segunda-feira, 22 de outubro de 2018

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PONTO DE VISTA | Falar ou não falar – eis a questão

Juliana Rosas
Doutoranda pelo PPGJOR/UFSC e pesquisasdora do objETHOS

Mais de 400 anos depois de Shakespeare escrever a famosa frase, “ser ou não ser”, hoje, num mundo que gera entropia por palavras e sons, e quando se afirma que “falar é prata, calar é ouro”, diante da aberração verborrágica e política, nos perguntamos: calar ou falar? Antes mesmo de o candidato do Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, lançar oficialmente sua candidatura, provocou arrepios antidemocráticos. Desde então, suas declarações duvidosas – quando não racistas, misóginas, homofóbicas e não republicanas – ganham cobertura jornalística e espaço nas discussões de redes sociais. Nestas últimas, se via, por uma parcela considerável, a reação de desconforto diante da tomada de proporção que o descalabro ganhava. E víamos clamores de que não se deveria falar nele, o inominável, afinal, se estaria dando mais palanque para dizeres como “não existe propaganda ruim”, nem marketing negativo, publicidade negativa, ou ainda para o velho ditado, “falem mal, mas falem de mim”.
No jornalismo, a pergunta também surgia. E alguns veículos, como o Intercept Brasil, decidiram não fazer uma cobertura tradicional do candidato do PSL – claramente marcando uma posição de não entrevistar postulantes de direita e extrema direita. Glenn Greenwald, jornalista e um dos idealizadores do site, entrevistou apenas os candidatos Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Marina Silva.
Com o clamor das redes sociais e de indivíduos com essa posição, surge a pergunta: diante da atrocidade antidemocrática que é a candidatura de Bolsonaro, é melhor calar ou falar? Discutir é dar palanque? Só para citar um exemplo político recente: o machismo diante da participação da então pré-candidata do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), hoje candidata a vice-presidente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Manuela d’Ávila, no programa Roda Viva. Nas redes sociais, choveram reclamações e a pauta deu notícia. Por que devemos denunciar machismo, racismo, maus comportamentos em redes sociais, porém, fazer o mesmo com o candidato pselista é dar palanque?
E no jornalismo? Afinal, diante do valor notícia que é um presidenciável que está à frente nas pesquisas de intenção de votos, como lidar? Como cobrir? Devem-se dar o mesmo tempo e tom de cobertura? Por observação geral, foi o que fez a mídia mainstream.  Os jornais televisivos das principais emissoras e os principais jornais impressos e online assim se comportaram. Mesmo eles – embora em menor escala – foram criticados. Foram acusados de alimentar o “monstro” que virou Bolsonaro: um deputado pouco expressivo politicamente, sem projetos relevantes aprovados ou sequer propostos, que ganhou projeção por declarações ultrajantes, que lhe renderam inclusive processos. Uma das mais famosas foi ter dito à deputada Maria do Rosário que ela não merecia ser estuprada porque ele a considerava “muito feia”. Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), em 2015, a pagar indenização de R$ 10 mil à petista por danos morais, mas recorreu. Pela mesma declaração, o deputado é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
Retomemos à ideia do marketing reverso, que é distinto do conceito de propaganda negativa em campanhas eleitorais. Há um entendimento jurídico sobre este último, que é lícito. Neste artigo, de site jurídico, o autor afirma:
“Em defesa da campanha eleitoral negativa, na modalidade crítica, como instrumento revelador da real identidade do candidato e de álamo a preservação da própria democracia, temos que a difusão do material de propaganda das realizações dos candidatos e de imprecações endereçadas à campanha eleitoral do adversário com modulação singular da retórica utilizada na campanha, não enseja distorção da realidade. Carece de lastro se ventilar a manifestação de propaganda antecipada (na modalidade negativa) ou a própria propaganda negativa, pela mera veiculação de fatos que realmente ocorreram, quando não lhe é dirigido ao candidato nenhuma referência direta.”
Muito “juridiquês”? Traduzindo: é permitido falar mal de candidato adversário em campanha. Empregamos o “falar mal” aqui coloquialmente. Injúrias e difamações são penalidades previstas em lei. Utilizar-se de outros artifícios ilegítimos igualmente acarretam punições. O próprio autor do artigo simplifica:
“Políticos com passados imaculados, impecáveis e infalíveis são raros, quase inexistentes, sendo que o restante é contaminado por fatos, que se fosse de conhecimento público, resultariam num resultado adverso nas urnas. Por isso as campanhas eleitorais negativas são largamente utilizadas durante as campanhas. As fraquezas e defeitos dos adversários, seus erros e falhas de caráter e desempenho ruins nas gestões podem ser divulgados como instrumento até mesmo de preservação da democracia em sua integralidade, mas é claro que não se trata de um absolutismo, deve-se zelar pela ponderação e objetivo claros.”
Um exemplo simples e recente: “Ataque a grupo de mulheres contra Bolsonaro pode indicar crime eleitoral”, deu a Carta Capital.  Denúncia foi feita à Procuradoria-Geral Eleitoral; argumento é de que fazer propaganda contra um candidato é permitido, mas tentar impedi-la não.
