segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Colheita de sangue dia 7 de Novembro no Posto Fixo da ADASCA em Aveiro


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NAS NOTÍCIAS | PSD e PS chumbam declaração de rendimentos para adjuntos e assessores

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Um bloco central fez cair a proposta do CDS para obrigar os adjuntos e assessores de governantes (ministros e secretários de Estado) a apresentarem uma declaração de seus rendimentos, interesses e património.

A medida foi travada ainda durante as votações indiciárias na comissão parlamentar para o reforço da transparência no exercício de funções públicas, adianta o Diário de Notícias.

Por proposta do CDS, os chefes de gabinete dos governantes (incluindo das regiões autónomas) vão ter de apresentar uma declaração de rendimentos.

No entanto, a alínea que previa abranger também adjuntos, assessores e outros membros dos gabinetes governamentais foi travada por um voto conjunto do PSD e do PS.

Não está, porém, definida qual a entidade à qual terão de ser apresentadas essas declarações de rendimentos e interesses.

Atualmente, as declarações de governantes e deputados são entregues ao Parlamento (registo de interesses, incluindo participais sociais em empresas) e ao Tribunal Constitucional (rendimentos e património).

Fonte: ptjornal

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NB: A transparência no exercício nas funções governativas não deve ser um dever consumado porquê? Os cidadãos no geral também são obrigados a declarar os rendimentos à AT, porque deve haver esta diferença?
Os próprios visados deviam publicamente demonstrar interesse em não beneficiar desta prerrogativa.
O País está lentamente a caminhar para uma situação semelhante à Venezuela, Brasil, entre outros países, onde reina os interesses subterrâneos e a corrupção minou as instituições públicas.
Enquanto os cidadãos não se transformarem em eleitores activos e exigentes, assistimos a esta desenvergonhada do "salve-se quem puder".
Triste País para onde estás a caminhar!

J. Carlos


ENTREVISTAS | objETHOS entrevista Jacqueline Deolindo

Foto: Dairan Paul
Roteiro, produção e entrevista: Juliana Freire
Edição: Dairan Paul

