O Monumento que vemos na imagem abaixo, teve certamente como propósito, prestar uma justa homenagem a alguém que marcou a cidade de Aveiro e as suas gentes, só assim se justifica a sua existência no Parque Infante D. Pedro.
Como é possível deixar chegar ao estado de abandono em que se encontra? Será que o Dr. Jaime Magalhães Lima enquanto vivo, foi respeitado de forma diferente ou igual? Fica a dúvida! Uma cidade de que não se preocupa em cuidar dos seus antepassados, também, não se preocupa com os vivos.
J. Carlos
Director
Magalhães Lima (Jaime de).
n. 15 de outubro de 1859.
f. [ 26 de fevereiro de 1936 ].
Bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra; director da agência do Banco de Portugal em Aveiro, provedor da Misericórdia e director da Caixa Económica da mesma cidade, deputado, jornalista, etc.
Nasceu em Aveiro a 15 de outubro de 1859, sendo filho de Sebastião de Carvalho Lima (V. Lima, Sebastião de Carvalho) e de sua mulher D. Leocádia Rodrigues Pinto de Magalhães. Matriculando-se na universidade, formou-se em 1880. Desde muito cedo se aplicou ao estudo dos grandes problemas sociais. Fez duas viagens ao estrangeiro, em que percorreu a Espanha, França, Itália, Áustria, Inglaterra, Bélgica, Suíça, Holanda, Rússia e Norte de África, estudando sempre, e corroborando com a experiência os conhecimentos adquiridos, ou adquirindo-os directamente novos.
Dr. Jaime de Magalhães Lima |
Filiou-se no Partido Regenerador, foi deputado eleito por Aveiro nas legislaturas de 1893,1894 e 1897; em 1901 acompanhou os regeneradores dissidentes, ficando pertencendo ao Partido Regenerador Liberal, de que é o chefe no seu distrito. De 1881 a 1885 foi vogal do conselho do distrito de Aveiro, e em 1892 presidente da câmara municipal da mesma cidade. No ano de 1899 fez uma notável conferência na Real Associação Central de Agricultura Portuguesa, sobre o crédito agrícola de Portugal, que depois imprimiu. Tem publicado os seguintes trabalhos: Estudos sobre a literatura contemporânea, 1886; O sr. Oliveira Martins e o seu projecto de fomento rural, opúsculo,1887; A Democracia (estudo sobre o governo representativo), 1888; Arte de estudar, tradução do inglês, de A. Bain, 1888; Cidades e Paisagens, 1889, depois da sua segunda viagem ao estrangeiro; Doutrinas de Leão Tolstoi, 1892; Jesus Cristo, traduzido do francês, de Didon, 1891; Transviado, 1899; Notas dum provinciano, 1899; Elogio de Edmundo de Magalhães Machado, 1900; O Sonho da perfeição, romance, 1901; As Vozes do meu lar, 1902; Na paz do Senhor, romance, 1903; O Reino da saudade, romance, 1904; Via Redentora; Apóstolos da Terra; Servo e menor, S. Francisco de Assis e os seus evangelhos, Coimbra, 1908. O Sr. Dr. Jaime de Magalhães Lima tem colaborado nos seguintes jornais: Província, Novidades, Repórter, Nacional, Tarde, Jornal da Noite, Diário Ilustrado, Vitalidade, etc. Tem também publicado muitos artigos e monografias no Boletim da Real Associação Central de Agricultura Portuguesa, Revista dos Campos, Portugal agrícola, Revista florestal, Revue politique et parlamentaire, etc.
Ultimamente tem-se dedicado ao estudo da jardinagem na sua quinta do Eixo. Consta que são notáveis os estudos feitos sobre os eucaliptos, de que já tem publicado muitos artigos avulsos, os quais tenciona reunir em volume, quando acabar os seus trabalhos. Já tem seleccionado mais de oitenta variedades dessas árvores, como próprias para serem cultivadas em Portugal, apontando-lhes a origem, cuidados de reprodução e cultura, nosologia, aplicações, etc., e diz-se que a colecção de eucaliptos, que tem cuidadosamente feito, e cultiva na referida quinta do Eixo, é a primeira da península.
Fonte: Portugal, Dicionário Histórico