“A propaganda negativa é lícita, e só pode ser retirada se ultrapassar limites específicos (configurar ofensa à honra, ser caluniosa, difamatória, injuriosa ou divulgar fatos mentirosos). Mas o pedido para que não se vote, a oposição organizada, como o grupo, não desborda esses limites, sendo mera propaganda eleitoral negativa espontânea de eleitor. A advogada explica ainda que a Justiça e a lei eleitoral entendem que a manifestação de apoio do eleitor – ou de rejeição – também configuram propaganda eleitoral. Por exemplo, a legislação proíbe propaganda paga na internet, aceitando apenas impulsionamento de conteúdos por candidatos. Se um eleitor impulsionar um conteúdo dele de apoio a um candidato, isso é considerado propaganda irregular”.
 Aqui, este jornalista escreveu que precisamos parar de falar no dito “inominável” porque “não existe marketing negativo”.
“O rage marketing é usado propositalmente para alavancar o conhecimento de marcas novas. A empresa cria uma campanha politicamente incorreta, normalmente contra minorias, depois de publicado alguém faz um post indignado sobre aquilo em algum grupo ou página que defenda a minoria que foi ofendida e pronto. O resultado vocês já imaginam, a problematização se alastra, a loja ganha milhões em mídia gratuita, depois pede desculpa e ganha mais mídia gratuita e nos meses seguintes começam a lucrar muito mais. Foi assim que em 2016, um personagem até então completamente desconhecido no resto do mundo, e visto apenas como uma celebridade de segunda categoria nos EUA, se tornou conhecido em todo planeta em apenas alguns meses. O mais interessante é que parecia que ninguém gostava dele. A mídia só mostrava sua parte grotesca, dia após dia, e o próprio Trump não perdia a chance de cometer uma “gafe” ou disparar algum ataque a minorias ou falar algo tido como politicamente incorreto. Ele não se importava com a avalanche de críticas vindas de toda parte, o que ele queria ele estava conseguindo: alcance. E não se engane: é ingenuidade achar que os eleitores dos Bolsonaros mudariam de voto depois de ver as suas inúmeras gafes e os seus discursos de ódio — muito pelo contrário, para eles, quanto mais melhor.”
Em um post no Facebook ainda em 2016, Pablo Villaça, escritor e crítico de cinema, já alertava sobre o “monstro” sendo gerado pela mídia. Ele e outros estudiosos da área já advertiam sobre a normalização do discurso preconceituoso pelos veículos. E quando os meios midiáticos, que pelos menos teoricamente, se pautam pela defesa da democracia, começam a dar espaço a declarações antidemocráticas, é quando se cria a aberração da qual reclamará no futuro, porém, não admitirá participação no processo de concepção. Típico da mídia mainstream, se escondendo na desculpa “apenas reporto os fatos. Não distorço, não tomo partido”. Sei. Concepção é um termo que vem a calhar. O bebê-monstro foi concebido. Cresceu. Toma que o filho é teu, grande mídia. Olha o que aconteceu nos EUA. Olha o que aconteceu durante a história. Parece que não aprendemos ou não queremos aprender com o passado.
Muito se lê sobre comparações entre o candidato pselista e o presidente americano Donald Trump. Há sérias diferenças, mas se há uma semelhança no que tange à cobertura jornalística, podemos conferir na análise que o americano e professor de jornalismo, Jay Rosen, faz nesta entrevista ao jornal alemão Die Zeit. Ele afirma que embora os jornalistas americanos estejam lidando com Trump como presidente há mais tempo, ainda caminham a passos trôpegos.
“Não creio que os jornalistas americanos tenham desenvolvido soluções que se possa usar. Eu acho que há avisos vindo da América. Um deles é que, se você simplesmente informar sobre o populismo de direita, você se tornará parte dele. [grifo meu] Não é bom o suficiente dizer: “Bem, é notícia, então nós reportamos”. Outro seria: já que Trump não tem vergonha, é impossível constrangê-lo. Não é possível mostrar que ele vai receber tanto feedback negativo, que ele não deveria fazer isso ou aquilo, porque ele vive de controvérsia. Até mesmo o ódio ajuda a sua causa de polarizar o país. Para evitar o alistamento na agenda populista de direita, é preciso ter sua própria pauta do que irá reportar e torná-la pública.
Donald Trump está fazendo algo muito incomum para os presidentes americanos. Ele está tentando operar e construir apoio atacando as instituições da democracia. [grifo meu] Ele fez isso mesmo antes de se tornar um candidato anunciado, na tentativa de minar a confiança sobre o local de nascimento de Barack Obama, alegando que Obama não era realmente um americano, o que significaria que uma espécie de governo ilegal havia tomado os Estados Unidos. Hoje, ele está governando tentando erodir as instituições da democracia. No coração da estratégia de Trump está minar a crença em uma base de fatos universalmente aceita. Este é o seu projeto principal, na verdade. Minha opinião é que a imprensa tem que resistir a isso. Não resistir ao sucesso político de Donald Trump, mas resistir à erosão das instituições democráticas e a um mundo dos fatos. [grifo meu] Eu não acho que os jornalistas possam ser neutros e apenas escrever notícias sobre isso. Eles têm que encontrar uma maneira de revidar. É verdade que a imprensa não pode se tornar a oposição política. Mas tem que se opor a esse estilo político.
