O Tribunal de Guimarães absolveu hoje os 11 efetivos do Corpo de Intervenção da PSP acusados de agredir e cegar um adepto do Boavista naquela cidade, mas censurou fortemente o seu “corporativismo”, que impediu a identificação dos agressores.
“Os autores das bárbaras agressões estão aqui nesta sala, disso não tenho dúvidas. Só não sei é quem foram ou se foram todos, porque ninguém os conseguiu identificar”, referiu o juiz presidente, na leitura do acórdão.
O juiz criticou a “comunhão de esforços” entre os arguidos para “encobrir” a identidade dos agressores.
“Toda a gente sabe que vocês sabem quem é que fez aquilo”, acrescentou, com críticas ao “corporativismo” que levou a que nenhum deles tivesse denunciado os autores da agressão.
Os arguidos não falaram em tribunal, mas antes, em sede de inquérito e do processo disciplinar interno de que foram alvo, disseram que não viram nada, não agrediram ninguém e não têm responsabilidade nenhuma no caso.
“Com que sentido de justiça declararam que não sabiam, que não viram? Como permitem que se faça isto, que se fechem no corporativismo?”, disse ainda o juiz.
Lembrou que o adepto agredido “ficou em estado muito grave” e sublinhou que “o coração ainda dói mais” por as agressões terem partido da polícia e, concretamente, de um “corpo de elite”.
No entanto, e por não ter conseguido provar o envolvimento dos 11 arguidos no caso, o tribunal optou pela absolvição.
“Era incapaz de condenar quando houvesse dúvidas de que um, ou até meio se isso fosse possível, está inocente”, disse ainda.
O juiz aludiu ainda à “falha muito grave” que diz ser o facto de os agentes do Corpo de Intervenção não terem no seu fardamento qualquer elemento identificativo, nem que fosse apenas “um número”.
Aquele corpo atua com viseira e com capacete, o que torna quase impossível identificá-los.
A advogada do adepto agredido, Andreia Miranda Silva, disse que vai recorrer da absolvição.
“O juiz disse, com todas as letras, que foram aqueles senhores. Por isso, não nos podemos confirmar com a absolvição, sobretudo quando em causa estão lesões tão graves”, referiu.
Os arguidos eram acusados de ofensa à integridade física grave qualificada.
Um dos arguidos é Paulo Rodrigues, presidente da direção da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP).
Os factos remontam a 3 de outubro de 2014, aquando do jogo da 7.ª jornada da I Liga entre o Vitória de Guimarães e o Boavista.
A acusação, deduzida pelo Ministério Público, diz que os 11 arguidos tinham sido destacados, enquanto efetivos do Corpo de Intervenção da PSP do Porto, para, em Guimarães, zelar pelas questões de segurança colocadas pelo jogo.
Acrescenta que, à chegada dos autocarros que transportavam os adeptos do Boavista, um dos arguidos abordou um destes adeptos, instando-o a que se movimentasse para determinado local.
Como este não obedeceu de imediato, “derrubou-o ao solo, colocou-lhe um joelho por cima das costas e fê-lo permanecer deitado no solo de cara para baixo”, refere.
Diz ainda que, de seguida, ele e outros dois arguidos “bateram no referido adepto, nomeadamente com cotoveladas, pontapés, socos e pancadas de cassetete, enquanto os demais arguidos os integraram no interior de um círculo que formaram e assim impediram que lhe fosse prestado socorro”.
No julgamento, o adepto em causa, João Pedro Adrião, disse que, fruto das agressões que sofreu na cara, ficou sem um olho e que, por causa do que aconteceu, não mais conseguiu exercer a sua profissão de advogado.
Disse ainda que tinha casamento marcado para a semana seguinte e que, por causa das consequências das agressões, a cerimónia foi adiada e até hoje ainda não se concretizou
Não conseguiu, no entanto, identificar os agressores, já que estes usavam viseiras e capacetes.
Mais de 23 mil pessoas com menos de 70 anos morrem em Portugal a cada ano, o que equivale a quase 300 mil anos potenciais de vida perdidos.
Os dados constam de uma nova plataforma hoje lançada pela Direção-geral da Saúde – “O ‘Dashboard’ da Mortalidade”, que tem informação centralizada sobre os óbitos em Portugal, permitindo cruzar vários indicadores e obter, por exemplo, as causas específicas de morte.
O último ano com dados disponíveis até ao momento é o de 2017, quando, em termos de mortalidade prematura, se registaram 23.306 óbitos em pessoas com menos de 70 anos, mais de 20% do total da mortalidade, o que está em linha com os números registados desde 2014.
Este número absoluto de mortes representa uma taxa de mortalidade de 2,67 por cada mil pessoas, dentro do grupo de pessoas até aos 70 anos.
Das mais de 23 mil mortes prematuras, o maior número de casos é por doenças oncológicas (mais de 5.600), seguido por doenças ou problemas do aparelho circulatório.
No grupo das pessoas até aos 70 anos, as doenças atribuídas à área da saúde mental foram responsáveis em 2017 por cerca de 2.100 mortes: 1.450 devido a doenças por consumo excessivo de álcool e 723 por suicídio.
A mortalidade prematura afeta mais homens do que mulheres, com uma taxa de 3,7 em mil para o sexo masculino e de 1,7 no sexo feminino.
Os dados referentes ao ano de 2018 ainda devem demorar algum tempo a estar compilados, segundo explicaram hoje aos jornalistas responsáveis da divisão de informação e análise da Direção-geral da Saúde (DGS).
Esta ferramenta da mortalidade permite cruzar dados que respondam a perguntas como “do que se morre mais em Portugal” ou “como varia a taxa de mortalidade neonatal com a duração da gravidez ou com o peso à nascença”.
