domingo, 13 de março de 2016

Hora de Fecho: "Somos um país de medricas, de gente subserviente"

Hora de fecho

As principais notícias do dia
Boa tarde!
LITERATURA 
Em duas semanas, "O Meças" já vendeu cerca de 6 mil exemplares. Depois de décadas a ser ignorado por Portugal, Rentes de Carvalho é agora um autor reconhecido. Entrevista a um escritor desconcertante.
TERRORISMO 
Vários disparos de armas de fogo foram efetuados hoje na estância turística de Grand-Bassam. Segundo a imprensa francesa, há pelo menos 15 mortos. Atiradores gritaram "Allahu akbar" (Alá é grande).
CDS-PP 
"E pronto, finito". Portas despediu-se em lágrimas e Cristas foi eleita ao som de "Changes": "God made me this day / We're back as one again". É a primeira mulher a liderar o CDS.
CDS-PP 
A aproximação ao PS, a relação com o PSD, a estratégia para as autárquicas ou a sombra de Portas vão determinar os anos da liderança de Assunção Cristas. O congresso em análise.
CDS-PP 
Assunção Cristas foi eleita este domingo. Lobo Xavier encabeça Conselho Nacional. Filipe Lobo d’ Ávila recolheu 1/4 dos votos no conselho nacional, quebrando o unanimismo.
CDS-PP 
Ex-porta-voz do CDS surpreende e consegue 1/4 dos lugares no Conselho Nacional. No final disse que o resultado "acrescenta para o futuro" e que concorda "praticamente com tudo" o que disse Cristas
CDS-PP 
Novo ciclo do CDS passa por uma demarcação clara do casamento dos últimos quatro anos. Palavra "geringonça" pouco se ouviu em Gondomar, com o CDS a discutir mais política do que políticas.
CDS-PP 
Renovação de Assunção Cristas passa por encolher a direção: de oito passam a quatro vices do partido. Magalhães, Melo, Mesquita Nunes e Cecília Meireles, quem são os quatro mosqueteiros?
PS 
Sérgio Sousa Pinto, antigo membro da direção do PS, afirma que Bloco de Esquerda não vai descansar enquanto não tomar o lugar dos socialistas no sistema partidário português.
ORÇAMENTO 2016 
Jerónimo de Sousa acusou hoje PSD e CDS-PP de terem "medo" do PCP e quererem desacreditar um Orçamento "diferente", que, ao contrário do da direita, não irá "infernizar a vida" dos portugueses.
PCP 
Vítor Dias, ex-dirigente comunista e militante do PCP, escreveu no seu blogue que o arquivo do KGB sobre Portugal se trata de "estórias da carochinha" e que o partido já respondeu a estas acusações.
Opinião

João Marques de Almeida
Marcelo pode ajudar, mas não tem o poder suficiente para impedir que as coisas corram mal ao governo. Quando isso acontecer, tudo fará para não permitir que o governo lhe retire popularidade.

André Azevedo Alves
Caso se mantenha a tendência de recuperação do preço do petróleo, os portugueses ver-se-ão muito rapidamente confrontados com máximos históricos no preço dos combustíveis que têm de suportar.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Não é razoável que alguns portugueses, que são contra o ‘amor digno’, imponham esse seu preconceito religioso. Mais: tratando-se do direito fundamental à dignidade familiar, não pode ser referendado.

Manuel Villaverde Cabral
O problema com a avaliação dos presidentes é o das ilusões sobre o semi-presidencialismo repetidas desde sempre: um presidente regulador; um presidente com poderes reais.

Maria de Fátima Bonifácio
Muita gente tem dificuldade em convencer os outros; a maior dificuldade da Fátima Patriarca era convencer-se a si mesma. O que é ilustração prática da ética do cientista, que ela cultivou sem falhas.
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UM TRATADO SOBRE OS NOSSOS ACTUAIS DESCONTENTAMENTOS.