Eu tenho escrito sobre a imprensa e Trump há três anos. Minha conclusão é que muitas das convenções de reportagem política dependem de certas suposições sobre como os presidentes e os atores políticos se comportarão. Eles são baseados em uma estimativa de como a classe política cooperaria. Trump viola todas as suposições nas quais as práticas do jornalismo são construídas.[grifo meu] Desse modo, essas práticas estão desmoronando em certas maneiras. Jornalistas precisam reconhecer isso. Muito do que eles normalmente fazem não faz sentido para um presidente como Trump. Eles precisam se ajustar. O slogan “Democracy Dies in Darkness” (a democracia morre na escuridão – novo slogan do The Washington Post) é um exemplo de como a imprensa reagiu a Trump.
Não estou dizendo que os jornalistas devam ser defensores ou ativistas, essa não é minha visão. Minha posição é: não seria inteligente se tornar o adversário do presidente Trump. Mas a imprensa tem que encontrar uma maneira de se opor ao seu estilo político.”
Eliane Brum publicou algo com lógica semelhante:
“A lógica em que a imprensa opera, quando faz jornalismo sério, que é a do conteúdo, não atinge Bolsonaro porque seu eleitorado opera em lógica diversa. Esse é um dado bastante trágico, na medida em que os instrumentos disponíveis para expor verdades que mereçam esse nome, para iluminar fatos que de fato existem, passam a girar em falso.”
El País, há sete meses, já advertia: Você vai acabar elegendo Bolsonaro à presidência.
“Quanto mais o deputado for tratado como pária, homofóbico, xenófobo, fascista, machista e misógino, mais prestígio ele ganhará entre aqueles que não enxergam nessas desqualificações mais do que armas da batalha político-cultural. Por enquanto, esses estigmas continuam funcionando para a parte mais proeminente da população, os intelectuais que definem agendas políticas e fazem a cabeça da elite universitária, mas esses termos vão se desgastando pelo uso. Não serviram para impedir a ascensão de Trump ou a saída do Reino Unido da União Europeia.”
O que fazer, então, para impedir a eleição de Bolsonaro? Seguindo o raciocínio, a melhor alternativa seria tratá-lo como mais um — ou simplesmente ignorá-lo. Mas isso parece ter se tornado impossível. A armadilha está montada. A política identitária precisa ser alimentada periodicamente, e Bolsonaro é um dos melhores espantalhos de tudo aquilo que os adeptos dessa perspectiva de mundo dizem combater. Para impedir a derrota na batalha cultural, a esquerda nacional pode acabar entregando uma vitória política nas mãos do seu maior inimigo declarado.”
E então, o que fazer? Falar ou não falar? Talvez a pergunta que não queira calar é “como”. Como enfrentar Bolsonaro? Como lidar com seus eleitores? Individualmente e socialmente, talvez ignorá-lo seja bom. Porém, diante do que ele se tornou, para o jornalismo, menosprezar tal fenômeno talvez não seja a melhor opção. Quem sabe a estratégia funcionasse há algum tempo. Em época em que seus correligionários crescem em grupos de Whatsapp e sua dimensão em mídias sociais se alarga, apesar de seus pífios poucos segundos televisivos de propaganda eleitoral, calar não funciona. Porém, tratar seus eleitores como parvos – o que talvez até os sejam, e ignorar as questões por trás deste crescimento tampouco convêm.
Parece não haver saída. O jornalismo sério não consegue constranger Trump de seu comportamento vergonhoso. Mostrar as mazelas de Bolsonaro não fará acordar seus seguidores. Apesar da mudança de alguns paradigmas do jornalismo contemporâneo, um parece não mudar: a arrogância de quem o faz e sua incapacidade de admitir críticas e erros. A arrogância de não conseguir ver que vivemos em um país que, sim, produz pessoas com este tipo de pensamento. O erro de não admitir que, assim como alimentou o golpe, alimenta esta nova serpente.
Tem muita gente surpresa com o despreparo do mencionado presidenciável. Pasmo com seus preconceitos e ideias. Indignados como alguém pode votar neste indivíduo. O fenômeno não deveria causar surpresa nenhuma. É sintomático da situação do país. Quem nele vota não está interessado em seus projetos econômicos, suas ideias para a saúde ou educação do país. Estes concordam, se não em tudo, então em boa parte com seus ideais destrutivos e preconceituosos. A surpresa paralisa. Não nos espantemos com condutas assim. Elas são tão velhas quanto o mundo.
Marcelo Leite, jornalista e ex-ombudsman da Folha, nos lembra, com essas sábias palavras: “Informar é anunciar o novo, publicar o inédito, revelar o que se desconhece. Quando tudo se resume a confirmar um preconceito, por justificado que seja, o jornal se afasta de sua função, perde-se no pântano da imprecisão. Acredita estar formando o público, quando só faz desinformá-lo.”
Não devemos falar sobre as besteiras do inominável porque é marketing reverso? O candidato, queiramos ou não, é um fenômeno – seja popular, midiático ou mesmo político. É tentando entender como ele e seus eleitores pensam e como chegamos aqui é que podemos lutar contra. Se a democracia morre na escuridão, também morre na verborragia estéril, em debates inúteis, em crises cognitivas, em “textão” hermético, em arrogância intelectual. A razão escurece nas entranhas e ódios de grupos de Whatsapp. Adormece no preconceito, na brutalidade, na violência. O segundo turno está aí. O pselista, desgraçadamente, também. Que estratégia adotará o jornalismo?
Fonte: objethos

