domingo, 9 de abril de 2017

Morreu 1.ª ministra da Defesa espanhola. Encontrada sem vida por amiga

Carme Chacón tinha 46 anos de idade e sofria de um problema cardíaco.


Morreu este domingo a catalã Carme Chacón, a primeira mulher a liderar o Ministério da Defesa em Espanha. A socialista foi encontrada morta em sua casa, em Madrid. Terá falecido em consequência de uma condição congénita de coração de que padecia.
A política de 46 anos de idade foi encontrada após o alerta de familiares e amigos que não tinham notícias dela desde sábado, tendo avisado uma amiga próxima de Madrid para que fosse a sua casa.
Quando a polícia e os serviços de urgência chegaram a sua casa, refere o diário ABC, já nada havia a fazer. Estava na cama, de pijama, e os primeiros dados apontam para que tivesse falecido há mais de sete horas.

Fonte: Notícias ao minuto

Colheita de Sangue Dia 13 de Abril entre as 9 horas e as 12:30 horas na Alticelabs (ex-PT Inovação de Aveiro



Os interessados em aderir à dádiva devem fazer-se acompanhar do Cartão de Cidadão para facilitar a inscrição, ou do Cartão Nacional de Dador de Sangue. Não deixem de consultar o site www.adasca.pt.

Solidários, seremos união. Separados seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” Bezerra de Menezes.

Os dadores do exterior que pretendam comparecer nesta brigada, basta informar o Segurança à entrada.

Onde Posso doar sangue em Aveiro em  2017?


J. Carlos

Colheita de Sangue Dia 12 de Abril entre as 15 horas e as 19:30 horas no Posto Fixo da ADASCA em Aveiro


Os interessados em aderir à dádiva devem fazer-se acompanhar do Cartão de Cidadão para facilitar a inscrição, ou do Cartão Nacional de Dador de Sangue. Não deixem de consultar o site www.adasca.pt.

Solidários, seremos união. Separados seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” Bezerra de Menezes.

Em Aveiro ou arredores só não adere à dádiva de sangue quem não quer, ou não pode por razões diversas. A ADASCA é associação com mais brigadas num só local, cerca de 92 durante o ano.

Onde Posso doar sangue em Aveiro em  2017?


J. Carlos




Há quem fique mais de 200 dias num hospital sem precisar

LEONARDO NEGRÃO / GLOBAL IMAGENS

São utentes que têm alta clínica, mas que não podem ir para casa por precisarem de resposta de lares ou de cuidados continuados

No ano passado, só nos centros hospitalares Lisboa Norte (CHLN) e Lisboa Central (CHLC), houve 273 utentes que apesar de terem alta clínica ficaram mais tempo internados por não poderem ir para casa e não terem resposta na rede de cuidados continuados ou em lares em tempo útil. Em média, o internamento a mais rondou os 25 dias, mas existem situações extremas em que os utentes ficaram no hospital mais de oito meses.

Das 90 situações registadas em 2016 - no ano anterior tinham sido 117 - no CHLN (hospitais Santa Maria e Pulido Valente) 71% dos chamados casos sociais era idosos, com situação de dependência, fracos recursos económicos, a viver sozinhos ou com um cônjuge de idade similar. É este retrato, a juntar à incapacidade de resposta das famílias por terem menores a cargos, estarem a trabalhar ou emigrados que limita a alta do hospital e leva à rutura da capacidade de resposta das redes do setor social e dos cuidados continuados.

"Assistimos a um crescente número de idosos dependentes, isolados e sem capacidade de decisão e consequente necessidade de sinalização ao Ministério Público para eventual processo de interdição. Por outro lado, o tempo de resposta aos pedidos de apoio económico para integração em lar (Santa Casa da Misericórdia e Segurança Social de Lisboa) é moroso, e a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados continuar a não responder em tempo útil, independentemente do crescimento da oferta", diz ao DN Carlos Martins, presidente do conselho de administração do CHLN. O processo de alta é iniciado o mais breve possível, mas há casos extremos. Em 2016 tiveram utentes que ficaram internados 284 dias à espera de uma resposta.

Num dos quartos do hospital Curry Cabral - um dos seis que compõe o CHLC - vivem desde 13 de março um casal de idosos. Ele com 88 anos e ela com 92. Foram parar ao hospital depois do marido ter caído em casa. Ela ficou "internada por estar a acompanhar o marido e por se tratar de uma situação de cariz social muito precária", explica o CHLC, adiantando que os dois sofrem de demência. Têm alta clínica, mas a casa onde vivem não tem água ou luz, que deixaram de pagar tal como a renda, e a família não mostrou disponibilidade para os apoiar. O caso estava referenciado há dois anos pela Santa Casa e junta de freguesia, que ao hospital explicaram nunca terem tido consentimento dos idosos para intervir. Agora aguardam uma resposta dos serviços sociais da Câmara de Lisboa para irem para um lar.

"Pode afirmar-se que as respostas são insuficientes e desniveladas das necessidades de dependência dos utentes e, ainda, com tempos médios de demora muito desajustados dos "timings" hospitalares", refere o CHLC, que no ano passado tive 183 utentes sem salta social. No ano anterior tinham sido 290. As soluções mais frequentes são a atribuição de subsídios para a integração em lares, apoio domiciliário, subsidio para cuidadores, apoio de centros de dia ou encaminhamentos para tribunais ou comissões de menores no caso de jovens).

