terça-feira, 26 de maio de 2020

Castelo de Paiva | 432 famílias já foram beneficiadas

CÂMARA MUNICIPAL ALTERA REGULAMENTO PARA ALARGAR INCENTIVO À NATALIDADE

Na sequência da implementação da medida social de Incentivo à Natalidade, aprovada pela Câmara Municipal de Castelo de Paiva, em Março de 2016, e que tem sido muito bem acolhida pela população, foi recentemente aprovada a alteração do Regulamento Municipal em vigor, nomeadamente no que reporta ao artigo nº 2, alínea g) que passa a ter a seguinte redacção, “ Rendimento mensal “ per capita” máximo elegível até duas vez o IAS “, potenciando o objectivo de alargar as possibilidades do incentivo, ajudando a contrariar o ciclo demográfico do concelho.

Destacando a utilidade desta medida social, recorde-se que, até ao momento, já foram beneficiadas cerca de 432 famílias paivenses, encaminhadas pelos serviços da Acção Social da autarquia, tendo o presidente da CM de Castelo de Paiva realçado a sua importância para desejada fixação de jovens no concelho, enquadrado no objectivo de melhorar a qualidade de conforto e bem - estar à nascença, na sua alimentação e higiene, através da garantia da disponibilização aos progenitores de um conjunto básico, mas essencial, de bens destinados aos recém -nascidos até aos 2 anos de idade, ao mesmo tempo, aproveitando para dar conta do enquadramento demográfico do concelho, referindo – se à problemática do envelhecimento da população e à diminuição da taxa da natalidade.

Gonçalo Rocha evidencia o interesse desta medida social, como forma de combater o desequilíbrio demográfico, no seio de uma população cada vez mais envelhecida, e ao mesmo tempo ajudar as famílias, tentar travar a emigração e potenciar alguma melhoria para a economia local, destacando que, na implementação desta medida foi alargado o âmbito da acção, sendo que, não será apenas famílias carenciadas que serão beneficiadas, mas também a classe média, que tão desprotegida tem sido nos últimos anos.

A autarquia aproveita para destacar também, o papel dos parceiros no apoio e fornecimento de produtos que promovam uma melhor saúde e uma melhor qualidade de vida, ajudando a encontrar respostas eficazes para ajudar ao aumento da taxa da natalidade, garantindo assim uma ajuda aos pais no acesso a determinados bens e serviços, nomeadamente a aquisição de produtos para o bebé.

A acção social continua a ser uma das prioridades do Executivo Municipal de Castelo de Paiva, sendo grande a aposta e a implementação de projectos que revelem, no terreno, respostas sociais que vão ao encontro das necessidades da população do concelho.

Carlos Oliveira 

Marinha Grande | Construção de conduta adutora entre Picotes e São Pedro de Moel

A Câmara Municipal da Marinha Grande está a realizar a construção da conduta adutora desde os reservatórios de abastecimento de água do Alto dos Picotes e São Pedro de Moel, através de um investimento de cerca de 330 mil euros.



A obra em curso consiste na reformulação da conduta de Picotes a São Pedro de Moel, dada a idade avançada da infraestrutura existente e as frequentes ruturas que se verificavam.

A obra foi adjudicada por 328.329,65€, com um prazo de execução de 150 dias.

Segundo a Presidente da Câmara Municipal, Cidália Ferreira, "esta é uma obra importantíssima que a Marinha Grande esperava há muitos anos e que faz parte de um plano de requalificação da rede de distribuição de águas e saneamento que temos feito ao longo deste mandato."

Abertas as inscrições para jovens, dos 10 aos 17 anos, no «Férias em Movimento»


*O programa de férias para ocupar os tempos livres no verão

As atividades do programa «Férias em Movimento» decorrem até 13 de setembro

Os campos de férias, organizados no âmbito deste programa, visam promover a ocupação saudável dos tempos livres de jovens, no período das férias escolares de Verão, através da prática de atividades lúdico-formativas e incentivar o conhecimento de diversas regiões do país.
A inscrição de jovens é feita na Plataforma dos Programas da Juventude, onde estão disponíveis os campos de férias, de todo o país, em duas modalidades:
  • Campos de férias residenciais (com alojamento, podem implicar mobilidade nacional), com duração mínima de seis e máxima de 14 noites;
  • Campos de férias não residenciais (sem alojamento), com duração mínima de cinco e máxima de 15 dias.
Os campos de férias disponíveis realizam-se em áreas de intervenção como desporto; ambiente; cultura; património histórico e cultural e multimédia. Nestes campos, podem inscrever-se os/as jovens até cinco dias antes da data de início das atividades.

Mais informações: Portal da Juventude:
www.ipdj,gov.pt



MUNICÍPIO DA COVILHÃ PROLONGA APOIOS ATÉ 30 DE JUNHO

Município da Covilhã prolonga apoios até 30 de junho
Visando mitigar a crise despoletada pela pandemia causada pela Covid-19, a Câmara Municipal da Covilhã determinou prolongar os prazos das medidas de apoio às famílias e empresas até 30 de junho. 

Este alargamento inclui o pagamento das faturas emitidas nos meses de março a junho e a aplicação de um desconto de 25% sobre o valor da fatura relativa aos contratos de fornecimento de serviços de água às empresas sediadas no Concelho da Covilhã que desenvolvam atividade no domínio do Comércio e dos Serviços, com volume de negócios que não ultrapasse um milhão de euros (1.000.000,00€€).

Águeda | Câmara assinala Dia Mundial da Criança e celebra feriado municipal

Efemérides vão ser comemoradas com atividades nas redes sociais.
Águeda assinala Dia Mundial da Criança e celebra feriado municipal ...
O próximo dia 1 de junho tem duplo significado para Águeda, uma vez que além do Dia Mundial da Criança, será neste dia assinalado o Feriado Municipal. As duas efemérides vão ser celebradas em simultâneo com atividades a decorrer nas redes sociais, tendo em conta o momento atual de contenção social. 

Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda, salienta que “apesar de estarmos a viver atualmente uma época de grandes constrangimentos sociais e sanitários, a Câmara não podia alhear-se da importância destas datas marcantes para a nossa cultura e para a comunidade em geral”. 

Nesse sentido, e tendo em conta os cuidados a ter com a saúde pública e o distanciamento social, que devem ser respeitados, o Município criou uma programação diferente da usual, mas nem por isso desprovida de sentido, no que se refere à memória dos tempos idos e também à adaptação aos tempos de evolução tecnológica em que vivemos. 

