Lembro-me de ter ouvido alguém querer saber coisas sobre o TETRAMORFO. Será que também quer saber?
Aparece no pórtico de muitas catedrais góticas e… não só.
Tiradas da internet, eis em esquema algumas imagens do TETRAMORFO:
Nos 4 cantos, os 4 símbolos do TETRAMORFO, todos alados, e o PANTOCRATOR (“Todo Poderoso” ou Cristo de Majestade) dentro da mandorla (aquela “amêndoa” no centro).
Este tímpano, além de TETRAMORFO e PANTOCRATOR, contém na base os 12 Apóstolos.
Agora apresento um texto tirado da internet que procura a origem do TETRAMORFO:
Irineu expõe o parentesco dos evangelistas com os Viventes, mas é uma aproximação arbitrária e não simbólica, que servirá mais para a iconografia que para outra coisa. Como o evangelho de Mateus começa com a anunciação a José, e nele aparecem os anjos, o Homem será o seu distintivo; Como o de Lucas começa no Templo, com a anunciação a Zacarias, depois do sacrifício do Touro, este animal será o seu distintivo. Já Marcos começa seu relato com Jesus indo para o deserto, e neste evangelho, aparece como o Leão de Judá, assim será representado. Finalmente, João começa seu relato nas alturas do Verbo no princípio de tudo, e por isso, associado à ave que mais alto consegue voar: a Águia.
«O beato profeta Ezequiel narra uma visão e uma aparição divina e gloriosa que contemplou (cf. Ez 1,1s; 10,2s), e a descreveu plena de mistérios inefáveis. Viu, de fato, na planície, um carro de querubins, quatro eram os viventes espirituais, dos quais, cada um tinha quatro faces: a primeira era de leão, a segunda de águia, a terceira de touro e a quarta de homem. Cada face era provista de asas, de modo que não se distinguiam nem a parte anterior, nem a posterior. O seu dorso era coberto de olhos, e também o seu ventre, e não havia neles nenhum lugar que não estivesse cheio de olhos, e ao lado de cada face, existiam rodas, encaixadas umas nas outras; e, nas roda, havia um espírito. E viu uma aparência de homem sentado sobre elas; o escapelo de seus pés tinha a aparência de uma safira. O carro levava o querubim, e os seres vivos levavam o Senhor-Condutor que os conduzia. Onde quer que andasse, era sempre na direção de um dos rostos. E viu sob o querubim como que uma mão de homem, que o sustentava e o carregava.
O que o profeta percebeu como real era verdadeiro e indubitável. Todavia, a visão deixava entrever uma outra realidade e figurava uma coisa misteriosa e divina, um mistério escondido, na verdade, por séculos e gerações (Cf. Col 1,26), mas que tornou-se visível nos últimos tempos (Cf. 1Pd 1,20) através da manifestação de Cristo. O profeta, de fato, contemplou o mistério da alma que recebe o Senhor e se torna o trono de sua Glória ( cf. Mt 19,28; 25,31) [3].
Para Macário, os quatro seres vivos que levavam o carro eram a figura das faculdades que regem a alma. De fato, como a águia reina sobre as aves, o leão sobre os animais selvagens, o touro sobre os animais domésticos e o homem, sobre a criação, assim acontece com as potências da alma, que reinam sobre as outras. Trata-se da vontade, da consciência (moral), do intelecto e da faculdade de amar. Elas dirigem o carro da alma, e nele, Deus repousa. (…)
“Que na verdade estes quatro animais alados simbolizam os quatro santos evangelistas, é o que demonstra o próprio início de cada um destes livros dos evangelhos. Mateus é corretamente simbolizado pelo homem porque ele inicia com a geração humana; Marcos é corretamente simbolizado pelo leão, porque inicia com o clamor no deserto; Lucas é bem simbolizado pelo bezerro, porque começa com o sacrifício; João é simbolizado adequadamente pela águia, porque começa com a divindade do Verbo, dizendo: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus’ (Jo 1, 1), e assim tem em vista a substância divina, fixando o olhar no sol à maneira de uma águia.”