Jacqueline Deolindo é a última entrevistada pela equipe do objETHOS durante o 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), realizado em Joinville no início de setembro. Dentre os pesquisadores que já participaram da série, estão Cláudia NonatoLeonel AguiarAlice Koshiyama e Rafael Bellan.
Com doutorado e mestrado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Deolindo atua como professora adjunta do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos dos Goytacazes, e no curso de Jornalismo, no Centro Universitário Fluminense (UNIFLU). Em 2016, defendeu a tese “Regiões jornalísticas: uma abordagem locacional e econômica da mídia do interior fluminense”, orientado pela profa. Dra. Sônia Moreira. A pesquisa investigou como se estruturam firmas que produzem notícias em cidades à margem de regiões metropolitanas, recorrendo a referenciais teóricos da geografia urbana e economia industrial. O assunto ganha especial relevância devido a um recente levantamento que identifica desertos de notícia no Brasil – ou seja, cidades do interior sem quaisquer veículos de comunicação.
Na entrevista a seguir, Deolindo discute as mudanças estruturais nas mídias do interior, o desafio de praticar um jornalismo local e as percepções de estudantes de jornalismo sobre ética, referente aos resultados de sua dissertação de mestrado.
A pesquisa Atlas da Notícia divulgou que 4500 municípios brasileiros – ou seja, quase 35% da população nacional – não possuem registro de meios noticiosos impressos ou digitais locais. Você atribui o fenômeno do deserto das notícias a quais fatores? Quais seriam as consequências da ausência de jornalismo local e regional para as pessoas que residem nestes municípios?
Sabemos que a atividade jornalística fornece visões de mundo, enquadramentos da realidade e uma explicação a respeito daquilo que está acontecendo. Enquanto serviço público, ela precisa atender às demandas dos cidadãos por notícias e informações, sem as quais as pessoas não conseguiriam se situar diante do mundo. Uma das bases da democracia e dos estados democráticos é a livre circulação da informação. Ou seja, aceitamos que determinados representantes políticos estejam lá dirigindo o pais no nosso lugar, desde que eles nos informem o que estão fazendo. É o que chamamos de consentimento informado. O jornalismo existe para suprir essa necessidade, desde a sua profissionalização do século 18 para o 19, quando começam a surgir as primeiras faculdades, manuais e associações.
Mas enquanto empresa, o jornalismo também tem um objetivo, o lucro. É muito complicado fazer jornalismo sem um financiamento. Nas cidades em que não há uma demanda por esse tipo de serviço – porque as pessoas conseguem se informar sobre a vida por outros meios –, ou recursos econômicos suficientes para mantê-lo – com redação, publicidade, impressão e equipamentos –, fica difícil desenvolver a atividade jornalística.
Na minha pesquisa de doutorado, verifiquei alguns condicionantes para que haja empresas jornalísticas em determinados lugares. A demografia, por exemplo: quanto mais pessoas moram numa cidade, mais difícil é para manterem contato umas com as outras e terem uma comunicação interpessoal; daí a existência de canais mediadores, como o jornalismo. Essa demanda também vem da necessidade de ter à disposição determinados serviços. Eu não quero que você me diga o que está vendo ou o que encontrou lá; eu quero que isso chegue até mim por um canal especializado. Então eu quero uma atividade jornalística presente e à minha disposição para que eu possa comparar esses produtos e me informar da maneira que achar melhor.
Isso tudo é desenvolvido culturalmente. Desde que a imprensa não é mais censurada no Brasil, temos cidades que desenvolvem esse tipo de atividade. Em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, os primeiros jornais datam da década de 30 do século 19. Em 1834 já tinha veículo consolidado, impresso e diário, o que é uma coisa fantástica, já que a imprensa chega aqui em 1808, com a família real e o Correio Braziliense. Tradicionalmente, alguns lugares vão desenvolver uma cultura de mídia: as livrarias são fundadas mais cedo, as primeiras emissoras de televisão e rádio chegam logo e passa a existir uma demanda por esses serviços.
Outro condicionante é o recurso econômico, sem dúvida. Se eu fizer o inverso da pesquisa e perguntar por que determinadas cidades não têm empresas de mídia, posso levantar algumas hipóteses. Desconfio que determinadas inovações não chegaram até lá. Acredito que, nesses lugares, talvez não haja um mercado consolidado capaz de sustentar essa produção. Ou mesmo faltam recursos tecnológicos. A cidade pode não ter capital econômico para manter um jornal com redação, mas poderia ter site, página no Facebook. Porém, não há sinal de internet. Se pegarmos o mapa das telecomunicações, a gente vê que há televisão em todo lugar, mas é mentira. Às vezes, o sinal chega porque tem uma antena lá no alto do morro, mas a cidade não tem estrutura capaz de sustentar uma produção local, que é cara. Outra condicionante, ainda, é que talvez não tenha uma necessidade da população, porque eles organizam seu sistema de comunicação por outra forma – e não são sistemas midiáticos. As hipóteses seriam essas, ausência de recursos econômicos, de tecnologia, ou escassez de uma tradição por esse tipo de produto.
E as consequências? A gente julga que as pessoas precisam dos mesmos meios de comunicação que nós, e nem sempre é assim. As pessoas que não têm internet e deixam de ler jornal ou assistir televisão conseguem viver sem. Mas como isso afeta a prática da cidadania nesses lugares? Eles se organizam de outras formas. Isso não significa que eles consigam exercer sua cidadania em todas as camadas. Por exemplo, eles não sabem o que está acontecendo em Brasília. Ou, se sabem, como podem encaminhar suas demandas? Dificilmente a carta de um cidadão vai chegar ao Congresso. Determinadas camadas políticas são impactadas de outras formas. Tenho como hipótese de trabalho que uma das principais consequências é o não exercício pleno da cidadania, ou a existência de uma não cidadania plena, como diz o geógrafo Milton Santos. Estou bastante interessada nisso e também preocupada, porque se eu não tenho informação, como me posiciono? Eu não sei nem a que direitos eu posso acessar e como reivindica-los.
Parece existir também nas zonas rurais, onde as pessoas nem sempre vivem próximas umas das outras.