Na programação deste ano inclui-se a transmissão do vídeo, às 10 horas, no Facebook do Município e da Águedatv, da mensagem do Presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, seguindo-se a transmissão do vídeo realizado em 1977, com a atuação da Orquestra Típica de Águeda (OTA) no Parque da Alta Vila, resultado de uma reportagem da RTP Memória. 

Irá ainda ser transmitido, no Facebook da Águedatv, o vídeo da reportagem produzida em 1986, por ocasião da comemoração dos 75 anos da ligação do nosso comboio Vouguinha entre Sernada do Vouga e Aveiro. 

Já num registo diferente, a Câmara de Águeda propõe, às 15h30, um novo tipo de evento cultural e desportivo, com recurso às novas tecnologias e redes sociais: um Peddy Paper Digital, para ser realizado em família e que servirá para aquisição de conhecimentos sobre a história e tradições do concelho de Águeda. Este evento, que estará disponível nas redes sociais da Câmara de Águeda, Centro Municipal de Marcha e Corrida, Centro de Artes e Biblioteca Municipal Manuel Alegre, consiste numa prova pedestre de orientação (em casa), um percurso ao qual estão associadas perguntas ou tarefas correspondentes aos diferentes pontos intermédios (Facebook BMMA, CAA ou CMMC) e que podem determinar a passagem à parte seguinte do percurso. Tudo de forma digital, intuitiva e muito divertida. 

Por último, vai ser conhecido o resultado de um desafio lançado à comunidade, para a criação de exposições individuais, numa colaboração muito direta com o Centro de Artes de Águeda (CAA) e que estará disponível nas redes sociais do CAA. 

A comemoração destas duas efemérides, que junta o Feriado Municipal com o Dia Mundial da Criança, tem por objetivo a promoção de valores intergeracionais, interdisciplinares, de identidade cultural e de memória territorial. 

“É uma forma diferente de festejar, mas nem por isso menos importante do que aquelas que envolvem grandes aglomerados de pessoas. Desta vez, valorizamos, acima de tudo, o tempo passado em família, não apenas com recurso à história e cultura do nosso concelho, mas também através da aprendizagem e da apreensão de novos conhecimentos em diversos níveis”, reforça Jorge Almeida, Presidente da Câmara de Águeda. 

Refira-se que desde 1929, o Feriado Municipal de Águeda realiza-se na segunda-feira a seguir ao Domingo de Pentecostes, 50 dias após a Páscoa, uma data que está relacionada com a Festa de São Geraldo, realizada em Bolfiar, lugar da Freguesia de Águeda, romaria para onde a população acorria em grande número, aproveitando para se reunir, em convívio, no Souto do Rio. Com o passar dos anos, o Feriado Municipal é também conhecido, entre a população, como a Festa do Souto Rio, sendo um momento em que os aguedense celebram a sua identidade. 

Já o Dia Mundial da Criança foi criado em 1950, alguns anos após o fim da II Guerra Mundial, para sensibilizar a comunidade internacional para os problemas que atingiam tantas crianças no mundo. 

Investigadores da UC nomeados coordenadores nacionais do ensino da astronomia da União Astronómica Internacional


Nuno Peixinho e Rosa Doran, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), acabam de ser nomeados coordenadores nacionais do ensino da astronomia (National Astronomy Education Coordinator, NAE) da União Astronómica Internacional (International Astronomical Union, IAU), sociedade científica que visa promover a astronomia em todas as suas vertentes através da colaboração internacional.

Em concreto, os investigadores do Centro de Investigação da Terra e do Espaço da FCTUC (CITEUC) são os representantes nacionais que vão interagir com o Gabinete de Astronomia para o Ensino (Office of Astronomy for Education, OAE), sediado em Heidelberg, Alemanha. A União Astronómica Internacional, que reúne milhares de astrónomos de mais de 100 países, criou este gabinete em novembro de 2019, com o objetivo de apoiar a comunidade de astrónomos e de professores/educadores de astronomia a levar o fascínio da astronomia para as escolas, devendo estabelecer uma rede mundial de Coordenadores Nacionais de Ensino da Astronomia (NAECs), para promover a astronomia nos currículos nacionais, bem como fomentar a criação de materiais educativos e a formação de professores.

Os coordenadores nacionais do ensino da astronomia têm como missão «ajudar o OAE a documentar e a analisar como é usada a astronomia no ensino em Portugal, identificar as ações relevantes relativas ao ensino da astronomia e ao uso da astronomia para o ensino já existente, bem como envidar esforços na organização da formação profissional dos professores e educadores que usam astronomia, e colaborar no desenvolvimento e/ou desenvolver materiais educativos de qualidade e acessíveis, adaptado às necessidades específicas do nosso país e dos diferentes níveis escolares», relata o astrónomo Nuno Peixinho.


Esta nomeação, além de representar um «importante reconhecimento do nosso trabalho, é uma oportunidade ímpar de contribuir de forma determinante para o ensino da astronomia, em particular, e para um maior e mais eficaz uso da astronomia no ensino, em geral, em Portugal. A astronomia é, provavelmente, a ciência que mais unanimemente a todos fascina. Paradoxalmente, tem vindo a ser cada vez mais eliminada dos currículos escolares sendo extremamente subaproveitada para o ensino das outras matérias», afirmam os investigadores Nuno Peixinho e Rosa Doran.

«Há que inverter esta tendência. Não apenas porque quase tudo o que existe foi fabricado nas estrelas, mas porque devemos conhecer o Mundo e o Universo que nos rodeiam, conhecer o nosso entendimento sobre a origem e transformação de todas as coisas, incluindo nós próprios, e questionarmo-nos sobre tudo isso», acentua Nuno Peixinho.

Para o também coordenador da Unidade de Promoção da Ciência do Observatório Geofísico e Astronómico da UC, a astronomia «interliga-se direta ou indiretamente com praticamente tudo o que nos rodeia e há que aproveitar esta mesma astronomia como fascinante e infinito veículo de ensino da matemática, das ciências exatas, das ciências naturais, das tecnologias... sem esquecer mesmo a filosofia. Melhor vive e melhor transforma quem mais conhece, e o que a astronomia tem para dar a conhecer é infinito».

Cristina Pinto

São Felipe Neri, Fundador do Oratório

Plinio Maria Solimeo
ABIM

Os santos são modelos para nós. Pela sua vida eles nos ensinam de modo concreto como servir a Deus e praticar a virtude.
─ Que lição especial nos dá São Felipe Neri?
Esse jovial santo italiano nos ensina a “servir o Senhor com alegria” (Salmo 99,2).

