sábado, 16 de abril de 2022

NELSON HELENO DA SOCIEDADE COLUMBÓFILA PARTICPOU NO TRAILTRILHOS DAS DORES EM SANTARÉM

 

Numa organização da Equipa Trilho Perdido Eventos / Imporlux, realizou-se no dia 16 de abril, a oitava edição do Trail Trilhos das Dores, que contou com a colaboração da Câmara Municipal de Santarém, Centro de Convívio Cultura e Desporto de Abitureiras, da Junta de Freguesia de Abitureiras e de várias outras entidades.

Pontuável para o Circuito Nacional de Trail da ATRP e com partida e chegada no Recinto de Festas da Freguesia de Abitureiras, passando por dentro da localidade de Póvoa dos Três, terrenos da caça brava, nas localidades de Albergaria e Abitureiras, realizou-se a prova de trail longo na distância de 27 km, na qual participou, o atleta Nelson Heleno, da Secção de Ar Livre e Aventura, da Associação de Solidariedade Social Sociedade Columbófila Cantanhedense, terminando a competição no 33º lugar da classificação geral individual, alcançando igualmente o 9° lugar no escalão de MSenior.


7-0: Noite de luxo para Taremi e Evanilson em goleada dos dragões frente ao Portimonense

Os dragões de Sérgio Conceição golearam sem dó nem piedade o Portimonense este sábado. O marcador fechou com 7-0, naquele que foi o resultado mais dilatado do FC Porto esta temporada.

O FC Porto reforçou a liderança do campeonato este sábado, 16 de abril, ao golear o Portimonense no Dragão, com hat-trick de Taremi e bis de Evanilson.

Ainda não tinha chegado o intervalo e já o resultado era pesado para o Portimonense, com o marcador a assinalar 4-0. Mehdi Taremi marcou logo aos 19 minutos e voltou a encaixar a bola na rede aos 34', de penálti, após entrada fora de tempo de Lazaar sobre Otávio. Ainda na primeira parte, Marko Grujic fez golo aos 28 minutos e Evanilson aos 40'.

Logo a regressar do intervalo, aos 47 minutos, Taremi faz o terceiro. Seguiu-se Pepe aos 55' e Evanilson bisa aos 60 minutos. Com trinta minutos de jogo ainda pela frente, a questão era saber se os dragões continuariam a inflacionar o marcador frente à equipa de Paulo Sérgio, que estancou na última ronda, com um triunfo face ao Famalicão (1-0), uma longa série de partidas sem vencer.

Sem surpresa face aos resultados descritos, o FC dominou o jogo desta noite, com mais de 70% de posse de bola e 17 remates.

Com esta vitória, os portistas conseguiram somar o 58.º jogo seguido sem perder no campeonato, estendendo a saga recordista, e pressionar o campeão em título, o Sporting, que tem no dérbi de domingo um dos testes mais exigentes até final da I Liga.

Pinto da Costa recebe assim uma "prenda antecipada", já que amanhã celebra 40 anos da primeira eleição como presidente do clube.

O FC Porto fecha a 30.ª jornada da I Liga com 82 pontos e liderança reforçada no campeonato, frente a um Sporting com 73 pontos e a um Benfica com 64 pontos (com um jogo a menos) e que se defrontam amanhã no Estádio José Alvalade, em Lisboa, às 20:30, com arbitragem de Fábio Veríssimo, da associação de Leiria.

No caso de o Sporting não vencer no domingo na receção ao Benfica, o FC Porto poderá sagrar-se campeão nacional pela 30.ª vez na 31.ª jornada, na qual se desloca a Braga, em 25 de abril, dia em que os ‘leões’ jogam com o Boavista, no Bessa.

Madremedia


Dois homens detidos durante assalto a ourivesaria em Aveiro

Dois homens foram detidos, este sábado, durante o assalto a uma ourivesaria, localizada no centro de Aveiro. Os suspeitos barricaram-se dentro do estabelecimento e fizeram refém a funcionária da loja.

A mulher de cerca de 30 anos terá sido colocada pelos assaltantes num compartimento da ourivesaria. Segundo a PSP, os dois homens não estavam armados e não há registo de violência contra a refém ou de danos no interior da loja.

A PSP montou um dispositivo no exterior da loja para tentar estabelecer contactos com os assaltantes, convencendo-os a entregar-se. Além da PSP, estavam no local os bombeiros, uma ambulância e um carro de assistência de emergência.

A situação acabou por se resolver rapidamente: por volta das 17 horas, os dois homens acabaram por se entregar, saindo da loja de mãos no ar. Foram detidos e levados pela polícia até à esquadra da PSP, onde irão ser interrogados. As autoridades policiais vão prosseguir com a investigação ao assalto.

Os homens deverão ser presentes ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) no domingo.

SIC Notícias

Imagem:DN

Jovem morre e outro fica em estado grave após queda na Boca do Inferno em Cascais

Um jovem de 22 anos morreu este sábado após cair ao mar junto à Boca do Inferno, em Cascais, distrito de Lisboa, onde se encontrava acompanhado pelo irmão, que ficou em estado grave, informou à Lusa a Autoridade Marítima Nacional.

Um conseguiu sair pelos próprios meios, o outro foi recolhido pela embarcação salva-vidas, foi transportado para a Marina de Cascais. Foi realizada massagem cardíaca durante todo o trajeto e depois foi também feita reanimação na marina, com o INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] e os bombeiros, mas aí foi declarado o óbito”, indicou o comandante José Sousa Luís, porta-voz e relações-públicas da AMN.

