Díli, 10 mai
(Lusa) - As forças de defesa de Timor-Leste ainda precisa dos veteranos da luta
contra a ocupação indonésia e qualquer medida de alteração no comando deveria
ter, necessariamente, ouvido os visados, disse hoje o secretário-geral da
Fretilin.
"Não quero
opinar sobre quem deve continuar ou não no comando, mas considero que as F-FDTL
(Força de Defesa de Timor-Leste) ainda precisam dos históricos", afirmou à
Lusa Mari Alkatiri, secretário-geral do segundo partido timorense, acrescentando
que "para haver transição (geracional) deveria ter havido uma política e
não de repente tomar esta medida".
Alkatiri
referia-se à polémica transição no comando das F-FDTL que tem sido adiada desde
outubro do ano passado, depois de o Presidente da República, Taur Matan Ruak,
ter anunciado duas decisões diferentes, sem que nenhuma delas tenha sido
aplicada.
Ambas as
decisões se tornaram polémicas, a primeira porque o Governo alegou que ignorava
as suas propostas e a segunda pelo descontentamento que provocou no comando das
próprias F-FDTL e entre os veteranos timorenses.
A primeira
decisão de Taur Matan Ruak, a 09 de fevereiro passado, foi de exonerar o Chefe
do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA), Lere Anan Timur, promovendo como
seu sucessor o brigadeiro-general Filomeno da Paixão de Jesus, até então número
dois daquela hierarquia.
A decisão acabou
por não ser concretizada porque ia contra a proposta do Governo, que defendia a
extensão do mandato de ambos, causando forte tensão entre a Presidência, o
executivo e o Parlamento Nacional e levando mesmo a recursos do Governo para o
Tribunal de Recurso, mas que foram rejeitados.
Em março
passado, Taur Matan Ruak recebeu do Governo uma nova proposta, a de nomear o
capitão-de-mar-e-guerra Donaciano Gomes (Pedro Klamar Fuik) como CEMGFA e o
coronel Calisto dos Santos (Coliati) como vice-CEMGFA.
Uma decisão
conjunta do Governo e da Presidência que marcava uma "transição
geracional" completa nas F-FDTL, apesar de Taur Matan Ruak reiterar que
preferia "uma transição mais gradual".
A decisão porém
continua sem ser aceite em vários setores, nomeadamente entre os veteranos, e
pelo próprio comando atual das F-FDTL.
Mari Alkatiri
considera que, neste processo, "o Governo não teve alternativa",
porque "teve que apresentar duas propostas".
"Mas quem
toma a decisão última deveria ter consultado as pessoas visadas antes de tomar
a decisão", afirmou.
O assunto deverá
ser analisado na reunião de quarta-feira do Conselho Superior de Defesa e
Segurança (CSDS) timorense.
ASP // ARA
Publicada por
TIMOR AGORA
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