"Em 2016 foram sinalizados ao Instituto da Segurança Social um total 709 pessoas que, segundo a avaliação social do serviço social do hospital requereriam integração em resposta social. Após avaliação social da Segurança Social 51% foram integrados em lares, sendo que para as restantes situações foram consideradas como tendo condições para regresso ao domicílio com apoio de serviços de apoio domiciliário, centro de dia, apoio de familiares ou foram ainda referenciadas para respostas sociais para a área da deficiência", diz o Instituto de Segurança Social, acrescentando que foi criado um manual para o planeamento de altas hospitalares para agilizar o processo.

Fonte: DN

Eu, Psicóloga: 13 razões porque você deveria assistir "Os 13 porquês".




A Netflix lançou no último dia 31 de março mais uma série que veio para dominar os assuntos na internet. Mas desta vez não é sobre zumbis, mistérios fantásticos, histórias futuristas ou paranormais. É sobre um assunto que está aí do seu lado, aqui do meu e a gente mal percebe: o suicídio.


Na série, inspirada num livro e com produção executiva da cantora e atriz Selena Gomez, Hannah é uma adolescente dos EUA vítima de problemas mais comuns do que gostaríamos: bullying e cyberbullying, sexualização das mulheres, machismo, assédio, falta de diálogo com a família, depressão. Talvez nada disso te pareça sério o bastante para a personagem fazer o que fez, mas a própria explica com detalhes como juntar esses elementos a levou à decisão fatal.


Em 13 fitas cassete, ela conta sua história aos envolvidos e cada lado de cada fita é um episódio sobre um deles. No fim de semana passado, a série chegou ao Trending Topics do Twitter com a hashtag #NãoSejaUmPorque, com pessoas refletindo sobre como a história mexeu com o estômago de todo mundo. O assunto bullying veio à tona e junto trouxe um monte de desabafos. Mas também chacoalhadas.

A Hannah não tem um "perfil clichê" para o caso. Não é gordinha, negra, deficiente ou homossexual - pessoas acostumadas (mas não conformadas) a sofrerem preconceito e bullying diariamente. É bom para mostrar que qualquer pessoa pode passar por isso (claro que guardadas as devidas proporções). Se tudo isso já não foi suficiente, veja abaixo mais 13 motivos para você parar tudo e assistir à série 13 Reasons Why agora mesmo:

1. Você vai querer saber mais sobre isso quando vir a série.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que o suicídio é um problema de saúde pública que deve ser visto como prioritário por gestores de todas as nações. Segundo estudo do órgão, a cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo - são 2.160 pessoas por dia. Acredite, ele mata mais que a aids e a violência! O Brasil, infelizmente, já foi considerado o oitavo país com o maior número de suicídios do planeta. E é pior entre os jovens: na última década, a taxa de brasileiros que tiram a própria vida cresceu mais de 40% entre pessoas de 15 e 29 anos. É ou não é importante prestar atenção nesse assunto?


2. Você provavelmente vai ficar se perguntando se não tem alguma Hannah ao seu lado.


Hannah era uma adolescente comum, bonita, saudável, tentando passar logo pela fase mais chata e perturbadora da vida. Mas ela sofria e ninguém levou a sério seus sinais de que algo não ia bem.


3. Pode trazer algum insight sobre as consequências do bullying na sua vida de hoje.


A história se passa numa escola de ensino médio americana (o famoso High School), com personagens bem óbvias, como a líder de torcida, o capitão do time de basquete, o garoto nerd esquisito. Tirando esses detalhes, não é tão diferente da nossa realidade aqui no Brasil. Então, inevitavelmente vai passar um filme da sua adolescência na cabeça, como quando você fez comentários maldosos sobre alguém ou foi vítima deles.


4. Se você é ou foi um (a) adolescente com problemas parecidos com os da Hannah...
Vai pensar na importância de colocar isso para fora, falar a respeito, procurar ajuda.


Muito do que ela passou poderia ser resolvido pela direção da escola, quem sabe, caso ela tivesse sido atendida antes. Psicólogos, terapeutas, psiquiatras e o CVV também estão aí para isso. Procure ajuda quando se sentir sozinho e sem esperança. Você pode sair dessa situação. Não tenha medo de pedir ajuda.


5. A série é também uma crítica ao formato da educação tradicional americana...


Perfeitamente adaptável à nossa. É bom vocês que pensam o futuro do País prestarem bastante atenção na fala da Hannah, com a qual eu concordo plenamente: "Sonhe grande, eles dizem, mire alto. Depois eles nos trancam por 12 anos e dizem onde sentar, quando fazer xixi e o que pensar. Então fazemos 18 anos e, mesmo que nunca tenhamos pensado sozinhos, temos que tomar a decisão mais importante das nossas vidas".


6.Se você trabalha com adolescente , aliás, vai ver o quanto não sabe de verdade sobre o que se passa na cabeça dos seus alunos.


Violência, agressividade e, principalmente, o bullying são sinais sérios demais para serem ignorados. Você nunca sabe como cada episódio pode ser encarado por alguém mais frágil e sensível; por isso, não subestime os relatos e as expressões de seus alunos.


7. Caso tenha um caso de suicídio (ou tentativa) próximo a você, vai talvez entender como os motivos daquela pessoa, por mais estranhos que possam ser, eram reais e pesados demais para ela.


Mas também vai ver que a culpa geralmente é compartilhada e muitos fatores podem ser somados na hora do sofrimento. Perdoá-la e perdoar-se será um passo muito importante.