O fundamento desses ícones é bíblico. O livro do Apocalipse de São João, por exemplo, traz a visão de quatro seres viventes que rendiam glória a Deus:
“O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo. (...) Não cessavam de clamar dia e noite: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar.”
“Mas, (...), estes animais simbolizam os quatro evangelistas e ao mesmo tempo, através deles, todos as pessoas perfeitas. Falta-nos então demonstrar como cada um dos eleitos se encontram nesta visão dos animais.”
“De fato, cada pessoa eleita e perfeita no caminho de Deus é seja homem, seja bezerro, seja leão, seja águia. De fato o homem é um animal racional. O bezerro é o que se costuma oferecer em sacrifício. O leão é a mais forte das feras, como está escrito: ‘O leão, o mais bravo dos animais, que não recua diante de nada’ (Pr 30, 30). A águia voa para as alturas, e sem piscar dirige seus olhos aos raios do sol. Assim, todo o que é perfeito na inteligência é homem. E quando mortifica a si mesmo e a concupiscência deste mundo é bezerro. É leão porque, por sua própria e espontânea mortificação, tem a fortaleza da segurança contra todas adversidades, como está escrito: ‘O justo sente-se seguro e sem medo como um leão’ (Pr 28, 1). É águia porque contempla de forma sublime as coisas celestes e eternas. Sendo assim, qualquer justo é verdadeiramente constituído homem pela razão, bezerro pelo sacrifício de sua mortificação, leão pela segurança da fortaleza, águia pela contemplação. Assim, através destes santos animais, se pode simbolizar cada um dos perfeitos.” [5]
Com o passar do tempo a tradição cristã conferiu aos evangelistas o simbolismo desses quatro animais.
São Jerônimo, tradutor da Bíblia do Hebraico para o Latim viu neste simbolismo com clareza, o indicativo dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João).
Explicação dos quatro símbolos:
O Primeiro Evangelho segundo a ordem do Novo Testamento (de maior divulgação) é Mateus e tem como o símbolo: Um homem alado (com asas).
De fato Mateus inicia seu evangelho com a genealogia de Jesus, isto é, com o nascimento humano de Cristo (Mt 1,1). Mateus quer conferir a linhagem hebreia para Jesus dinate da comunidade nascente de hebreus-cristãos de Jerusalém
O Segundo Evangelho que temos é o de Marcos tendo como o símbolo: Um leão alado (com asas). Isto em consideração que Marcos inicia o evangelho com a pregação de João Batista no deserto. O deserto é o lugar dos leões e o Messias esperado viria da tribo considerada como o Leão de Judá, com força e poder para defender Israel no confronto com as outras nações. (cf Mc 1,1-8).
O Terceiro Evangelho de Lucas traz como símbolo um touro alado (com asas), Tudo começa no Templo de Jerusalém, lugar dos sacrifício dos bois e carneiros. É anunciado o nascimento de João Batista no templo, onde os touros eram oferecidos em sacrifício ao Senhor. (cf Lc 1,8-23). João o precursor que anuncia a chegada do messias o salvador.
O Quarto Evangelho, o mais recente na ordem cronológica de redação tem como símbolo a águia. Este é um evangelho espiritual, usa termos difíceis de compreensão usa uma linguagem que vai aos céus, por exemplo, vida eterna, verdade, amor, Espírito, nascer pelo Espírito, água viva, etc.. que voa para o alto, porque nele o Espírito Santo fala de forma mais vigorosa e contundente, porque ele paira nas regiões sublimes e elevadas da consciência assim como a águia que vive nas alturas. (cf Jo 1,1-18).
Ainda poderás encontrar outras passagens que falam deste simbolismo, o livro do Apocalipse, no capítulo 4,6 fala dos quatro seres vivos. E uma descrição destes quatro animais. Esta imagem João busca no livro de Ezequiel 1,5-21, já comentado acima.
Limitei-me a transcrever e a enviar-lhe, com um abraço de muita amizade, com votos de bem-estar para si e toda a sua Família.
E. M.
Enviado por Alves Ribeiro