Sim, acontece muito em casos de zona rural e também debaixo do nosso nariz. Visitei cidades para fazer a pesquisa do doutorado e algumas não tinham nenhum meio de comunicação. Ou existem áreas dentro delas que são desprovidas de voz. Elas não existem, são colonizadas pela voz dos outros. Então como podem fazer para emitir sua opinião e contar sua história para o resto do mundo? Sem recursos, fica muito difícil. Acredito que a principal consequência é a não cidadania plena, da maneira como nós, ocidentais, que vivem em sociedades democráticas, entendemos a cidadania. Pode acontecer que a gente chega lá e eles digam que [o jornalismo] não faz falta nenhuma. Temos que perguntar.
Na sua pesquisa de doutorado, ao observar condições de trabalho, questões econômicas e de gestão, você categoriza três padrões de mídia local e regional no interior fluminense: pequena empresa, empresa de mídia de médio porte e mídia profissional. Você acredita que uma pesquisa semelhante feita no jornalismo das metrópoles encontraria resultados distintos dos seus?
Uma das conclusões da tese é de que há uma equivalência entre mídias do interior e de capitais – embora não sejam exatamente iguais, claro. A mídia do interior vai funcionar com a mesma lógica da mídia da capital, independentemente de ser mais “artesanal”, com uma, duas, cinco ou trinta pessoas trabalhando na redação. Há divisão do trabalho em editorias e semelhanças na linha de produção. Você vai ter alguém que faz a ronda, ou que recebe as primeiras informações, alguém que vai checar, fotografar, escrever, divulgar. O que varia é a velocidade e a queima de determinadas etapas. Quando acontecem os enxugamentos das redações, o acúmulo de funções atinge as duas mídias. No interior, os sujeitos também estão sendo obrigados a fazer de tudo, seja o jornalista profissional, o radialista, técnico em marketing ou simplesmente o comunicador da cidade. Somada aos avanços da tecnologia, essa crise tem exigido uma convergência de funções. A gente vê o repórter que também fotografa, que faz matéria para o impresso, online, grava passagem para o YouTube, Instagram. A moça da TV, que agora é apresentadora, mas daqui a pouco pode ser chefe de redação do impresso… Eu vejo muito isso. Outra coisa que se reflete no interior é o corte no impresso – não apenas nos trabalhadores, mas no papel. Por exemplo, eu não posso mais publicar 32 páginas no final de semana, mas 20. Não vou publicar o caderno de cultura, que vai virar uma página especial do primeiro caderno. O momento é muito parecido.
A crise também leva à necessidade de inovações, inventar meios de se virar e continuar sendo relevante. Nas mídias do interior do Rio de Janeiro, onde pesquisei, os jornalistas buscam estratégias que passam pelo aumento de qualidade na entrega das notícias online. Eles precisam melhorar o acervo das suas plataformas digitais, redes sociais e dispositivos móveis, seja na adequação da linguagem, seja no uso de mais fotografias.
Infelizmente, e essa é uma opinião minha, dois tipos de inovação não têm acontecido tanto na mídia nacional como na do interior, e me parecem diretamente relacionados à ética. Hoje, o principal lugar de engajamento é a rede social, apesar de todos os problemas por conta dos algoritmos. Facebook é onde as pessoas vão buscar informação. Instagram ainda está engatinhando, e é incrível como ele ainda não chegou para a mídia do interior. É na rede social que o engajamento para fazer notícias locais poderia acontecer, no sentido de exercer um jornalismo de proximidade, envolvendo a comunidade e mediando discussões sobre seus problemas. Poderíamos ter uma equipe para cuidar disso: promover histórias, trazer o leitor para dentro, pedir colaboração por meio de fotos e depoimentos. Dá para fazer um milhão de coisas. Jornais premiados têm usado muito bem suas plataformas digitais, e a gente também poderia aplicar isso. Só depende de criatividade, vontade e compromisso com o local. As pessoas se rasgam nas redes sociais e não tem um jornalista para mediar. É subaproveitado. Eles não fazem jornalismo local com todo o potencial que a rede social está dando. Acho que é um problema ético, porque não se cumpre o papel de promover o lugar.
Outro ponto é a inovação através da qualidade. Estão cortando pessoas e colocando estagiários, meninos de 17, 18 anos que vêm de uma falta de entendimentos dos contextos, sem saber ler conjunturas. Não dá para exigir de uma criança dessas o desempenho de um jornalista profissional e experiente. Isso também é uma questão ética. Quem é que está produzindo as visões de mundo para o nosso leitor? E aí não chega nem a ser uma inovação, mas do jeito que as coisas estão feias, acaba sendo. Inova-se ao colocar apenas jornalistas formados dentro da redação.
Você menciona que o jornalismo local e regional é influenciado ou até mesmo mantido por empresas de comunicação das grandes metrópoles. Pode-se dizer que, de certa forma, ele acaba reproduzindo também uma visão de mundo hegemônica. Você considera que iniciativas de jornalismo independente podem combater o fenômeno do “colonialismo comunicacional”, nos dizeres da pesquisadora Sônia Aguiar, ao circular narrativas que enfrentam visões hegemônicas?
É verdade. Quando falo que a colonização desses espaços comunicativos acontece pelos grandes meios de comunicação, estou pensando principalmente nos lugares que não têm jornalismo local. Então, por exemplo, muitas pessoas vão ver o Jornal Nacional, mas não assistem o telejornal local. No caso dos impressos, a notícia do jornal local é muito local. Não acontece esse copia e cola, ou a contratação de agências da capital para mantar notícias nacionais. Quando elas aparecem, já foram recontextualizadas. O colonialismo é muito mais evidente nas cidades que não têm jornalismo local.
Em relação ao jornalismo independente, vou te dizer que sou uma entusiasta. Acho que é um movimento importante, corajoso, e inclusive sigo alguns coletivos, como o site Outras Palavras. Um aspecto que me preocupa é o financiamento. Vejo que, no interior, dificilmente se paga. Caso alguém invente um coletivo noticioso na região em que vivo e pesquiso, tenho certeza absoluta de que não vai adiante. Essas pessoas vão trabalhar a troco de nada, até que fechem as portas. Fico bastante preocupada, porque o financiamento diz muito para onde vai a linha editorial. Quem paga, como paga e por quê. É possível fazer uma vaquinha virtual para ver quem financiaria uma grande reportagem sobre esse ou aquele tema. Mas quantas vão se sustentar desse jeito? Conseguimos fazer algumas matérias e isso volta como resultado para a sociedade, o que é fantástico. Contudo, para lutar pelo direito à voz, precisamos de um pouco mais do que isso.