São Felipe nasceu em Florença em 1515

Pelo seu caráter amável, São Felipe foi chamado o “santo da alegria” ou “o jogral de Deus”. Ele é o padroeiro da santa alegria. Assim, ele pode ser nosso poderoso intercessor quando estivermos acabrunhados pelo peso da vida ou nos períodos de tristeza ou depressão — infelizmente tão frequentes nos difíceis dias em que vivemos. E também nos períodos de aridez espiritual a que estão sujeitos os homens, como uma provação a ser vencida para merecerem a recompensa celeste.

Primeiros anos de “Pippo Buono”

Segundo filho de Francisco Neri e Lucrecia da Mosciano, Filippo Romolo Neri nasceu na bela cidade de Florença, na Toscana. O casal tivera já uma filha, Catarina, nascida dois anos antes, e teria depois Elizabetta (ou Isabel), três anos mais nova. Outro filho, Antonio, morreria em tenra idade. Felipe foi batizado na igreja de São Pedro Gattolino no dia seguinte ao seu nascimento.

Francisco, modesto tabelião, era bom católico. Sua família havia sido nobilitada no serviço do Estado, por ter exercido durante gerações funções de relevo na cidade.

Felipe contava apenas cinco anos quando perdeu sua mãe, mas encontrou na madrasta, Alexandra de Michele Lensi, uma digna sucessora que o amou como filho.

O menino era tão amável, jovial e terno, que logo se tornou conhecido como Pippo Buono, “o bom Felipinho”. Sua bondade de coração e sua amabilidade eram contagiantes. Permeadas pela graça divina, elas se tornariam o grande segredo de suas conquistas apostólicas.

Sua irmã Isabel, testemunhando no processo de beatificação do irmão, afirma que ele “jamais causou desgosto a seu pai, nem fez algo pelo qual ele o repreendesse (exceto por uma zanga feita uma vez à sua irmã). […] Era pacífico, e jamais se zangou; era alegre [‘brincalhão’, dizia ela numa primeira declaração], máxime com a madrasta, e era manso e paciente”.(1)

Aventuras dos tempos infantis

Felipe aprendeu as primeiras letras com um professor chamado Clemente, que lhe ensinou a ler, escrever e contar.

De sua primeira infância restam-nos dois episódios, narrados pelos seus primeiros biógrafos. Quando Pippo tinha cerca de oito anos, querendo certa vez silêncio para poder refletir sobre algum assunto que lhe viera à mente, começou a ser perturbado por sua irmã. Eles se encontravam no alto de uma escada. O menino não teve dúvidas: deu-lhe um empurrão e ela rolou escada abaixo.

O outro fato é apresentado pelos seus biógrafos. Quando Felipe tinha mais ou menos essa mesma idade, foi brincar num terreno perto de sua casa. Vendo ali uma mula carregada de frutas que alguém trouxera para vender, não hesitou um instante: pulou na garupa da besta para fazê-la cavalgar. Assustada, a mula desequilibrou-se, rolando com a carga e derrubando o menino. Quando os pais e vizinhos acorreram, pensando encontrar morto o imprudente cavaleiro, viram-no ileso e sorrindo devido àquela aventura.

Felipe estudou depois no convento dominicano de São Marcos, na sua cidade natal. Mais tarde dirá que devia muito do seu progresso intelectual a dois professores daquela casa religiosa, Frei Zenóbio de Medici e Frei Servanzio Mini.

Falta de tino comercial, mas senso do divino

Aos 18 anos Pippo foi enviado à casa de seu “tio” (primo-irmão do pai) Bartolomeu Romolo, na vila de São Germano, aos pés do Monte Cassino, para iniciar-se na carreira de comerciante. Ganhou a confiança e a afeição do tio, mas, “apesar de se dedicar com empenho ao negócio, suas cogitações estavam muito acima das mercadorias com que tratava. Logo se viu que ele não tinha tino comercial, mas senso do divino. Apenas terminado o trabalho do dia, Pippo se retirava para uma igreja ou um oratório, abundantes na Itália. Servia-se também do emprego para fazer apostolado, perguntando aos fregueses se sabiam o Pai-Nosso ou se haviam feito a Páscoa. O tio comentava: ‘Felipe nunca será um bom comerciante. Eu lhe deixaria toda a minha herança, se não fosse essa mania de rezar’. Para Felipe isso não era ‘mania’, mas necessidade. ‘Nada ajuda mais o homem do que a oração’, dirá mais tarde”.(2)

Um dos locais preferidos de Felipe era uma “capela de montanha pertencente aos beneditinos de Monte Cassino, construída sobre a baía de Gaeta, na fenda de uma rocha que, segundo a tradição, fendera-se na hora da morte de Nosso Senhor”.(3)
São Felipe promoveu a música e a pintura como um meio de formação de seus jovens

Peregrinação à Cidade Eterna

Em 1534, com 20 anos incompletos, movido por um impulso sobrenatural, Felipe partiu para Roma como peregrino, na mais completa pobreza. Não comunicou sua resolução aos pais nem a qualquer outro parente.

Na Cidade Eterna ele procurou Galeotto Del Caccia, um aristocrata seu conterrâneo e aduaneiro, que pagava as aulas ministradas por Felipe a seus dois filhos com pousada e uma renda em farinha, que Pippo transformava em pão para seu sustento.

Seu quarto na casa desse aristocrata — talvez por escolha do próprio hóspede — era um cubículo, tendo como únicos móveis um leito, uma pequena mesa e uma corda presa à parede para pendurar suas roupas.

Felipe destinava quase todo o seu tempo livre à oração. Sua vida era tão pura e edificante, que logo chamou a atenção, começando sua fama de santidade a espalhar-se por Roma, chegando até Florença. Quando falaram dele à sua irmã Isabel, esta ponderou: “Isso não me surpreende. Desde seus primeiros anos, vendo suas virtudes, eu podia já conjecturar que ele se tornaria um grande santo”.(4)

Prosseguimento de seus estudos

Após dois anos de vida reclusa, Felipe, movido pelo Espírito Santo, resolveu recomeçar seus estudos, cursando filosofia no Estudo Geral dos agostinianos. Alguns de seus mestres participaram ativamente no Concílio de Trento. Cursou também teologia na Universidade La Sapienza. Contudo, segundo um seu moderno biógrafo, esse curso foi de pouca duração, pois, como explica seu discípulo cardeal César Barônio, “toda a organização acadêmica do tempo, o sistema escolástico, era-lhe áspero: as disciplinas filosóficas eram para ele verdadeiras cadeias, das quais logo decidiu livrar-se. […] Dir-se-á, em seguida, que o fato de abandonar o estudo se dera pelo quotidiano encontro na aula, de um grande crucifixo, que o comovia até às lágrimas”.(5)

Outros afirmam que, em 1538, quando Felipe julgou que tinha aprendido o suficiente, vendeu seus livros para socorrer os pobres. Foi assim que ajudou um jovem sacerdote calabrês e futuro cardeal, Guilherme Sirleto, que estava em dificuldades.