O mundo subitamente encontrou-se órfão de Tony Judt. Começámos a ouvir falar deste professor de história, globe-trotter do ensino da história do século XX recentemente. Ele trazia a aura de ser o autor do melhor livro sobre a história da segunda metade do século XX, esse capítulo da nossa vida inda agora mesmo encerrado. E desde sempre era conhecido como um dos defensores de Keynes e do seu legado, em rápida erosão nesta crise global da economia capitalista pós-2008, onde a resposta aos erros do capitalismo dos mercados parece ser apenas mais capitalismo e mais erosão do legado Keynesiano, construido no pós-guerra.
O livro de que falo tem sido inúmeras vezes citado nos últimos anos ou meses, tão rápida vai esta vida e esta corrida para o abismo - o FMI chegou "ontem" a Portugal, por ex.... E Judt morreu o ano passado.

Take one:

"Todos os empreendimentos colectivos exigem confiança. Dos jogos infantis às instituições sociais complexas, os homens não podem trabalhar juntos a menos que suspendam a sua desconfiança mútua. Uma pessoa segura a corda, a outra salta. Uma pessoa encosta a escada, a outra sobe. Porquê? Em parte porque esperamos reciprocidade, mas em parte devido a uma clara propensão natural de trabalhar em cooperação para o bem colectivo.
A tributação é um exemplo revelador desta verdade. Quando pagamos impostos há uma série de suposições que fazemos sobre os nossos concidadãos. Em primeiro lugar, partimos do princípio de que eles também vão pagar os seus, ou então sentir-nos-íamos injustamente sobrecarregados e a dada altura recusaríamos contribuir. Em segundo lugar, confiamos que aqueles a quem conferimos temporariamente autoridade sobre nós irão colectar e empregar responsavelmente esse dinheiro. No fim de contas, quando descobrirmos que eles o delapidaram ou esbanjaram, já teremos tido um grande prejuízo.
Em terceiro lugar, a maior parte da colecta fiscal vai para o pagamento de dívidas contraídas ou para o investimento em despesas futuras. Assim, existe uma relação implícita de confiança e mutualidade entre os contribuintes de ontem e os beneficiários de hoje, e entre os contribuintes de hoje e os receptores passados e futuros - e, claro, os contribuintes futuros que irão cobrir o encargo das nossas despesas actuais. Estamos portanto condenados não só a confiar em pessoas que nunca poderíamos ter conhecido e pessoas que nunca iremos conhecer, com todas as quais temos uma relação complicada de interesse recíproco."

Take two:

"(...) foram a social-democracia e o Estado-Providência que uniram as classes médias profissionais e comerciais às instituições liberais no seguimento da II Guerra Mundial. Era uma questão com alguma importância: o medo e o descontentamento da classe média é que tinham propulsionado o fascismo. Vincular novamente as classes médias às democracias era de longe a tarefa mais importante que enfrentavam os políticos do pós-guerra - e de forma alguma uma tarefa fácil.
Na maioria dos casos isso foi conseguido pela magia do "universalismo". (...) era oferecido às "classes médias" instruidas a mesma assistência social e serviços públicos que à população trabalhadora e aos pobres: ensino gratuito, tratamento médico acessível ou gratuito, pensões públicas e subsídio de desemprego. Como consequência, agora que tantas necessidades vitais eram cobertas pelos seus impostos, a classe média europeia descobriu nos anos 60 que o seu rendimento líquido era muito maior que em qualquer época desde 1914.
É interessante que essas décadas se tenham caracterizado por um misto singularmente bem-sucedido de inovação social e conservadorismo cultural.(...) Foram as iniciativas de Keynes que levaram à criação do Royal Ballet, do Arts Council e muito mais. Eram provimentos públicos de arte inquestionavelmente "elevada" - muito à semelhança da BBC de Lorde Reith, a qual se impusera a obrigação de elevar o gosto popular, em vez de condescender com ele.
Para Reith ou Keynes (...) esta abordagem nada tinha de paternalista (...). Isso era a "meritocracia": a criação de instituições elitistas pazra candidatos em massa a expensas públicas - ou pelo menos garantida pela assistência pública. Ela começou o processo de substituir a selecção pela herança ou riqueza por uma mobilidade vertical através da educação. E poucos anos depois veio a produzir uma geração para a qual essas coisas pareciam óbvias, e que por isso não lhes dava valor."