Não sei se estou sendo pessimista, mas venho de uma pesquisa em que os jornalistas não conseguiram emplacar nem o paywall. O público não aceita pagar pela informação que está consumido. Penso que o financiamento acontece quando as pessoas julgam que aquela publicação é muito relevante. Uma das principais preocupações atuais, tanto de gestores de mídia como de acadêmicos, é a discussão sobre o valor social dos meios de comunicação. A partir do momento que aqueles trabalhos demonstram sua relevância social, aumentam as chances de ele ser sustentado pelos leitores. É relacionado ao valor que aquela mídia tem para o seu público.
Como você avalia o futuro do jornalismo, considerando o contexto de precarização que o profissional vive?
 Falar dentro do olho do furacão é muito difícil. Estamos passando por um momento de mudanças profundas, e acho que ainda não percebemos a dimensão disso. Vai muito além daquele discurso de que o jornalismo precisa se reinventar. Acho que tem a ver com a legitimidade da profissão posta em causa por pessoas que não se sentem representadas por quem faz jornalismo e descobrem, através das novas tecnologias, outros meios de serem ouvidas. Devemos nos preparar para isso, principalmente os cursos de graduação, que demoram a se adaptar a essas mudanças. Essa preparação para o que vem aí – algo que nem conhecemos direito – tem que passar pelos currículos. Penso que não é simplesmente colocar temáticas que hoje são caras, como “jornalismo e redes sociais”, “novas tecnologias”, “convergência digital”. Trata-se de preparar o aluno para algo que vai além daquilo que entendemos como o modelo tradicional de funcionamento do jornalismo. Sei que a maioria dos que estou formando não vai ter as mesmas oportunidades de emprego que eu tive.
Uma hipótese do que podemos fazer, e talvez eu esteja influenciada aqui pelas leituras mais recentes do Muniz Sodré, é voltarmos a pensar a comunicação para além dos aparatos tecnológicos. A mídia é só um braço dentro de tudo o que o campo da comunicação pode nos oferecer, para além de jornal, rádio, televisão e internet. Precisamos desenvolver competências suficientes para continuarmos sendo relevantes, especialmente num momento em que a comunicação é central para a sociedade. O jornalismo, especificamente, vai continuar existindo, mas talvez não no modo empresarial que entendemos hoje. É um momento fértil para entendermos tendências, desvendar desejos e necessidades das pessoas.
Penso que a função do jornalista não vai se diluir entre aqueles que reclamam a condição de produtores de informação. Acredito na figura dele e no papel social do jornalismo, que continua muito claro e importante. Nesse momento em que não sabemos quem produz um conteúdo, de que modo e com qual intenção, precisamos de figuras profissionais preparadas para nos situarmos nessa avalanche de informações. Se por um lado as novas tecnologias colocam outros sujeitos no centro da produção da notícia, e eu afirme não saber como isso será no futuro, por outro, tenho certeza de que o jornalista e o jornalismo ainda vão exercer, ao menos durante muito tempo, uma função social relevante: mediar a comunicação entre os acontecimentos e o público, construir enquadramentos da realidade a partir de uma coluna ética, de um ethos, que é a orientação da opinião pública para a prática da cidadania e a sustentação das comunidades democráticas. Isso não é negociável. Seja qual for a maneira que o jornalista vai atuar daqui para frente – se através de uma empresa ou não –, creio que a função do jornalismo será o fio condutor entre todas essas mudanças.
Sua dissertação de mestrado tratou das percepções sobre ética jornalística em estudantes de jornalismo e profissionais experientes. Como você articula os resultados que alcançou naquela pesquisa e, mais recentemente, em sua tese de doutorado?
Na época do mestrado, fui provocada pelo meu orientador Hugo Lovisolo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a descobrir de onde veio a ética jornalística e o ethos da profissão, como ela foi inventada, para atender a quais demandas e como mudou ao longo da criação das primeiras escolas. Desembocou na minha pesquisa de campo, que buscava verificar como jornalistas formados e estudantes de jornalismo pensavam a ética.
Descobri uma ética que muitas vezes é negociada e tem um limite. É muito mais uma conciliação de interesses entre aquilo que o jornalista acredita ser o correto, o que a empresa está disposta a fazer e o que o mercado quer sustentar, do que uma ideia fixa e sólida do que seja o apelo moral do jornalismo. Essa ideia de que o jornalista é incorruptível e jamais será vendido nós já vimos que às vezes acontece. Ele não é amoral e sabe quando faz algo errado, mas negocia – “dessa vez eu faço, para atingir esse objetivo – e depois volta para a sua coluna ética. Os estudantes tinham um olhar muito mais idealístico em relação à profissão. Coisas que eles disseram na pesquisa jamais fazer, o jornalista com 20 anos de profissão pensa que não é bem assim.
Não acredito que a conclusão da pesquisa sobre ética, originalmente feita com jornalistas do interior, seria muito diferente se aplicada nas capitais ou no jornalismo internacional. Até mesmo por conta da comunidade interpretativa que nós formamos, segundo Nelson Traquin. Pode haver uma dissidência ou outra, mas basicamente a ideia que nos move é a mesma. E aí, quando vou às redações do interior [na pesquisa de doutorado], e vejo os modos de operar, fica muito claro que a empresa e a gestão administrativa são partes importantes nas decisões éticas tomadas diariamente. Em termos de geografia, não vejo muita diferença. Não é porque você está numa cidade grande, como Joinville, numa capital ou no interior. É porque, basicamente, todos compartilham de determinados valores independente da profissão, como a defesa da infância e da verdade, para citar dois exemplos.
Acredito que a principal relação entre as minhas pesquisas de mestrado e doutorado é o complemento de compreender como os gestores lidam com esses profissionais que têm uma razão de ser. Mas o interessante é que, eventualmente, o gestor também é jornalista. Quando isso acontece, ele compartilha e negocia esses valores. Se não for jornalista, por vezes ele avança sobre determinados limites, embora nem sempre isso aconteça.
Fonte: objethos