 Os dois irmãos são de nacionalidade moldava, disse o comandante da AMN, referindo que se desconhece para já a idade do jovem que sobreviveu, transportado para o hospital de Cascais “em estado de choque”.

Sem saber as circunstâncias da ocorrência, o porta-voz da AMN acrescentou que a vítima que morreu foi recolhida do mar “em estado muito grave” e “à partida terá sido afogamento”, mas será através da autópsia por parte do Instituto de Medicina Legal que haverá confirmação das causas da morte.

Fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Lisboa disse à Lusa que se tratou de “uma queda na Boca do Inferno” (zona rochosa conhecida por registar com frequência ondulação forte), confirmando uma vítima mortal e um ferido grave levado para o hospital de Cascais, sem mais informações sobre ambos.

O alerta foi às 15:23 e a ocorrênciamobilizou “quatro veículos, duas embarcações e 15 operacionais”adiantou o CDOS.

SIC Notícias/Lusa

Ascensão ao Céu e expansão da Igreja Católica por toda a Terra

 

Juízo Final (detalhe) – Fra Angélico (1395 –1455). Staatliche Museen, Berlim.

Catolicismo transcreveu, em sua edição da Semana Santa de 2021, pungentes trechos do extraordinário livro Jesus Cristo, Vida, Paixão e Triunfo, do Padre Augustin Berthe, missionário redentorista francês do século XIX.

Para consideração de nossos leitores e meditação nos dias da Semana Santa deste ano, damos prosseguimento à narração do autor, que após comentar a Flagelação, a Coroação de espinhos, a Crucifixão, o Sepultamento e a triunfal Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, narra a sua gloriosa Ascensão. O sacerdote francês não a descreve friamente, apenas como um perito no assunto, mas de um modo vivo, fervoroso, deslumbrante.

Antes de subir ao Céu, nosso Divino Redentor preparou os apóstolos e discípulos para a grandiosa missão de difundir o Cristianismo por todas as nações. Depois ascendeu majestosamente, cercado por Anjos e testemunhado por sua Santíssima Mãe, pelas santas mulheres e por seus fiéis seguidores, encarregados por Ele de propagar o Reino de Deus.

Da Redação

Ascensão – Francisco Camilo (1651). Museu Nacional d’Art de Catalunya, Barcelona.

GLORIOSA ASCENSÃO DE JESUS CRISTO AO CÉU

Todos os olhos, fixos n’Ele, contemplavam o seu rosto radiante, a sua fisionomia toda celestial e o seu olhar cheio de bondade e ternura que percorria os observadores como para dirigir a cada um o derradeiro adeus

Tinha Jesus concluído a sua missão na Terra. Tendo descido do Céu para pregar o Reino de Deus, resgatar a humanidade decaída e fundar a nova sociedade dos filhos de Deus, só Lhe restava transformar os continuadores da sua obra noutros tantos Cristos, dotando-os com aquele Espírito divino que falava pela sua boca e operava pelas suas mãos. Mas, como anunciara muitas vezes, não havia de enviar-lhes o Espírito Santo senão depois de voltar para junto do seu Pai e após a sua glorificação nos Céus.

Depois de um mês passado com os seus apóstolos em celestiais conversas, mandou-lhes Jesus que voltassem para Jerusalém e que O esperassem no cenáculo, onde se juntaria a eles. Puseram-se, pois, a caminho, alegres, com as caravanas que se dirigiam já para a Cidade Santa, a fim de se prepararem para as festas do Pentecostes. Ia com eles Maria, a Mãe de Jesus, rodeada das Santas Mulheres que nunca a abandonavam e de certo número de discípulos privilegiados. Estavam ainda receosos do ódio dos fariseus deicidas, mas o divino Ressuscitado estaria com eles e saberia defendê-los contra os seus inimigos.

Se os convocava para Jerusalém, era sem dúvida a fim de os fazer testemunhas de algum novo triunfo. Quem sabe — diziam eles — irá enfim restaurar o Reino de Israel? Apesar de todas as instruções do seu Mestre sobre o Reino de Deus, permanecia arraigado no seu espírito o preconceito nacional acerca do reino temporal do Messias.

Aparição de Nosso Senhor aos Apóstolos a porta fechada – Duccio di Buoninsegna (1255–1319). Museu dell’Opera del Duomo, Siena.

Missão dos apóstolos revestidos da divina armadura*

Aos 40 dias depois da Ressurreição, estavam reunidos no Cenáculo, quando Jesus apareceu no meio deles e se sentou familiarmente à mesa. Falou, como sempre, do Reino de Deus que os apóstolos iam estabelecer na Terra. Durante os três anos que passara com eles, tinha-lhes revelado o seu Evangelho, confiado os seus divinos Sacramentos e designado o chefe soberano que devia dirigi-los. A eles pertencia agora pregar a todos a Ressurreição do Mestre, como prova da sua Divindade e da Religião Santa que o Pai intimava pelo seu Filho a todos os habitantes da Terra.

A empresa seria rude, tanto mais que os poderes deste mundo não poupariam os discípulos mais do que pouparam o Mestre. Mas Jesus não abandonaria os seus enviados. Enviar-lhes-ia o Espírito do Alto que os encheria de luz e penetraria com a sua força. Mandou-lhes, pois, que não saíssem de Jerusalém mas que ali esperassem aquele Espírito que os revestiria com a divina armadura. Começaria, nesse momento, a missão deles — a pregação da penitência para remissão dos pecados — e, em Jerusalém, onde iam receber o batismo de fogo é que deviam inaugurar o seu ministério.

