Proprietários da zona afetada pelo grande incêndio de Pedrógão Grande começaram a contactar imobiliárias para pôr terrenos à venda com medo das coimas por falta de limpeza, contou um agente imobiliário da região.
Depois do grande incêndio de junho, um dos gerentes da imobiliária Casa Serta, João Filipe, não registou qualquer aumento de interesse dos proprietários em vender prédios rústicos.
A situação mudou há cerca de um mês, quando se começou a falar da limpeza dos terrenos e da aplicação de coimas a proprietários que não cumprissem a lei, disse à agência Lusa o agente imobiliário.
“Na altura, depois dos incêndios, estavam na expectativa de receber algum apoio ou não queriam simplesmente vender. Agora, como se fala em coimas, todos os dias recebemos telefonemas de pessoas que querem pôr propriedades à venda”, afirmou.
Segundo João Filipe, os proprietários pretendem vender os terrenos por diversas razões, nomeadamente por terem feito a limpeza ou pago por ela e agora “é como se não tivesse sido feita” por causa da chuva.
“Desanimaram”, refere, apontando como outras razões os poucos incentivos que há para reflorestação nessas propriedades rústicas, quer de cultivo, quer florestais.
De acordo com o agente imobiliário, agora, em média, recebe um telefonema por dia e dois proprietários vão até à agência a pedir informações, quando antes passava-se dias sem aparecer ninguém a querer colocar à venda um terreno.
“As pessoas não queriam vender as coisas dos familiares”, aclarou, considerando que o número de pessoas a querer vender prédios rústicos deverá continuar a aumentar.
Já Fernando Fernandes, da Esfera Real, imobiliária também da região, refere que não regista grande alteração nesse mercado – é um produto que não trabalha muito -, mas nota que há cada vez mais situações “em que as pessoas quase que dão o terreno só para não terem a responsabilidade de os ter de limpar”.
“Gastam 400 ou 500 euros para limpar, quando de dez em dez anos, se calhar o terreno dá 1.000 euros em madeira”, referiu.
Ricardo Pinto, da CidadeXL, sediada na Lousã, notou um “pequeno aumento, mas nada de exponencial”.
No entanto, considerou que “é provável que aumente” o número de pessoas a querer vender prédios rústicos, bem como uma redução do valor desses mesmos terrenos.
Fonte: NC
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