ENTREVISTAS objETHOS | entrevista Alice Koshiyama

Foto: Dairan Paul
Roteiro, produção e entrevista: Juliana Freire
Edição: Dairan Paul

A terceira rodada de entrevistas realizadas pelo objETHOS no 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), em Joinville, tem como protagonista a professora doutora sênior Alice Mitika Koshiyama, livre-docente da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e coordenadora do Grupo de Pesquisa Jornalismo e Construção da Cidadania.
Koshiyama, que tem como uma de suas áreas centrais de interesse o estudo do jornalismo em sua relação com a história e a cidadania, trouxe para o Intercom deste ano o artigo “Jornalismo e direitos humanos: teoria e práticas possíveis”. Nele, constrói uma discussão sobre o compromisso da prática jornalística com a democracia, pontuando dois bons nomes da profissão – a espanhola Soledad Gallego-Díaz e o brasileiro Luiz Claudio Cunha – para pensar a importância do jornalismo de interesse público.
Nesta entrevista, Koshiyama explica o que a motivou a escrever sobre o assunto, bem como a relação entre a busca pela verdade e suas dimensões econômicas e históricas. Também versa sobre o modo de funcionamento do jornalismo independente e a quais condições ele está sujeito na busca por revelar segredos de poderosos. Finaliza com uma crítica à financeirização do capitalismo no que toca não somente ao jornalismo como profissão, mas também às escolas que formam estes profissionais.
Em relação ao artigo que a senhora apresentou no Intercom, por que podemos considerar que o jornalismo é fundamental para a democracia e os direitos humanos? O que lhe motivou a escrever sobre o assunto?
Eu acho que essa questão é muito falada e talvez pesquisada, mas as pessoas não fazem a prática. Se fizessem, estaríamos em outro contexto cultural, histórico e político.
A relação entre jornalismo e democracia é histórica. Nós temos uma tradição de trabalho no jornalismo, dentro dos marcos liberais, que é a proposição da defesa dos diretos do chamado interesse público – os direitos de cidadania, muito fácil de você assumir em tese, mas que na prática não ocorrem.
O trabalho que eu trouxe para o Intercom é bem simples. Usei como linha de explicação a Soledad Gallego-Díaz e o Luiz Cláudio Cunha, dois autores de textos que acho que todo mundo deveria ler. Há uma razão para escolhê-los. Acho que ambos são praticantes de um jornalismo em defesa de um projeto democrático liberal de Estado e sociedade.
Soledad é a atual diretora do El País, um dos jornais mais interessantes para a gente acompanhar a vida cotidiana do Brasil na visão de interesse público e direitos de cidadania, principalmente em questões que envolvem os direitos da mulher. Não qualquer mulher, mas aquela que sofre nas condições de desigualdade, racismo e questões voltadas para os direitos políticos das pessoas. Então, acho a visão de sociedade do El País muito interessante. Tanto ele como a BBC se configuram como dois jornais de internet, com acesso livre – ou seja, que você não precisa pagar para ter acesso à parte que é de interesse público. Penso que eles executam este projeto de imprensa voltado para uma visão de sociedade democrática.
O outro autor, Luiz Cláudio Cunha, também foi escolhido pelo seu trabalho. Ele é doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB). Quando recebeu o título, proferiu o discurso “Todos temos que lembrar”, obrigatório para estudantes e jornalistas, onde interpreta o Brasil no contexto da história da comunicação e da imprensa. Há uma cobrança sobre a ação dos jornalistas brasileiros na questão da anistia política, e eu concordo com ele: não se colocaram as condições para que a gente compreendesse a ditadura brasileira, sua repressão e a revelação ao público do que realmente aconteceu.
Nesse discurso, Cunha pontua sua visão sobre a história da humanidade. É a questão de você ter perguntas, buscar resposta e, a partir delas, elaborar novas perguntas. Ou seja, a dúvida, a leitura e a pesquisa são fundamentais para que exista um jornal. Sem perguntas pertinentes, não há jornalismo que se respeite.
Outro texto seu é um comentário sobre o relatório da Comissão da Verdade, no qual as autoridades das Forças Armadas negam que tivessem participado de qualquer ato irregular usando as dependências da instituição. E o Luiz Cláudio cobra, inclusive, da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, o fato de ela ter recebido o relatório e não questionar essa posição dos componentes das Forças Armadas.
Agora, temos que reconhecer que a posição do Luiz Cláudio foi solenemente ignorada pela grande imprensa e até mesmo pela alternativa. Ele também tem um trabalho sobre a Operação Condor, que foi o sistema de repressão política das ditaduras latino-americanas do qual o Brasil participou, redundando na perseguição, morte e desaparecimento de militantes brasileiros, uruguaios, argentinos, chilenos, dentre outros.
