Museu e Ruínas Romanas de Conímbriga (I Parte)
A
evidência arqueológica revela-nos que Conimbriga foi habitada, pelo menos, entre
o séc. IX a.C. e Sécs. VII-VIII, da nossa era.
Quando
os Romanos chegaram, na segunda metade do séc. I a.C., Conimbriga era um
povoado florescente. Graças à paz estabelecida na Lusitânia operou-se uma
rápida romanização da população indígena e Conimbriga tornou-se uma próspera
cidade.
Seguindo
a profunda crise política e administrativa do Império, Conimbriga sofreu as consequências
das invasões bárbaras. Em 465 e em 468 os Suevos capturaram e saquearam
parcialmente a cidade, levando a que, paulatinamente, esta fosse abandonada.
Conimbriga
corresponde actualmente a uma área consagrada como monumento nacional, definida
por decreto em 1910.
Criado
em 1962 o Museu de Conimbriga é exclusivamente dedicado ao sítio arqueológico
em que está inserido.
A
sua colecção é diversificada e materializa a evolução histórica do lugar, entre
finais do segundo milénio antes de Cristo e o séc. VI da era cristã.
Os
objectos expostos foram encontrados durante as escavações que, com grandes
interrupções, se realizaram desde 1898 e, distribuídos por trinta e um temas
distintos, ilustram a vitalidade desta cidade.
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CONÍMBRIGA
Por
Filomena Barata
As
cidades, todas as cidades contam histórias. As que hoje são vivas e as que
chamam “mortas”.
Conimbriga
é uma cidade como outra qualquer. Nascida apenas antes de algumas outras: aqui
o tempo já antes do Império de Roma a viu crescer. Da Idade do Bronze e do
Ferro ficaram testemunhos que Roma absorveu.Cidade romana de origem indígena
cuja ocupação remonta, pelo menos, ao Bronze Final.
Assim,
naquele local, concentra-se a História de milénios, entre finais do 2º milénio
antes de Cristo e o século IV da Era Cristã.
Este
povoado foi lugar central na área do Baixo Mondego no período orientalizante,
mantendo-se ao longo de toda a Idade do Ferro como um dos maiores oppida do
centro do país.
Conquistada
provavelmente em 136 a.C., durante as campanhas de Décimo Júnio Bruto, a cidade
teve uma importante renovação urbanística ao tempo de Augusto, que se vai
continuar até finais do século I: o fórum, primeiras termas públicas (cerca de
12 a.C.), muralha, anfiteatro.
Amuralhada
assim se viu a urbs desde o século I, se bem que a decadência do Império, a
partir do século III, tenha visto o perímetro da cidade decrescer, dando lugar
a uma imponente edificação militar, a muralha do Baixo Império.
Segundo
Adriaan Man, neste mesmo site, o fenómeno de amuralhamento deve-se também a
«uma certa dimensão competitiva entre centros ainda tecnicamente equivalentes.
Uma cidade capaz de erigir uma muralha passava a deter um novo estatuto, em
particular perante os seus vizinhos imediatos. Um exemplo gráfico seria o
contraste entre Conimbriga e Collipo, sítios que nos princípios do Alto Império
não difeririam muito em termos de localização geográfica e exposição aos
circuitos comerciais, mas cujo destino último não poderia ter sido mais
desigual. Pondo a questão em termos algo simplistas, os núcleos urbanos que não
quiseram, ou não conseguiram, investir em muralhas durante a tetrarquia
acabaram por perder, com notável rapidez, toda a relevância administrativa num
mundo pós-romano, com apenas algumas excepções à regra.
Na
Lusitânia, tal como noutros lados, as defesas urbanas tardias só podem ser
olhadas numa relação com novas realidade fiscais, em particular a recolha
anonária cada vez mais obsessiva, e com novos paradigmas securitários de
pequena amplitude. Há, de novo, vários elementos legais que enquadram neste
cenário. Em suma, a pequena cidade amuralhada servia propósitos fiscais,
logísticos e de policiamento, numa dimensão regional. É de descartar o seu
desígnio militar, contrastando neste aspecto com outras regiões, onde
funcionaram guarnições permanentes em cidades fortificadas».
No
século V, ao que se sabe, a cidade entra em decadência após várias incursões
Suévicas, situando-se o seu abandono por volta do século IX.
Conimbriga
tem pois tudo o que as cidades de Roma costumam ter: casas pobres e ricas,
apartamentos, vias, termas, lugares de espectáculo, como o anfiteatro, e o seu
centro cívico.
Conimbriga
tem um Museu que tutela as ruínas; uma réplica de um atrium com laranjas e
ervas de cheiro; tem uma “Casa dos Repuxos” como poucas há igual e tem ainda,
decorando as salas e compartimentos das suas habitações, fragmentos pequeninos
de pedras de cor que constituem mosaicos: histórias e histórias que os seus
desenhos figurativos ou geométricos contarão. Aqui a caça e a mitologia foram
temas de eleição.