PONTO DE VISTA | A virtualidade do candidato

Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Vanessa Pedro
Professora de Jornalismo da Unisul e pesquisadora associada do objETHOS

Bolsonaro não existe. Não como a pessoa que entra na política corpo a corpo, disputa a política pelas palavras produzidas no debate. Ele é também e sobretudo uma ideia. Se essa máxima foi lançada por Lula ao se entregar à Polícia Federal, afirmando que poderiam prendê-lo, mas que suas ideias e o que ele representava estariam vivos país afora e seriam defendidos por muitos, isso tem valido de certa forma e por outros meios para Bolsonaro. Um permanecendo a partir da experiência da vida política e de militância de muitos depois de trancafiado e sem ser visto desde abril. O outro pela virtualidade que representa. Bolsonaro faz sua liderança nas pesquisas de opinião com base na disputa virtual, reverberando o que representa a uma parcela da população e colocando pouco a sua presença física e espontânea à disposição do debate e da disputa. Menos ainda à construção de projeto nacional. Sobretudo se a exposição tratar-se do diálogo com o outro candidato.
A prova disso é a negativa de participar de qualquer debate com Fernando Haddad. Bolsonaro existe no Facebook, na reverberação daquilo que seus apoiadores defendem ou temem. Baseado fortemente na produção e distribuição de ‘fake news’, inclusive, evidência atestada até pelo aplicativo Whatsapp, que suspendeu a conta de um de seus filhos por propagação de notícias falsas. O candidato está na propaganda oficial de TV no horário eleitoral gratuito. Lá de modo mais palatável do que tem estado até agora. Quando fala de improviso ou foi provocado por jornalistas a respeito de temas que vão de direitos humanos à política econômica, produziu suas declarações mais criticadas como o destino que dava ao apartamento funcional que tinha em Brasília, quando falou sobre licença maternidade e salário das mulheres e diversas outras declarações que viraram acusação dos opositores, meme e também defesa dos seus correligionários.
Por isso, Bolsonaro também corre do jornalismo e dos jornalistas. A não ser em entrevistas combinadas como a que concedeu à TV Record no mesmo horário em que os candidatos do primeiro turno participavam de debate na TV Globo. Ou ainda esta semana quando foi entrevistado pela rádio Guaíba e na combinação com a emissora estava o impedimento de qualquer jornalista, além do apresentador, fazer perguntas a ele. Acordo que provocou o pedido de demissão de Juremir Machado, que não aceitou a censura a ele e aos demais jornalistas que participam do programa da rádio.
Hoje, os jornalistas, especialmente da imprensa tradicional, vivem o dilema, junto com suas emissoras, de se verem desprezados pelo candidato que lidera as pesquisas e, ao mesmo tempo, não realizarem pressão nenhuma para que ele compareça aos debates marcados. Na expectativa de terem que lidar com ele como presidente numa eventual vitória, um candidato que atacou o adversário por seus planos de regulamentação da mídia e também já declarou que perseguirá a imprensa num governo seu, os jornalistas e os veículos normalizam mais essa ação antidemocrática de não se dispor a debater ao vivo e em transmissão nacional. O candidato que pode ganhar a disputa presidencial sem estar frente a frente com seu adversário. Um candidato virtual, que angaria defensores que vão dos desesperançados aos preconceituosos até os que seguem o fluxo.
O ambiente das notícias completa a atmosfera. Na disseminação das fake news, a linguagem jornalística dá o tom, embora prescinda da característica principal, que não é estética mas ética: a apuração. Nas redes sociais, criações contra o adversário, que vão de comparações com a Venezuela até fictícios kits de educação sexual, dizem informar sobre as qualidades do candidato. E na imprensa tradicional, a história começou bem antes, quando o trabalho não foi rigoroso em outras coberturas, que vão das ações do MST aos protestos contra e pró impeachment, aquele carnaval que ajudou a derrubar Dilma Roussef. Antes o jornalismo não cumpriu seu papel, de agente crítico e principal interprete da realidade. Hoje é dispensado pelo candidato e apoiadores dele, que acusam a mídia de perseguir o candidato ‘outsider’, o mesmo que está na vida política por quase três décadas, de ser tendenciosa e não ser mais o lugar onde o debate precisa acontecer para que as pessoas possam escolher com mais clareza em quem votar. Os veículos de comunicação não são vistos pela extrema direita como o espaço necessário de estar e onde a população alcançará as propostas e os projetos dos candidatos. Por desprezo à democracia, por crescer na disputa concentrando esforço no falso diálogo das redes sociais e não reconhecer o jornalismo como um lugar central para o processo democrático. Enquanto isso, a esquerda, que teve seus processos e manifestações vistos pelas lentes da imprensa de forma bastante vesga, faz mais uma vez a frente em defesa do debate e do lugar do jornalismo no processo. Mesmo que também mire votos do eleitorado, garante o princípio e o lugar do jornalismo, que precisa ser retomado, pela população, pelos agentes políticos e pelos próprios veículos como um espaço importante e central para a continuação da democracia. Que ainda exista debate.
Fonte: objethos

COMENTÁRIO DA SEMANA | Colonialismo de dados sinaliza nova modalidade de capitalismo na era digital

Carlos Castilho
Pesquisador no projeto GPSJor, pós doutor em Mídia e Conhecimento