Missão apostólica: expandir o cristianismo por toda a Terra

Animados com estas recomendações e promessas, imaginaram os apóstolos que, com a vinda do Espírito Santo, ia começar o reino visível do Messias. “Senhor — perguntaram eles — é agora que ides restaurar o Reino de Israel?”. Jesus não respondeu a esta pergunta e deixou ao Espírito Santo o cuidado de espiritualizar aquelas almas terrenas. Mas repetiu-lhes o que já lhes dissera sobre o seu Reino definitivo. “Não vos pertence a vós conhecer os tempos e momentos que o Pai determinou em virtude do seu poder soberano”. E, com respeito à missão deles, acrescentou: “Vai descer sobre as vossas almas o Espírito Santo e, então, sereis minhas testemunhas em Jerusalém e depois em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da Terra” (Act. 1, 6-8).

Depois da refeição levou-os Jesus para os lados de Betânia, já fora da cidade. 120 pessoas acompanhavam o divino Triunfador. O cortejo seguiu pelo vale de Josafá. Jesus avançava majestosamente no meio dos seus. Os apóstolos, os discípulos e as Santas Mulheres em grupo com Nossa Senhora, seguiam-no com santa alegria mas tristes ao pensar que o bom Mestre os ia deixar. Atravessou Jesus a torrente do Cedron, onde os seus inimigos Lhe haviam dado a beber água lodosa.

Depois, deixando à esquerda o horto de Getsêmani, teatro da sua mortal agonia, subiu pelo Monte das Oliveiras. Tendo chegado ao cimo, lançou um derradeiro olhar àquela pátria terrestre, onde tinha passado 33 anos, desde o seu nascimento no estábulo de Belém até à sua morte sobre a Cruz do Gólgota. Tendo vindo ao meio dos seus, os seus não O tinham recebido, mas aproximava-se a hora em que o gênero humano, vivificado pelo seu Sangue, ia adorá-Lo como a seu Pai e a seu Deus.

Para além do Mediterrâneo, o seu olhar abraçava aquele Ocidente onde os seus apóstolos levariam em breve o seu Nome bendito e arvorariam até no alto do Capitólio romano a cruz do Calvário. Naquelas longínquas plagas milhões de corações, durante o decorrer dos séculos, baterão por Ele com grande amor. E antes de deixar a Terra, abençoou todos aqueles povos que deviam compor o seu Reino.

Maravilhoso e majestoso espetáculo da Ascensão

Todos os olhos, fixos n’Ele, contemplavam o seu rosto radiante, a sua fisionomia toda celestial e o seu olhar cheio de bondade e ternura que percorria os observadores como para dirigir a cada um o derradeiro adeus. Depois, levantou as mãos para dar a todos uma bênção suprema e, enquanto os abençoava, prostrados a seus pés, eis que, de repente, o seu Corpo glorioso, posto em movimento por um ato do seu divino Poder, se elevou majestosamente para os Céus. Mudos de surpresa e admiração, os apóstolos e discípulos seguiram-no longo tempo com o olhar, até que, por fim, uma nuvem O envolveu e subtraiu aos seus olhos.

E, como não cessassem de fixar o ponto onde O tinham visto desaparecer, apresentaram-se a eles dois anjos vestidos de branco. “Homens de Galileia — disseram — por que estais assim a olhar para o Céu? Este Jesus que acaba de vos deixar para subir aos Céus, deles descerá um dia como O vistes subir” (Act. 1, 10-11). Tendo descido do Céu sob a forma de escravo para salvar os homens, segunda vez de lá descerá com a majestade do Rei dos Reis, para os julgar.

E Jesus continuava a subir para o Trono do seu Pai, logo se vendo rodeado de inumeráveis legiões de almas que, retidas no Limbo desde longos séculos, estavam à espera de que o novo Adão lhes abrisse as portas do Céu. À frente daqueles fiéis da antiga aliança, avançavam os dois exilados do Éden que não tinham cessado de esperar a salvação pelo Redentor prometido à sua raça. Iam também os patriarcas, Abraão, Isaac e Jacob, Moisés e os Profetas. A seguir, iam as gerações de alma reta e que de coração tinham esperado Aquele que devia vir.

Gloriosa e solene entrada de Jesus no Céu

David, com a sua maravilhosa linguagem, pintou a chegada do Triunfador ao alto dos Céus. Assim como à porta do Eden vigiavam dois Arcanjos para impedir que os nossos primeiros pais nele entrassem, assim também às portas do Paraíso estavam os anjos de vigia para as abrir ao novo Adão. De repente, ouviram eles o canto triunfal do exército dos santos que rodeavam Jesus:

— “Príncipes — diziam eles — abri as vossas portas, abri-vos ó portas eternas e entrará o Rei da Glória”.

— “Quem é esse Rei da Glória?” — perguntaram os anjos.

— “É o Senhor — responderam os santos — é o Deus forte e poderoso, o Senhor dos exércitos. Abri-vos, portas eternas, é Ele, o Rei da glória” (Sl 23, 7-10).

E as portas abriram-se e Jesus atravessou as fileiras dos exércitos celestiais que, por sua vez, O aclamaram como a um chefe desde longo tempo esperado. Por Cristo, com efeito, é que as suas adorações e louvores devem subir para o Eterno, mais dignas da sua majestade. Por Ele também, é que se encherão as lacunas abertas nas suas fileiras com a queda dos maus anjos. Jesus entrou, pois, no Céu, tanto como Rei dos anjos quanto como Rei dos homens.

