Cerca de uma dezena de motoristas dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) manifestaram-se hoje pela reposição da carreira de agente único dos motoristas e melhores condições de trabalho.
Os trabalhadores tentaram interpelar o ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, no final de uma cerimónia de apresentação de dez novos autocarros elétricos dos SMTUC, exigindo a reposição da carreira.
“Acham justo que uma pessoa que conduz esta viatura que transporta vidas ganhe 635 euros [salário mínimo nacional]?”, questionava Sancho Antunes, da Comissão de Trabalhadores dos SMTUC.
Já antes da cerimónia arrancar, os trabalhadores, que erguiam duas tarjas a exigir a reposição da carreira, foram impedidos pela polícia de se aproximarem do local.
Em declarações aos jornalistas, Sancho Antunes recordou que esta é uma luta antiga dos trabalhadores dos SMTUC, face à desigualdade perante os motoristas da Carris (Lisboa) e STCP (Porto), que recebem mais de 800 euros no início de carreira.
“Aqui, começa-se com 635 euros e andam dez anos para ganhar mais 20 euros, se correr bem a avaliação”, salientou.
Segundo Sancho Antunes “não há investimento na parte humana” dos SMTUC, contabilizando mais de 40 motoristas que ganham o ordenado mínimo, “quando uma carta de condição custa perto de cinco mil euros”.
“O presidente da Câmara de Coimbra [Manuel Machado] prometeu ajudar-nos e até hoje fez zero”, criticou o membro da Comissão de Trabalhadores, referindo que os motoristas sentem-se abandonados não apenas pela autarquia, mas também pelos sindicatos e por todos os partidos políticos.
Para além da reposição da carreira de motorista, os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho, mas também de circulação, disse, sublinhando ainda que 10% da frota dos SMTUC está imobilizada.
Durante a cerimónia, Manuel Machado fez referência ao problema dos motoristas, notando o “escasso salário que a lei impõe”, considerando que “é tempo de corrigir [essa situação], criando-se de novo a carreira condigna de motorista”.
Em 2018, no âmbito de uma manifestação dos trabalhadores dos SMTUC, o presidente da Câmara tinha referido que a matéria só pode ser resolvida no seio da Assembleia da República, reafirmando a injustiça da reestruturação da carreira dos motoristas, que passaram a ser considerados assistentes operacionais.
“Não concordo com a obrigação que me é imposta pela lei de admitir um motorista para os SMTUC e não lhe poder pagar mais do que o salário mínimo. É uma injustiça, porque é um trabalho de grande responsabilidade”, disse, na altura, Manuel Machado.
NDC
Nenhum comentário:
Postar um comentário