Uma nova forma de exploração colonial começa a ganhar corpo na medida em que baixa a poeira do fascínio tecnológico e aumentam as preocupações com as consequências sociais, politicas e econômicas da massificação das inovações na área da comunicação e informação.
A ideia de uma nova forma de colonialismo, agora na era digital, surge a partir da constatação das mega fortunas acumuladas por empresas que captam, arquivam, processam e vendem dados obtidos, sem custo, de usuários da internet.  Segundo pesquisadores como o britânico Nick Couldry,  estamos começando a vislumbrar também uma nova modalidade de capitalismo alimentada não mais por bens materiais como minérios, petróleo e alimentos, mas pela comercialização de dados do quotidiano das pessoas.
A literatura acadêmica anglo saxã usa a expressão “data colonialism”,  que ainda não tem uma equivalente consensual em português mas pode ser traduzida como colonialismo de dados, ou colonialismo baseado em dados.  Por enquanto o tema ainda está restrito a algumas universidades europeias, mas o debate começa a transferir-se também para outras regiões como Austrália,  Nova Zelândia e Estados Unidos.
A fascinação globalizada pela descoberta de fenômenos como os “grandes dados” (big data em inglês) e “internet das coisas” (internet of things –IoT)  é alimentada pelas fantásticas possibilidades surgidas em consequência do que os especialistas definiram como datificação, ou seja, o registro digitalizado de quase todas as atividades humanas,  transformadas em combinações de zeros e uns.
Nosso quotidiano já está sendo registrado de forma contínua em bancos de dados. É o que acontece com nossas compras no supermercado, nossos relacionamentos em redes virtuais,  preferencias políticas, ideológicas, literárias, cinematográficas, teatrais, gastronômicas, afetivas,  turísticas , sem falar nas nossas  consultas médicas, seguro saúde ,  compras na farmácia etc etc.
Tudo isto forma o fenômeno que ficou conhecido como “grandes dados”, uma avalancha de dados nunca vista na historia da humanidade, e que se expande de forma continua graças a aperfeiçoamentos como a interação entre algoritmos incorporados a artefatos usados por seres humanos nas suas atividades diárias em casa, no trabalho, no estudo,  transito e lazer, para mencionar só as mais frequentes.  Esta conversa entre algoritmos é a base de outro fenômeno  chamado “internet das coisas”, onde uma geladeira troca dados de seu dono como o proprietário da mercearia, ou o seu carro manda informações diretamente para o montadora ou para a oficina.
Inevitavelmente, um capital informativo desta magnitude passou a movimentar empresários interessados em obter lucros por meio da venda de produtos e serviços desenvolvidos  partir de dados deixados por usuários da internet em pesquisas, compras e relacionamentos.  A empresa Google, por exemplo, oferece desde 1998 um serviço gratuito de buscas na internet, e usa  os dados deixados pelos usuários para desenvolver uma gama enorme de outros serviços que ao serem comercializados geram um faturamento global de 105 mil dólares por minuto. Em 2017 , o faturamento da Google em todo o mundo  foi de 109,65 bilhões de dólares. E estamos falando apenas numa das cinco maiores empresas do mundo digital (Amazon, Microsoft, Apple, Facebook e Google), cujas receitas anuais são estimadas em pouco mais de meio trilhão de dólares norte-americanos.
Toda esta montanha de dinheiro, fundamentalmente,  teve origem em dados obtidos de usuários,  configurando um novo tipo de mais valia diferente daquela consagrada por Karl Marx no seu livro O Capital. Nick Couldry, que vai lançar no início do ano que vem o seu livro The Cost of Connections (O custo da conectividade), afirma que a expressão data colonialism explora uma nova dimensão do capitalismo agora num contexto digital, por meio da conversão da vida diária dos cidadãos num fluxo constante e universal de dados. Trata-se de uma matéria prima imaterial que é hoje tão valiosa quanto o petróleo.
Numa apresentação do livro, feita agora no começo de outubro, em Montreal, no Canadá, Couldry afirmou:
                 “As pesquisas sobre a internet precisam incluir também a análise de como as formas contemporâneas de extração e processamento de dados reproduzem o modo colonial de exploração. Usando uma macro sociologia do capitalismo como procedimento de pesquisa, apresentamos o conceito de “data colonialism” como uma ferramenta para analisar formas emergentes de controle politico e exploração econômica…Nossa análise envolve disciplinas como crítica da economia política, sociologia da mídia, estudos pós-coloniais e sobre tecnologia para estabelecer a continuidade da histórica apropriação colonial de territórios e recursos materiais até a atual datificação de nossa vida cotidiana. Afirmamos que embora as modalidades, intensidades, escalas e contextos tenham mudado, o principio básico continua o mesmo:  apropriar-se de recursos dos quais se pode extrair valor econômico. Da mesma forma que o colonialismo histórico pavimentou o caminho para o capitalismo industrial, o colonização dos dados digitais prepara o caminho para uma nova ordem econômica”…
O professor e pesquisador mexicano Ulisses Mejias, co-autor do livro The Cost of Connections, defende a necessidade de iniciar o que chamou de “descolonização dos grandes dados” por meio da negação da ideia de que a apropriação e utilização de dados obtidos de usuários da internet é um procedimento “natural e inevitável”  na produção de conhecimento humano,  quando na verdade é uma forma comercial de extração de dados movida por interesses econômicos e políticos.
O argumento de Couldry e Mejias se baseia na justificativa usada pelos colonizadores europeus na América Latina, África e Ásia nos séculos XV e XVI  de que era irracional deixar inexploradas as riquezas naturais existentes nestes continentes.  Seguindo a mesma lógica, na era digital, também seria irracional deixar inexplorada a avalancha de informações sobre o quotidiano das pessoas.  Para os dois pesquisadores,  a descolonização dos dados visa evitar que os seres humanos acabem vítimas do que já está sendo qualificado como uma  “ditadura baseada em dados”.
Fonte: objethos

COMENTÁRIO DA SEMANA | Resultado das eleições aumenta riscos para os jornalistas brasileiros

Há 43 anos, o jornalista Vladimir Herzog era assassinado nos porões da ditadura militar.
Rogério Christofoletti

