Caros
colegas dadores de sangue,
Dia
14 de Junho comemora-se o Dia Mundial do Dador de Sangue, instituído
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o propósito de
prestar homenagem pública aos dadores e ex-dadores de sangue.
Em
Portugal esta data pouca atenção tem merecido da parte das
entidades que deviam dar a dignidade que lhe é devida. Se nesta área
estamos mal, pior acontece em relação aos dadores de sangue pela
forma como são tratados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), pois
estes começaram a ser vistos como um produto comercial lucrativo, só
assim se compreende a causa da redução de brigadas que passaram a
registar um decréscimo de adesão de dadores e com base naquela
lógica deixaram de ser feitas.
Aconteceu
com a ADASCA na localidade de Cacia onde vinham sendo realizadas três
sessões de colheitas anuais, onde fomos obrigados a reduzir para
duas, tendo em conta o custo benefício financeiro das mesmas,
justificação adiantada na altura. Provavelmente em muitas
localidades do País aconteceu o mesmo.
A
inversão de certos valores sociais e morais nesta área deixam-nos
numa situação profundamente desconfortável. Quando nos é dado
ouvir frases como: “os dadores são dignos do nosso respeito”,
“os dadores são merecedores de mais e melhor”, “os dadores são
uns heróis”, “não podemos passar sem os dadores”, além de
outras elaboradas conforme as circunstâncias e o ambiente de
natureza política envolvente.
Verdade
seja dita e assumida, fico incomodado, porque na prática, e no
dia-a-dia não passam de frases sem substancia, esfumam-se. Em tempos
não muito longínquos, alguma imprensa avalizou declarações
expressas publicamente pelo então Hélder Trindade (ex-presidente do
Conselho Directivo do IPST) quando nos apelidou de terroristas de
sangue, de sindicalistas, esquecendo-se que todos os dirigentes
associativos (salvo alguns donos disto tudo) são voluntários,
muitos deles assumindo despesas do seu bolso para a realização de
iniciativas para que os jovens venham a aderir à dádiva. Sim, neste
campo há de tudo para todos os gostos, quem não alinhar passa a ser
visto e tratado como arruaceiro, incomodativo senão mesmo a abater.
Apesar
da notória desconsideração para com a Associação de Dadores de
Sangue do Concelho de Aveiro – ADASCA vinda de certas instituições
e entidades aveirenses, esta continua com a sua missão em prol não
só dos dadores seus associados (cerca de 4 mil sócios), como ainda
da comunidade doente, nomeadamente os concidadãos que dependem de
componentes sanguíneos.
Assim,
para o dia 14 de Junho a ADASCA elaborou um singelo programa
(indicado no cartaz), que visa proporcionar aos dadores seus
associados um convívio mais salutar possível, com o apoio do IPST.
Sem o apoio deste, cujo valor de cada ano fica sempre aquém para
fazer face às necessidades, ficaríamos pela vontade de fazer algo
diferente, não passaríamos das boas intenções.
Os
dadores que efectuaram a sua dádiva nas sessões anteriores e aos
que puderem comparecer naquela data, são bem-vindos até ao nosso
meio.
Vamos
dignificar ao máximo o Dia Mundial do Dador de Sangue, mais próximos
uns dos outros.
Por
fim convém lembrar aos que se movimentam pela política dizendo-se
representantes dos dadores e de algumas associações que para nós
“A política é arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo
que lhes diz respeito” Paul Valéry. Aos tais temos a dizer que não
adianta erguer muralhas, elas serão escaladas com coragem,
determinação e sem medo das artimanhas subterrâneas.
Quanto
às notícias relativas à “Máfia do Sangue” no jornal CM datado
do dia 7, no jornal de notícias “Médicos arguidos por favorecer
Octapharma” publicado na mesma data, e por fim “A guerra
milionária do negócio do sangue” suplemento da Revista Visão
edição de 8/6 a 14/6 deixa-nos profundamente envergonhados e
indignados. Quem tem autoridade moral para atacar os dadores e as
suas associações? Nós que contribuímos para a manutenção de
milhares de postos de trabalho e sustento de milhares de famílias
reclamamos o que nos é devido: RESPEITO.
Ninguém
com responsabilidades acrescidas do ministério da saúde ou do IPST
vem dar explicações à sociedade, aos dadores, às associações de
dadores sobre o que vem acontecendo? O silêncio vale ouro, temos
disso noção. Sentimos que estamos a remar contra uma poderosa
corrente.
Podem
dizer-nos que a justiça está a funcionar, contudo, nós antevemos
quais são as consequências finais. Estamos perante uma montanha que
vai parir um ratinho sem pêlo, e os caixotes que a PJ arrecadou nas
buscas vão a seu tempo ser reciclados. Basta o ratinho dar uma
trinca num dos dedos do juiz responsável pelo processo.
Pedimos
RESPEITO por quem é solidário sem nada receber em troca, a não ser
ingratidão, porque nem sequer a isenção das taxas moderadoras
funcionam em condições!
Joaquim
Carlos
Presidente
da Direcção da ADASCA
Aveiro,
13 de Junho de 2017
NB:
este artigo não vincula a opinião dos restantes elementos que
integram os órgãos sociais da ADASCA.