A plataforma integra dados do Instituto Nacional de Estatística e do sistema de informação dos certificados de óbito.
Depois desta primeira plataforma com dados sobre mortalidade, a Direção-geral da Saúde (DGS) conta lançar outras ferramentas similares para outras áreas, como as doenças respiratórias, a diabetes e o Plano Nacional de Saúde, como adiantou hoje aos jornalistas a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
O
Município de Manteigas, organiza entre os próximos dias 22 a 24 de
novembro, o VI Festival de Fotografia de Paisagem - IMAGINATURE 2019,
com entrada gratuita. A edição deste ano, centrada na temática «As
imagens (que) marcam o lugar», ficará assinalada pela Masterclass
«Técnica e Visão por detrás da Viagem Etérea», do reconhecido
fotógrafo francês Alexandre Deschaumes, pelo debate sob o mote «A
Fotografia e os Lugares: promoção ou destruição?», e ainda por
diversas apresentações que vão subir ao palco do evento através
de um vasto e rico conjunto de oradores/fotógrafos.
Em
pleno outono, esta é a época propícia para os amantes da
fotografia e da natureza visitarem a região da Serra da Estrela,
pintada de dourado. A iniciativa, que promove e valoriza o património
paisagístico da região, atrai os amantes da fotografia de paisagem
e conta com a presença de 11 oradores de referência, incluindo um
destacado fotógrafo francês. Entre masterclass, palestras, passeio
fotográfico, concurso de fotografia e demonstração de equipamento,
esta é a oportunidade perfeita para trocar ideias e partilhar
conhecimentos.
O
evento deste ano conta com mais um dia de atividades em relação às
edições anteriores, 22 de novembro (sexta-feira), dedicado à
comunidade escolar, nomeadamente ao 3.º Ciclo, Secundário e
Profissional, que prevê a realização de sessões sobre o tema
«Explorar e Fotografar a Paisagem», bem como respetiva saída de
campo, sob a orientação do Museu da Paisagem, cuja iniciativa se
integra na Comemoração do Dia da Floresta Autóctone.
O
VI Festival de Fotografia de Paisagem terá como fio condutor a
temática «As imagens (que) marcam o lugar». A paisagem é uma
criação social. Apenas existe quando cada um de nós a contempla,
quando cada ser humano a aprecia, quando a sociedade a defende como
sendo a sua casa e a sua identidade. A paisagem será sempre o lugar
que habitamos.
Cada
paisagem conta-nos algo sobre a nossa história cultural, sobre as
nossas atitudes. Resultado da intervenção humana e da sua vontade
de moldar e transformar o contexto natural de que também é parte
intrínseca, a paisagem define a evolução do Homem.
Desde
1992 que as Nações Unidas reconhecem a relação do Homem com a
paisagem natural como um fator de extrema importância para o futuro
do nosso planeta, tendo criado o conceito de Paisagem Cultural,
protegendo cada lugar classificado, ao mesmo tempo que o potencia
como destino turístico de eleição.
A
representação visual da paisagem sempre teve um contributo
fundamental para que o ser humano criasse consciência da sua cultura
e do elevado valor que o património natural e paisagístico tem para
a sua própria sobrevivência. O património, entendido como a
herança que trazemos do passado, vivemos no presente e entregamos às
gerações futuras, é fonte insubstituível de vida e inspiração,
uma referência seminal da nossa identidade.
A
fotografia, veículo por excelência da representação visual, desde
cedo abraçou a paisagem como um dos seus sujeitos preferidos. O
fotógrafo de paisagem produz imagens que revelam mais do que a
representação gráfica do lugar para onde aponta a sua objetiva.
Cada vez que faz uma fotografia articula a memória subjetiva e
cultural da sua paixão pela terra que pisa.
Ao
mostrar a paisagem da forma mais efetiva que consegue contribui para
a divulgação e a preservação dos lugares e da sua identidade,
incitando à sua visita.
É
este tema atual, que coloca o fotógrafo de paisagem no centro da
divulgação da identidade dos lugares, que o IMAGINATURE pretende
abordar na sua sexta edição.
Com
inúmeras publicações, grupos de discussão, formações e
atividades de lazer, a fotografia de paisagem é um dos estilos mais
populares. Permite a criação de uma ligação ao meio natural,
ajudando igualmente na sua promoção como destino turístico e na
consciencialização da importância da preservação da natureza,
uma tendência iniciada pelos grandes fotógrafos naturalistas do
século passado.
Por
tudo isto, a fotografia de paisagem tem um papel fundamental no meio
que interessa potenciar num Festival como o IMAGINATURE.
Um
leque multifacetado de fotógrafos, mas não só, apresenta
diferentes abordagens à promoção da paisagem e à utilização da
fotografia como meio privilegiado na difusão da identidade cultural
dos lugares que habitamos e visitamos.
Das
serras ao mar, da natureza intocada à paisagem das nossas cidades,
seja na intimidade da terra que se abre debaixo dos nossos pés à
mais grandiosa da sua representação, todas estas abordagens estarão
presentes. Prometemos que vai ver a paisagem como nunca a viu,
através das emoções e das razões de quem se deixa tocar por ela
com uma câmara fotográfica na mão.
XXXIII
Concurso Fotográfico de Manteigas | Fotógrafo de Paisagem do Ano
O
IMAGINATURE acolhe, provavelmente, o mais antigo concurso de
fotografia nacional de natureza, que este ano celebra 33 anos. A
edição deste ano contou com cerca de uma centena e meia de
participantes e recebidas próximo das 750 imagens. O Concurso
Fotográfico de Manteigas irá reconhecer os fotógrafos que se
destacaram nos seguintes temas: «Manteigas: Vale por Natureza»,
«Paisagens Naturais de Portugal» e «As imagens (que) marcam o
lugar». A iniciativa vai distinguir o Fotógrafo de Paisagem do Ano.