Estabelecer o Reino de Deus em todos os povos

David conta também como Cristo, filho de Deus segundo a carne, mas Senhor seu pela geração eterna, foi recebido pelo Pai celeste, quando se Lhe apresentou diante do Trono. “Deus disse ao meu Senhor: senta-Te à minha direita”. E o Pai lembrou-lhe que Ele tinha direito a esta honra, primeiro por ser seu Filho, igual em tudo a Ele mesmo: “Eu Te gerei antes da aurora”. E depois como Filho do Homem, vencedor do mundo e do inferno, Rei da humanidade resgatada: “Senta-Te à minha direita e os teus inimigos sejam o escabelo dos teus pés” (Sl 109, 1; Mt 22, 44).

Em virtude da sua realeza, foi Cristo investido de um tríplice poder: primeiro, de estabelecer o seu Reino sobre todos os povos, apesar da oposição dos seus inimigos:

“Terás na mão o cetro do poder e estabelecerás o teu império sobre Sião”. E, depois, sobre toda a Terra: “Tu serás combatido pelo príncipe do mundo e pelos seus sequazes mas Tu hás de dominar como soberano sobre os teus inimigos” (Sl 109, 2).

Em virtude de sua realeza, foi Cristo logo investido no pontificado eterno: “Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109, 4). O Pai celeste rejeitou os sacrifícios e as vítimas da lei figurativa. Um só sacrificador e uma só vítima Lhe agradam: o sacrificador é o Rei Jesus e a vítima é também Ele próprio. No Céu e na Terra, Ele é o Cordeiro imolado pela salvação do mundo que se oferece ao Pai e intercede por aqueles a quem remiu.

“Eu estenderei o teu império até aos confins do mundo”

Enfim, o Pai conferiu ao Filho a suprema Jurisdição. “No dia da sua cólera, esmagará reis e povos. Julgará as nações, reduzirá a pó os seus adversários e encherá o mundo de ruínas. Pois bebeu da torrente no dia das suas humilhações e dores, justo é que levante a cabeça e confunda os seus inimigos” (Sl 109, 6-7). Sendo Filho de Deus, fez-se homem e escravo e tornou-se semelhante ao bichinho da terra que se pisa com os pés. E, por isso, é que “Deus O exaltou e Lhe deu um Nome superior a todo o nome, para que ao Nome de Jesus todos dobrem o joelho no Céu, na Terra e nos infernos” (Fil. 2, 9-11).

E este mesmo Jesus, que está sentado à direita do Altíssimo, é Aquele a Quem os apóstolos devem glorificar na Terra e o seu Reino é que eles vão estabelecer no mundo todo. Os ímpios far-lhes-ão uma guerra sem tréguas, mas quem poderá vencê-los, se com eles está Jesus? “Conspiram contra o Senhor e contra o seu Cristo”, exclama David. Deus, porém, ri-se das suas vãs conspirações. “Eu Te dei em herança as nações todas da Terra”, disse Ele ao Seu Filho. “Eu estenderei o teu império até aos confins do mundo; e aos teus inimigos parti-los-ei como quem quebra um vaso de argila. Agora, ó reis, compreendeis isto; e vós ó povos da Terra, aprendei!” (Sl 2, 2-8). E, desde a Ascensão até ao Juízo Final, a história dos séculos não será senão a representação dramática desta profecia.

ABIM

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* Os subtítulos foram inseridos pela redação de Catolicismo.

Paz, Misericórdia, Delicadeza de sentimentos


  • Plinio Corrêa de Oliveira

Mais do que física, o extremo da dor moral está expressa neste crucifixo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Durante toda a sua Paixão, Ele padeceu um sofrimento maior na alma do que no corpo. Apesar disso, notamos em sua fisionomia paz, misericórdia, delicadeza de sentimentos. Nela o furor não está presente. Mas a tristeza está inteiramente presente.

Este condenado à morte, privado dos trajes que qualquer um possui, entretanto tem uma atitude superior à majestade de qualquer rei! Em meio à tremenda dor, nota-se a manifestação da misericórdia, do perdão.

A expressão é muito comovente, dando a impressão em quem a contempla, de que entrará de um momento para outro no campo de visão desse olhar.

Também dá a impressão bem acentuada de desolação e desamparo de alguém que sofre uma dor que sabe que não tem remédio, que não tem limite, e que caminha para a morte. Mas uma morte que se anuncia na tristeza de quem vê a maldade dos homens que causaram a crucifixão.

Nosso Senhor desejou beber a taça de fel do sofrimento até o fim! Quis sofrer tudo quanto era possível sofrer. Mas também na alegria de quem tem a certeza de que, após o supremo holocausto, estariam abertas aos homens as portas do Céu; começaria o período em que Ele, passando pelo Limbo, levaria para o Céu todas as almas que lá estavam.

Como que coroando o Divino Crucificado, o artista colocou um lindo topázio. É a linguagem muda e expressiva das pedras preciosas. Se não houvesse esse topázio, a imagem perderia muito. O topázio dourado parece afirmar que, por detrás da dor e mais alto do que a dor, brilha a glória, apesar de tudo.

ABIM

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 21 de agosto de 1985. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

Colombianos não entendem a religião do Papa Francisco

 

Em que religião acredita o candidato presidencial de extrema esquerda Gustavo Petro, foi a interrogação dos colombianos quando ele, que professa a teologia da libertação, foi recebido em plena campanha presidencial pelo Papa Francisco.