Entretanto, “embora nunca mais tenha estudado com regularidade, sempre que chamado a dar o seu parecer, apesar de sua habitual reticência, [Felipe] surpreendia os mais eruditos pela profundidade e clareza de seus conhecimentos teológicos”.(6)

Com efeito, “até seus últimos anos ele discutia as questões mais elevadas e mais subtis com a mesma facilidade e erudição daqueles que consagram sua vida ao estudo. Ele não se esqueceu das controvérsias mais importantes, e espantavam-se ouvi-lo repetir com exatidão os sentimentos dos doutos sobre essas questões, e os raciocínios nos quais se apoiavam”.(7)

Despojando-se de seus livros, Felipe conservou apenas dois: a Suma Teológica e a Bíblia. Ele julgava Santo Tomás “o teólogo por excelência”, e sempre, em suas controvérsias, apoiava-se no Doutor Angélico.

Foi provavelmente durante o ano em que era tutor dos filhos de Caccia que ele escreveu a maior parte de suas poesias, tanto em latim quanto em italiano. Infelizmente, elas não passaram para a posteridade, pois Felipe, antes de morrer, queimou todos os seus escritos, só restando uns poucos sonetos. Isso explica também a nossa pobreza de material de seu próprio punho, que pudesse nos transmitir mais fielmente o seu pensamento.

Apostolado com os pobres e doentes
O santo atendendo confissões

Felipe viveu 17 anos como leigo, sem pensar em ordenar-se sacerdote. Tendo conseguido juntar um pequeno pecúlio para atender às suas parcas necessidades, entregou-se totalmente ao apostolado com os doentes e os pobres, o que lhe valerá mais tarde o título de “Apóstolo de Roma”.

Foi por isso que ele passou a frequentar os hospitais da Cidade Eterna, em particular o Hospital de São Tiago dos Incuráveis, onde se inscreveu na confraria de Santa Maria da Purificação para assistência dos enfermos. Embora ainda leigo, a par da assistência material, ele prodigalizava a todos a esmola da palavra divina.

Ao mesmo tempo o santo começou a fazer a Visita das Sete Igrejas (São Pedro, São Paulo extra-muros, São Sebastião, São João de Latrão, São Lourenço extra-muros, Santa Maria Maior e Santa Cruz de Jerusalém), antiga forma de piedade popular que depois legou ao Oratório.

Felipe frequentava a igreja de Santa Maria da Estrada, dos primeiros jesuítas, onde conheceu Santo Inácio de Loyola. Consta que esse santo o teria querido entre os seus, para enviá-lo às Índias. Mas Felipe não quis entrar na Companhia, aguardando os desígnios da Providência. Entretanto, como enviava muitos recrutas para a recém-fundada Companhia de Jesus, Santo Inácio dizia que Felipe era como um sino, que chamava os demais para entrar na igreja, mas ficava sempre de fora…

O grande milagre de Pentecostes

No ano de 1544, no qual, segundo Felipe, teria início a sua “conversão” — entenda-se uma entrega mais decidida ao serviço de Deus —, ele rezava ao Espírito Santo na catacumba de São Sebastião quando se deu o grande milagre de Pentecostes, que ele próprio narrou ao cardeal Frederico Borromeu.

Isso ocorreu do seguinte modo: um pouco antes da festa de Pentecostes daquele ano, depois de uma aparição de São João Batista, “golpeou-o um ímpeto de ardor, uma irrupção do Espírito Santo, que o fez cair por terra e marcar seu corpo”.(8)

Sobre isso, afirmou seu médico, Vittori: “Dizia-me que, aos 30 anos, estava com grande fervor, e pedia ao Espírito Santo que lhe desse um cúmulo de espírito; e me disse que lhe fora dado tanto, que o lançou por terra. Ao levantar-se, sentiu elevado o peito e uma contusão por dentro, a qual durou enquanto viveu”.(9)

. Seu segundo biógrafo, Pietro Giacomo Bacci, assim descreve o sucedido: “Quando ele estava com o maior empenho pedindo os dons do Espírito Santo, apareceu-lhe um globo de fogo que entrou em sua boca e alojou-se em seu peito; em seguida ele ficou tomado com um tal fogo de amor que, incapaz de suportá-lo, atirou-se ao solo e, como alguém tentando refrescar-se, despiu seu peito para de algum modo moderar a chama que sentia. Quando permaneceu assim por algum tempo e recuperou-se um pouco, levantou-se cheio de inusitada alegria, e imediatamente todo seu corpo começou a tremer violentamente; e, pondo sua mão no peito, sentiu no lado de seu coração um inchaço grande como o punho de um homem, mas nem então, nem depois isso provocou a mais leve dor ou ferida”.(10)

O impacto divino quebrou-lhe duas costelas 

Quando, depois de sua morte, os médicos examinaram seu corpo, viram que o coração estava dilatado — em decorrência de um subito impulso de amor! — e, a fim de que ele tivesse espaço suficiente em seu peito para mover-se, haviam-se quebrado duas costelas, que ficaram com a forma de um arco. Um dos médicos, Andréa Cesalpino, que fez a autópsia, declarou: “Percebi que as costelas estavam rompidas naquele ponto, isto é, estavam separadas da cartilagem. Só dessa maneira era possível que o coração tivesse espaço suficiente para levantar-se e abaixar-se. Cheguei à conclusão de que se tratava de algo sobrenatural, de uma providência de Deus para que o coração, batendo tão fortemente como batia, não se machucasse contra as duras costelas”.(11)

A partir desse milagre, seu coração palpitava violentamente toda vez que ele fazia qualquer ação espiritual: “Crescia esta palpitação mais, ou menos, estando em oração, e às vezes o fazia tremer, bem como a cadeira ou cama onde se achava, e mesmo o aposento, como se sucedesse algum terremoto. Sentia também naquela parte um calor tão excessivo, que por mais frio que fizesse, e sendo já muito velho, era obrigado a desabrigar-se o peito e, às vezes, sendo inverno, abrir as portas e janelas do aposento para temperar aquele fogo que se espalhava por todo seu corpo”.(12)

O berço do Oratório em Roma
São Felipe sendo recebido pelo Papa

Em 1547 Felipe começou a frequentar a igreja da Arquiconfraria de São Jerônimo da Caridade, onde um grupo de sacerdotes seculares levava uma vida exemplar, constituindo uma pequena comunidade. Cada um vivia de suas próprias rendas, ao serviço do templo e da confraria, tendo mesa em comum. Não se obrigavam a nenhum voto. Este será o berço do Oratório de São Felipe Neri.