IMAGINATURE
2019 - VI Festival de Fotografia de Paisagem
Local:
Auditório Municipal de Manteigas | Rua 1.º de Maio | 6260-101
Manteigas, Portugal
Conteúdos:
Masterclass, palestras, passeio fotográfico, concurso de fotografia
e demonstração de equipamento.
Inscrição
obrigatória até 21 de novembro.
Consulte
o programa do Festival e todas as informações em
A Câmara Municipal, reunida a 6 de novembro, aprovou por unanimidade a abertura do concurso público para a construção da Área Empresarial do Rego da Murta, pelo preço base de € 1 795 932,07 (valor já com IVA).
A empreitada terá a duração de oito meses e prevê a criação e infraestruturação de 48 lotes modelares, admitindo-se que possam ser agregados em função das necessidades das empresas a instalar, numa área de intervenção superior a 12 ha.
A obra em causa será parcialmente financiada por fundos comunitários, tendo o projeto sido admitido por parte da entidade gestora dos fundos do Programa Operacional da Região Centro.
A expectativa do executivo Municipal é a de que a obra possa iniciar-se no primeiro semestre do próximo ano, decorridos os previsivelmente morosos procedimentos inerentes à contratação pública e a análise do Tribunal de Contas.
A execução da Área Empresarial do Rego da Murta constitui um eixo importante da estratégia de desenvolvimento empresarial do concelho que está a ser dinamizada pelo executivo liderado por Célia Marques, e que inclui outras medidas já em vigor, como a incubação de empresas, o financiamento de projetos de empreendedorismo ou a isenção de taxas para a atividade empresarial, que, no conjunto, integram o denominado programa “Alvaiázere+”.
O Palato - Gastronomia Tradicional do Concelho de Proença-a-Nova é o tema escolhido para os trabalhos a apresentar pelos participantes da 3º edição do Prémio Literário Pedro da Fonseca que decorrerá em 2020 e foi aprovado em reunião de Câmara realizada a 4 de novembro, precisamente no dia em que se assinalou 420 anos da morte de Pedro da Fonseca.
A temática da terceira edição do Prémio Literário Pedro da Fonseca engloba as tradições e pratos típicos como a tigelada, o plangaio, o maranho, o pão e broa em forno de lenha, os que resultem da matança do porco, o afogado da boda, o cabrito assado, o bolo finto, as broas de mel, a salada de almeirão, as filhós, o queijo de cabra ou outros que derivem dos recursos do território e que nele sejam tradição. Esta escolha, à semelhança dos anteriores, tem como objetivo valorizar o património material e imaterial do concelho, neste caso concreto, a cultura gastronómica, reforçando a aposta que o Município tem feito através dos festivais gastronómicos do seu calendário anual (sendo exemplo a Adega Típica, Sopas e Condutos, Cereja e Limão, Tigelada e Mel, Plangaio e Maranho e Mercado dos Sabores de Natal), ou da participação em iniciativas como o concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal em que a tigelada ficou entre os 28 finalistas a nível nacional.
Para os interessados em concorrer na edição do próximo ano, recordamos que o prazo para a entrega dos trabalhos acontece entre o primeiro dia útil de janeiro até ao último dia útil de fevereiro e está aberto a todos os cidadãos, desde que redigidos em Língua Portuguesa. O regulamento está disponível aqui.
A 7 de dezembro, pelas 17 horas, na Casa das Associações, é apresentado o livro resultante da segunda edição que decorreu em 2018, cujo tema foi o ritual das Janeiras e a da Encomendação das Almas, e será aberta a quem quiser assistir.
A edição de 2019 do Mercado dos Sabores de Natal traz muitas novidades: um novo local e novas datas. Este ano, o Município de Proença-a-Nova quer levar o espírito de Natal para o Mercado Municipal e para a Praceta Frei Rodrigo Egídio, ao longo de três fins de semana de dezembro – 7 e 8, 14 e 15, 21 e 22 (sábados das 10h às 20h e domingos das 10h às 16h).
Iluminação decorativa de natal, animação temática, espaços de venda com artesanato e produtos gastronómicos, tasquinhas e bancas, com destaque para a venda da tradicional filhó serão uma constante ao longos dos dias de mercado. A animação durante o evento terá especial foco o público infantil e juvenil, com destaque para a casinha do Pai Natal com os seus ajudantes, espetáculo de teatro e circo, pinturas faciais e modelagens de balões pelo grupo Gabba, arruadas com a banda Brass Fusion, a Marchinha do Botequim e grupo de acordeonistas locais e os ateliers temáticos do Centro Ciência Viva da Floresta.
Para os interessados em participar como expositores haverá três tipos de espaços: stands destinadas à venda de petiscos, bebidas diversas e gastronomia regional; balcões no interior do mercado; e espaço no interior das lojas do mercado e stands dispostos na Praceta Frei Rodrigo Egídio disponíveis para a venda de artesanato e produtos regionais.
As inscrições estão a decorrer até 22 de novembro. O novo regulamento e a respetiva ficha de inscrição estão disponíveis no site do Município em www.cm-proencanova.pt
Decorre até dia 29 de novembro, o período de candidaturas para a 11.ª edição das Bolsas de Estudo do Ensino Superior e Politécnico promovidas pela Câmara Municipal de Estarreja.
Destinado a estudantes dos 17 aos 25 anos residentes no concelho, este programa anual prevê a atribuição de 10 novas bolsas, com um valor mensal até 125€ (consoante o escalão), durante um período de 10 meses, correspondente ao ano letivo. O programa prevê ainda a possibilidade de renovação de bolsas atribuídas em edições anteriores.