8. Pais e mães vão pensar em como é para ontem o início de um diálogo franco e constante com seus filhos.


Vocês devem ser os que mais vão sentir um nó na garganta ao ver os episódios em que a mãe da Hannah fica tentando descobrir o porquê. A aflição dela ao procurar pistas e provar que a escola também foi responsável pelo que houve é tocante e triste, porque é como se ela só passasse a conhecer de fato a filha depois que ela morre.


9. Você provavelmente não vai se calar quando vir alguém sendo vítima de outra pessoa.


Embora eu não ache que necessariamente haja um culpado direto, a personagem acusa não só os que a maltrataram, mas também quem não tentou evitar. A melhor frase da sequência certamente é uma que está no início: "Talvez [você] tenha feito algo cruel. Ou talvez só tenha observado acontecer". É bom assistir para analisar quantas vezes você não deu uma de Pilatos e simplesmente lavou as mãos diante da maldade alheia. Isso vai te servir para muitos momentos, como quando vir uma mulher apanhando do marido, por exemplo.


10. Você pode ser uma Hannah.


Então acalme-se e pense na história dela como algo que poderia ter sido evitado. É para aprender, refletir e entender, não para te incentivar. Dá para perceber o quanto a decisão dela afetou a vida de um monte de gente? É o efeito borboleta, como ela mesmo cita. Fugir não vai fazer todo mundo te amar e perceber como você era importante para o mundo. Vai trazer lágrimas e dor, tão ou mais fortes que a que você sente agora. Tenha a certeza de que alguém te ama hoje e merece uma chance de tentar cuidar de você. O mais importante: por mais responsabilidades que você ganha depois, é maravilhoso quando a adolescência passa. Essas cobranças para que a gente se pareça com alguém, se sinta incluído ou faça parte do grupo de populares da escola ficam pequenas diante dos outros desafios que surgem pela frente. Na verdade, você talvez nunca pare de querer se enquadrar, agradar todo mundo, mas acredito que nada será tão cruel como ser adolescente. Vejo o número 13.


11. Não tem como você assistir à série e não chegar à conclusão de que essa história de "ela se matou para chamar a atenção" é besteira.


Também não é frescura, não é ser mimado, não é coisa de rico nem da geração Y. As pessoas têm depressão, síndrome de pânico e tendências suicidas não porque gostam, mas porque são problemas reais que devem ser tratados com seriedade e tratamento. Dói de verdade. Não é porque você sabe lidar tranquilamente com situações negativas que todo mundo vai saber.


12.Você pode ajudar a trazer o tema à tona.


No Brasil e em muitos outros lugares, existe um acordo não escrito que faz a imprensa nunca noticiar suicídios, para não incentivar. Isso é importante porque de fato o que a mídia diz tem alto poder de influência, principalmente para quem só estava esperando mais um motivo para se matar - ver que outra pessoa tomou coragem pode ser um deles. Mas por conta desse silêncio nós nunca falamos a respeito, não discutimos isso com a seriedade e atenção que merece. Faltam dados, registros, alertas. É como se não existisse. Aí ninguém vai se preocupar de fato com isso, apesar de ser considerado pela OMS uma "epidemia de extensão global". Quem sabe você pode ser uma das pessoas que vai trazer o debate à tona e salvar vidas? 


13. Você pode pedir ajuda:


Quando nos sentimos menos e inferior aos demais, tendemos a buscar ainda mais a opinião e aprovação das pessoas e quanto menos a conseguimos, pior nos sentimos. É quando surgem os conflitos e até a idéia de suicídio como você conta, talvez acreditando que assim se livrará de seu sofrimento. Mas se chegou até aqui, acredito que você queira ajuda. Para que possa elevar sua auto-estima, é importante que comece a perceber suas qualidades e comece amar a pessoa que você é, procurando se libertar cada vez mais da opinião das outras pessoas. Sei que não é uma atitude fácil, mas é possível.


Diante de seus sentimentos é indicado que você busque ajuda sim, seja de uma pessoa que você confie muito, de preferência com mais idade e experiência que você, ou de um profissional, no caso psicólogo(a), para que possa te orientar de maneira adequada. Lembrando que nossa orientação no site não substitui de modo algum o atendimento pessoal com um profissional, pois é imprescindível a continuidade do trabalho. Por isso, não pare por aqui, vá buscar ajuda de alguém que possa te acompanhar mais de perto e com certeza logo você conseguirá superar todo esse sofrimento e acreditar cada vez mais em si mesmo.


Precisa de ajuda? CVV (Centro de Valorização da Vida). Ligue: 141 ou acesse cvv.org.br para chat, email ou skype

Debora oliveira

Eu, Psicóloga: "Criança não namora, nem por brincadeira": campanha discute erotização precoce


Organizada pela Secretaria de Assistência Social do Amazonas, ação tem sido compartilhada por pais e mães na internet


A cena é corriqueira. Cedo ou tarde, os filhos voltam da escola anunciando um namorico com um coleguinha, menino ou menina. A reação dos pais oscila entre o susto e a surpresa. Nunca passa em branco. E nem pode.

A Secretaria de Assistência Social do Amazonas lançou, no último dia 5 de abril, uma campanha na internet contra a erotização precoce das crianças, com o slogan "Criança não namora, nem de brincadeira". A hashtag #criancanaonamora ganhou as redes sociais e faz parte de uma ação mais ampla do governo do Amazonas que pretende mobilizar escolas, comunidades, psicólogos e pais contra a exploração infantil.


#CRIANÇA NÃO NAMORA é uma campanha da Sociedade de Psicólogos e Conselhos Tutelares, com o objetivo de conscientizar pais e responsáveis sobre relacionamentos infantis. O nome da relação entre crianças se chama: Amizade.