Por sua boa fama, essa igreja passou a ser o ponto de referência para eclesiásticos que chegavam a Roma, entre os quais estarão alguns dos filhos mais queridos do santo.

Foi ali que Felipe encontrou seu confessor, o primeiro de que se tem notícia, o Pe. Persiano Rosa, a quem se afeiçoou por seu ânimo alegre e espírito sereno.

Nesse tempo, Felipe começou suas conquistas entre seus jovens conterrâneos, aprendizes e empregados de banco. O santo sentia-se atraído especialmente para cuidar da juventude. Para colocar os jovens em guarda contra as seduções da idade e conservar todo o frescor da virtude, ele lhes dizia para se lembrarem sempre das palavras do profeta: “Bem-aventurado o homem que leva o jugo do Senhor desde a sua adolescência”. Ele os exortava a uma mudança de vida. Havia em sua voz e em suas maneiras tanto atrativo, que muitos, cedendo à ascendência que Felipe tinha sobre eles, renunciavam às frivolidades do mundo, e se entregavam inteiramente a Deus. Conta-se que, numa só ocasião, ele converteu com suas palavras trinta jovens dissolutos.

Confraria da Santíssima Trindade dos Peregrinos

Em 1548, juntamente com seu confessor, Pe. Persiano Rosa, Felipe fundou a Confraria da Santíssima Trindade. Sua finalidade era inteiramente devocional, com preeminência ao culto eucarístico. Seus confrades reuniam-se na igreja de São Salvador in Campo para a Comunhão e outros exercícios de piedade. Aí o santo introduziu pela primeira vez em Roma a exposição do Santíssimo Sacramento na devoção das Quarenta Horas.

Durante o ano jubilar de 1550, o Vicariato de Roma conferiu à Confraria uma finalidade nova e estável: a assistência aos peregrinos e convalescentes que, saindo do hospital, necessitavam ainda de cuidados.

Crescendo a associação, “as obras que os confrades exercitavam com os peregrinos e convalescentes causaram tanta edificação em todos, que muitos se moveram a imitá-los, vindo servir os pobres pessoas de grande qualidade e prelados eclesiásticos; até o papa Clemente VIII vinha lavar-lhes os pés, abençoando-lhes muitas vezes a mesa e servindo-os nela”.(13)

Não contente com a visita a hospitais, São Felipe punha-se também a percorrer ruas e praças, falando da maneira mais comovedora e cativante às pessoas sobre a Religião e as coisas de Deus. A um perguntava: “Então, meu irmão, quando é que começaremos a amar a Deus?”. A outro: “É hoje que nos decidimos a comportar-nos bem?” Ele era, sobretudo, um semeador da santa alegria dos filhos de Deus.

“Grande bondade e costumes angélicos”

Como um ímã, Felipe continuava a atrair pessoas para seu grupo. Ele, que era todo fervor e alegria, entretinha o crescente núcleo de seus discípulos com fervorosos e prolongados sermões.

Nessa época a maturidade do santo atingia seu auge. Um de seus conterrâneos assim o descreve: “Era de belíssimas feições […] e sempre foi tido como de grande bondade e de costumes angélicos. Sua natureza sempre alegre e prazenteira, seu rosto alegre e jovial, sua hilaridade (um atributo que se nomeia com frequência) concorrem até agora para explicar o fascínio que vai exercendo e a sua crescente popularidade”.(14)

O santo pouco comia “pouquíssima carne, verdura, ovos, nada de laticínios, um pouco de vinho temperado com água. Por espírito de pobreza, gostava de viver de esmola e, portanto, mandava trazer do cardeal Cusani e Borromeu algum ovo e um pouco de pão [declaração de Antonio Gallonio, seu primeiro biógrafo]. Sempre amante da pobreza, com esta buscará formar o espírito de seus filhos, como uma virtude básica para o homem de Deus”.(15)

Seus discípulos o admiravam profundamente. E testemunharam: “Com todos se familiarizava: crianças, grandes, medianos, mulheres, senhores, cardeais, prelados e outros. Todas as pessoas que iam ter com o Padre, tendo falado uma vez, regressavam, e não podiam separar-se dele”. O Cardeal Panfili afirma: “Era afável, agradável e carinhoso com todos, de modo que, com grandíssima facilidade e alegria, atraía para o caminho de Deus qualquer pessoa que com ele tratasse, e eram raros os que escapavam de suas mãos”.(16)

Amor à Eucaristia e a Nossa Senhora

Outra nota marcante na vida de São Felipe Neri foi seu amor pela Eucaristia. Era tão grande o fervor de sua caridade que, em vez de se recolher para celebrar a Missa, tinha que procurar deliberadamente uma distração, para ser capaz de prestar atenção depois no rito externo do Santo Sacrifício.

“Deus o havia gratificado com excepcionais carismas: êxtases, levitações (especialmente durante a celebração da Missa), lúcido discernimento dos espíritos, predições seguras, intuição das profundidades do coração, intervenções prodigiosas para os enfermos”.(17)

“Junto com o culto eucarístico, na experiência e na direção filipenses, tem notória relevância a devoção à Virgem, que Felipe recomenda como um elemento indispensável no progresso da virtude. Sua experiência a este respeito, de uma devoção mariana terna, afetiva, quase infantil, o leva a sugerir aos seus uma singela e compendiada jaculatória, repetida como um rosário: ‘Virgem Maria, Mãe de Deus, roga a Jesus por mim’”.(18)

Sacerdote para a Eternidade

Quando Felipe tinha 36 anos, o Pe. Rosa ordenou-lhe, em nome de Deus, que se tornasse sacerdote. Assim, depois de mais alguns estudos, foi-lhe conferido o sacerdócio no dia 29 de maio de 1551.

Como sacerdote, São Felipe dedicou-se especialmente ao confessionário, onde passava grande parte do dia. Com efeito, “dedicou-se ao exercício da confissão, no qual consumiu o resto de seus dias”, dirá um de seus discípulos. “O título ideal que o qualificará para sempre, será o de confessor, conselheiro, guia e mestre das almas”.(19)

Muitos de seus penitentes, levados pelo desejo de recolher a doutrina desse pai espiritual, passaram a ir visitá-lo diariamente. “Pouco a pouco os discípulos se tornaram tão numerosos, que foi preciso ter a reunião numa igreja; e, por fim, a concorrência cresceu tanto, que foi necessário distribuí-la em grupos, à frente dos quais o mestre punha um de seus discípulos mais capazes. Assim nasceu o instituto do Oratório, sem outras regras que os cânones, sem outros votos que os compromissos do batismo e da ordenação, sem outros vínculos que a caridade”.(20)

O número de seus seguidores foi crescendo. Entre eles figura um sapateiro, um miniaturista, um notário, e outros que ele convertera quando era ainda leigo.