Take three:

"A política dos anos 60 evoluiu assim para um conjunto de reivindicações individuais perante a sociedade e o Estado. A 'identidade' começou a apoderar-se do discurso público: identidade privada, identidade sexual, identidade cultural. Daqui foi um pequeno passo para a fragmentação da política radical, a sua metamorfose no multiculturalismo. Curiosamente, a nova esquerda manteve-se extremamente sensível aos atributos colectivos das pessoas das terras distantes, onde pudessem ser reunidas em categorias sociais anónimas como 'camponês',´'pós-colonial', 'subalterno' e afins. Mas internamente reinava, incontestado, o indivíduo.
Por muito legítimas que sejam as reivindicações dos indivíduos e a importância dos seus direitops, sublinhá-los acarreta um preço inevitável: o declínio de um propósito de vida partilhado."

Como resolver isto? E como resolver todo este resto em que nos encontramos imersos? Este livro não é demasiado explícito no "como resolver", nem se calhar lhe devíamos pedir tal coisa. É sim um acender de alarmes sobre a aparente inevitabilidade como estamos a aceitar o destruir de um edifício de estabilidade que tão cuidadosamente se construiu no pos-guerra. Não seria lógico um maior esforço para conservar algo que mais do que um erro os gurus da "nova economia" se apressaram a declarar apenas mais uma... utopia? Claro que, 48h após o desfecho das decisões da troyka,

Mudar de Esquina


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Chegada a hora de mudar de esquina, deixo-vos com um poema. É de Erich Fried (100 Poemas sem pátria. Lisboa: D. Quixote, 1979). Podem imprimi-lo e afixá-lo para o poderem reler de vez em quando.

O QUE ACONTECE

Aconteceu
e acontece agora como dantes
e continuará sempre a acontecer
se não acontecer nada contra isso

Os inocentes não sabem de nada
porque são demasiado inocentes
e os culpados não sabem de nada
porque são demasiado culpados

Os pobres não dão por isso
porque são demasiado pobres
e os ricos não dão por isso
porque são demasiado ricos

Os estúpidos encolhem os ombros
porque são demasiado estúpidos
e os espertos encolhem os ombros
porque são demasiado espertos

Aos jovens isso não preocupa
porque são demasiado jovens
e aos velhos isso não preocupa
porque são demasiado velhos

Eis por que não acontece nada contra isso
e eis por que razão aconteceu
e acontece agora como dantes
e continuará sempre a acontecer

A medicina humanista


"Hoje em dia quando um doente entra no consultório, a primeira coisa que faz é mostrar os imensos exames e radiografias que traz na mão. E o mais estranho é que se lhe peço para me falar de como se sente, do que tem, até fica surpreendido".

João Lobo Antunes in JN

Mas é esta a Medicina que muitos (doentes) querem. Na minha última urgência, dizia-me uma mãe: "Ó dôtore, parece impossível! Já vim 5 vezes à Urgência com a criança e ainda não lhe fizeram uma chapa". Não queria saber do exame físico, do que a levava lá. Queria que a criança fizesse "uma chapa". Lá lhe tentei explicar que os exames de diagnóstico, principalmente nas crianças, só devem ser feitos quando realmente necessários. Que têm problemas, que custam dinheiro e que muitas vezes não trazem informação nova. A criança, coitada, acabou por levar com umas análises, porque a mãe insistia que tinha febre (curiosamente nunca teve, durante as para aí 8 horas que esteve no SU). Como estávamos à espera, as análises eram normais.

Mas voltando ao tema... Hoje em dia, bom médico é aquele que pede muitos exames. E quanto mais complicados melhor. De que interessa fazer um exame neurológico completíssimo, se a D. Joaquina quer é fazer "um taco à cabeça". De que interessa colher uma história clínica completa, se o Sr. Fernando quer é fazer "umas análises gerais".