Insistir em namoro na infância é adultilizar as crianças e incentivar a erotização precoce. Criança tem que ser criança. Infância precisa de proteção.

"Em dois dias, nossa caixa de e-mails lotou" conta Carolina Pinheiro, assessora de comunicação da Secretaria do Estado de Assistência Social. "Não pensamos que fôssemos ouvir tantas histórias diferentes. Muitos pais e professores realmente não sabem como agir em relação ao assunto, e precisam de um suporte", afirma Luiz Coderch, coordenador do Centro de Convivência da Família e do Idoso do Estado do Amazonas. "Esbarramos em um quadro mais complexo quando se fala em comportamento inadequado de crianças. No geral, elas apenas reproduzem o que veem em casa ou o que são incentivadas a fazer ou a dizer. Então, o problema é de toda a sociedade. O que ela vê, ela faz."

É preciso respeitar o desenvolvimento cognitivo de cada etapa da vida. Uma criança não sabe o que é um namoro, ela não tem esse discernimento. Para Luiz, é natural que meninos e meninas sintam algum tipo de repulsa em relação aos beijos entre adultos - sinal de que ainda não têm maturidade para compreender todas as nuances de um relacionamento com outras pessoas. Do ponto de visto psicológico e biológico, precisam amadurecer. "Um abraço no amiguinho, um beijo no rosto e demonstrações de afeto que ele recebe dos adultos em casa são seu instrumental afetivo. Beijar os pais na boca, por exemplo, especialmente entre os 4 e 7 anos, não é algo totalmente adequado. Nem pediatras recomendam."

Para Vera Zimmermann, psicanalista do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Unifesp (SP), o machismo ocupa papel central nessa história. Em idade escolar, meninos são incentivados a terem uma "namoradinha", e meninas são ensinadas a se comportar. Essa é a regra geral. "Os pais interpretam o interesse pelo outro, as preferências por tais e tais amigos, as primeiras escolhas infantis, como algo erótico, quase genital. Não se trata disso. A criança só está aprendendo a fazer amigos e a se relacionar. Não são namoradas ou namorados. Essa é uma projeção dos adultos."

Professores e escolas também precisam estar atentos. A conversa precisa de uma correção de rota, caso o papo de namoro surja muito cedo. Criança tem de brincar. A brincadeira infantil é um exercício de comportamento; ao pular o aprendizado, a criança apenas reproduz comportamentos, sem compreendê-los. A hora de namorar vai chegar. "Os adultos é que precisam ser reeducados a entender o universo infantil. A criança não discrimina sentimentos de aproximação e amizade. Antecipar essas sensações só causam angústia à criança. É preciso reconduzi-la ao mundo infantil", crê Vera.

Afinal, quando é hora?


Vera acredita que, dos 9 aos 12 anos, com o início da adolescência, a curiosidade deve aumentar. Os pais precisam direcionar a energia das crianças para o conhecimento, para os esportes, os estudos, e aguardar a maturidade completa para a entrada na puberdade. Não é preciso estimulá-la nessa direção. Dar tempo ao tempo é a melhor resposta.


Fonte: Revista Crescer

Debora Oliveira

Vídeo mostra homem a tentar afogar mulher | Homem filmado a tentar afogar mulher no Rio Águeda

Foram os gritos de desespero da mulher, com cerca de 70 anos, que alertaram um reformado que caminhava nas margens do rio de Águeda, em Águeda, na tarde de sexta-feira. Ao espreitar por entre a vegetação encontrou um homem a tentar afogar a companheira, que já estava totalmente submersa pela água. Como estava na outra margem, só conseguiu gritar e captou o momento em vídeo - o que fez com que o agressor parasse. 

"Estava a fazer um trilho pelas margens do rio quando ouvi pedidos de socorro e reparei que um homem tentava assassinar a mulher por afogamento. Ela era agarrada por este monstro pelo pescoço com toda a força para baixo de água", descreveu a testemunha nas redes sociais. 

O vídeo acabou por ser entregue no posto da GNR de Águeda, que ontem foi buscar a vítima à casa onde vive com o agressor - que até ao fecho desta edição ainda não tinha sido localizado. De acordo com as autoridades, a mulher nunca antes apresentou queixa contra o marido - nem ontem o quis fazer no posto. No entanto, como violência doméstica é um crime público, o caso será agora encaminhado para o Ministério Público. 


A vítima regressou a casa, acompanhada por familiares. No vídeo é possível ver a mulher em aflição, com a roupa molhada e com lama. "Se eu não estivesse naquele momento nas margens do rio, esta mulher era assassinada por este louco que não tem respeito pela vida humana", explicou o reformado. 




Fonte: CM

Comentário: este é o mundo em que vivemos, um mundo habitado por por tresloucados.