O gesto resultou num tiro que saiu pela culatra: o colombiano católico passou a perguntar então qual é a religião do Papa Francisco. Petro se diz que não é “rezador”, nem vai à missa, acha que a prática religiosa é “aparência” e o que vale é a militância de esquerda. Para Yann Basset, doutor na Universidade da Sorbonne, Gustavo Petro queria sentar-se com Francisco “para aplacar ou resistir certos setores da opinião pública” receosos de seu ousado esquerdismo.

O analista Andrés Segura achou que Petro considera que “a Igreja é a chave para reforçar sua campanha”.

ABIM

A guerra russa e a mensagem de Fátima

Em 24 de fevereiro, Putin declarou que havia autorizado “uma operação militar especial” contra a Ucrânia. Até o fechamento desta edição, as coisas não estavam como o sanguinário presidente russo desejava…

  • Roberto de Mattei

A Mensagem de Fátima é a chave para interpretar os dramáticos acontecimentos dos últimos dois anos, e em particular o que está acontecendo na Ucrânia.

Pode-se compreender que essa perspectiva seja estranha ao homem contemporâneo imerso no relativismo, mas o que mais chama a atenção é a cegueira de tantos católicos, incapazes de se elevar àquelas alturas que são as únicas que nos permitem compreender os acontecimentos nas dramáticas horas da História. E nós, após a pandemia de Covid, vivemos a dramática hora da guerra.

A frente colaboracionista

Os fatos são estes: em 21 de fevereiro de 2022, o presidente russo Vladimir Putin, em discurso à nação, anunciou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, para depois ordenar o envio de tropas à região de Donbass a fim de “garantir a paz”. Em 24 de fevereiro, em novo discurso, Putin declarou que havia autorizado “uma operação militar especial” não apenas no Donbass, mas também no leste da Ucrânia. A invasão russa da Ucrânia logo se mostrou muito maior e mais trágica do que o esperado, causando um clima de profunda apreensão em todo o mundo.

Qual tem sido a reação da Itália e do Ocidente diante da agressão da Rússia contra a Ucrânia? Por um lado, explodiram sentimentos de indignação e solidariedade para com o povo ucraniano. Por outro lado, porém, desenvolveu-se um sentimento de simpatia pela iniciativa de Putin, o que levou à criação de uma frente a qual chamo de “colaboracionista”.

O termo colaboracionismo indica, em linguagem política, apoio ideológico a um Estado estrangeiro invasor. Esse termo nasceu na Segunda Guerra Mundial para indicar a colaboração com os nazistas nos territórios que ocupavam.1. O colaboracionismo não é apenas um ato de colaboração: é uma ideologia, explícita ou implícita, que no caso da invasão russa da Ucrânia merece ser analisada em três diferentes expressões que até agora assumiu.

Melhor derrotado que morto?

A primeira posição é a de quem diz, ou pensa, que Putin está absolutamente errado, mas está vencendo e resistir-lhe leva a Ucrânia e a Europa a males maiores do que a invasão. Segundo o jornalista italiano Vittorio Feltri, por exemplo, “Zelensky é pior do que Putin, a quem entregou seu povo despreparado para matá-los”;2 o líder ucraniano devia se render, e não resistir. Na verdade: “Melhor derrotado do que morto”.3

Por trás do lema “Melhor derrotado que morto” há uma filosofia de vida, que é a daqueles que colocam seu próprio interesse particular antes de qualquer outra consideração de ordem superior. Não há valores ou bens, por mais altos que sejam, pelos quais valha a pena sacrificar e morrer. Se a invasão russa deve ser preferida à resistência contra ela, isso significa que a vida — uma vida material, tão pacífica e longa quanto possível — é o bem supremo e essencial.

Essa é a filosofia de vida dos pacifistas que nos anos 1980, quando os soviéticos instalaram seus mísseis SS.20 contra a Europa, se opuseram aos mísseis da OTAN com o slogan “Melhor vermelho que morto”. É a filosofia de vida daqueles que, em 1939, se perguntavam se era certo “Morrer por Danzig”, segundo um slogan lançado pelo deputado socialista francês Marcel Déat (1894-1955) para argumentar que não valia a pena arriscar a guerra para defender a cidade de Danzig, cuja conquista teria esgotado as ambições de Hitler.4 O socialista Déat fundará então um partido de inspiração nacional-socialista e representará um exemplo típico de colaboracionismo.

Se essa é a posição que deve ser tomada diante de um agressor, então seria necessário ceder aos pedidos de Putin para evitar a morte e o sofrimento de um povo, ainda que depois da Ucrânia ele invadisse os países bálticos e, sob chantagem nuclear, uma parte da Europa Ocidental. A lógica é essa.

Os homens ucranianos que não saem de seu país, ou que voltam para lutar após terem assegurado sua família no Ocidente, expressam com sua escolha uma filosofia de vida oposta, abandonada pela Europa relativista e desenraizada. A filosofia deles é a de quem está disposto a sacrificar suas vidas por causa de sua fé, por amor à liberdade e independência de sua pátria, por amor à própria honra e dignidade pessoal. O verdadeiro progresso, o verdadeiro desenvolvimento na vida dos povos está intimamente ligado a esse espírito de sacrifício. É aí que nascem os cumes da santidade e do heroísmo.

Putin tem suas razões?

A segunda posição colaboracionista pode ser formulada nestes termos: Putin estava errado, mas os erros não são apenas dele. Ou, o que dá no mesmo: Putin também tem suas razões. — Quais são esses motivos? Por exemplo, o fato de que, após a queda do Muro de Berlim, o Ocidente teria humilhado a Rússia cercando seu território com tropas da OTAN?