É cada vez mais difícil ser um médico humanista. Ouvir, examinar, aconselhar, apoiar. São coisas cada vez mais difíceis, cuja dificuldade aumenta em relação directa com os avanços técnicos da medicina. Os médicos, cada vez mais são (e têm de ser, na minha opinião), dividos em dois grupos. Não é os médicos de primeira e os de segunda, mas os médicos de cuidados primários, que conhecem o doente a fundo; que têm de ter tempo para os "seus" doentes; que conhecem o contexto familiar e social dos indivíduos; que ouvem e apoiam. E os outros... Os técnicos diferenciados. Os que executam as técnicas altamente diferenciadas; os que tratam de doenças específicas; os que se especializam em alguns dos sistemas desse "universo" que é o ser humano. São os médicos que tratam doentes e os médicos que tratam doenças...

E a escolha, está também nas mãos da sociedade. Se querem continuar a descredibilizar os cuidados de saúde primários, em detrimento dos "cuidados hospitalares". Se querem estabelecer uma ligação ao "seu" médico de família, ou recorrer de forma desordenada e desconexa às urgências hospitalares; se preferem tratar dos seus familiares doentes em casa ou depositá-los numa enfermaria de um hospital; se querem continuar a ter hospitais desumanizados, com enfermarias colectivas, burocráticos e centralizados ou centros de excelência, mais pequenos, com privacidade e pessoal dedicado; se querem continuar a "explorar" os erros médicos, forçando uma medicina defensiva, baseada no confronto e nos meios auxiliares de diagnóstico ou se por outro lado preferem uma medicina de "responsabilidade partilhada", baseada na confiança e no humanismo.

Se o humanismo, por parte dos médico, obriga a ver o doente como um todo, a perceber o contexto da doença e do seu impacto na vida do indivíduo, em compreender e ajudar; ao doente obriga a confiar e respeitar o seu médico, a aceitar que nem todos os problemas têm resolução (pelo menos em tempo útil), que o "seu" médico tem mais doentes, mas acima de tudo que o seu médico também é Homem, também tem dias bons, tem dias maus, tem emoções, família, erros, alegrias e tristezas, amigos, sofrimento, doenças, dores, mágoas, mau-feitio, férias, luxúria, contas a pagar, fins-de-semana, horário de trabalho, paixões, clube de futebol, partido político, ambições, cansaço...


O dia chegará em que os médicos serão funcionários, operadores de um computador, em que se limitarão a pôr os dados de um lado e a recolher a terapêutica do outro. E os humanistas, que ouvem, vêem e tratam os doente passarão a ser os curandeiros do futuro! Ou talvez não...



Medicina e humanismo


Podemos conceber a interface entre Humanismo e Medicina por pelo menos duas vertentes. Por um lado poderemos abordar a inter-relação entre as ciências humanas ou humanidades, como a Sociologia, Psicologia, Antropologia, Filosofia e a Medicina. Por outro lado, podemos entender que este tema se refira à relação da Medicina científica com o ser humano através de uma abordagem mais voltada para o seu lado emocional, social e cultural, isto é, de forma mais humanizada ou para alguns de maneira mais holística. Todavia, como iremos perceber adiante, estas duas visões não são excludentes.

Comecemos pela segunda vertente. Aqui, talvez, diante da dificuldade de se definir um médico humanizado, creio que seria mais fácil tentar entender este conceito pela sua antítese, ou seja, tentar imaginar um médico não-humanizado. Servimo-nos para este exercício de uma cena freqüente no meio médico, a do profissional que recebe o paciente portador de uma dada enfermidade de forma rápida e eficiente, concentrando-se tão somente em detalhes da história e do exame clínico que concernem ao órgão doente para, a seguir, indicar um tratamento específico. Não houve, durante este encontro, nenhum interesse do médico por qualquer outra faceta do paciente, sua história de vida, sua personalidade, seus interesses, enfim, por nada que não a enfermidade ou sintoma que o fez procurar este médico. Acredito que esta descrição preencheria a todos os critérios de uma consulta médica eminentemente técnica e considerada não-humanizada.