Adornos
femininos romanos. Museu Monográfico de Conimbriga.
Elemento
decorativo (em estuque) com friso com óvulos. Museu Monográfico de Conimbriga.
Mas
também o foi o de Teseu e do Minotauro assustador que um musaísta tão bem teceu
com tesselas miúdas e belas.
Mas
tem também as marcas que o Homem deixou nos objectos que construiu, úteis e tão
belos alguns.
Depositados
em vários museus estão muitos desses objectos: no Museu Monográfico de Conímbriga,
no Museu Municipal Dr. Santos Rocha, Figueira da Foz e no Museu Nacional de
Machado de Castro, em Coimbra.
«A
evidência arqueológica revela-nos que Conimbriga foi habitada, pelo menos, entre
o séc. IX a.C. e Sécs. VII-VIII, da nossa era. Quando os Romanos chegaram, na
segunda metade do séc. I a.C., Conimbriga era um povoado florescente. Graças à
paz estabelecida na Lusitania operou-se uma rápida romanização da população
indígena e Conimbriga tornou--se uma próspera cidade.
Seguindo
a profunda crise poíítica e administrativa do Império, Conimbriga sofreu as
consequências das invasões bárbaras.
Em
465 e em 468 os Suevos capturaram e saquearam parcialmente a cidade, levando a
que, paulatinamente, esta fosse abandonada.
Conimbriga
corresponde actualmente a uma área consagrada como Monumento Nacional, definida
por decreto em 1910».
Informação
a itálico obtida a partir de:
Povoado desde tempos pré-históricos, o
sítio de Conímbriga foi ocupado pelas tropas romanas em 139 a. C., tornando-se
então a próspera capital da província da Lusitânia.
No
século seguinte, durante o governo do Imperador Augusto, a cidade cresceu
urbanisticamente, datando desta época a construção de estruturas fundamentais à
vivência do quotidiano de uma urbe romana, como o forum, o anfiteatro e as
termas. Mais tarde, uma basílica de três naves era edificada no centro da
povoação.
Porém,
a arquitectura doméstica de Conímbriga, que se desenvolveu e renovou sobretudo
entre os últimos anos do século I e o início do século III, notabiliza-se pela
edificação de insulae e de sumptuosas domus. O encanto de Conímbriga reside
precisamente nestas casas, que guardam na pedra as memórias do esplendor de
outros tempos.
Percorra
a Casa dos Repuxos e deleite-se no belo jardim central, que preserva a
estrutura hidráulica original com mais de quinhentos repuxos, rodeado por um
magnífico conjunto de mosaicos figurativos com cenas de caça, passagens
mitológicas, as estações do ano, monstros, aves e animais marinhos. Visite as
grandes casas e aparato, como a de Cantaber, a maior da cidade, a da Cruz
Suástica, com os seus mosaicos geométricos, a do Tridente e da Espada ou a dos Esqueletos,
e depois transite por entre os edifícios de rendimento que se organizam em
volta destas. Suba as bancadas e os túneis do anfiteatro, percorra as três
termas espalhadas pela urbe, e ao pisar os mosaicos do forum imagine-se no
centro político desta florescente cidade de outros tempos.
Depois,
faça uma visita ao Museu onde, através de objectos encontrados ao longo dos
muitos anos de escavações, os vários espaços evocam a vida quotidiana da antiga
cidade romana, a vivência da religião, a arquitectura das casas nobres e a sua
decoração, e ainda a vida no forum.
O
Portugal romano espera por si na região Centro de Portugal!
Horário
Inverno
(De Outubro a Maio)
Museu
– De terça a domingo / 10:00 – 18:00
Ruínas
– Diariamente / 10:00 – 18:00
Verão
(De Junho a Setembro)
Museu
– De terça a domingo / 09:00 – 20:00
Ruínas
– Diariamente / 09:00 – 20:00
Conimbriga,
Condeixa-a-Velha • 3150-220 Coimbra
+351
239 941 177
+351
239 941 474
info@conimbriga.pt
NB: No sentido de facilitar a postagem da fotorreportagem
efectuada à excursão que a Associação Parceiros da Amizade realizou no dia 20
de Setembro, na qual tive o grato prazer de participar a seu convite, e considerando o
elevado interesse público da documentação histórica disponível, achei por bem
fazer uso da mesma respeitando integralmente a sua redacção vs terminologia.
Portugal
reúne uma riqueza patrimonial impressionante, que na minha opinião não tem sido
devidamente aproveitada para efeitos de turismo. Por vezes somos confrontados
com falta de informação, o que não deixa de ser reparável. No caso de Conímbriga,
como se explica a não existência ou até mesmo distribuição de flyers que explicassem
abreviadamente a sua história em diversos idiomas? O argumento da falta de
recursos financeiros veio para ficar de vez? Aqui
fica o alvitre.
Postado
por Joaquim Carlos, Coordenador do Projecto Comunicação e Imagem. As imagens aqui
disponíveis podem ser usadas na condição que seja feita referência da sua
fonte.
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