Com a criação das Bolsas de Estudo do Ensino Superior em 2009, a Câmara passou a auxiliar na formação qualificada dos jovens que necessitam desta ajuda. A prestação pecuniária é destinada à comparticipação nos encargos inerentes à frequência do ensino superior.
Acreditando que a educação e a formação são fatores essenciais para o desenvolvimento económico e social do concelho, a Câmara Municipal de Estarreja procura desta forma motivar os jovens a estudar, apoiando financeiramente os que não dispõem dos meios económicos suficientes. Em contrapartida, o bolseiro disponibiliza 80 horas por ano de serviço à comunidade enquadradas em programas municipais.
Candidaturas no GAME
As candidaturas devem ser apresentadas no GAME - Gabinete de Atendimento ao Munícipe de Estarreja, que funciona no Edifício dos Paços do Concelho, entre as 9h e as 16h. São consideradas como condições preferenciais na atribuição das bolsas de estudo o menor rendimento per capita do agregado familiar e o melhor aproveitamento escolar.
Esta é a 11.ª edição do programa municipal. Nas últimas 10 edições, foram atribuídas um total de 163 bolsas aos estudantes estarrejenses.
Um pedaço do Muro de Berlim, derrubado em 1989, permanece no Santuário de Fátima para celebrar a paz, 30 anos após um acontecimento que reconfigurou a Europa e mudou o curso da história mundial.
Inaugurado em 1961 para impedir a passagem de cidadãos da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental, o muro caiu 28 anos depois, sob a pressão de milhares de pessoas nas ruas, em 09 de novembro de 1989, o que levou à reunificação do país.
“A leitura de que este pedaço do Muro é um símbolo da liberdade religiosa para um mundo de paz é assumida pelo santuário, desde a sua hierarquia até àqueles que peregrinam neste espaço”, disse à agência Lusa o Diretor do Departamento de Estudos e do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, a propósito os 30 anos da queda do muro de Berlim.
O historiador recordou que, “até à queda do Muro de Berlim, era impossível do outro lado da Cortina de Ferro assumir-se a comunidade como crente, acreditar naquilo que é uma leitura sobrenatural da História”.
Um emigrante português radicado na Alemanha ofereceu um fragmento daquela barreira de betão ao Santuário de Fátima, no concelho de Ourém, distrito de Santarém, o qual depois foi colocado numa das entradas do complexo religioso, fazendo parte de um monumento inaugurado em 1994.
Para Marco Daniel Duarte, o monumento recorda “a mensagem de paz que Fátima tem desde a primeira hora, em 1917, sobretudo quando ela é olhada a partir de uma leitura crente da História”.
“O papa João Paulo II, quando vem aqui em 1999, diz claramente que Fátima está ligada de forma umbilical ao desmoronamento desse império soviético que tinha como leitura da História o pilar do ateísmo”, enfatiza.
Neste contexto, Marco Daniel Duarte admite que “toda a ação humana é política” e que a religião “não pode ser lida” sem ter em conta “o governo da polis”.
“Temos de perceber, dentro daquilo que é a política dos governos das nações, se existe ou não lugar para uma leitura da ação humana a partir dos critérios do sobrenatural”, adianta.
Logo em 1917, as chamadas “aparições marianas” a três crianças que apascentavam ovelhas na Cova da Iria — Lúcia Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto — foram encaradas pela Igreja Católica como “uma mensagem política em ordem à paz mundial”, refere o diretor do Museu de Fátima.
Francisco e Jacinta morreram de doença ainda crianças e foram canonizados pelo papa Francisco, em 2017, no centenário do fenómeno de Fátima.
Lúcia faleceu em 2005, com 97 anos. Sendo recente a sua beatificação, o processo de canonização da terceira vidente de Fátima pode demorar mais alguns anos.
Luciano Guerra era reitor do Santuário de Fátima quando, em 1991, foi contactado por Virgílio Casimiro, residente na Alemanha, para que a instituição recebesse um fragmento do Muro de Berlim que tinha adquirido com outros portugueses.
“Tenho impressão que foi uma promessa que ele fez”, contou à Lusa, recordando ter acolhido a ideia ao verificar que se tratava de “uma iniciativa séria”.
A proposta, defendeu, “tinha a ver com a mensagem de Fátima, que promete a conversão da Rússia”, em 1917, quando a Revolução de Outubro levou ao poder o Partido Bolchevique, de Vladimir Lenin.
Na sua opinião, o emigrante “captou a importância do Muro e a relação que aquilo pode ter com Fátima”, em especial “a liberdade relativamente ao jugo comunista da Rússia”.
Luciano Guerra entende que o Muro de Berlim simboliza uma época de “perseguição religiosa e ao mesmo tempo de enquistamento humano numa autoridade que, se oprimiu os homens, também os oprimiu porque não acreditou em Deus”.
O monumento alusivo ao Muro de Berlim inclui uma lápide com palavras proferidas por João Paulo II, na sua segunda visita a Fátima, em 1991: “Obrigado, celeste pastora, por terdes guiado com carinho os povos para a liberdade”.
A greve do pessoal de cabine da Lufthansa vai afetar hoje e sexta-feira pelo menos seis voos com origem ou destino em Portugal, quatro em Lisboa e dois no Porto, segundo dados disponíveis na página eletrónica da ANA.
Cerca das 11:00, no ‘site’ da ANA — Aeroportos de Portugal, surge como cancelada no aeroporto de Lisboa a chegada prevista para as 22:50 de hoje do voo da companhia aérea alemã proveniente de Munique, enquanto no aeroporto do Porto foram cancelados o voo proveniente de Frankfurt (que deveria ter aterrado às 11:20) e a partida, com destino a Frankfurt, agendada para as 12:10 de hoje.