Professor da UFSC e pesquisador do objETHOS

Repórteres e editores têm motivos de sobra para acreditar num futuro sombrio para o jornalismo brasileiro. Os resultados das eleições de ontem não apenas levaram um candidato autoritário à presidência da República como também concederam poder único a um político que abomina a crítica, não suporta diálogo e desrespeita jornalistas. O homem que vestirá a faixa presidencial em 1º de janeiro de 2019 tem uma carreira parlamentar pífia, movida a frases machistas, racistas e homofóbicas, e que não tolera se expor ao julgamento público. De fácil destempero, é também conhecido por seus elogios à tortura e à ditadura militar, credenciais que destoam completamente da investidura do cargo que vai ocupar naquela que foi conhecida como a maior democracia do hemisfério sul.
Esse comportamento avesso ao cerco da mídia não é de hoje, e a campanha eleitoral só acentuou essa marca. O candidato de ultra-direita evitou ser questionado o quanto pôde, blindou-se das perguntas indigestas e refugiou-se em casa e no hospital, recebendo apenas entrevistadores amáveis de emissoras que julgou confiáveis.
Nos quase dois meses de corrida presidencial, foi a apenas dois debates na TV, e mesmo depois de recuperado do atentado que sofreu, faltou aos demais. Com isso, levou seis emissoras diferentes a cancelar programas na reta final da campanha, privando os eleitores de assistirem a um confronto sequer com seu principal concorrente. Aliás, os médicos já tinham liberado o candidato para os debates 73% dos brasileiros queriam vê-lo nessa situação, mas ele preferiu distribuir tweets e fazer transmissões ao vivo pelas redes sociais. Qualquer semelhança com outro político controverso e que repudia a grande mídia não é mera coincidência.
Alertas internacionais
Um punhado de ironias cercam a eleição presidencial de 2018. A primeira delas é que os brasileiros recorreram aos próprios meios democráticos para restaurar o militarismo e o autoritarismo na política. A chapa eleita é composta por um ex-capitão e um general reformado do Exército, ambos nostálgicos da ditadura militar (1964-1985). Dezenas de milhões de votos legitimam, então, as ações de uma plataforma eleitoral, que desdenha dos direitos humanos, que zomba de minorias e que talvez não hesite em perseguir grupos marginalizados. Aliás, a violência já foi registrada na primeira etapa da campanha e foi possível colecionar as ofensas contra camadas da sociedade que ajudaram a elegê-lo. Outra ironia: a votação do segundo turno se deu três dias depois de se completarem 43 anos do brutal assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões da ditadura militar. Para quem ainda acredita na democracia é um pesadelo: parece que a sociedade brasileira sofreu um ataque de amnésia coletiva.
Ironias à parte, não faltaram avisos de que o líder das pesquisas representava um risco ao país. The New York TimesThe GuardianEl País entre outros meios internacionais escreveram editoriais, dedicaram capas e ofereceram reportagens críticas. Em terras brasileiras, The Intercept, El País, BBC Brasil, Agência Pública e veículos alternativos alertaram o eleitorado da inconsistência do plano de governo, da inexperiência administrativa do candidato, e de sua instabilidade emocional. Parcelas influentes da grande mídia foram condescendentes com suas posturas discriminatórias, e normalizaram o ódio, insistindo numa imparcialidade artificial e insustentável. Alguns jornalistas foram mais incisivos ao afirmar que se tratava de um projeto fascista  e que o candidato à presidência não estava sozinho: seus aliados eleitos para o parlamento têm como bandeiras a prisão perpétua, a criminalização dos movimentos sociais e a caça aos comunistas (!). Poucos grandes meios romperam o cerco e fizeram um jornalismo digno do nome. A poucos dias da votação final, a Folha de S. Paulo trouxe a melhor reportagem do período,revelando que empresas ajudavam o candidato da ultra-direita, impulsionando notícias falsas contra seu rival no WhatsApp. A prática é ilegal, e o Tribunal Superior Eleitoral não freou a candidatura beneficiada com o esquema. O furo de reportagem foi um ponto positivo, mas a própria ombudsman da Folha criticou o manual de redação do jornal por não tachar o candidato de extrema-direita.
Vai piorar
O Brasil e os brasileiros poderiam ter aprendido com o que vem acontecendo nos Estados Unidos desde a campanha que elegeu Donald Trump. Os resultados dessas eleições mostram que ignoramos os sinais, e que antes mesmo de ser eleito, o candidato extremista já agia como Trump. Diante da revelação da Folha de S. Paulo, acusou o jornal de espalhar notícias falsas. Enquanto isso, seus seguidores covardemente perseguiam a repórter que descobriu o casoA Folha de S.Paulo pediu que a Polícia Federal investigasse essa e outras ameaças. Fustigar jornalistas parece ser uma tradição familiar, já que um dos filhos do candidato foi denunciado em abril por ameaçar outra repórter.
Já foi demonstrado que a agressividade naturalizada da campanha aumentou a violência online, e não temos razões para esperar que isso recue. O jornalista Leonardo Sakamoto teme, inclusive, que surjam nos próximos meses milícias de ódio para punir e tentar calar. É muito possível que a internet funcione no Brasil como uma arena de perseguição da liberdade de expressão e do pensamento. O futuro morador do Palácio da Alvorada é um especialista no assunto. De acordo com The Intercept, ele é autor de 23 ações para tentar barrar notícias negativas e posts críticos na rede só em 2018. “Isso faz dele o político que mais acionou o Judiciário este ano para silenciar opositores”, informa o repórter Eduardo Goulart de Andrade.
O que mais podemos esperar? Se o modelo é Trump, o novo presidente do Brasil vai dispensar entrevistas coletivas e descredenciar jornalistas críticos para que não possam cobrir seus passos em Brasília. Vai adotar o Twitter e o WhatsApp para se comunicar com seus eleitores, ignorando os canais institucionais e da grande mídia, sequestrando a comunicação com a população. Cada vez mais, vai apontar o dedo acusador para meios críticos, rotulando-os de “fake news”, e liberando suas falanges de ódio para novos acossamentos digitais e físicos.
Ser jornalista no Brasil vai se tornar uma tarefa muito desgastante e perigosa. Se o país já vinha assistindo ao aumento da violência contra repórteres nos últimos anos, não temos qualquer garantia de que crimes contra comunicadores serão investigados e punidos. Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostrou que aconteceram mais de 140 ataques contra profissionais neste ano. Pior: a violência aumenta, a impunidade se mantém e diminuem as chances de frear essa escalada. A bancada governista recém-eleita não deve ter nenhuma boa vontade para aprovar projetos de lei que aumentem a proteção dos jornalistas.
Com a naturalização dos ataques à mídia, fazer coberturas de manifestações públicas vai se tornar muito arriscado fisicamente. E o risco de censura interna nos meios tende a aumentar. Recentemente, repórteres se queixaram de se sentir amordaçados e houve até comentarista demitido por críticas feitas ao candidato de sua emissora de rádio. Se parte da mídia continuar aderente ao novo governo, o mais provável é que haja um isolamento internacional, e esse apoio político pode não assegurar mais verbas de publicidade governamental.
Ao disseminar notícias falsas por canais alternativos de comunicação, ao perseguir a mídia e ao incitar a população contra os jornalistas, o próximo presidente da república nega ao eleitor o direito de acesso à informação.
O panorama é pessimista e ele não contém apenas preocupações corporativas. Sim, o governo recém-eleito no Brasil vai trazer mais riscos físicos, morais e políticos aos jornalistas. Mas com isso, a democracia e a cidadania também serão afetadas. Sem um governo transparente, que esteja ao alcance da mídia e do julgamento público, os eleitores brasileiros estarão alienados de como se dão as grandes decisões nacionais e nem poderão participar delas. Sem um governo que se exponha à crítica e à fiscalização, o povo estará cada vez mais privado de sua autonomia e soberania. Regimes democráticos exigem visibilidade, limitações de poder e obediência à vontade popular. As sociedades se acostumaram a delegar ao jornalismo as funções públicas de monitoramento dos poderes e revelação de suas entranhas.
O resultado das eleições presidenciais de 2018 aumenta riscos para os jornalistas, para a democracia e a sociedade. É grave, é urgente e já está acontecendo.
Fonte:objethos