Parece um discurso razoável, mas se quisermos ser completamente razoáveis ​​devemos lembrar que a OTAN nasceu como um sistema defensivo contra as tropas de Varsóvia; que a Rússia não ganhou, mas perdeu a guerra fria, e que esta guerra entre as duas superpotências surgiu da infeliz paz de Yalta, em fevereiro de 1945, quando, com o consentimento dos governos ocidentais, foi sancionada a divisão da Europa em duas zonas de influência e o comunismo soviético se tornou senhor absoluto da Europa Oriental.

A paz de Yalta, que redefiniu as fronteiras da Europa após a Segunda Guerra Mundial, foi por sua vez o resultado do Tratado de Versalhes, que colocou a responsabilidade da Primeira Guerra Mundial na Alemanha, impôs-lhe pesadas sanções econômicas e entregou o corredor de Gdansk. Devemos dizer que Hitler teve suas razões para invadir a Polônia porque a cidade de Danzig não era menos alemã do que Donbass é russo?

Quaisquer que fossem suas razões, Hitler tinha um projeto expansionista tanto quanto o de Putin, e o historiador de hoje, como o político de ontem, não concorda com Neville Chamberlain, que em 30 de setembro de 1938 retornou triunfante de Munique com uma paz frágil nas mãos, o que levou Winston Churchill a dizer: “Podias escolher entre a desonra e a guerra. Escolheste a desonra e terás a guerra”.

O historiador de hoje, como o político de ontem, não concorda com Neville Chamberlain, que em 30 de setembro de 1938 retornou triunfante de Munique com uma paz frágil nas mãos, o que levou Winston Churchill a dizer: “Podias escolher entre a desonra e a guerra. Escolheste a desonra e terás a guerra”

Putin está travando uma guerra justa?

Talvez seja para evitar essa objeção fácil que o colaboracionismo cai em uma terceira formulação, mais coerente, mas ao mesmo tempo mais aberrante que as duas primeiras. Muito simplesmente: a guerra de Putin é uma guerra justa. E se for uma guerra justa, tanto a resistência do povo ucraniano quanto as sanções ocidentais contra a Rússia são injustas, porque as sanções se aplicam a quem está errado, não a quem está certo.

Por que Putin estaria certo? Por que a sua guerra seria justa? Não só porque defende o interesse nacional do seu país, mortificado pelo Ocidente, mas também porque sua guerra teria uma dimensão ética, como nos assegura a igreja ortodoxa russa através das palavras de Kirill, patriarca de Moscou, para quem Putin luta contra um Ocidente depravado que autoriza o Orgulho Homossexual. Além disso, o próprio Putin muitas vezes se apresentou como defensor da família e dos valores tradicionais abandonados pelo Ocidente. No entanto, em discurso no Valdai Club, em 22 de outubro de 2021, no qual atacou a teoria do gênero e a cultura do cancelamento, Putin admitiu que a Rússia experimentou, bem antes do Ocidente, a degradação moral que ele agora denuncia. O divórcio foi introduzido na Rússia em 7 de dezembro de 1917, poucas semanas após os bolcheviques tomarem o poder; o aborto foi legalizado em 1920 — a primeira vez no mundo em que isso acontecia sem quaisquer restrições. E foi na Rússia que se deu a transição da revolução política para a revolução sexual,5 com o jardim de infância experimental de Vera Schmidt (1889-1937), criado em 1921 no centro de Moscou, onde as crianças eram iniciadas precocemente na sexualidade.6

Não foi Putin, mas Stalin, quem refreou o divórcio, o aborto, a revolução sexual — em 1936, quando percebeu que sua política de poder seria minada pelo colapso da moralidade na Rússia. Putin está nesta linha. Hoje a Rússia é um país de aborto e divórcio, com a maior taxa de divórcio do mundo, embora proíba as marchas Orgulho homossexual. E quais são os valores tradicionais nos quais Putin se inspira? São aqueles do Patriarcado de Moscou, que se apoia hoje em Putin como se apoiava ontem em Stalin. Putin, como Stalin, por sua vez, depende do Patriarcado de Moscou. O Patriarcado de Moscou usa o poder político para defender o primado da Ortodoxia; o Estado usa a Igreja para consolidar o senso de identidade e patriotismo do povo russo.

A “missão imperial” da Rússia não corresponde apenas às ambições geopolíticas de Putin, mas também ao pedido do patriarca Kirill, que confiou a Putin a missão de criar a “Terceira Roma” eurasiana nas ruínas da segunda Roma católica

A “missão imperial” da Rússia não corresponde apenas às ambições geopolíticas de Putin, mas também ao pedido do patriarca Kirill, que confiou a Putin a missão de criar a “Terceira Roma” eurasiana nas ruínas da segunda Roma católica, destinada a desaparecer, como todo o Ocidente. — Pode um católico aceitar esta perspectiva?

É profundamentelamentável que um eminente arcebispo católico como Mons. Carlo Maria Viganò apresente a guerra de Putin como uma guerra justa para derrotar o Ocidente. O Ocidente é o filho primogênito da Igreja, cada vez mais desfigurado hoje pela Revolução, mas ainda o primogênito. Um europeu que o negue sob o pretexto de lutar contra a Nova Ordem Mundial é como um filho que se divorcia da mãe.7

Afinal, a Nova Ordem Mundial é uma velha utopia que foi substituída pela da Nova Desordem Mundial.8 Vladimir Putin é, como George Soros, um agente da desordem mundial. Putin — como observa o analista internacional Bruno Maçães — está convencido de que o caos é a energia fundamental do poder e, “com razão, ele pode ser considerado o Yaldabaoth, o demiurgo gnóstico, Filho do Caos e líder dos espíritos do submundo”.9

A Igreja e a queda do Império Romano do Ocidente

Nova Desordem Mundial nos lembra aquela vivida pelo Império Romano do Ocidente sob o impacto das invasões bárbaras. Entre as datas que entraram para a história está 31 de dezembro de 406, quando uma massa de povos germânicos atravessou o rio Reno congelado e invadiu as fronteiras do Império.