Também como canceladas surgem já as chegadas previstas para sexta-feira ao aeroporto da Portela dos voos da Lufthansa provenientes de Munique (que deveria aterrar em Lisboa às 22:40) e de Frankfurt (previsto para as 22:45), assim como a partida com destino a Munique às 06:10 de sexta-feira.
A Lufthansa anunciou na quarta-feira o cancelamento de um total de 1.300 voos hoje e sexta-feira, depois de não ter conseguido que a justiça travasse uma greve convocada pelo sindicato do pessoal de cabine UFO.
Em comunicado, a companhia precisou que cerca de 2.300 dos 3.000 voos previstos para hoje e 2.400 dos 3.000 programados para sexta-feira serão efetuados, o que vai afetar no total 180.000 passageiros.
A greve arrancou às 23:00 de quarta-feira (hora de Lisboa, mais uma hora na Alemanha) e vai durar até às 23:00 de sexta-feira, abrangendo “todos os voos” com partida de aeroportos alemães, sejam domésticos ou internacionais, segundo o sindicato UFO.
Em comunicado, o sindicato referiu que decidiu recorrer à greve devido “à recusa persistente da Lufthansa em negociar” as suas reivindicações, incluindo um aumento das remunerações.
A Lufthansa tem contestado a legitimidade deste sindicato para representar os trabalhadores, mas a sua tentativa de impedir a greve foi rejeitada pelo tribunal de trabalho de Frankfurt, tendo a companhia recorrido da decisão.
A companhia afirmou que outras companhias do grupo (Eurowings, Germanwings, Sunexpress, Lufthansa Cityline, SWISS, Edelweiss, Austrian Airlines, Air Dolomiti e Brussels Airlines) não serão afetadas pela greve, estando a a ser analisada a possibilidade de estas companhias poderem utilizar aparelhos maiores para serem oferecidas outras opções aos passageiros afetados pela greve.
CASTELO DE PAIVA APRESENTOU HOJE “SALAS DO FUTURO” NOS AGRUPAMENTOS ESCOLARES DO CONCELHO
O Município de Castelo de Paiva apresentou hoje, no âmbito Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar, que está a ser desenvolvido pela Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, as duas Salas do Futuro localizadas nos Agrupamentos Escolares existentes no concelho, espaços avançados de aprendizagem, equipados com robótica, ecrãs interactivos, impressora 3D, mesa interactiva, tablets, equipamentos de fotografia e vídeo, uma espécie de “laboratório para dinamizar a aprendizagem e inovação”, conforme destacou na sua intervenção o edil paivense, Gonçalo Rocha.
Os dois espaços lectivos, designados “Salas do Futuro”, ficam localizados na Escola Secundária e outro na Escola Básica 2.3 do Couto Mineiro do Pejão, e são inspirados em soluções tecnológicas modernas que já existem noutros países europeus e entram funcionamento a partir desta semana, representando um investimento de 400 mil euros, dos quais 15% do investimento é suportado pelo orçamento municipal.
Na cerimónia de apresentação pública, realizada em ambos os agrupamentos escolares, para além do presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, estiveram presentes o presidente da Assembleia Municipal, Gouveia Coelho, os Vereadores António Rodrigues, José Manuel Carvalho e Manuel Junot, o Secretário Executivo da CIM do Tâmega e Sousa, Telmo Pinto, para além de Beatriz Rodrigues e Emília Silva, directoras dos Agrupamentos Escolares, autarcas locais, representantes das Associação de Pais e Encarregados de Educação, professores e outros responsáveis escolares.
As salas agora inauguradas, estão equipadas com mobiliário escolar com mesas e cadeiras com design e cores diferentes do tradicional, quadros interactivos, carros de carregamentos para dispositivos electrónicos, ecrãs de visualização de conteúdos multimédia, computadores portáteis e mobiliário específico para 30 alunos desenvolverem técnicas de aprendizagem no âmbito das novas tecnologias, tudo desenvolvido para que haja uma grande interactividade tecnológica entre alunos e professores, melhorando a qualidade do ensino e potenciado o sucesso escolar, possibilitando boas condições de aprendizagem e que todos tenham um percurso escolar mais enriquecedor.
Nas sua intervenções, o presidente Gonçalo Rocha lembrou os grandes objectivos deste projecto educativo financiado pelo Quadro Comunitário 2020, como grande aposta no combate ao insucesso escolar e a criação de boas condições de aprendizagem, com recurso a ferramentas tecnológicas de ultima geração que estão associadas ao desenvolvimento escolar, reforçando a importância do projecto e o seu impacto no processo pedagógico, por permitir igualdade de oportunidades, possibilitando que, alunos de meios rurais que nem sempre têm facilidade de acesso às tecnologias mais avançadas, tenham agora essa possibilidade de melhorar a sua aprendizagem.
O autarca congratulou-se pela concretização destas dinâmicas educativas, tornando a comunidade escolar mais preparada, valorizada e motivada, considerando ser uma valência importante para reforçar a preparação dos jovens para a vida futura, contemplando a capacitação de alunos e professores, ao mesmo tempo que recordou a aposta na educação que a Câmara Municipal tem assumido nos últimos anos, destacando que a requalificação da EB1 de Oliveira do Arda vai avançar em breve.
Beatriz Rodrigues, directora do Agrupamento de Escolas de Castelo de Paiva, agradeceu o investimento realizado, evidenciando a igualdade de oportunidades na dinâmica de aprendizagem, com ferramentas tecnológicas importantes que ficam disponíveis para todos os alunos do agrupamento, possibilitando um melhor nível de ensino e relevando o interesse em se continuar a investir na educação, como a melhor arma para ajudar ao conhecimento e a melhorar o Mundo.
