A Assembleia Municipal de quinta-feira, realizada no Seixo teve onze pontos, mas o que mais aguardado era o número dois da agenda: o que se tratava da Lusiaves...
Apesar das análises e estudos que ainda acontecerão, Raul Almeida assumiu peremptoriamente ser "a favor da implantação" da Lusiaves no Concelho de Mira, logo no início da sua intervenção.
Num debate - que, em geral - correu de forma respeitosa e ordeira, apesar dos extremos das opiniões neste processo que - aparentemente - não tem meio-termo, o edil mirense respondeu a todas as questões da oposição e teve - aparentemente - o apoio incondicional da sua bancada.
Muito se falou sobre o abaixo-assinado, sobre quem o terá idealizado e "a forma pouco democrática como foi feito", segundo as palavras do autarca, acusando os seus autores de "baterem de porta em porta" para que se angariassem as assinaturas desejadas.
Já a bancada do PS uniu forças ao apresentar argumentos e uma moção de rejeição ao parecer, como prova a imagem abaixo:
Na opinião geral da bancada do PS, a Lusiaves não é um bom investimento para o Concelho de Mira, com Francisco Reigota a garantir a todos os presentes que "esta é uma discussão política e não partidária" numa clara resposta às diversas intervenções vindas da bancada do PSD que davam sinais de considerarem que o assunto estava a ser partidarizado.
Uma das vozes mais críticas da oposição foi a do Deputado Paulo Grego que assumiu que a sua "preocupação não é o preço do metro quadrado ou outro equivalente: é puramente ambiental!" Para este Deputado, é importante conhecer-se todos os aspectos envolventes na área ambiental, a fim de que não se cometa o erro de aprovar um projeto que traga alguns benefícios e um problema ambiental sem retorno.
A questão da Pescanova, aquando da sua implantação no Concelho de Mira, também foi um argumento utilizado tanto por um lado da barricada como por outro. Foi recordado que aconteceram providências cautelares contra a localização daquela empresa em Mira, mas ela acabou por acontecer e a empresa continua a laborar até a presente data. Também foi afirmado que "os argumentos de agora são exatamente os mesmos que foram utilizados, na altura, contra a atual Acuinova".
Raul Almeida reiterou o que dissera anteriormente, quando aconteceu a apresentação do projeto no mesmo local, no dia 30 de Agosto: "Fizemos o trabalho de casa. Eu mesmo fui a localidades onde a Lusiaves está a contactar as pessoas. Contactei, também, os Presidentes de Câmaras dos Concelhos onde ela está instalada. Para além disso, estamos a fazer uma análise mais concreta do Estudo de Impacte Ambiental. E, sejamos claros: daqui só podem sair 3 opções... uma positiva, outra negativa ou ainda, em alternativa, uma posição positiva com determinadas condições".
Para o autarca estas são mais algumas garantias de que "não estamos a deixar nada ao acaso", o que - claramente - não convenceu a oposição que continua a temer pelo desfecho deste processo.
Por fim, e não menos importante dentre todas as intervenções que ocorreram, Artur Fresco, Presidente da Junta de Freguesia de Mira, mostrou uma certa indignação ao afirmar que não percebe "como tantas pessoas dão os seus pareceres e depois, se desvaloriza o trabalho técnico apresentado. Podemos discordar livremente, mas não desvalorizar estes técnicos que emitem seus pareceres!"
A decisão final ainda não está tomada. O próprio Presidente da Câmara Municipal de Mira garantiu, em 30 de Agosto, que "será a Assembleia Municipal quem decidirá" afirmando, também, que os Deputados da bancada do PSD "são e estarão livres para pensar e decidir, na altura certa" quando foi questionado sobre isso. Resta aguardar-se os instrumentos que ainda serão apresentados para que o processo se conclua.
Aguardemos um pouco mais, então...