Eu trouxe, então, a Soledad Gallego-Díaz e o Luiz Cláudio Cunha como dois exemplos pontuais de um processo de atuação necessário no questionamento do trabalho do jornalismo, independente da ideia de crise que se coloca na profissão. Penso principalmente na diretriz da Soledad, de que o jornalismo é um processo de trabalho que incorpora todas as tecnologias contemporâneas partindo de um princípio – investigar e explicar o que acontece, e buscar a verdade possível. Ela diz claramente que um jornalismo que divulga versões não é jornalismo.
Outra questão é a defesa dos setores que são perseguidos, oprimidos, e estão em desvantagem perante as autoridades. Minha leitura é que propor isso torna a sociedade desigual um pouco mais equilibrada. Mas o que a Soledad fala é que essa é a razão para que a profissão também continue. Nos lugares que você tem situação de conflito extremo, a presença do jornalismo sinaliza para a população que tem alguém preocupado com ela.
Soledad Gallego-Díaz afirma que o jornalismo comete suicídio quando deixa de perguntar aos fatos sobre sua verdade e se limita a dar voz às diferentes versões.  Esta questão nos faz pensar na finalidade da profissão: se é a busca pela verdade ou a legitimação do que os outros dizem como verdadeiro, principalmente as fontes oficiais. Percebemos que, na prática, o segundo caso é frequente. A senhora atribui isso à qual motivo?
Olha, eu diria que esse procedimento não é de agora. Estudando a história do jornalismo, nós vemos que os deslizes na prática jornalística sempre aconteceram. Ao mesmo tempo, há pessoas que usaram a profissão para defender a pesquisa dos fatos que se comprovaram verdadeiros. Então você tem, numa ponta, o William Randolph Hearst [empresário norte-americano, dono de uma rede jornais], que inventou uma série de mentiras e convenceu a população dos Estados Unidos de que o país deveria entrar em guerra com a Espanha, em favor de Cuba. Na outra ponta, você tem, por exemplo, Émile Zola, que não era jornalista profissional, mas um escritor de romance talentoso e de grande sucesso. Ao saber da injustiça cometida contra o capitão Alfred Dreyfus, acusado de trair a pátria, Zóla assume a defesa e faz um jornalismo panfletário, mas verdadeiro. Então até hoje você tem jornalistas que conseguem trabalhar pelas causas verdadeiras, em vários lugares do mundo. São as possibilidades que o campo do jornalismo oferece.
Quando você fala do jornalismo declaratório, você está pensando nas estruturas de trabalho atuais, que levam o profissional, muitas vezes, a atuar de acordo com padrões que são outra coisa, e não a defesa do interesse público. É aquilo que cada empresa estabelece como suas práticas. Sobre a causa disso, você não vai encontrá-la no jornalismo. Temos hoje uma sociedade em que a comunicação se tornou algo presente em todas as instituições, que possuem interesses a serem encobertos, procurando atuar de forma que o grande público não fique sabendo o que realmente acontece. Paul Steiger, jornalista que fundou o ProPublica, diz que os poderosos tentam cada vez mais ocultar verdades que prejudicam as populações.
Essa possibilidade de ocultamento exige uma estrutura de comunicação que pega não só jornalistas, como também assessorias, consultores, conselheiros, sistemas educacionais, pregadores, enfim. O ProPublica surgiu justamente para atuar numa direção oposta e mostrar aquilo que os poderosos não querem que surja. Ou seja, o ideal de você buscar a verdade não morreu, só que aparecem diferentes estruturas, outras propostas.
A senhora também menciona que é preciso distinguir as diferenças entre jornalismo e comunicação, identificando os princípios norteadores da prática jornalística. Quais são eles e por que é necessário fazer essa distinção?
É uma definição de campo, porque você tem um setor de pesquisadores que falam que o jornalismo morreu, e o que você tem hoje é a comunicação.
Mas por que jornalismo não é comunicação? Porque na comunicação você tem empresas de assessoria, marketing e media training, cujos clientes podem ser objetos de matérias jornalísticas. Como cobrir uma reportagem sobre agrotóxicos e Monsanto? A quem prejudica o agrotóxico da forma como ele é aplicado agora? Isso tem interesse jornalístico, mas não é abordado na grande imprensa.
A comunicação é, hoje, um grande negócio. Se você pensar onde jornalistas recebem recompensas salariais maiores, não é trabalhando em jornal ou fazendo seu site, mas trabalhando em grandes assessorias, empresas de marketing, áreas de relações públicas. Tudo é serviço de interesses particulares, e o particular aí não precisa ser uma pessoa ou empresa privada – pode ser até o governo, que contrata esses setores para abafar aquilo que o Paul Steiger, a Soledad Gallego-Díaz e nós chamamos de jornalismo.