As reuniões com esse grupo eleito eram informais. Diz um deles: “No princípio, liam-se páginas edificantes e interessantes, de fácil compreensão; seguia-se um comentário do Padre […]. Alguém tomava a palavra, dialogava-se, e continuava-se discorrendo durante longo período, sem um programa determinado”.(21)

Entre seus discípulos estavam Francisco Maria Tarugi, nobre de Montepulciano aparentado com o Papa, que se tornaria arcebispo de Avignon e cardeal, e César Barônio, célebre historiador da Igreja e doutor em leis, admitido ao círculo de Felipe em 1557, um dos primeiros a receber o sacerdócio. Ele sucedeu ao santo na direção do Oratório e se tornou mais tarde cardeal.

Ouvindo contar as maravilhas de São Francisco Xavier na Índia e de outros missionários no Novo Mundo, São Felipe e seus discípulos pensaram muito em ir também para o Oriente. Entretanto, querendo conhecer a vontade de Deus, Felipe dirigiu-se a um santo religioso cisterciense, também seu conterrâneo, Agostinho Ghettini, muito favorecido por Deus, pedindo-lhe que consultasse o Senhor sobre esse seu projeto. A resposta divina foi: “Felipe não deve buscar as Índias, mas Roma, onde o destina Deus, assim como a seus filhos, para salvar almas”.(22) Mais tarde o santo dirá a seus discípulos: “Quem faz o bem em Roma, o faz a todo o mundo”.

A singular Congregação do Oratório

O Oratório surgiu, como vimos, de maneira muito modesta. Sua denominação veio da extensão da palavra — que no princípio se referia a um pequeno edifício, um sinônimo de confraria. “Foi desde o princípio uma experiência de agrupação totalmente singular, nem sequer poderia chamar-se de associação porque era de participação livre, sem estatutos nem elenco de inscritos; uma acolhida espontânea, regulamentando-se necessariamente na prática. […] A estrutura, agora já completa do Oratório, bosquejada em suas formas essenciais no desvão [da igreja] de São Jerônimo, está delineada detalhadamente nas antigas memórias, entre as quais está o autorizado breve ensaio de Barônio, De origine Oratorii”.(23)

“Ao longo de todo o processo de restauração que se construía na Igreja no século XVI [após a devastação do herético Lutero], o aporte de Felipe foi, sem dúvida, o de modelar e propor — com sua esplêndida vida e através de sua restrita família presbiterial — a singela figura do sacerdote secular, em sua expressão original e genuína”.

“Exatamente por suas características singulares, esta família sacerdotal, é bom destacar, é absolutamente um unicum na Igreja: não existem instituições, entre as inumeráveis, afins a esta. Afirmava-o com autoridade o primeiro sucessor de São Felipe, o padre (depois cardeal) César Barônio, apresentando o texto das Constituições revistas por ele. A Igreja, recordava, é a rainha das vestes de jaspe celebrada pelo salmo circumdata varietate (Sl 44). A Congregação do Oratório se preza por representar, em sua humilde particularidade, um dos tantos vestidos reais da santa Igreja de Cristo”(24)

“O exercício quotidiano da palavra de Deus ‘de modo fácil, familiar, frutífero’ representava a essência particular do Oratório […]. Neste sistema oratoriano nada há de escolástico, de retórico, de difícil compreensão: falar ao coração era o método: ‘exortações e fervores mais afetivos que intelectuais’ eram os assim chamados ‘arrazoados’. Felipe não quis jamais que o oratório ‘entrasse em coisas escolásticas’, para as quais não faltavam escolas ou cátedras em Roma”.(25)

Em 1564 Felipe também ficou encarregado da igreja de São João dos Florentinos, para lá mandando alguns de seus discípulos. E, em 1575, o Papa Gregório XIII concede ao “querido filho Felipe Neri, sacerdote florentino e preposto de alguns sacerdotes e clérigos”, a igreja de Santa Maria in Vallicella, dedicada à Natividade de Maria (bula Copiosus in misericordia). Esta bula “ficará como o documento solene de fundação da sociedade oratoriana […]. A agrupação designada expressamente com esta locução pela bula de Oratorio nuncupandam, define a congregação por antonomásia: ‘Congregação do Oratório’ […]. Nas Constituições aprovadas pelo Papa Paulo V em 1612, o Pontífice declara expressamente que tal convivência presbiterial (mais tarde se agregarão irmãos leigos), ‘instituída por divina inspiração pelo santo Padre Felipe’, estava cimentada só pelo vínculo da caridade, fora de todo vínculo por voto, juramento ou promessa, e assim devesse perseverar na igreja santa ‘de vestiduras variadas’ (Sl 44)”.(26)

História da Igreja como arma apologética

Para combater a heresia protestante, São Felipe encarregou seu discípulo César Barônio de escrever uma verdadeira e documentada História da Igreja que refutasse as falsas versões divulgadas pelos heréticos.

O futuro cardeal levou 30 anos para produzir os seus monumentais Annales Ecclesiatici ─ Anais Eclesiásticos, que se tornaram paradigma de historiografia católica e mereceram ao seu autor o título de Pai da História Eclesiástica.

A música tinha um papel importante no apostolado de São Felipe. Ele introduziu, entre os sermões e no final, o cântico de motetes latinos e italianos. E, como muitos com talento musical acorreram ao Oratório, a música ficou nele incorporada como parte importante de sua espiritualidade.

Embora alguns o afirmem, não está documentada a participação no Oratório do maior compositor de música sacra do século XVI, Giovanni Pierluigi da Palestrina.

