Numa altura em que o pior da pandemia parece já ter passado, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alvor faz um balanço positivo do combate travado para evitar que a covid-19 entrasse nas suas instalações.
Mário de Freitas regista, com satisfação, que, “ao longo de todo este tempo, não tivemos um único caso no lar”, ao contrário do que, infelizmente, aconteceu com muitas instituições do género, por esse país fora.
Para isso muito contribuíram as medidas tomadas logo em 2020, quando se percebeu a gravidade da pandemia, o empenho dos funcionários e o cumprimento das regras definidas por parte dos utentes e respetivas famílias.
Uma das principais foi a proibição de visitas no interior das instalações. Tratou-se de “uma decisão dolorosa, mas que se impunha, uma vez que se o vírus aqui entrasse provavelmente seria fatal para alguns dos utentes mais debilitados”, diz o provedor.
Ainda assim refere que as famílias tiveram possibilidade de ir mantendo o contacto com os idosos. No entanto, isso teve de ser feito ao ar livre, aproveitando um pequeno pátio existente nas traseiras do lar para onde eram levados os utentes, enquanto os familiares ficavam do lado de fora do muro, a cerca de dois metros de distância.
Outra das medidas tomadas consistiu na divisão dos funcionários em várias equipas, no sistema de ‘espelho’, que consiste em ficar um grupo a trabalhar e outro em casa. Dessa forma garantia-se que, mesmo que surgisse algum caso, o número de infetados seria limitado e a instituição poderia continuar a funcionar.
Com o alívio de medidas determinado recentemente pelo Governo, o lar voltou a receber visitas dos familiares no seu interior. Mas, porque a pandemia ainda não desapareceu por completo, foram fixadas algumas condições para que isso aconteça. De uma forma geral, os encontros ocorrem em salas preparadas para esse efeito, por marcação prévia e com o limite de meia hora, de cada vez.
Apenas quem tem familiares acamados na instituição pode passar dessas salas e visitá-los nos respetivos quartos, mas envergando, além da máscara, uma bata cirúrgica, touca e proteções de pés e mãos, pois “queremos que o esforço feito ao longo destes dois anos continue a ter o resultado desde sempre pretendido: zero casos de covid-19”.
A intervenção que pretendem levar a cabo também tem como objetivos a criação de casas de banho nos quartos e o aumento da capacidade, que deverá passar para 33 utentes.
Isto apesar do provedor defender que, a nível nacional, devem ser definidas políticas que privilegiem o apoio domiciliário em detrimento do internamento, o que “seria melhor para os idosos, que se manteriam nas suas casas, tendo o apoio de que necessitam”.
Enquanto essa filosofia não passa à prática, o seu objetivo é melhorar as condições do edifício. Para o efeito está a ser preparado um projeto que será posteriormente “alvo de uma candidatura a fundos comunitários, uma vez que as obras a fazer deverão custar à volta de 700 mil euros e, se não for com recurso a essas verbas, não teremos condições financeiras para as levar a cabo”.
Texto e foto: Jorge Eusébio
Fonte: PORTIMÃO JORNAL/SOCIDADE
10 DE MARÇO, 2022
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