Como Ser Um Conservador

Contra o reaccionarismo:
o conservadorismo como defesa da cultura e da natureza

Segundo o filósofo inglês Roger Scruton, o virtuosismo e os bens colectivos estão sob ameaça. Para o pensador, o conservadorismo é a única resposta às realidades emergentes. Como explica no livro Como Ser Um Conservador, editado em Portugal pela Guerra e Paz.

Roger Scruton, filósofo inglês de 74 anos, apresenta uma tese na qual defende que o conservadorismo, em detrimento de outras ideologias políticas, é a única solução consciente e não-reaccionária para mantermos as coisas virtuosas que herdámos colectivamente, tais como: a paz, a liberdade, a lei, a civili­dade, o espírito público e a segurança da proprie­dade e da vida em família.

O pensador britânico afirma que «o trabalho da destruição é rápido, fácil e entusiasmante; o trabalho da criação, lento, la­borioso e monótono. É uma das lições do sécu­lo xx. É também uma razão pela qual os conser­vadores sofrem de tamanha desvantagem junto da opinião pública. A sua posição é verdadeira, mas enfadonha; a dos seus opositores, excitan­te mas falsa.»

Estas conclusões estão descritas em Como Ser Um Conservador, um livro que chega às livrarias portuguesas no dia 6 de Novembro. Na obra poderá encontrar comparações que irão enriquecer o debate político entre o conservadorismo e outras correntes políticas, como o nacionalismo, o socialismo, o liberalismo e o multiculturalismo.

Ao conjugar de forma exemplar um raciocínio profundo com um texto sofisticado e preciso, este é um livro para todos os que procuram manterem-se informados sobre o mundo e as transformações que afectam directamente o nosso futuro e a nossa qualidade de vida.

Um livro que, desde o seu lançamento em Inglaterra, gerou inúmeras reacções e críticas positivas:

«Roger Scruton é uma raridade: um filósofo de primeira linha que tem efectivamente uma filosofia [...] uma das poucas vozes intelectualmente autorizadas do conservadorismo britânico moderno.» Revista The Spectator

«Um pequeno livro persuasivo e pungente.» Revista The Oldie

«Scruton traz audácia e sagacidade para a questão do que deve ser o conservadorismo.» Jornal Daily Telegraph


Outras obras de Roger Scruton editadas em Portugal pela Guerra e Paz, Editores: O Ocidente e o RestoGuia de Filosofia para Pessoas InteligentesBe­leza Breve História da Filosofia Moderna.




Como Ser Um Conservador
Roger Scruton
Não Ficção / Política
248 páginas · 15x23 · 16,90€
Nas livrarias a 6 de Novembro
Guerra e Paz, Editores


R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal

Tel.  (+351) 213 144 488