Como poderíamos "humanizar" este médico? A resposta é simples, fazendo-o se interessar pelo paciente em seus aspectos aparentemente não diretamente afetos à enfermidade. Fazendo-o enxergar a dimensão pessoal do outro, do paciente. Mas, como despertar esse interesse no médico? Ou, antes ainda, para que fazê-lo?

Acredito que o principal argumento para justificar esta abordagem mais pessoal do paciente é o aumento da eficácia do médico que prescreve algo que seu paciente pode cumprir. Se o paciente não adere ao que prescrevemos, nossa consulta será inútil para ele. Por exemplo, um paciente que acaba de perder seu emprego obviamente estará estressado e não conseguirá adquirir uma medicação mais cara, por isso deveríamos prescrever uma medicação que lhe seja acessível. Como saber disso se não conversarmos com o paciente sobre detalhes de sua vida pessoal não afetos necessariamente à doença?

O segundo argumento a favor desta abordagem mais personalizada é a maior satisfação de ambos, médico e paciente, pois este médico que vai além da parte estritamente técnica pode desfrutar também do próprio prazer envolvido em se conhecer realidades novas de pessoas diferentes e adquirir assim outros conhecimentos que lhe permitirão intensificar seu crescimento pessoal a partir destas mesmas experiências. É como se a personalidade do médico fosse um diamante bruto que se lapida à medida que ele se permite vivenciar as experiências de vida de seus próprios pacientes ao longo de sua carreira.

Um terceiro argumento a favor deste tipo de abordagem é o de nos dar um senso da finalidade de nosso trabalho. Quantas vezes vibrei com conquistas de meus pacientes que, depois de atingirem a cura de suas doenças, se formaram, casaram, tiveram filhos, atuaram nos mais diversos setores das artes, se elegeram para cargos públicos, etc. Só poderemos compartilhar deste tipo de alegria com nossos pacientes se conseguirmos compreender a sua história de vida, seus valores e suas metas.

Com este conhecimento, o valor do que fazemos aumenta na medida em que, em parte pela nossa participação no cuidado de sua saúde, vencemos juntamente com eles seus vários desafios.

Agora, que mostramos argumentos para corroborar o porquê abordar o paciente desta forma mais personalizada, temos que pensar em como ensinar os médicos a fazê-lo. Eu acho que a maioria de nós, médicos, aprendeu de forma autodidata, ouvindo a seus próprios pacientes. Não creio que tivesse sido necessário uma instrumentalização prévia do médico por meio do estudo de humanidades para que ele fosse eficaz nesta habilidade de ouvir a seus pacientes. Acho que o principal, todavia, é o ouvir que decorra do interesse genuíno do médico no conteúdo do que vai lhe ser contado pelo paciente. O paciente, como todos nós, falará de si, do que lhe é importante, do que lhe chama a atenção no mundo em que vive e que é por nós compartilhado. Interessar-se e ouvir por um genuíno e insaciável interesse do médico no que vai lhe ser contado pelo paciente é uma habilidade a ser cultivada porque é através dela que, nos tornando interlocutores eficazes, faremos com que se estabeleça o diálogo entre médico e paciente. O diálogo, como descreveu o filósofo Martin Buber, faz com que reconheçamos a existência de um "Tu" (lado pessoal de nosso doente), nos faz melhor contextualizar o seu "Isso" (a sua doença ou sintoma) e, assim, nos engrandece por nos fazer melhor apreciar o nosso próprio "Eu". Este ato de ouvir, de se interessar pelo outro e de aprender dele é, a meu ver, o que humaniza o médico.

As humanidades, entretanto, apesar de não serem imprescindíveis para aprender a ouvir nossos pacientes, podem contextualizar melhor o que ouvimos, explicar o porquê de muitos fatos que influem na vida de nossos doentes.