São Felipe era o “santo da alegria” e nele essa característica se unia a sua dignidade e responsabilidade. Assim, exigia dos membros e hóspedes do incipiente Oratório uma absoluta obediência, sob pena de expulsão. Ao morrer, deixou um documento no qual fazia um severo juízo sobre vários membros da Congregação, não os querendo como sucessores no governo. Ele chegou a denunciar como herege ao Santo Ofício um dos seus mais antigos discípulos. Este, mantido na prisão por um ano, foi depois absolvido. Entretanto Felipe não quis recebê-lo de volta na comunidade, apesar das súplicas de autorizados intercessores.(27)

Apesar de ardoroso defensor do Papado, houve um momento em que Felipe discordou do Soberano Pontífice. Foi quando se tratou de aceitar a conversão e, portanto, a consequente habilitação do herege huguenote, o futuro Henrique IV, para o trono da França. “Clemente VIII mostrou-se indeciso e vacilante. Felipe mostrou-se desde o primeiro momento partidário da reconciliação […], e aconselhou o Papa nesse sentido, mas sem obter dele uma decisão eficaz. […] Felipe atuou através de Barônio, confessor do Papa. Deu-lhe instruções no sentido inclusive de lhe negar a absolvição enquanto ele não aceitasse um conselho reconciliatório. Barônio triunfou nessa empresa tão delicada. A França contará mais adiante com Felipe entre seus santos protetores”.(28)

Vítima de calúnias e incompreensões

Como acontece com todos os santos, também São Felipe teve que enfrentar muitas calúnias. O próprio Cardeal-Vigário de Roma, levado por certo preconceito e pelos rumores de que o santo mantinha assembleias perigosas e semeava novidades entre o povo, chegou a repreendê-lo severamente, retirando-lhe durante 15 dias a licença para atender confissões. Mas, tendo o purpurado adoecido repentinamente, o Papa Paulo IV, chamado a julgar o caso, não só absolveu São Felipe como se recomendou às suas orações.

São Felipe Neri entregou sua alma a Deus no dia 26 de maio de 1595, sendo canonizado 27 anos depois, juntamente com Santo Isidro Lavrador, Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e Santa Teresa d’Ávila.

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Notas:

1. Pe. Antônio Cistellini, C.O., San Felipe Neri, breve historia de una gran vida, Congregación del Oratorio de México, Ciudad de México, 1999, p. 19.

2. Plinio Maria Solimeo, São Felipe Neri, Catolicismo, maio/2009.

3. C. Sebastian Ritchie, Philip Romolo Neri, The Catholic Encyclopedia. CD Room edition.

4. Mons. Paul Guérin, Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Libraires-Éditeurs, Paris, 1882, tomo VI, p. 207.

5. Cistellini, op.cit. pp. 27-28.

6. Ritchie, op.cit.

7. Guérin, p. 217.

8. Cistellini, pp. 30-31.

9. Cistellini, p. 31.

10. Ritchie, op.cit.

11. Apud Guilherme Sanches Ximenes, Felipe Neri – O sorriso de Deus, Editora Quadrante, São Paulo, 1998, p. 17.

12. Pedro Ribadeneira, Flos Sanctorum, in D. Eduardo Maria Vilarrasa, La Leyenda de Oro, L. González y Compañia, Barcelona, 1896, tomo II, p. 332.

13. Ribadeneira, p. 333.

14. Cistellini, pp. 36-37.

15. Cistellini, p. 75.

16. Cistellini, p. 73.

17. Cistellini, p. 66.

18. Cistellini, pp. 122-123.

19. Cistellini, p. 40.

20. Fr. Justo Perez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, vol. II, p. 457.

21. Cistellini, p. 42.

22. Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis vives, S.A., Saragoça, 1947, vol. III, p. 266.

23. Cistellini, pp. 49-50.

24. Cistellini, pp. 142-143.

25. Cistellini, p. 53.

26. Cistellini, pp. 84-86-87.

27. Cfr. Cistellini, p. 124.

28. J.M. Leonet Zabala, Gran Enciclopedia Rialp, Ediciones Rialp, S.A., Madri, 1972, p. 843.

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Santos na vida de São Felipe

Os santos se atraem. Assim São Felipe manteve relações com todos os santos que viviam então na Cidade Eterna: São Carlos Borromeu, São Camilo de Lellis, Santo Inácio de Loyola, São Félix de Cantalício. São Francisco de Borja, terceiro Geral da Companhia de Jesus, terá grande estima por São Felipe. Outro grande santo jesuíta, São Pedro Canísio, também esteve no Oratório, encontrando-se com Felipe. O Papa São Pio V depositava muita confiança no Pe. Felipe e em seus seguidores, e quis que um deles tomasse parte na delegação chefiada por seu sobrinho, cardeal Bonelli, enviada à Espanha e Portugal, junto com o Geral dos jesuítas, Francisco de Borja, e outros ilustres personagens.

Entre outros santos que tiveram pelo menos breve relação com São Felipe Neri estão Santo Alexandre Sauli, bispo de Aleria e Pavia; São João Leonardi, fundador dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus; São Francisco Caracciolo, fundador dos Clérigos Menores, e Santa Catarina de Ricci, dominicana de Prato.

São Roberto Belarmino terá profundos laços de amizade com o Cardeal Barônio, sucessor de Felipe.

“São Carlos Borromeu votava tanta estima e veneração por ele que, todas as vezes que o encontrava, prosternava-se diante dele e lhe suplicava que o deixasse beijar suas mãos. Santo Inácio de Loyola não fazia menos caso de sua santidade, e via-se frequentemente esses dois ilustres fundadores olharem-se sem nada dizer, na admiração mútua que tinham pela virtude que reconheciam um no outro”.(*)

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(*) Mons. Paul Guérin, op. cit. p. 217.

A Congregação do Oratório em nossa Pátria

Abenemérita presença da Congregação do Oratório no Brasil se compõe de dois períodos. O primeiro se estende de meados do século XVII até a primeira parte do século XIX, quando foi extinta em 1830, deixando assim de existir no mundo uma Congregação de língua portuguesa.

Nesses primórdios, os padres oratorianos foram dedicados apóstolos em vários aldeamentos indígenas em Pernambuco e Ceará, chegando a erigir uma casa em Salvador, nosso primeiro bispado. Todavia, deve-se reconhecer a presença do Oratório de São Felipe Neri em terras de Santa Cruz, sobretudo através da Congregação que se instalou na capital de Pernambuco, cujo belíssimo templo que até hoje se encontra edificado, a célebre igreja da Madre de Deus.

Os primeiros padres oratorianos “foram educadores notáveis, tendo ministrado tanto o ensino secundário quanto o superior e, como promotores da cultura, podiam se gloriar de possuir a melhor biblioteca de Pernambuco colonial”.(*)

Cumpre dizer que os oratórios lusófonos nasceram concomitantemente em Portugal e no Brasil, sendo o Oratório lisboeta e seu fundador, Pe. Bartolomeu de Quental, a obra-prima de todas as Congregações espalhadas pelo abrangente domínio português. Já aqui no Brasil, coube ao venerável Pe. João Duarte do Sacramento a grande missão de ser o seu primeiro prepósito.

O segundo momento da Congregação do Oratório no Brasil é bastante recente. Desde a extinção dos padres oratorianos em 1830, até 1957 não tivemos entre nós a presença de um filho de São Felipe Neri.

