Madrid,
08 out (Lusa) – O diário espanhol El Mundo faz hoje manchete com o
caso de um fugitivo português à justiça espanhola, procurado pela
Interpol, acusado de um desfalque de dezenas de milhões de euros,
que o jornal descobriu em Luanda, protegido pelas autoridades
angolanas.
O
El Mundo garante que encontrou o português de 62 anos, que também
tem passaporte angolano, em Luanda, “onde vive tranquilo, sabendo
que não o irão deportar”, e publica na primeira página do jornal
uma fotografia do fugitivo numa rua da capital angolana.
O
diário explica que o português era um “agente local” em Luanda
da empresa pública responsável por todos os comércios de armas em
Espanha, Defex, embora vivesse em Lisboa, quando esta realizou um
negócio “ruinoso” em Angola para os cofres públicos espanhóis.
Espanha
devia ter vendido armas à polícia de Luanda por 153 milhões, “mas
aproximadamente 100 milhões desapareceram e só chegou ao destino
metade da mercadoria”.
O
papel do português terá sido o de “contactar com as pessoas
adequadas” em Angola para conseguir a adjudicação do contrato,
mas teria também tido um papel essencial na distribuição dos
alegados subornos, que estão a ser investigados pela justiça
espanhola.
Segundo
as fontes do El Mundo, o fugitivo era “o homem para tudo” das
empresas espanholas que tinham negócios em Angola e os seus
contactos com “gente do Governo” angolano eram “bem
conhecidos”, assim como a boa relação que tinha com o Ministério
do Interior espanhol.
O
português chegou a ser interrogado pela justiça luxemburguesa, em
12 de março de 2014, sobre a origem de 41 milhões de euros
transferidos de Angola, mas quando a polícia portuguesa o foi deter,
em julho desse ano, na sua casa nos arredores de Lisboa, em
Linda-a-Velha, ele já lá não estava.
Nessa
altura, foi passada uma ordem internacional de detenção enviada à
Interpol (organização internacional de cooperação entre polícias
de diferentes países) pelo juiz espanhol responsável pela instrução
do caso.
Os
jornalistas responsáveis pela investigação do El Mundo tinham
alguns indícios sobre a presença do fugitivo em Luanda e enviaram
um fotógrafo que o localizou na capital angolana e que tirou as
fotografias que publicam, a prova da sua presença nessa capital
africana.
Para
o diário espanhol, o português vive em Luanda desde que saiu
apressadamente de Portugal e não teme a possibilidade de extradição,
visto que Angola não tem assinado um convénio de extradição com
Espanha.
LUSA
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