Entender um pouco de economia para compreender porque estamos diante de um momento difícil do ponto de vista econômico poderá explicar por que há aumento do desemprego. Ter conceitos antropológicos nos conferirá maior respeito pelo contexto cultural e religioso de nossos pacientes e nos ajudará a explorar como, dentro de seu contexto cultural, determinados fatos são avaliados e certos sintomas podem inclusive ser ocultados. Saber um pouco de história pode nos ensinar a entender o passado de pacientes que sobreviveram a guerras e revoluções. Um médico, portanto, deve ser culto e atualizado, tanto na medicina como no que acontece no mundo para poder se comunicar melhor com seus pacientes.

Acredito também que uma educação básica calcada num estudo das humanidades possa despertar em alguns médicos o interesse para com a dimensão pessoal de seu paciente, envolvendo melhor conhecimento de seus interesses, suas idéias, sua história de vida e seus valores. Entretanto, não me iludo no sentido de pensar que as humanidades podem por si dar ao médico uma atuação adequada no plano moral,pois não podemos nos esquecer que atrocidades como o Holocausto foram perpetradas por um povo cuja educação básica era notoriamente rica na ênfase ao estudo das humanidades.

O médico humanizado ouve com interesse seus pacientes. Como vimos, ouvir aprimora a pessoa do médico, dá-lhe mais satisfação profissional, além de aumentar também a satisfação de seus pacientes. Contextualizado ou não pelo conhecimento das humanidades, o que quer que os pacientes lhe contem durante sua vida profissional por si só aumentará o seu interesse no lado pessoal de seus próprios pacientes. Ouvir é, portanto, a habilidade a ser cultivada para que nosso exercício profissional seja continuadamente renovado e dinamizado por nossos pacientes que, sob o pretexto de um sintoma ou doença, venham a nos procurar para estabelecer um relacionamento profissional e humano aprofundado que é a base da relação médico-paciente.



Por Auro del Giglio

Revista da Associação Médica Brasileira

On-line version ISSN 1806-9282

Hoje é o último dia para abastecer o carro por menos dinheiro


É dia de corrida aos combustíveis antes de subida de preços de amanhã. Saiba onde encontrar os mais baratos do país.

© Reuters 

Pela terceira vez no espaço de um mês, os combustíveis voltam segunda-feira a ficar mais caros. O gasóleo vai subir três cêntimos por litro e a gasolina quatro cêntimos.

Se é daquelas pessoas que esperou para atestar o carro e assim aproveitar o último dia de combustíveis mais baratos saiba onde pode encontrar os postos mais baratos.

Para a gasolina, a BP de Ramalhão, em Sintra é a gasolineira mais barata (1.179 euros por litro). Seguem-se os postos do Intermarché de Pombal e da Marinha da Guia (ambos com 1.217 euros por litro), o Intermarché de Vila Real de Santo António e um posto da Rede Energia em Monte Gordo (ambos com 1.219 euros por litro).

O gasóleo ainda está hoje a menos de um euro por litro nos postos do Pingo doce de Aveiro (0,984 euros), do Pingo Doce de Cruz de Montalvão, em Castelo Branco, (0.988 euros) do Pingo Doce da Moita (0.988 euros), no Intermarché de Ovar (0.989 euros) e no Intermarché de Mortágua (0.989 euros).

A subida do preço dos combustíveis é causada por uma nova subida das cotações do petróleo nos mercados internacionais e também não se prevê um alívio para as carteiras dos condutores por parte do Governo.

O Ministério das Finanças afirmou ontem não existirem razões para reavaliar o aumento do imposto sobre os produtores petrolíferos (ISP), de seis cêntimos por litro de combustível, justificado pelo impacto da descida das cotações do petróleo nas receitas públicas.

Já o ministro da Economia apelou ao "civismo" da população da fronteira com Espanha, pedindo-lhes para não abastecerem combustível naquele país, porque assim estão a pagar impostos lá, o que considerou "mau" para as contas públicas portuguesas.






"Os meus rins roubaram-me o crescimento da minha filha"

Na semana em que se assinalou o Dia Mundial do Rim trazemos-lhe o testemunho emocionado de uma mulher que sofreu de insuficiência renal durante dez anos.