J. Carlos


Hora de Fecho: "Sempre achei que a morte me apanharia feliz"

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
O cancro tirou-lhe as cordas vocais e mudou-lhe a vida para sempre. Teve medo de morrer, mas nunca se deu por vencido. Voltou agora à política. João Semedo, em entrevista de vida ao Observador.
Hotel espanhol acusou-os de vandalismo e obrigou-os a sair mais cedo. Ao Observador, estudantes dizem que o pior que viram foi "um sofá no elevador" e atacam más condições de higiene da estância.
Uma construtora acusa Paulo Portas de ter utilizado a sua influência para reverter avaliação inicial de concurso para escola da Nato em Oeiras. Obra foi para a Mota-Engil, onde Portas é consultor.
O exame Harrison, usado para os estudantes de Medicina determinarem em que especialidade podem entrar, vai acabar em 2018. A nova proposta vai estar em consulta pública nos próximos 30 dias.
Pensou deixar o clube após a agressão ao árbitro mas nunca "deixa cair" os jogadores. Milton Ribeiro é treinador "a mais" para o distrital mas onde diz poder "crescer" é como cabeleireiro.
Uma explosão fez pelo menos 25 mortos e 40 feridos numa igreja copta em Tanta. Horas depois, um bombista suicida fez-se explodir em Alexandria. Há 11 vítimas. Estado Islâmico reivindica ataque.
A diretora da Amnistia Internacional na ONU acusa António Guterres de "inação" nos seus primeiros 100 dias como Secretário-Geral. Síria e Iémen e os colonatos israelitas estão no centro das críticas.
O principal suspeito do atentado em Estocolmo pediu asilo à Suécia em 2014. Em 2015, teve resposta negativa, mas não obedeceu a ordem de expulsão. Em fevereiro deste ano foi procurado pela polícia.
Quer sentir as acelerações de um Ferrari, o poder de travagem e a tremenda velocidade que atinge em curva, que nos leva o coração à boca? Pode ser tudo seu. E por apenas 30€.
Eurico de Barros recorda o tempo em que a cervejaria lisboeta inaugurou uma esplanada ao ar livre, onde havia sessões de cinema durante o Verão. Duraram dos anos 50 até pouco depois do 25 de Abril.
Depois de ganhar um prémio do Instituto Americano de Arquitetura, Derik Eckhardt decidiu estudar os dez edifícios mais inteligentes do mundo para o seu próximo projeto. Encontrou-os por todo o mundo. 
Opinião

Vasco Pulido Valente
… hopes expire of a low dishonest decade… W. H. Auden 

Alberto Gonçalves
De vez em quando, do alto da montanha de livros e merchandising partidário que acolhe na Marmeleira (?), Pacheco Pereira olha para baixo e deprime-se. Voltou a acontecer esta semana

Lucy Pepper
É complicado que esta seja uma cidade em que vivem pessoas com ideias fantásticas, e outras com enorme poder, todos a olhar enquanto Olisipo arde e uma paródia dela própria renasce das cinzas.

Nuno Santos
Lisboa e Porto, que já tinham uma forte pressão de tráfego, têm agora a pressão acrescida dos turistas que avidamente procuram conhecer o máximo das cidades, muitas vezes no menor tempo possível. 

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Sem nenhuma prova, infama-se a justiça eclesial, que se acusa de corrupta, ao sugerir que as declarações de nulidade matrimonial se compram e vendem…
Mais pessoas vão gostar da Hora de fecho. Partilhe:
no Facebook no Twitter por e-mail
Leia as últimas
em observador.pt
Observador
©2017 Observador On Time, S.A.
Rua Luz Soriano, n. 67, Lisboa

DOM DUARTE

Plinio Corrêa de Oliveira
Dom Duarte Leopoldo e Silva que apoiou o apostolado de Plinio Corrêa de Oliveira (à esq. do Arcebispo). Os demais, na foto, são colaboradores do jornal “Legionário”.
Dom Duarte Leopoldo e Silva que apoiou o apostolado de Plinio Corrêa de Oliveira (à esq. do Arcebispo). Os demais, na foto, são colaboradores do jornal “Legionário”.

Neste mês celebra-se o sesquicentenário do nascimento de Dom Duarte Leopoldo e Silva,¹ em cuja memória seguem alguns trechos de um antológico artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, publicado no jornal “Legionário” em 8 de novembro de 1942.²

Edifica a toda a população da Arquidiocese de São Paulo a piedade filial com que o Ex.mo e Rev.mo Sr. D. José Gaspar de Afonseca e Silva, Arcebispo Metropolitano, faz comemorar oficialmente, todos os anos, a data do falecimento do grande e saudoso Dom Duarte. As celebrações efetuadas habitualmente no dia 13 de Novembro excedem de muito as exigências do protocolo e as conveniências do decoro eclesiástico e significam muito mais do que uma praxe a que se obedece ou um dever que se cumpre apenas no limite estrito de sua obrigatoriedade.
O Sr. Arcebispo Metropolitano sufragando a alma de Dom Duarte de forma tão solene e incitando todo o povo, tão vivamente, a que o siga neste piedoso gesto, além de prestar à santa alma de seu antecessor o único serviço que hoje lhe possamos fazer, denuncia o propósito de conservar vivaz, em nossa recordação, a figura majestosa e veneranda daquele Prelado que governou por trinta anos o rebanho paulopolitano. É um preito de admiração e gratidão pessoal, que se liga ao desejo de conservar para a edificação dos fiéis a memória de um Arcebispo sob todos os títulos verdadeiramente excepcional.
Tracemos algumas linhas sobre o grande Dom Duarte. Não custa fazê-lo: basta abrir o coração e deixar falar as saudades…
*      *      *
Dom Duarte Leopoldo e Silva que apoiou o apostolado de Plinio Corrêa de Oliveira (à esq. do Arcebispo). Os demais, na foto, são colaboradores do jornal “Legionário”.
Contou-me nosso atual Arcebispo certa vez que, conversando com um visitador da Santa Sé no Brasil, este lhe dissera que Dom Duarte era uma figura capaz de ocupar com garbo os mais conspícuos sólios da Terra, pois que era um dos maiores bispos que a Santa Igreja possuiu em nossos dias. Era essa a opinião abalizada de um observador imparcial, que o Santo Padre honrava com sua confiança pessoal, e que viajara por vários países da Terra, no exercício de suas árduas funções. E, nessa apreciação, não havia exagero.