Agora, é lógico que o jornalismo sempre foi uma área de tensões; você nunca esteve inteiramente voltado para uma boa causa sem pressioná-las. Minha intenção, ao propor este artigo no Intercom, é justamente sensibilizar as pessoas que pesquisam e ensinam nessas áreas, porque todo mundo vem com aquela conversa de novas tecnologias, crise do jornalismo, crise da comunicação. Na verdade, quem está em crise somos nós, a humanidade. Você tem uma proposição mundial, que é a do capitalismo financeiro com o neoliberalismo, e as mudanças ao longo do tempo. Você teve primeiro a crise nos grandes países e agora no Brasil, no plano econômico e financeiro. E aí, quando você diz para as pessoas que “morreu o jornalismo”, é um pouco isso, de contar o que não funciona, sabe? As pessoas engolem isso como fruto de uma crise.
Fiz esse artigo porque tinha muito texto falando que entramos na “era da comunicação maravilhosa”. Ressalvo o seguinte: mesmo que vão trabalhar nos grandes negócios de comunicação, essas pessoas sabem o que seria um jornalismo de interesse público. É que elas não praticam. Elas trabalham para atrapalhar esse jornalismo.
Você vê o caso do Leonardo Sakamato e as pressões que o cara sofre. Ele montou a ONG Repórter Brasil e trabalha em parcerias. O Ministério do Trabalho vai fazer uma operação contra o trabalho escravo; Leonardo e a equipe vão juntos, fazem a reportagem, colocam no site. Todos ficam sabendo, inclusive os jornalistas locais que estão impedidos de noticiar. Porque como se combate o jornalismo de interesse público? Matando, como é até hoje. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) denunciou vários casos de jornalistas que foram assassinados. Em geral, são pessoas que cobriam coisas que atrapalhavam os interesses de algum poderoso da área. É a ideia de que Paul Steiger fala: você tem cada vez mais instituições organizadas para impedir que as coisas de interesse público sejam objetos do jornalismo.
Então, o jornalismo continua tendo lugar e espaço. Quanto mais desigual a sociedade e quanto mais grupos de interesse tiver nela, mais importante se torna o incentivo à prática jornalística propriamente dita. Quem diz que tudo virou comunicação tem justamente essa proposta, porque se você não tiver jornalismo nessas condições, você vai ter o quê? Terra arrasada. Você só tem a voz daqueles que detêm poder, dinheiro e que querem que a população como um todo se curve aos seus interesses.
A senhora considera que o jornalismo independente tem mais potencialidade de estar ancorado no interesse público do que aquele praticado nas grandes empresas de comunicação?
 A questão passa pelo seguinte: o que é o jornalismo independente? O jornalismo precisa ter financiamento, tanto que o ProPublica só pôde ser montado porque o Steiger recebeu uma doação de um casal amigo que concordava com os princípios que ele defendia. Steigner tem uma verba reservada para atender processos, porque quando você publica alguma coisa que atinge um poderoso você corre um risco muito maior do que quando publica uma matéria para endeusá-lo. E você precisa ter dinheiro para pagar advogados, o que é muito complicado num caso desses.
Então, evidentemente, um respaldo financeiro é necessário. Ou você pode se sustentar de outra forma – às vezes, agências internacionais financiam projetos. A Repórter Brasil entra em ofertas de financiamento. O pessoal da Agência Pública realiza periodicamente projetos pequenos, com temas definidos, e a gente contribui com algum dinheiro para sustentar a cobertura, a viagem do repórter a determinados lugares. El País costuma fazer parcerias ou comprar matérias.
Ou seja, você usa os recursos do sistema, o que não é negócio fácil. Também não é um emprego estável, que você possa fazer um plano de carreira. Você joga com as conjunturas e as possibilidades. Às vezes, você vê um anúncio de uma grande organização internacional que quer desvendar determinada questão e abre concorrência para um projeto. As pessoas se inscrevem e conseguem o financiamento para atuar naquela cobertura, que é normalmente referente a um campo que elas acreditam que mereça ser pesquisado. Eu diria que esse é um desafio para nós, que ainda estamos na área. Acho que não é uma solução e não vale para todo mundo. Tem gente que não se adapta e não quer isso, quer conforto.
Também acho que, independente desse contexto atual, nunca foi fácil fazer jornalismo de interesse público, na medida em que você tinha menos pessoas interessadas em jornalismo. Isso não era visto com uma carreira. Alguns enxergavam como uma loucura, e atualmente virou negócio também. As próprias escolas que formam jornalistas entraram nisso. Você vê um negócio meio paradoxal: um lugar, uma cidade que não tem nenhum órgão de imprensa, mas tem uma escola de jornalismo. Elas são montadas sem a menor infraestrutura, apenas como caça-níquel, porque se tornaram um grande negócio neoliberal. Você vê empresas como a Kroton, que estabelece novos padrões, abaixa os salários dos professores, cobra uma mensalidade ridícula. Eu acho que é esse o cenário.
Fonte: objethos.