© Getty Images
Maria Alice casou aos 20 anos. Um ano depois nascia a filha e o futuro sorria-lhe. No entanto, uma consulta de rotina deitou por terra os sonhos que tinha para si e para a sua família.

“Fui à médica de família para uma consulta de rotina e as análises ao sangue revelaram que a creatinina e a ureia apresentavam valores extremamente elevados. Fui logo reencaminhada para a consulta de Nefrologia onde fui observada ao longo de um ano e meio. Mas uma biópsia renal ditou-me o futuro: os meus rins pararam e eu tive que começar a fazer hemodiálise”, contou Maria Alice ao Notícias ao Minuto.

Foram momentos difíceis os que viveu. Estava casada há três anos e a filha tinha dois. Maria Alice permaneceu de baixa durante muitos meses, pois teve um quadro de anemia muito grave. Quando melhorou saía de casa muito cedo para ir trabalhar e, três vezes por semana, saía do emprego direta para a clínica em Lisboa onde fazia hemodiálise.

O tratamento tinha que ser feito três vezes por semana. Cada sessão durava quatro horas. Ao marido coube a tarefa de levar a filha à escola e, depois, levá-la à casa da avó onde a criança ficava durante o dia.

Maria Alice chegava a casa à noite, cerca das 23h00. Cansada e com poucas forças, ainda assim, conta, fazia questão de estar com a filha.

“A minha maior dor era não estar presente no crescimento da minha filha. Os meus rins roubaram-me isso”, lembrou emocionada ao Notícias ao Minuto.

Além da hemodiálise, Maria Alice, hoje com 49 anos, fez diálise peritoneal durante cerca de um ano e meio. No entanto, uma infeção obrigou-a a voltar para as máquinas da clínica em Lisboa – a diálise era feita em casa.

Mas o corpo da agora comerciante já poucas forças tinha para suportar 12 horas semanais de hemodiálise, pois já tinha passado 10 dez anos nessa condição.

“Ao fim de 10 anos as minhas veias colapsaram, já tinha que fazer o tratamento com recurso a um cateter. Já não estava a aguentar e então passei para o topo da lista de urgência máxima e finalmente encontraram um rim compatível comigo”, contou.

Estávamos em setembro de 2001. O telefone tocou a meio da noite. O rim tinha chegado.

Maria Alice e o marido dirigiram-se para o Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, logo pela manhã. Ela ficou internada, ele foi trabalhar. Em casa a filha preparava-se para ir para a escola, estava no 9º ano de escolaridade.

A intervenção cirúrgica correu bem, mas o corpo começou a rejeitar o órgão forasteiro. Felizmente, os médicos conseguiram reverter a situação e o organismo acabou por aceitar aquele rim tão desejado.

Hoje já passaram praticamente 15 anos desde o dia do transplante. Pelo caminho existiram largas temporadas no hospital devido a infeções, mas Maria Alice nunca se deixou sucumbir.

Atualmente está novamente sob observação. “O rim está a perder proteína. Não é bom, mas os médicos dizem que, para já, está tudo sob controlo. Vamos ver”, revelou.


“Espero que o rim dure ainda muitos mais anos”, desabafou, emocionada.

II Jornadas Técnicas de Emergência sobre Materias Perigosas


Já se encontram abertas as inscrições para as "III Jornadas Técnicas de Emergência sobre Materias Perigosas" a realizar no dia 18 de Janeiro de 2014 no Auditório do Quartel dos Bombeiros de Aveiro - Velhos.

Este ano, as Jornadas serão subordinadas ao tema "A ameaça NBQR Meios de Detenção, Defesa e Descontaminação" na parte da manhã e a "Classif" durante a tarde.
As inscrições estão limitadas e têem um custo de 5,00€, poderão ser feitas através do email jornadas@bombeirosaveiro-velhos.com.