Quem de nós não se lembra daquela figura esguia e solene, sempre aprumada, de gestos sempre fidalgos, de acolhida sempre nobre e majestosa, que em toda a sua pessoa deixava transparecer ao mesmo tempo uma extraordinária consciência da dignidade de seu cargo, uma resolução inabalável de cumprir os espinhosos deveres jusque ad effusionem sanguinis, uma firmeza indomável, e uma piedade sólida e comovedora?
Quem de nós, aproximando-se de Dom Duarte, não sentiu aquele misto de respeito e de confiança seguríssima que sua pessoa inspirava, e que nos levava a agir, a falar e até a sentir em sua presença como se estivéssemos em uma igreja? Quem de nós não lhe sentiu a fortaleza paternal? A majestade de Dom Duarte era como a do sol ao meio dia: completa, indiscutível, invencível, esplêndida. Ao calor de seus raios, sentia-se a convicção de que os adversários da Santa Igreja estavam inevitavelmente circunscritos em sua ação maléfica e que por isto mesmo seriam inúteis todas as suas investidas.[...]
Os que costumam freqüentar a Cúria Metropolitana conhecem o decoro que reina invariavelmente, como é natural, naquela repartição eclesiástica. O Bispo de Jacarezinho, D. Ernesto de Paula, contou-me que, apesar disto, a simples presença de Dom Duarte tinha uma tal ação que lhe bastava entrar na Cúria para ver desde logo se Dom Duarte estava ou não, em seu gabinete de trabalho do primeiro andar. Presente o Arcebispo, um ambiente indefinido se alargava por todo o vasto prédio, onde tudo parecia dizer “o Arcebispo aí está”.
A pessoa de Dom Duarte tinha um particular que é a nota típica da figura autenticamente grande. Admirado por gregos e troianos, sabia conservar também a admiração de seus íntimos. Simplesmente ao ver-se uma pessoa falar sobre Dom Duarte, sabe-se se ela teve ou não a inestimável graça de viver em sua intimidade, tal é a unção com que falam dele os que mais de perto o conheceram. Seus íntimos foram os que mais o admiraram. Diz-se que ninguém é grande homem para seu secretário particular. Quem quiser ver desmentir esta regra poderá conversar alguns minutos sobre Dom Duarte com algum de seus antigos secretários, o Bispo Auxiliar de Ribeirão Preto, Dom Manuel D’Elboux, ou o mordomo do Palácio São Luiz, Cônego Silvio de Moraes Mattos, por exemplo. Verá, certamente os ex-secretários mais admirativos, mais piedosa, comovida e filialmente admirativos que alguém possa ver.
Não posso dizer que tenha tido a fortuna de entrar propriamente na intimidade de Dom Duarte. Seus íntimos eram, além de alguns membros de sua família, apenas aqueles que o dever de ofício introduzia em seu convívio particular. Mas tive inúmeras ocasiões de tratar com ele questões reservadíssimas, em que um homem se mostra todo inteiro. Conheci-o muitíssimo de perto. E pude verificar que, em se tratando de Dom Duarte, a palavra intimidade tinha um sentido especial. Os íntimos não eram aqueles junto aos quais ele se permitisse de abrandar um tanto as regras do decoro e da conveniência, a que tão meticulosa e mortificadamente se sujeitava. Os íntimos não eram aqueles em cuja presença se permitisse uma retenue menos estrita do que em público. Íntimos eram aqueles que, observando-o mesmo em seus momentos mais comuns, podiam ver que aquele homem de Deus era verdadeiramente e plenamente tudo quanto parecia ser, conservando-se idêntico a si mesmo, sempre majestoso, sempre grande, sempre piedoso, até nos menores e mais insignificantes atos de sua vida.
Um exemplo falará pelo resto. Contam seus íntimos que Dom Duarte jamais deixava o uso correto e pleno do traje eclesiástico, ainda mesmo na intimidade. Nunca aparecia, por exemplo, sem colarinho, ou de batina desabotoada nem mesmo nos primeiros botões da parte alta. Ele era sempre ele. E, no dia tristíssimo para nós em que Deus o chamou à glória do Céu, quando o piedoso Arcebispo, deitado a altas horas da noite começou a sentir a crise cardíaca que o matou, tocou a campainha chamando seu dedicadíssimo secretário, Cônego Silvio de Moraes Mattos. Pode-se imaginar com que celeridade este acudiu. Porém, quando entrou no quarto, encontrou Dom Duarte sentado e já de batina, se bem que arfando de dor e falta de ar. Arranjara meios de se vestir em alguns minutos, se bem que às voltas com uma crise cardíaca mortal… era assim a intimidade desse santo homem
Inauguração das máquinas do “Legionário”, estando presente o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. À direita do Arcebispo, Da. Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira e Plinio Corrêa de Oliveira. À sua esquerda, o Bispo de Sorocaba, D. José Carlos de Aguirre, o Bispo-auxiliar de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, e Da. Olga de Paiva Meira, Presidente da Liga das Senhoras Católicas.