Por sua vez, Emília Silva, directora do Agrupamento de Escolas do Couto Mineiro do Pejão, elogiou este projecto educativo, agradecendo a todos os envolvidos na sua concretização, reforçando o seu interesse no combate ao insucesso e abandono escolar, e no contributo que vem dar à melhoria do ensino, deixando uma palavra de agradecimento ao Prof. Rui Pereira que nesta escola tem coordenado com sucesso esta área das novas tecnologias e incentivado um alto nível de aprendizagem, complementando este projecto com outras valências ao nível do vídeo, fotografia, cinema e impressão 3D, capacitando os alunos para novas experiencias e conhecimentos mais profundos nestas áreas.
Telmo Pinto, Secretário Executivo da CIM do Tâmega e Sousa, falou num investimento de quase 8 milhões de euros na implementação deste projecto nos diversos municípios da comunidade, da importância de tirar bom proveito destas ferramentas tecnológicas, possibilitando uma melhor preparação dos alunos para a vida futura e, não deixou de lançar o desafio, de abrir a escola à comunidade, incentivando que estas Salas do Futuro estejam à disposição de todos.
Arrancou ontem o “Fora de Estante” que se prolonga até ao próximo sábado. O primeiro dia do evento fica marcado pela inauguração de dois novos espaços na Biblioteca Municipal: um de oficinas criativas, “Espaço Maker”, e outro destinado a jogos “Espaço Gaming”, dirigido a miúdos e a graúdos.
Arrancou ontem o “Fora de Estante” que se prolonga até ao próximo sábado. O primeiro dia do evento ficou marcado pela inauguração de dois novos espaços na Biblioteca Municipal: um de oficinas criativas, “Espaço Maker”, e outro destinado a jogos “Espaço Gaming”, dirigido a miúdos e a graúdos.
Dois novos espaços para um Biblioteca ainda mais multifacetada
E foi na abertura desta iniciativa que Isabel Simões Pinto, vereadora da Cultura, salientou que se pretende que o “Espaço Maker” seja “um local de estímulo à criatividade, de reutilização e de experimentação combinado com as novas tecnologias, aberto a toda a comunidade, porque afinal a Biblioteca é um lugar onde cabe toda a gente”. Para a vereadora da Cultura, inovar é a palavra de ordem. “Todos são desafiados a pôr as mãos à obra e criar, reutilizar, fazer, persistir.” Equipado com máquina de costura, caneta 3D, ferramentas e materiais diversos, o “Espaço Maker” promete estar em constante construção e atualização procurando responder às necessidades dos utilizadores.
Já no “Espaço Gaming”, Isabel Simões Pinto referiu que “a aventura e, essencialmente, a aprendizagem vão marcar este novo espaço da Biblioteca.”
Perante uma audiência com alunos da Escola Secundária de Estarreja e utentes da Associação Humanitária de Salreu, a autarca frisou “a importância da evolução das Bibliotecas no acompanhamento dos novos tipos de conhecimento, sendo um motor para a aprendizagem e para a descoberta.”
Uma Biblioteca. Várias artes. Para si. Para todos.
É inclusiva, disruptiva, dinâmica, tecnológica. A Biblioteca Municipal é um espaço de democratização de acesso à cultura e ao conhecimento em todas as suas dimensões. Da cultura à informação, da educação ao entretenimento, é essencialmente um local onde coabitam vários saberes sem limites de idades.
Com apenas 15 anos, Joana Valente pensa que “estes projetos tão inovadores incentivam os mais jovens a frequentarem as Bibliotecas que tomam como espaços pouco interessantes.” A aluna do 10.º ano da Escola Secundária de Estarreja ficou impressionada com o “Espaço Maker”, porque “sou uma amante das artes plásticas e aqui sei que terei a oportunidade única de criar e de experimentar sem limitações.”
“Esta articulação com todas as áreas de conhecimento e as artes é excecional, sobretudo porque permite à comunidade usufruir destes espaços nas suas diferentes atuações”, destacou a docente Manuela Afonso.
Uma participante frequente das atividades da Biblioteca, Maria Elisa Ferreira, de 85 anos, disse que “é tão bom participar nestas ações. Por exemplo, hoje temos imenso tecido e outras coisas para fazermos os trabalhos manuais de que tanto gostamos.”
“Estas ideias são um encanto para nós”, exclamou Maria Elisa Ferreira, de 83 anos. “Nunca pensei manusear um pequeno tear, um equipamento que desconhecia, e consegui tecer camisolas para ilustrar a história dos “Três Porquinhos”. “Quando venho cá sinto que não paro e que realmente não há idade para aprender”, frisou a utente da Associação Humanitária de Salreu.
1.ª edição do Fora da Estante já começou
Durante quatro dias, o “planeta Biblioteca” tem super-heróis na 1.ª edição do “Fora da Estante”, dedicada à Cultura Pop. Mercado Pop (feira de livro), workshops, conversas, animação e exposição são mais bons motivos para visitar a Biblioteca Municipal de Estarreja durante estes dias.
