Uma estação de pesquisa na Antártida reportou temperaturas acima do normal este mês naquela região, fator que chocou diversos cientistas. A temperatura na estação Concordia Research, no Planalto Antártico, conhecido como o lugar mais frio da Terra, subiu para -11,5.ºC no dia 18.
A temperatura máxima habitual é de cerca -49.ºC, o que faz com que nessa sexta-feira, 18 de março, tenha estado 38.ºC mais quente que o normal. Se a Organização Meteorológica Mundial documentasse esta métrica, os cientistas diriam que seria, provavelmente, estabelecido um recorde.
Parece ter sido estabelecido um novo recorde mundial para o maior excesso de temperatura acima do normal já medido por uma estação meteorológica estabelecida”, disse na segunda-feira passada Robert Rohde, cientista da Berkeley Earth, na rede social Twitter.
Em entrevista à CNN, Randall Cerveny, professor de ciências geográficas da Universidade Estadual do Arizona e relator de registos extremos da Organização Meteorológica Mundial (WMO, sigla em inglês), disse que este tipo de acontecimento – temperatura mais alta ou mais baixa que o normal – não é algo que a WMO rastreie ou verifique.
"Tudo o que eu, pessoalmente, tenho visto sobre a observação do Dome C sugere que é uma observação legítima”, disse Cerveny.
Embora -11.ºC não seja quente, é raro a Antártida chegar a tal temperatura, pelo que 38.ºC acima da média é algo surpreendente para os cientistas.
De acordo com Etienne Kapikian, metereologista do Meteo-France (serviço de meteorologia francês), a temperatura registada em Concordia foi um recorde, não apenas no mês de março, como “um recorde absoluto” para qualquer mês. Com mais de 60 anos de dados, esse registo “é inédito na história da climatologia”, acrescentou.
Uma combinação de eventos meteorológicos justifica o aumento da temperatura da Antártida naquele dia.
Houve “um fluxo húmido de um rio atmosférico” e “também uma intrusão de ar muito quente, raro para esta época do ano, no planalto antártico”, pelo que “a chegada da humidade prendeu o ar quente, permitindo que as temperaturas disparassem no leste da Antártida”, explicou Cerveny à CNN.
A extrema temperatura no continente preocupa os cientistas, que temem os efeitos a longo prazo, como é o caso de uma plataforma de gelo, do tamanho de Los Angeles, que se desintegrou em poucos dias devido a uma onda de calor.
SIC Notícias