Inauguração das máquinas do “Legionário”, estando presente o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva. À direita do Arcebispo, Da. Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira e Plinio Corrêa de Oliveira. À sua esquerda, o Bispo de Sorocaba, D. José Carlos de Aguirre, o Bispo-auxiliar de São Paulo, D. José Gaspar de Affonseca e Silva, e Da. Olga de Paiva Meira, Presidente da Liga das Senhoras Católicas.
Uma nota curiosa de sua personalidade era a vivacidade de sua inteligência. Contam-se dele inúmeros ditos espirituosos, mas dum espírito vivo, penetrante, ágil, nobre, que nada tem de comum com a chocarrice plebéia em voga nos círculos profanos, em nossos dias. E apreciava tanto o verdadeiro espírito que o tolerava de boa mente, mesmo quando feito um pouco… a suas próprias expensas. Conta-se, por exemplo, que ele conversava certa vez com um inteligente e piedoso sacerdote, hoje prelado doméstico do Santo Padre e uma das primeiras figuras da Igreja no Brasil, que além do mais era seu velho e estimado amigo. A certa altura, Dom Duarte, que era fumante, lhe ofereceu um cigarro. O interlocutor recusou. Um tanto ironicamente, com aquela ironia incomparável e deliciosa que era só dele, Dom Duarte lhe perguntou: “o Sr. não tem este vício?” Disse-lhe o interlocutor: “Se fosse vício, V. Ex.a não o teria”. Ao que Dom Duarte agudamente respondeu: “Mas se fosse virtude, o Sr. certamente teria”. Creio que este pequeno episódio, pelo que tem de típico, é uma das boas recordações da vida tão cheia de méritos do ilustre prelado que conversava com Dom Duarte.
Muito sensível às manifestações de amizade, gostava que fossem sóbrias. Estimava vê-las traduzidas em atos, muito mais que em palavras. Como ele próprio muito mais traduzia em atos do que em palavras seu próprio afeto. Julgaram-no, por isto, duro. É um erro. O coração de Dom Duarte não era vazio de afeto. Pelo contrário, era ele de uma rara capacidade de se afeiçoar às pessoas. Mas seu coração era como aqueles santuários da Igreja primitiva, no qual não havia acesso senão dificilmente. Na sua afetividade, havia catecúmenos e neófitos que só tinham direito à plenitude da amizade e da confiança depois de uma longa observação, de uma aguda experiência, de uma atenção meticulosa. O coração de Dom Duarte era como um santuário onde não pode entrar qualquer um, mas só quem é digno de tal. Era um coração governado pela Fé e pela razão, e por isto mesmo posto em constante atalaia contra as traições da sensibilidade humana, sempre disposta a se contentar com aparências, sempre inclinada a se iludir com palavras e a tomar os elogios como provas de amizade sincera. E, por isto mesmo, era realmente pequeno o número dos que foram bastante felizes para lograr ali acesso no rol dos que ele efetivamente apreciava. Mas, em compensação, poucas honras um homem pode ter tido tão autênticas em sua vida do que podendo dizer: tive o afeto e a confiança de Dom Duarte.
*      *      *
Escrevi este artigo como uma célebre escritora francesa que escrevia suas cartas en faisant trotter la plume. E escrevi demais. Demais e de menos. Demais, porque todos nos lembramos de Dom Duarte e as saudades que dele sentimos continuam a nos acompanhar durante a vida inteira. De menos, porque nunca se escreverá bastante sobre ele.
Aqui ficam, como homenagem saudosíssima à sua imperecível memória, estas linhas que, se não têm o mérito do talento nem sequer o da ordem na exposição da matéria, exprimem ao menos uma admiração profunda, um afeto filial, uma gratidão profunda de quem, incapaz de se alçar à altura dele, procurou ao menos, na modéstia de suas forças, edificar-se e instruir-se na incomparável escola de sua heróica fortaleza apostólica.
_________________
1.       Dom Duarte Leopoldo e Silva nasceu em Taubaté (SP) em 4 de abril de 1867. Fez seus estudos de humanidades na capital paulista, matriculando-se aos 18 anos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Não prosseguiu o seu curso médico, voltando para São Paulo, onde ingressou no Seminário Episcopal. Em junho de 1893, foi nomeado coadjutor na cidade de Jaú (SP); em 1894, vigário da nova paróquia de Santa Cecília, em São Paulo. Em 9 de novembro de 1903 foi eleito bispo de Curitiba, sagrado em Roma no dia 22 de maio de 1904. Em 18 de dezembro de 1906, em virtude de decreto de São Pio X, foi transferido para São Paulo e eleito Arcebispo metropolitano, cargo que exerceu de 1907 até seu falecimento em 1939.

