamento dos custos de mão-de-obra, e a Câmara Municipal de Cantanhede, que ofereceu todos os materiais necessários à execução dos trabalhos. Esta é de resto uma prática que tem vindo a ser seguida no ambicioso programa de construção de passeios promovido pela autarquia, através do qual está praticamente concluída uma rede de circulação pedonal que liga os principais núcleos urbanos em torno da sede de freguesia.

A requalificação urbana da Rua Principal de Porto de Covões foi concretizada na sequência de intervenções idênticas ao longo desse importante eixo viário, entre as quais a reestruturação e valorização do largo da localidade e a correção da curva bastante perigosa que existia à entrada de Labrengos. Agora existem zonas de circulação pedonal num troço de estrada com uma extensão de cerca de três quilómetros, a começar na Rua da Escola de Labrengos e Campanas, passando pela Rua Joaquim Pereira Júnior, em Labrengos, pela Rua Principal, em Porto de Covões, e pela Rua Américo Padeiro, em Covões, até ao Largo de Santo António. É a partir deste importante recinto público existe uma rede viária com passeio que se estende até Monte Arcado, no limite poente da freguesia, e por Cavadas e Camarneira, a sul. 

Também ao abrigo da parceria entre a União de Freguesias de Covões e Camarneira e a Câmara Municipal de Cantanhede, foram concluída recentemente a execução de passeios na Rua de S. Tomé, em Marvão. Trata-se de um dos mais importantes eixos viários do núcleo urbano da localidade, que assim passa a dispor de boas condições de segurança para os peões, especto particularmente relevante nos períodos em que o movimento pedonal é mais acentuado.

É de salientar que, à semelhança do que tem vindo a ocorrer em obras semelhantes, no programa de execução de passeios que a Junta de Freguesia de Covões está a promover, há a preocupação se fazer o melhor aproveitamento possível das condições das bermas junto aos edifícios com fachadas à face da via. As intervenções contemplam a aplicação de pavimento em blocos pavê e lancil em betão e a instalação de coletores de águas pluviais em toda a extensão, melhorando assim as condições de drenagem.

fonte: GIRP   6 maio 2016

Hora de Fecho: Descobrimentos: "Portugueses sabiam bem usar a violência"

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
HISTÓRIA 
A propósito do lançamento do novo livro "Conquistadores", Jaime Nogueira Pinto esteve à conversa com o autor, Roger Crowley, que assegura: "A História portuguesa está cheia de mistérios e silêncios".
FACT CHECK 
O ex-primeiro-ministro disse que nunca participou em inaugurações de obras, mas o Observador encontrou algumas cerimónias presididas por Passos Coelho entre 2011 e 2015. Incluindo uma ponte.
TÚNEL DO MARÃO 
O Túnel do Marão vai ser inaugurado sábado. É a última grande obra pública, mas mesmo depois de estar concluída a polémica sobre as opções na sua construção continua a dividir PS e PSD.
TÚNEL DO MARÃO 
Na inauguração do Túnel do Marão, José Sócrates disse que Passos Coelho não compreendeu "o simbolismo" daquela obra e que o convite de António Costa significa um regresso à "decência democrática".
TÚNEL DO MARÃO 
Passos Coelho diz que se fosse primeiro-ministro não iria à inauguração do túnel do Marão - tal como nunca inaugurou nenhuma obra. "Não vale a pena reclamar louros sobre uma obra bastante consensual".
POLÍTICA 
Numa entrevista à TSF, Eduardo Catroga tece críticas à postura que Passos Coelho tem adotado nos últimos tempos. "Tem tido uma postura muito passiva. Não deve fazer ao PS o que o PS lhe fez a ele."
FUTEBOL 
A propósito da penúltima jornada do campeonato nacional (Sporting-Vitória e Marítimo-Benfica), juntámos o melhor de dois mundos numa tarde de intensa canícula em Novembro de 1980.
PRIMEIRA LIGA NOS 
A época está a acabar e só um deles ficará a rir-se no fim. Mas enquanto o campeonato continua ao alcance de Benfica e Sporting, recordamos em vídeo as picardias entre os dois treinadores.
FC PORTO 
O FC Porto já tem a cabeça na final da Taça de Portugal. Mas há muito quem tenha que dar à perna para não perder o lugar no próximo plantel. O Rio Ave, por sua vez, luta por uma vaga na Liga Europa.
EMPREENDEDORISMO 
Do sucesso aos arrependimentos, até à relação entre simpatia e competência. Três mulheres empreendedoras que participam na AWE Summit, este fim de semana, no Porto, falam ao Observador.
GOVERNO 
Falando pela primeira vez sobre o seu caso, ex-ministro da Cultura diz que ficou surpreendido com a reação às "bofetadas" que prometeu aos cronistas do Público e que se demitiu para proteger o Governo
Opinião

André Azevedo Alves
Sugerir que as questões morais mais desafiadoras têm respostas óbvias e inequívocas dadas pela cartilha jacobina do radicalismo não é só simplista do ponto de vista intelectual: é moralmente bizarro.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Ninguém pode ter a desumanidade de acusar de falta de valor quem, ante a iminência de uma morte muito dolorosa, deseja antecipá-la. Mas maior é a coragem de quem resiste até ao fim.

Manuel Villaverde Cabral
De Espanha a Portugal, ao Brasil e aos EUA, as oligarquias comparecem hoje às eleições com discursos rotinizados que nos impedem de ver que as pretensas esquerdas são a coisa mais conservadora que há.

Mário Pinto
O Conselho Nacional da Educação já defendeu, no Parecer 1/89, que a gratuitidade tinha de ser aplicada em todas as escolas, públicas e privadas, sob pena de discriminação inconstitucional entre alunos

Rui Ramos
A vitória de Trump é como se Le Pen, em França, tivesse ultrapassado os gaullistas. Estas primárias americanas podem ser um marco histórico na rearrumação política das democracias ocidentais.
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