Um desses povos, os vândalos, varreu a Gália, atravessou os Pirineus pelo estreito de Gibraltar e devastou as províncias da África romana.

O Império Romano estava imerso no relativismo e no hedonismo, como está hoje o Ocidente. Um dos centros de maior corrupção era Cartago, capital da África romana, que gozava da fama de ser o “paraíso” dos homossexuais. Um autor cristão contemporâneo, Salvian de Marselha (400-451), escreve que “enquanto as armas dos bárbaros chacoalhavam pelas muralhas de Cartago, a comunidade cristã de Cartago se entregava à louca alegria nos circos e girava nos teatros! Fora dos muros ficavam os que foram massacrados, dentro os que fornicavam”.10 Os vândalos, por outro lado, como os povos germânicos descritos por Tácito, viviam “em modéstia reservada, não corrompidos pela sedução dos espetáculos ou excitações de convívio (…). Porque lá os vícios não fazem sorrir, e subornar e ser corrupto não se chama moda”.11

O que os cristãos deveriam ter feito? Abrir as portas aos vândalos?

Santo Agostinho, bispo de Hipona, diante da invasão dos bárbaros não pediu a rendição, mas a resistência contra eles, escrevendo a Bonifácio, governador da África romana: “A paz não se busca para provocar a guerra, mas a guerra é travada para obter a paz. Inspira-te, pois, na paz, para que vencendo possas levar aqueles que tu derrotas ao bem da paz”

A poucos quilômetros de Cartago estava a cidade de Hipona, cujo bispo era Santo Agostinho, que meditando sobre a invasão dos bárbaros compôs sua obra-prima A Cidade de Deus. O governador da África romana era o conde Bonifácio, amigo fiel de Santo Agostinho, definido por Procópio de Cesareia, juntamente com Ezio, como “o último verdadeiro romano”.12 O bispo de Hipona não pediu rendição, mas resistência contra os bárbaros, escrevendo a Bonifácio: “A paz não se busca para provocar a guerra, mas a guerra é travada para obter a paz. Inspira-te, pois, na paz, para que vencendo possas levar aqueles que tu derrotas ao bem da paz”.13

Bonifácio refugiou-se na cidadela de Hipona, sitiada pelos vândalos. Durante o cerco, que durou 14 meses, Santo Agostinho morreu, em agosto de 430, aos 76 anos. Foi somente quando sua voz se calou que os vândalos conquistaram a cidade. A resistência de Bonifácio permitiu que as tropas orientais desembarcassem na África e reunissem suas forças com as dele.

Nos mesmos anos, outros bispos incitaram a resistência contra os bárbaros. São Nicásio foi morto na catedral de Reims; Santo Exupério, bispo de Toulouse, resistiu aos vândalos até a sua deportação; São Wolf defendeu Trier, da qual era bispo; Santo Anian, bispo de Orleans, organizou a defesa de sua cidade contra os hunos, permitindo que as legiões romanas de Ézio chegassem até Átila e o derrotassem.

Os bispos católicos não disseram “Melhor bárbaros que mortos”.

A causa da guerra segundo a Mensagem de Fátima

Se queremos remover a guerra, devemos remover suas causas. E a verdadeira e profunda causa da guerra, da pandemia e da crise econômica que está surgindo no horizonte são os pecados da humanidade que deu as costas a Deus e à sua Lei.

Nas aparições de Fátima em 1917, Nossa Senhora disse que o distanciamento dos povos europeus de Deus conduzia ao castigo divino da guerra.

“Deus está prestes a punir o mundo por seus crimes, através da guerra, da fome e da perseguição à Igreja e ao Santo Padre. Para evitar isso, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se aceitarem os meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.14

A Mensagem de Fátima não é um convite genérico à oração e à penitência; é sobretudo o anúncio de um castigo e do triunfo final na história da misericórdia divina.

João Paulo II consagrou a Rússia?

Há quem pense que a consagração da Rússia já foi feita por João Paulo II quando, em 25 de março de 1984, na Praça de São Pedro, consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, com uma referência “aos povos dos quais esperas a nossa consagração e a nossa guarda”.

A Irmã Lúcia disse inicialmente estar insatisfeita com essa consagração na qual a Rússia não foi explicitamente mencionada, mas depois mudou de opinião, considerando válido o ato de João Paulo II.

A opinião da Irmã Lúcia é certamente autorizada, mas contrasta com as palavras ainda mais autorizadas de Nossa Senhora que ela mesma nos relata.

Com efeito, em 29 de Agosto de 1931, a Irmã Lúcia transmitiu uma terrível profecia de Nosso Senhor ao bispo de Leiria. Ela recebera uma comunicação íntima segundo a qual: “Não quiseram aceitar o meu pedido. Como o rei da França, eles se arrependerão e a farão, mas será tarde demais. A Rússia terá espalhado seus erros pelo mundo causando guerras e perseguições à Igreja. O Santo Padre terá que sofrer muito”.15

Trinta e oito anos se passaram desde 25 de março de 1984. A espetacular autodissolução do regime soviético em 1991, sem insurreições ou revoltas, parecia ser, e talvez fosse, um resultado parcial dessa consagração. Mas a Rússia não se converteu e o comunismo não morreu. Vladimir Putin é um bolchevique nacional que não negou os erros do comunismo, e a China é uma nação oficialmente comunista que em 7 de março de 2022 declarou que sua amizade com a Rússia é “sólida como uma rocha”.