COMO CAIU REALMENTE O COMUNISMO NA POLÔNIA?

Por Roberto Marchesini (*)
Lula com Walesa quando ambos eram sindicalistas
Lula com Walesa quando ambos eram sindicalistas

Os documentos da viúva do ex-ministro do Interior demonstram que Lech Walesa cometeu perjúrio no tribunal, e que é responsável pelos terríveis sofrimentos de colegas de trabalho e amigos.

A viúva do ex-primeiro-ministro polonês Kiszczak guardava documentos que comprovam que Walesa era espião a serviço da URSS
A viúva do ex-primeiro-ministro polonês Kiszczak guardava documentos que comprovam que Walesa era espião a serviço da URSS
A massa de documentos que a viúva do ex-ministro do Interior do regime comunista, Czesław Kiszczak [foto ao lado], conservava na sua casa particular, aquelas cartas que demonstrariam a colaboração de Lech Wałęsa [foto no topo] com o feroz regime soviético polonês são autênticas? Ou elas são fruto de uma conspiração ordenada pelo pérfido Kaczyński, agora no poder, para se apresentar como o verdadeiro libertador dos poloneses?
A questão não é só esta.
Se as cartas fossem falsas, Kaczynski seria esse canalha que a grande imprensa e os poderes supranacionais descrevem há meses. E se as cartas forem autênticas? Então a coisa seria mais complicada. Não só Walesa, Prêmio Nobel da Paz, o herói dos portões de Gdansk e do Muro de Berlim, seria um impostor; não só teria jurado em falso no tribunal, mas, sobretudo, seria responsável pelo terrível sofrimento que, por causa de suas denúncias, teria causado a colegas de trabalho e amigos.
Seria necessário, a esta altura, pôr em discussão a versão segundo a qual um eletricista analfabeto, mal capaz de se expressar por provérbios, teria derrotado — sozinho ou quase — o regime polonês e, consequentemente, todo o regime soviético. Seria preciso colocar entre aspas a famosa expressão segundo a qual “durante a revolução polonesa nem um só vidro foi quebrado, nenhum militar atingido, nenhuma empresa danificada” (ANSA).
Bem, talvez devamos nos preparar para fazê-lo.

Colaboração de Walesa com os serviços secretos do regime

Em 31 de janeiro último, durante uma conferência de imprensa, o promotor Andrzej Pozorski declarou que os documentos entregues pela viúva Kiszczak são autênticos. Com base nas investigações — que duraram meses — conduzidas por grafólogos e peritos do Instituto de Criminalística Forense de Cracóvia, emergiram resultados irrefutáveis.
“Após a análise — de 235 páginas — a nossa avaliação é completa e coerente. As conclusões são claras e não deixam nenhuma dúvida. O esforço de colaboração foi escrito à mão por Lech Wałęsa. Os recibos de dinheiro foram escritos por Lech Wałęsa.”
Documentos incluem nota manuscrita revelando a disposição de Walesa em colaborar secretamente com a polícia secreta
Documentos incluem nota manuscrita revelando a disposição de Walesa em colaborar secretamente com a polícia secreta
Bolek (codinome Walesa) fez 29 denúncias de colegas, de 21 de dezembro de 1970 a junho de 1976. Este é um exemplo das denúncias: “Creio que Jasinski e Popielewski podem ser membros de uma unidade subversiva, capazes de organizar uma greve.”
Lembremos que uma delação com acusação de atividade contrarrevolucionária poderia acarretar consequências gravíssimas. Para se ter uma ideia de como funcionava o mecanismo de acusações, pode ser útil assistir ao filme A Vida dos outros, por Florian Henckel von Donnersmarck (2006).
Pelos recibos se deduz que Walesa recebeu cerca de 13.100 zlotys. Sua esposa, Danuta, declarou muitas vezes que nos anos setenta seu marido se deparou repentinamente, em diversas ocasiões, com grande quantidade de dinheiro, justificada como “ganhos na loteria”
Segundo os historiadores, as denúncias serviram para chantagear Walesa nos anos oitenta e, assim, tê-lo sob controle.
Estas conclusões — certas e definitivas — sobre a colaboração de Walesa com os serviços secretos do regime confirmam, com alguns anos de distância, um texto escrito por dois historiadores, Sławomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyk, intitulado SB Lech Walesa. Uma contribuição para a biografia. Publicado pelo Instituto da Memória Nacional em 2008, ele custou aos dois pesquisadores suas carreiras. Agora sabemos que o que foi escrito naquele livro sobre a colaboração entre Walesa e o regime é verdade. Não é uma conspiração de Kaczyński.

Uma bela fábula, mas a realidade é outra

O ex-presidente Polonês, Walesa, com o ex-presidente Lula
O ex-presidente polonês, Walesa, com o ex-presidente Lula
É o momento de parar de acreditar nas revoluções durante as quais “não foi quebrado um só vidro”; nos eletricistas ignorantes que derrotaram sozinhos um regime sanguinário e cruel; nas conspirações nacionalistas. É hora de começar a se perguntar o que aconteceu na Polônia entre 1970 e 1990; qual foi o papel do KOR (Komitet Obrony Robotnikow, Comitê de Defesa dos Trabalhadores) dentro do sindicato Solidariedade [dirigido por Walesa]; e como tudo isso pôde levar àquela terrível experiência de ultraliberalismo exercida sobre a população polonesa — exaurida por 50 anos de comunismo — e conhecida como “Plano Balzerowicz.” Lembro-me que, à frente desse projeto, encontramos Jeffrey Sachs, ghost-writer da encíclica do Papa Francisco sobre o meio ambiente, e Riszard Petru.
A Polônia liderada por Duda e Szydło está vivendo um momento mágico: o desemprego caiu abaixo de 10%, nascem mais crianças, a economia real está em crescimento, os cofres do Estado estão com ativos.
Após séculos de sofrimento na Polônia, o “Cristo das nações” está finalmente ressurgindo?

O comunismo decide reciclar-se com o para-vento de Walesa

Se para o regime Walesa era tão perigoso, por que não o fizeram desaparecer como tantos outros? Simples: porque era um colaborador do regime, ganhou muito dinheiro (na Polônia ninguém pagou pelos crimes que o povo sofreu).

____________

Nota de BastaBugie: Para mais informações, clique neste link com uma entrevista de Roberto Marchesini explicando em detalhes como as coisas se passaram na Polônia: http://www.filmgarantiti.it/it/articoli.php?id=236
(*) Fonte: “BastaBugie” nº 499, 29-03-2017. Matéria traduzida do original italiano por Hélio Dias Viana.