PONTO DE VISTA A cobertura jornalística do #EleNão em Santa Catarina

Movimento #EleNão tomou conta das ruas do centro de Florianópolis no último dia 29. Foto: Eduardo Iarek
iliana Dalla Costa
Mestre em Jornalismo pelo PPGJor/UFSC e pesquisadora objETHOS

No último sábado, nós  mulheres nos colocamos oficialmente como uma força política importante, senão decisiva, nestas eleições. Considerando a adesão que o movimento #EleNão – Mulheres contra Bolsonaro teve em Santa Catarina, não é só no cenário nacional que o voto feminino pode fazer a diferença. A quatro dias do pleito, o eleitorado feminino (cerca de 51,5% dos 5 milhões de eleitores catarinenses aptos a votar nestas eleições são mulheres) representa a verdadeira possibilidade de mudança também aqui no Estado.
Criado no Facebook, o movimento #EleNão é mais do que um ato contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). É um movimento antifascista que  tomou as ruas de mais de 150 cidades nos 26 estados da Federação e é considerado por muitos historiadores – como a professora do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e autora do livro Uma história do feminismo no Brasil, Céli Regina Jardim Pinto – como a maior manifestação de mulheres da história do Brasil.
Em Florianópolis, o engajamento das manifestantes fez jus ao título de “capital do feminismo”, carinhosamente nomeada pelo professor Jacques Mick, do Departamento de Sociologia Política e também de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em seu perfil no Facebook. O título foi atribuído pelo professor ao lembrar que “o movimento feminista na cidade abriga diversas organizações de base, realiza manifestações regulares (especialmente no 8M), conta com um portal de jornalismo feminista (o Catarinas), com algumas das intelectuais mais influentes do país nos estudos do tema, além de contar com núcleos de pesquisa avançada sobre gênero numa universidade que se orgulha de acolher e promover a diversidade. Também abriga o maior fórum de debates da área no Brasil (o Fazendo Gênero) e, não sem razão, recebeu há pouco tempo o Congresso Mundo das mulheres”.
No último sábado, o resultado das lutas dessas e de diversas outras frentes foi visto nas ruas. Só em Florianópolis cerca de 40 mil manifestantes se reuniram nas escadarias da Catedral Metropolitana, de onde partiram para uma marcha de 10 quilômetros. Manifestações também foram registradas nas principais cidades do Estado como Chapecó, Lages, Tubarão, Araranguá, Itajaí, Balneário Camboriú, Joinville, Blumenau e Rio do Sul.
A mídia catarinense na contramão
A cobertura jornalística oferecida pela mídia tradicional catarinense à maior manifestação de mulheres da história do Brasil seguiu na contramão do impulso social que o movimento representa. Lage (2014) coloca que “de maneira estrita, o jornalismo – enquanto prática social – tem como compromisso ético colocar-se como agente a serviço de causas consideradas nobres”. Entretanto, o que vemos por aqui destoa desse compromisso. Também não foi diferente a cobertura oferecida pela mídia nacional, conforme aponta o colega do objETHOS Dairan Paul, em texto publicado na segunda-feira.
A produção online do principal jornal do Estado, o Diário Catarinense, se resume em duas publicações: “Manifestantes reúnem-se no Centro de Florianópolis contra o candidato Bolsonaro” e “Como foram os atos anti e pró- Bolsonaro em Santa Catarina”. Nos dois casos, a falta de contexto e de compreensão da importância do movimento para o cenário político atual e para a democracia brasileira não permite outra leitura senão a de um registro. Outras quatro publicações, todas produzidas pelo Estadão Conteúdos, também foram reproduzidas pelo DC online, mas traziam uma leitura nacionalizada do movimento. Uma chamada secundária, no topo da capa da edição de segunda-feira, foi o espaço dedicado pelo Diário Catarinense impresso ao movimento #EleNão. Ainda assim, o jornal adota uma postura tradicionalmente conservadora ao trazer uma linha de apoio dizendo que “atos contrários e favoráveis ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foram registrados no Estado”.
O ND online, por sua vez, resume sua cobertura a uma publicação de três parágrafos e duas fotos. Já para o Notícias do Dia impresso o movimento não mereceu capa na edição pós-evento. Na televisão, a chamada “nota coberta” virou manobra para não mostrar com relevância  temas como o #EleNão.
A cobertura com contexto ficou a cargo de alguns poucos colunistas, como Carlos Damião, do ND, que traz logo no título o que de fato o movimento representa. Ou, então, a cargo da mídia independente como o Portal Catarinas, por exemplo. Nestas eleições, aliás, também coube à mídia independente o papel de trazer reportagens mais completas, com contexto, e que defendam o interesse público. Um exemplo é a reportagem do The Intercept Brasil sobre a investigação de enriquecimento que o Ministério Público Federal apresentou contra o candidato ao governo do Estado, Gelson Merísio (PSD). A impressão que se tem é a de que a mídia tradicional apenas registra os fatos, como se tivesse “medo” de comprometer-se, quando deveria ser a defensora do interesse público.
De onde surgiram essas mulheres?
Para entendermos de onde surgiram essas mulheres e como chegamos às manifestações do último sábado, é preciso considerar que isto não é somente um grupo numa rede social usando a hashtag #EleNão como “adereço” textual. O movimento vem sendo gestado há algum tempo e revela contextos de exclusão onde as mulheres têm atuado na história recente da política brasileira, muitos deles incontornáveis para compreender os limites da nossa democracia. Entretanto, para a mídia tradicional catarinense nada disso parece ser o suficiente para receber a devida atenção.
Embora no Brasil as mulheres tenham direito a voto desde 1932 e o exerçam em condições iguais às dos homens desde 1946, sua presença em cargos políticos tem sido restrita. Basta olharmos rapidamente para as hierarquias dos partidos político, para o plenário dos legislativos nacionais, estaduais e municipais ou, ainda, para os gabinetes onde estão instalados os integrantes do primeiro escalão nos governos para que se entenda o que isso significa. A participação da mulher na  política de Santa Catarina revela: nunca uma mulher governou o Estado. A representação feminina na Assembleia Legislativa é muito baixa se considerado o número de cadeiras. Nesta legislatura são apenas quatro mulheres para um total de 40. Na Câmara Federal e no Senado dá para contar nos dedos o número de mulheres atuando nas últimas legislaturas.
O entendimento de que “havia algo de errado quando um processo regido por regras apresentadas como neutras em relação ao sexo resulta em assimetrias tão visíveis, eleição após eleição”, como afirma a professora Flávia Biroli, do Instituto de Ciência Política da UnB, começou a ser difundido a partir do século XX. Entretanto, a exclusão da mulher da política teve seu ponto de maior tensão com a derrubada da primeira mulher eleita para a Presidência da República, em 2016, em um processo marcado pela misoginia, onde o novo ocupante do posto, Michel Temer, nomearia, então, um ministério inteiramente formado por homens brancos. Erroneamente, talvez este tenha sido o momento em que, finalmente, o caráter masculino da política foi incorporado ao debate público. A partir daí inúmeros movimentos, lutas, mobilizações e vozes femininas que há tanto tempo buscavam espaço passaram a ser incorporadas à cena pública, tendo no movimento #EleNão o seu ápice.
Referência:
LAGE, Nilson. Conceitos de jornalismo e papéis sociais atribuídos aos jornalistas. Pauta Geral, Ponta Grossa, vol. 1, n.1, p. 20-25, jan-jul, 2014.