Programa
Quarta-feira a sábado, 6 a 9 de novembro
Mercado PopInGame
Quarta e quinta-feira, 6 e 7 de novembro – público escolar
Visitas guiadas à exposição “Cenas Pop”
Workshop Pintura em Película, pelo Cine-Clube de Avanca - alunos do 3º ciclo e secundário
Quarta-feira, 6 de novembro
10h30 Inauguração do Espaço Gaming e do Espaço Maker
Sexta-feira, 8 de novembro
17h30 Inauguração da Exposição “Cenas Pop” (patente até 30 novembro)
18h00 Oficina de escrita/ edição de BD, com Diogo Carvalho – público em geral
21h00 Exibição de curtas-metragens e tertúlia com os autores
“Porque é este o meu ofício”, de Paulo Monteiro
“Sleepwalk", de Filipe Melo, premiado pelos prémios Sophia 2019
“Antes que a noite venha - Falas de Antígona”, de Joaquim Pavão
“Sendas”, de Raquel Felgueiras
Cine Clube de Avanca
Sábado, 9 novembro
Café de boas vindas
10h “Mescla de Cenas Pop”
Diogo Carvalho – moderador
- “A Banda Desenhada na perspetiva de autor e editor”
André Morgado (autor e proprietário da editora Bicho
- “Videojogos e aprendizagem: o papel das bibliotecas”
Carlos Pinheiro
- “A Experiência da Bedeteca de Beja”
Paulo Monteiro
- “Qual o poder dos super-heróis na vida das crianças?”
Mónica Gaspar
Os super-heróis para além de fazerem uso de superpoderes trazem um legado de inspiração e coragem. Vamos falar dos aspetos, influências e valores positivos que estes heróis podem trazer para a vida das crianças e jovens.
12h30 Almoço livre
14h00 Workshops (inscrições limitadas)
- Jogos e gamificação na biblioteca: como e porquê, com Carlos Pinheiro
O projeto LaserNAVI – robô colaborativo baseado em inteligência artificial (IA) para o tratamento laser de lesões vasculares, foi selecionado, por um júri internacional de especialistas, como um dos 5 projetos mais inovadores e com maior potencial económico da competição internacional de robótica médica - KUKA Innovation Award 2019. Competição esta, onde, especialistas de todo o mundo foram encorajados a apresentar propostas de novos conceitos de robótica colaborativa que possam melhorar os tratamentos médicos atuais.
Cada equipa finalista teve acesso, durante 1 ano, a um robô KUKA LBR Med para desenvolver os seus projetos. Durante este período, beneficiaram também, de formação na sede da empresa na Alemanha e acompanhamento técnico por especialistas da KUKA.
Os 5 projetos finalistas serão apresentados, de 18 a 21 de novembro 2019, na principal montra de dispositivos médicos do mundo, a MEDICA em Düsseldorf na Alemanha. Durante os 4 dias do evento os projetos finalistas serão apresentados aos principais stakeholders e investidores da área da saúde. O projeto vencedor receberá também um prémio no valor de 20.000 €.
O consórcio liderado pelo 2Ai-IPCA, com coordenação técnica de João L. Vilaça, visa combinar conceitos de inteligência artificial com a área da robótica colaborativa para melhorar a identificação e tratamento de lesões vasculares por aplicação laser. O procedimento médico atual, realizado anualmente em milhões de pessoas por todo o mundo, apresenta reconhecidas dificuldades de aplicação pela elevada curva de aprendizagem que compreende. Para diminuir essa dependência, o LaserNAVI (tecnologia patenteada), dispõe de um sistema de visão baseado em IA e realidade aumentada para deteção de lesões vasculares, e, de uma interface natural baseada na colaboração humano-robô que assegura uma precisa e segura aplicação do tratamento. É expectável que a introdução deste sistema, pela sua facilidade de utilização e eficácia, permita reduzir o tempo e custo do tratamento, minimizar potenciais complicações associadas ao erro humano e, desta forma, aumentar a confiança de médicos e doentes na adesão à terapêutica.
A orientação clínica deste projeto está a cargo do cirurgião cardiotorácico António Lúcio Baptista e apresenta a seguinte equipa de investigadores, Bruno Oliveira (investigador 2Ai-IPCA e ALGORITMI-UM - aluno de doutoramento deste projeto), Pedro Morais (investigador 2Ai-IPCA), Fernando Veloso (investigador 2Ai-IPCA), António Moreira (investigador 2Ai-IPCA), Reinaldo Ribeiro (empresário da área da robótica), e Jaime Fonseca (investigador ALGORITMI-UM e co-coordenador).
O Conselho Nacional de Educação (CNE) defende que chumbar um aluno "não serve para nada" e acredita que combater esta prática não será uma porta ao facilitismo porque a ideia não é "passar sem saber".
Para a presidente do CNE, Maria Emília Brederode Santos, a recente polémica em torno do programa do Governo de reduzir ao mínimo os chumbos no ensino básico não pode ser vista como um quadro a preto e branco.
“É muito importante que se perceba que a alternativa não é, nem pode ser, entre chumbar ou passar sem saber”, defende em entrevista à agência Lusa, no âmbito dos dois anos de mandato à frente do CNE.
Portugal é um dos países da OCDE com taxas de reprovação mais elevadas. Só no ano passado, chumbaram 50 mil alunos no ensino básico. Além disso, este é um fenómeno que atinge sobretudo alunos de meios socioeconómicos carenciados.
A responsável entende que os alunos com dificuldades não devem “reprovar e repetir o ano todo outra vez” mas sim ter um apoio específico.
“É aí que nós apostamos, para que haja outro tipo de estratégias que ajudem os miúdos a aprender sem ser preciso recorrer à reprovação, que não serve para nada”, defende Maria Emília Brederode Santos.
A taxa de retenções e desistências no ensino básico tem vindo a diminuir, tendo caído de 7,9% em 2015 para 5,1% em 2018. O Governo diz querer reduzi-lo ao mínimo.
O programa do Governo, conhecido no final de outubro, prevê a criação de um “plano de não retenção no ensino básico, trabalhando de forma intensiva e diferenciada com os alunos que revelam mais dificuldades”.
À semelhança do que já defendia David Justino, seu antecessor no cargo, também Maria Emília Brederode Santos considera que facilitismo é a “cultura da retenção”.