A Divina Providência escolheu então o reverendíssimo Pe. Aldo Giuseppe Maschi, do Oratório de Verona, para tão alta empresa. Ele foi o primeiro pároco da Paróquia São Felipe Neri, na capital paulista, criada em 11 de fevereiro de 1958.

Somente após 40 anos da sua presença é que Pe. Aldo conseguiu reunir as condições necessárias para a ereção canônica da Congregação do Oratório, que se deu aos 25 de março de 1996, quando passou a ser a única casa de língua portuguesa em todo o orbe.

Correspondendo ao amor de São Felipe Neri pela Santa Igreja e pelo Santo Sacrifício, os padres oratorianos nunca deixaram de celebrar a Santa Missa em sua forma tradicional. Eis por que, no Parque São Lucas, na cidade de São Paulo, a Santa Missa, segundo as orientações prescritas no Motu proprio “Summorum Pontificum”, é celebrada ininterruptamente, desde a sua vigência.
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(*) Lima, Ebion de. A Congregação do Oratório no Brasil. Rio de Janeiro, 1980, p. 1.

Montemor-o-Velho está a limpar leito abandonado do rio Mondego

Montemor-o-Velho está a limpar leito abandonado do rio Mondego ...
O município de Montemor-o-Velho anunciou uma intervenção de limpeza e remoção de vegetação e detritos no chamado leito abandonado do Rio Mondego, localizado junto à sede do Concelho.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a autarquia explica que a vegetação e detritos ali acumulados "impedem a livre circulação das águas e provocam o assoreamento do leito abandonado", um troço com cerca de seis quilómetros de extensão, entre a localidade de Casal Novo do Rio e a estação de bombagem do Foja - junto à povoação de Ereira - onde este canal se reencontra com o leito principal do Mondego.
A ação de limpeza "visa promover a adaptação às alterações climáticas, bem como a prevenção e gestão de riscos de cheia", e permite que a margem direita do leito abandonado fique "ainda mais acessível, possibilitando a realização de passeios na natureza".
A empreitada representa um investimento superior a 355 mil euros e está incluída "numa operação mais alargada", orçada em 411 mil euros, financiada a 75% por verbas do Fundo de Coesão europeu, na sequência de uma candidatura ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
O município de Montemor-o-Velho recorda, na nota de imprensa, que, a par da ação de limpeza do leito abandonado no Mondego, tem em curso a reabilitação da passagem hidráulica no pontão do Choupal e a construção de uma passagem hidráulica entre a bacia da estação de bombagem de Formoselha e a pista do Centro Náutico local.
"As intervenções que se encontram a decorrer vão permitir diminuir o risco de cheias/inundações e minimizar os seus efeitos junto das populações, assim como valorizar o leito abandonado do rio Mondego, nomeadamente a frente ribeirinha na sede do concelho", reafirma.
Lusa

Ryanair retoma em 1 de Julho voos diários do Norte da Europa para Portugal

Ryanair retoma em 1 de Julho voos diários do Norte da Europa para ...
A Ryanair vai retomar em 1 de Julho os voos diários para Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Chipre a partir da Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Holanda e Alemanha, anunciou hoje a companhia.Em comunicado, a companhia de baixo custo irlandesa adianta ter planos para "operar 40% da sua programação de voos" em Julho, "uma vez que Espanha anunciou este fim-de-semana que eliminaria as restrições de viagem e de visitantes a partir de 1 de Julho, à semelhança de Itália, Chipre, Grécia e Portugal, que preparam a reabertura dos seus hotéis e praias para a principal época de férias nos meses de Julho e Agosto".
Os voos diários a retomar pela Ryanair a partir de 1 de Julho têm origem nos "países do Norte da Europa, incluindo Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Alemanha", e destino nos "principais aeroportos de Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Chipre".
"Após quatro meses de bloqueio, celebramos as medidas dos governos de Itália, Grécia, Portugal, Espanha e Chipre para reabrir as fronteiras, eliminar as restrições de viagem e suprimir as quarentenas ineficazes", afirma o presidente executivo da Ryanair, citado no comunicado.
Segundo Eddie Wilson, "as famílias europeias que têm estado sujeitas a um confinamento de mais de 10 semanas, podem agora aguardar com expectativa pelas tão esperadas férias familiares para Espanha, Portugal, Itália, Grécia e outros destinos mediterrânicos em Julho e Agosto".
Todos os voos da Ryanair funcionarão com novas medidas sanitárias em vigor, que exigem que todos os passageiros e tripulações usem sempre máscaras nos terminais dos aeroportos e a bordo dos aviões, em conformidade com as recomendações da União Europeia.
Lusa

Jardim de Infância do Canedo reabre no Dia da Criança

Jardim de Infância do Canedo reabre no Dia da Criança | Bairrada ...
A Câmara Municipal da Mealhada vai inaugurar, dia 1 de junho (Dia Mundial da Criança), às 14:30 horas, o Jardim de Infância do Canedo, na freguesia da Pampilhosa, numa cerimónia simples e com salvaguarda das regras de segurança inerentes à COVID-19. As obras de remodelação e ampliação custaram 162 mil euros.
A reabertura deste equipamento, inicialmente planeada para o início do 3º período (14 de abril, altura em que vigorava o Estado de Emergência), procura também ser um sinal de regresso à normalidade para as famílias que dependem deste tipo de resposta educativa.
Com os trabalhos de remodelação e ampliação executados, foi possível criar uma sala de atividades na valência de Jardim de Infância e, para além da sala de atividades, todos os espaços necessários à atividade letiva, no cumprimento do Despacho Conjunto 268/97 de 25 de Agosto, nomeadamente, sala polivalente, copa/cozinha, gabinete técnico, instalações sanitárias, incluindo uma adequada para pessoas com mobilidade reduzida, parque infantil e espaço destinado a pequena horta.
Foram executadas, de raiz, as diversas infraestruturas necessárias ao funcionamento do jardim de infância, nomeadamente o sistema de climatização constituído por piso radiante, a preparação de águas quentes sanitárias, com apoio de coletor solar, e a rede de dados dotada de fibra ótica.
Este jardim de infância é frequentado por mais de uma dezena de crianças, apoiadas por educadora de infância e auxiliar de ação educativa, bem como por docentes contratados pela autarquia que complementam as atividades letivas nas áreas de inglês, atividade física e música.
Esta intervenção no Jardim de Infância do Canedo está inserida numa empreitada da Câmara Municipal da Mealhada que inclui também remodelações nos jardins de infância do Carqueijo, na freguesia de Casal Comba, e de Casal Comba, num investimento global que ultrapassa os 605 mil euros (incluindo empreitada e equipamentos). O Jardim de infância do Carqueijo abriu em março passado e o de Casal Comba reabre no início do próximo ano letivo (2020/2021).