quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Usar só sangue nacional dava para pou-par um hospital por ano

Usar só sangue nacional dava para poupar um hospital por ano

O presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Santa Maria da Feira defende que se o Estado deixasse de comprar plasma estrangeiro e tratasse o sangue nacional pouparia o suficiente para construir um hospital por ano.

"Estes alertas que se vêm ouvindo sobre o desperdício do sangue doado já se ouve desde que existe a nossa associação", declarou à Lusa Serafim Reis, presidente da instituição que este fim-de-semana comemora os seus 20 anos de actividade.
 
"Nós temos meios para tratar o nosso sangue, que é dos mais seguros do mundo e muito procurado", observou esse responsável. "Mas muitas vezes esse plasma não tem sido tratado como devia porque temos contratos de compra ao estrangeiro e, assim, não justifica fazer o investimento técnico cá em Portugal".

Serafim Reis diz não saber avaliar se há "condições políticas para isso, mas acredita que o país tem "capacidade técnica" para investir no tratamento do seu próprio plasma e garante: "Se deixarmos de o comprar ao estrangeiro e tratarmos o nosso, poupamos o suficiente para construir quase um hospital por ano".

Para o presidente da Associação de Dadores do concelho da Feira, este é "um assunto muito sério" e deve merecer a "máxima atenção" por parte das autoridades, que devem "meter mãos à obra de uma vez por todas" para evitar o desconforto crescente entre a comunidade que doa sangue.

"As pessoas vão às colheitas generosamente, a maior parte delas são dadoras por motivos puramente altruístas e, depois, claro que não gostam de ouvir que o seu sangue foi deitado ao lixo", explica. "Se a situação se mantiver, isto torna-se numa bola de neve e, um dia destes, podemos dar por nós a precisar de sangue e a não ter".

Serafim Leite lamenta que, sendo a colheita de sangue um trabalho realizado por voluntários, esses estejam limitados a "pregar no deserto, sem que a sua voz tenha peso nenhum", mas acredita que "os governantes podem esclarecer a população o mais rapidamente possível sobre o que têm pensado para o futuro".

"As pessoas aparecem nas colheitas, sentem-se inseguras, fazem perguntas e nós não sabemos responder", reconhece esse responsável. "É tempo de os governantes perceberem que as centenas de milhares de dadores de sangue portugueses merecem outro trato, outro respeito", assegura.


Fonte: JN de 23-06-2011 

NB: há notícias que raramente se perdem com o passar do tempo, esta é uma das tais, continua com a sua genuinidade, na medida em que pouco ou nada mudou..

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