“Tanto se pode acusar de facilitismo em relação aos alunos, como se pode acusar a escola de facilitismo", porque diz: “ai não aprendes, ficas, repetes”. Isso é que é facilitismo, acho eu”, disse a pedagoga formada em Ciências da Educação.
Dando como exemplo o caso finlandês, onde não se chumba e os resultados são de excelência nos testes internacionais, Maria Emília Brederode Santos defende que a cultura de reprovação dos países do sul “tem de mudar”.
“Isto já não é como antigamente, em que o professor vinha dar as suas aulas, os alunos ouviam e tentavam assimilar. Alguns conseguiam, outros não. Agora a aposta é que todos têm mesmo que aprender e que há muitas maneiras diferentes de aprender. Acho que as escolas estão a fazer essa procura”, disse a especialista em inovação educativa.
Entre as propostas do Governo estão projetos de “autonomia reforçada para as escolas com piores resultados”, adequando a oferta curricular aos alunos, reforçando, por exemplo, o ensino das línguas, das artes ou do desporto, programas de mentoria entre alunos, para “estimular a cooperação entre pares”, e uma aposta declarada no ensino da matemática, a disciplina com mais insucesso.
No combate ao insucesso escolar estão ainda inseridas medidas de reforço de ação social e de apoio a famílias vulneráveis, mas também uma aposta na deteção precoce de dificuldades, com uma maior atenção no pré-escolar a dificuldades de linguagem e numeracia.
Maria Emília Brederode Santos admite que possa haver nesta fase “um certo desnorte” entre os professores, provocado por um “excesso de documentos orientadores” — o Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória, o diploma da educação inclusiva, as regras da flexibilidade curricular – que não lhes permite perceber o que devem seguir, mas acredita que é “uma fase transitória” e que se a desordem servir para estimular o debate, “não é necessariamente negativo”.
Mais do que violência, escolas têm problema de indisciplina crescente
Um “problema de indisciplina crescente”, mais do que “violência crescente”, é a leitura que a presidente do Conselho Nacional de Educação faz das recentes notícias de agressões nas escolas, “sintoma de um certo mal-estar”.
“Do que vi não há um problema de violência crescente, pode haver um problema de indisciplina crescente, mas de violência, lá está, as estatísticas dizem que não. Dá jeito saber e comparar números. Apesar de tudo são sintoma de um certo mal-estar. São casos pontuais, mas são sintoma de um mal-estar, que obviamente tem que se lhes dar atenção”, disse a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Maria Emília Brederode Santos, em entrevista à Lusa.
Nas últimas semanas foram conhecidos vários casos de agressões, contra professores e funcionários, que levaram representantes dos pais e diretores escolares a reagir e a garantir que as escolas não estão transformadas em “campos de batalha”, concordando com a posição transmitida pelo Ministério da Educação de que se tratam de “casos pontuais”.
A indisciplina é maior, quanto mais velhos são os professores, segundo um estudo divulgado em 2016 da autoria do projeto aQeduto, uma parceria do CNE com a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
O envelhecimento da classe docente é precisamente um dos grandes problemas da Educação: Apenas 1% dos professores tem menos de 30 anos e 41% tem pelo menos 50 anos, segundo o relatório anual sobre educação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), Education at a Glance, divulgado em setembro.
Maria Emília Brederode Santos não entende o envelhecimento como um problema em si mesmo, lembrando que a idade é quase sempre sinónimo de experiência. Para a presidente do CNE, mais preocupante pode ser o facto de esse conhecimento acumulado não estar a ser transmitido aos mais novos.
No entanto, reconhece que é preciso acautelar a saída dos professores mais velhos: “Daqui a pouco tempo vão sair muitos para a reforma e, portanto, terá que haver uma alternativa para os substituir”.
Neste momento uma das preocupações do CNE é o racismo que ainda existe dentro dos muros da escola. A esse propósito, o conselho tem em preparação uma recomendação sobre educação para a cidadania e antirracismo, revelou a presidente.
“É bom que nos demos conta que existe algum racismo, pode não ser tão grave como noutras situações, mas existe e a escola, mais uma vez, é o meio para se conseguir superar isso”, disse.
Maria Emília Brederode Santos lembrou que é preciso virar o foco para as crianças e jovens “mais invisíveis” ou que possam estar sujeitas a discriminação. A estas, as escolas devem dar mais atenção.
No mesmo sentido, continuou, deve-se olhar com mais atenção para as minorias étnicas ou para as crianças com necessidades educativas especiais.
Já sobre o ensino superior, a pedagoga acredita que o modelo de acesso “vai ter que ser repensado” e terá de “ser mais alargado” porque “em toda a parte quase que o ensino superior está a tornar-se obrigatório”.
No anterior mandato, foi pedido ao CNE um parecer sobre a matéria e a presidente espera que na legislatura que agora começou este seja “um tema importante” a ser repensado.
Evitando alongar-se sobre o tema, uma vez que o CNE tem uma recomendação em preparação, defendeu, no entanto, que para além de alargar o acesso, o ensino superior “vai ter que rever um pouco a sua própria pedagogia”.
“Se nos primeiros anos, o aluno não tem determinadas competências que a instituição de ensino superior entende que devia ter, terá que as promover e não ficar à espera que só lhe cheguem alunos que já têm as competências que querem”, disse, a propósito dos diferentes níveis de preparação que os alunos podem ter à entrada consoante o regime em que concluíram o ensino secundário.
Uma das ideias em cima da mesa era alterar as condições de acesso para os alunos provenientes das vias profissionais, eliminando a obrigatoriedade de prestarem provas em matérias que não faziam parte do seu currículo, mas acabou por não avançar na anterior legislatura.