No entanto, mesmo entre os católicos, há quem considere Putin um Kathéchon, um obstáculo à realização da Nova Ordem Mundial, um escudo contra o anticristo que seria o Ocidente, que é a Roma de Pedro. A guerra, diz-se, alargou o estado de emergência da pandemia e isso não pode ser coincidência.

Respondemos que é verdade: a sucessão da guerra à pandemia, com o consequente regime de emergência, não pode ser coincidência, porque o acaso não existe, mas quem segura os fios do universo não é o Big Brother de Orwell, um deus onisciente e onipotente como o deus maligno dos gnósticos. Quem governa o universo e ordena tudo para a glória de Deus é a Providência Divina. Daí vêm os castigos que hoje afligem a humanidade impenitente: epidemias, guerras e amanhã, uma crise econômica planetária. Tudo isso não é preparatório para o advento do anticristo, mas é o cumprimento da profecia de Fátima.

Os bispos ucranianos pediram ao Papa Francisco que consagrasse a Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Aderimos com entusiasmo a este apelo que vem de Kiev sob as bombas.

Nossa esperança

Nenhuma luz de esperança vem de Moscou. Pode uma luz de esperança vir de Kiev?

Em Fátima, Nossa Senhora profetizou a conversão da Rússia, mas a conversão é um regresso às origens e as origens da Rússia remontam à conversão de São Vladimir, Príncipe de Kiev. A Rússia de Kiev foi uma das primeiras nações a entrar no cristianismo medieval, antes de passar pelo domínio dos mongóis e depois dos príncipes moscovitas que assumiram a herança anti-romana de Bizâncio. Uma parte do povo ucraniano manteve a fé católica, e nos concílios de Florença (1439) e de Brest (1595) encontrou o caminho de volta a Roma. Pio XII, na encíclica Orientales omnes Ecclesias, de 23 de dezembro de 1945, exorta os ucranianos a serem perseverantes em sua fidelidade a Roma, porque “quem tiver em conta a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por minha causa a encontrará” (Mt 10, 37ss).

No século V, os godos, os vândalos e os hunos invadiram o Império Romano para compartilhar seus restos mortais. Hoje, Rússia, China, Turquia e o mundo árabe querem apoderar-se do gordo legado do Ocidente, que consideram, como já foi dito, um “doente terminal”.16

Alguém dirá: onde estás, Estilicão, que resististe aos godos? Onde estás, Bonifácio, que defendeste a África dos vândalos? Onde estás, Ézio, que derrotaste os hunos? Onde estais, guerreiros cristãos que pegastes em armas para defender um mundo que estava morrendo?

Respondemos que contra o inimigo atacante temos armas poderosas. Contra a bomba nuclear do pecado, Nossa Senhora colocou a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria nas mãos do Papa, o terço e a devoção dos primeiros sábados do mês em nossas mãos.

Mas, sobretudo, colocou em nossos corações o desejo do triunfo do Imaculado Coração sobre as ruínas do regime de Putin, do regime comunista chinês, dos regimes islâmicos e do Ocidente corrupto. — Só Vós podeis fazer isso; Vós nos pedis uma confiança inabalável de que isso acontecerá, porque Vós o prometestes infalivelmente. É por isso que nossa resistência continua.

ABIM

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NOTAS:

1. Ver Luigi Cajani, Brunello Mantelli, Uma certa Europa: colaboração com as potências do Eixo 1939-1945, Anaisde Luigi Micheletti Foundation, Brescia 1994.

2. “Libero”, 8 de março de 2021.

3. “Libero”, 2 de março de 2021.

4. “L’Œuvre”, 4 de maio de 1939.

5. Ver Gregory Carleton, The Sexual Revolution in Russia, University of Pittsburgh Press, Pittsburgh 2005.

6. Vera Schmidt, Relatório do Asilo Experimental de Moscou, Androeda, Roma 2016.

7. Julio Loredo “A conversão da Rússia”, TFPNewsletter, Especial Ucrânia, 3 de março de 2022.

8. Roberto de Mattei, 1900-2000. Dois sonhos acontecem: construção, destruição, EdizioniFiducia, Roma 1990.

9. Bruno Maçães, “Vladimir Putin está a preparar-se para a guerra?”, em “New Statesman”, 21 de novembro de 2021.

10. Salviano de Marselha, De Gubernatione Dei, VI, 67-68.

11. Tacitus, Deigine et situ Germanorum (Alemanha), 18-19.

12. Procópio de Cesareia, III, 3.14-15.

13. Santo Agostino, Carta 189 ao Conde Bonifácio, cit. de JakubGrygiel, em “A Igreja ensina que a guerra pode ser justa e necessária”, em “Il Foglio”, 18 de maio de 2016.

14. Documentos de Fátima, editado pelo Padre António Maria Martins S.J., Porto 1976, pp. 218-220.

15. Documentos, cit., P. 464. Referência a Luís XIV, que em 1689 não aceitou o pedido de Jesus, transmitido a ele por Santa Margarida Maria Alacoque, de entronizar solene e publicamente o Sagrado Coração, consagrando-Lhe o seu reinado.

* Tradução do original italiano por Hélio Dias Viana.