Dia Mundial do Judo comemorado na Escola Guilherme Stephens


No dia 25 de outubro, das 10h30 às 12h00, a Escola Básica Guilherme Stephens, comemora o Dia Mundial do Judo (assinalado a 28 de outubro), com atividades que vão envolver centenas de alunos dos 1º e 2º ciclos do Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente.

A iniciativa resulta de uma parceria entre aquele Agrupamento, Câmara Municipal, Judo Clube da Marinha Grande, Federação Portuguesa de Judo,  Desporto Escolar e Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental da Marinha Grande.

A comemoração do Dia Mundial do Judo vai ser dinamizada pelo Mestre António Saraiva, professor João Teixeira e alunos do Grupo Equipa do Desporto Escolar - Judo | Atletas do Judo Clube da Marinha Grande.  

A vereadora da Educação e Desporto da Câmara Municipal refere a importância desta atividade e “das parcerias de instituições locais e nacionais, que associam o desporto, a educação e a comunidade, na celebração do Dia Mundial do Judo”.

Célia Guerra enaltece “o trabalho que tem sido feito em prol da dinamização do judo, no concelho” e o facto “de ser um desporto olímpico muito bem representado por Nuno Saraiva, um atleta da Marinha Grande, que contribui para a motivação e divulgação do judo”.

“Esta é uma iniciativa que comprova as constantes parcerias deste Agrupamento de Escolas com a comunidade local, que lhe valeu a recente distinção com o Projeto Desporto Escolar Territórios, o que muito nos congratula e facto que quero salientar”, acrescente.

O dia 28 de outubro, marca a data do nascimento do fundador do Judo, Jigoro Kano. Este desporto tem como objetivos a cooperação, entreajuda, dedicação, superação e valorização dos outros.




Hora de Fecho: Cavaco e o "taticista" António Costa /premium

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