Usar só sangue nacional dava para poupar
um hospital por ano
O
presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Santa Maria da Feira
defende que se o Estado deixasse de comprar plasma estrangeiro e tratasse o
sangue nacional pouparia o suficiente para construir um hospital por ano.
"Estes
alertas que se vêm ouvindo sobre o desperdício do sangue doado já se ouve desde
que existe a nossa associação", declarou à Lusa Serafim Reis, presidente
da instituição que este fim-de-semana comemora os seus 20 anos de actividade.
"Nós
temos meios para tratar o nosso sangue, que é dos mais seguros do mundo e muito
procurado", observou esse responsável. "Mas muitas vezes esse plasma
não tem sido tratado como devia porque temos contratos de compra ao estrangeiro
e, assim, não justifica fazer o investimento técnico cá em Portugal".
Serafim
Reis diz não saber avaliar se há "condições políticas para isso, mas
acredita que o país tem "capacidade técnica" para investir no
tratamento do seu próprio plasma e garante: "Se deixarmos de o comprar ao
estrangeiro e tratarmos o nosso, poupamos o suficiente para construir quase um
hospital por ano".
Para
o presidente da Associação de Dadores do concelho da Feira, este é "um
assunto muito sério" e deve merecer a "máxima atenção" por parte
das autoridades, que devem "meter mãos à obra de uma vez por todas"
para evitar o desconforto crescente entre a comunidade que doa sangue.
"As
pessoas vão às colheitas generosamente, a maior parte delas são dadoras por
motivos puramente altruístas e, depois, claro que não gostam de ouvir que o seu
sangue foi deitado ao lixo", explica. "Se a situação se mantiver,
isto torna-se numa bola de neve e, um dia destes, podemos dar por nós a
precisar de sangue e a não ter".
Serafim
Leite lamenta que, sendo a colheita de sangue um trabalho realizado por voluntários,
esses estejam limitados a "pregar no deserto, sem que a sua voz tenha peso
nenhum", mas acredita que "os governantes podem esclarecer a
população o mais rapidamente possível sobre o que têm pensado para o
futuro".
"As
pessoas aparecem nas colheitas, sentem-se inseguras, fazem perguntas e nós não
sabemos responder", reconhece esse responsável. "É tempo de os
governantes perceberem que as centenas de milhares de dadores de sangue
portugueses merecem outro trato, outro respeito", assegura.
Fonte:
JN de 23-06-2011
NB:
há notícias que raramente se perdem com o passar do tempo, esta é uma das tais,
continua com a sua genuinidade, na medida em que pouco ou nada mudou..
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