 Para mais informações contactar Ricardo Guerra - 966628307 ou Maria Branquinho – 918157526

Dois ciclistas mortos e seis feridos em atropelamento

Um homem de 87 anos, ao volante de um jipe, atropelou um grupo de ciclistas, na Galiza: dois morreram e seis ficaram feridos.
EPA/SXENICk

As vítimas faziam parte de um grupo de aficionados de cicloturismo, que circulava na estrada PO-552, entre A Guarda e Bayona, no município de Pontevedra, em Espanha.
O acidente ocorreu quando o condutor do veículo todo-terreno tentou ultrapassar o grupo e apanhou pelo menos oito dos cicloturistas, conta a edição eletrónica do jornal espanhol "El País": seis ficaram feridos e dois morreram.
O condutor do jipe, um homem de 87 anos, não parou no local do acidente. Apesar de ter telemóvel, disse às autoridades não o saber o número de emergência, por isso continuou a marcha até encontrar um restaurante, onde contou o sucedido e pediu para chamar a polícia.
O condutor não acusou consumo de álcool ou drogas. "Está fisicamente bem", mas "muito nervoso" e "abalado psicologicamente", disseram fontes da polícia local, citadas pelo "El País".
O acidente ocorreu numa estrada muito frequentada por cicloturistas em dias de bom tempo. A zona onde ocorreu o sinistro é larga e tem boa visibilidade, segundo as autoridades espanholas.
Os feridos, alguns em estado grave, foram assistidos em centros médicos das imediações da localidade de San Xián, próxima do local do acidente.

10 eventos violentos que vão atingir nosso sistema solar no futuro

Link to HypeScience

HypeScience


Posted: 12 Mar 2016 05:00 AM PST
Raios gama, tempestades solares, colisão de planetas. Nosso sistema solar é mais vulnerável do que pensamos e tem um futuro aterrorizante
 

Vaticano volta a deter padre espanhol acusado de revelar segredos da Santa Sé

O Vaticano voltou a deter o padre espanhol Lucio Vallejo, acusado de revelar segredos da Santa Sé, revogando a prisão domiciliária a que estava sujeito, por ter comunicado com o exterior.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou hoje que Lucio Vallejo, acusado com outras quatro pessoas no caso conhecido como "Vatileaks 2", ficou novamente detido na polícia do Vaticano para não continuar a comunicar com o exterior.

O Tribunal do Estado da Cidade do Vaticano optou por esta medida porque o sacerdote espanhol "violou a proibição de comunicar com o exterior", sendo esta a condição de que dependia a prisão domiciliária.

"Ele estava em contacto com pessoas. A prisão domiciliária estava condicionada à comunicação (...). Por isso é que foi novamente preso, para não continuar a manter a comunicação com o exterior", adiantou o porta-voz do Vaticano.

O padre espanhol foi secretário da extinta Comissão Investigadora dos Organismos Económicos e Administrativos da Santa Sé (COSEA) e é acusado de divulgar documentos classificados do Vaticano.

Lucio Vallejo foi detido a 01 de dezembro de 2015 pelo Vaticano, como medida preventiva, e a 23 desse mês ficou sujeito a prisão domiciliária, situação que é agora revogada pela justiça da Santa Sé.

Além do padre espanhol, são também acusados a ex-relações públicas italiana Francesca Chaouqui, o ex-colaborador do COSEA Nicola Maio e os jornalistas italianos Gianluigi Nuzzi e Emiliano Fittipaldi.

O julgamento das cinco pessoas acusadas de roubarem e divulgarem documentos confidenciais financeiros da Santa Sé recomeçou hoje à porta fechada para "avalisar a correspondência e equipamento informático relevante para o processo".

A próxima sessão do julgamento está marcada para segunda-feira e será aberta aos jornalistas.

O procurador do Vaticano considerou que os cinco cometeram os crimes entre março de 2013 e 05 de novembro de 2015.

De acordo com o procurador, "associaram-se entre eles e formaram uma organização criminosa com composição e estrutura autónoma" e (...) "e posteriormente revelaram notícias e documentos relativos aos interesses fundamentais da Santa Sé e do Estado" do Vaticano.


Fonte: Lusa