quarta-feira, 12 de abril de 2017

​ULSNA, EPE celebra Protocolo de Colaboração com o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa

Celebrou-se no passado dia 03 um Protocolo de Colaboração entre o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa e a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, EPE.

O presente protocolo visa definir os termos de cooperação entre as duas instituições,  na primeira no que ao desenvolvimento de estudos de investigação conjunta e promoção de estágios formativos para os estudantes na área de cuidados paliativos diz respeito e na segunda contribuindo para o desenvolvimento profissional dos recursos humanos.
 
O protocolo tem como objetivos desenvolver estudos de investigação conjuntos, facilitar a aprendizagem em ambiente clinico dos estudantes dos cursos na área dos cuidados paliativos do ICS/UCP, facilitar o desenvolvimento profissional dos recursos humanos da ULSNA, EPE, bem como otimizar os recursos humanos disponíveis assegurando a complementaridade interinstitucional.


ULSNA

É uma guerra de religião

Roberto de Mattei (*)
Atentado perpetrado por islamitas em igreja, no Domingo de Ramos (9-4-17), na cidade egípcia de Tantra
Atentado terrorista perpetrado por islamitas em igreja, no Domingo de Ramos (9-4-17), na cidade egípcia de Tanta
Os massacres de Tanta [foto acima] e Alexandria são um brusco chamado à realidade para o Papa Francisco, na véspera de sua viagem ao Egito. Os atentados no Oriente Médio e na Europa não são desastres naturais, evitáveis com encontros ecumênicos, como o que o Pontífice terá em 28 de abril com o Grande Imã de Al-Azhar, mas são episódios que nos lembram a existência na Terra de divisões ideológicas e religiosas profundas que só podem ser remediadas pelo retorno à verdade. E a primeira verdade a recordar, se não se quiser mentir para si mesmo e para o mundo, é que os autores dos atentados do Cairo, como de Estocolmo e de Londres, não são desequilibrados ou psicopatas, mas portadores de uma visão religiosa que desde o século VII combate o Cristianismo. Não só a Europa, mas o Ocidente e o Oriente cristão, definiram ao longo dos séculos a sua própria identidade defendendo-se de ataques do Islã, que nunca renunciou à sua hegemonia universal.
Diversa é a análise do Papa Bergoglio, que na homilia do Domingo de Ramos reiterou sua proximidade com aqueles que “sofrem com um trabalho de escravos, sofrem com os dramas familiares, as doenças [...] Sofrem por causa das guerras e do terrorismo, por causa dos interesses que se movem por detrás das armas que não cessam de matar”. Erguendo os olhos por cima do papel, o Papa acrescentou que reza também pela conversão do coração “daqueles que fabricam e traficam as armas”. O Papa repetiu o que tem declarado muitas vezes: não é o Islã em si mesmo, e nem o seu desvio que ameaça a paz do mundo, mas os “interesses econômicos” dos traficantes de armas. Na entrevista com o jornalista Henrique Cymerman, publicada no diário catalão “La Vanguardia” em 12 de junho de 2014, O Papa Francisco disse: “Descartamos toda uma geração para manter um sistema econômico que não se sustenta mais, um sistema para sobreviver deve fazer a guerra, como sempre fizeram os grandes impérios. Mas, já que não se pode fazer a terceira guerra mundial, então se fazem guerras locais. O que isso significa? Que se fabricam e vendem armas e, assim, fazendo os balanços das economias idólatras, as grandes economias mundiais que sacrificam o homem aos pés do ídolo de dinheiro, obviamente se curam.”
O Papa não parece acreditar que se possa escolher entre viver e morrer para realizar um sonho político ou religioso. O que moveria a História seriam os interesses econômicos, que antes eram os da burguesia contra o proletariado, e hoje são os das multinacionais e dos países capitalistas contra “os pobres da terra”.
A essa visão dos acontecimentos, que provém diretamente do economicismo marxista, contrapõe-se atualmente a geopolítica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do presidente da Federação Russa, Vladimir Putin. Trump e Putin redescobriram os interesses nacionais dos seus respectivos países, e no tabuleiro do Oriente Médio travam uma dura partida no jogo diplomático e midiático, não excluindo transpô-la para o plano militar. O Islã agita por sua vez o espectro da guerra religiosa no mundo.
Quais são as palavras que, na véspera da Santa Páscoa, os fiéis esperam do Chefe da Igreja Católica? Esperamos ouvi-lo dizer que as verdadeiras causas das guerras não são nem de ordem econômica, nem de ordem política, mas acima de tudo de ordem religiosa e moral. Que as guerras têm suas origens mais profundas nos corações dos homens e sua raiz última no pecado. Que foi para redimir o mundo do pecado que Jesus Cristo sofreu a sua Paixão, que é agora também a Paixão de uma Igreja perseguida em todo o mundo.
Na oração pela paz que compôs em 8 de setembro de 1914, assim que eclodiu o primeiro conflito mundial, Bento XV exortou a implorar privada e publicamente “a Deus, árbitro e dominador de todas as coisas, para que, lembrando-se de sua misericórdia, afaste este flagelo da ira com o qual faz justiça pelos pecados dos povos. Imploremos que, nas nossas orações, nos assista e ajude a Virgem Mãe de Deus, cujo felicíssimo nascimento, que celebramos neste mesmo dia, refulja para o transviado gênero humano como aurora da paz, devendo Ela dar à luz Aquele no qual o eterno Pai queria reconciliar todas as coisas ‘ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus’ (Col. 1, 20)”.
É um sonho imaginar que um Papa venha a dirigir à humanidade palavras deste quilate, em uma situação internacional tempestuosa como a que vivemos hoje?

____________

(*) Fonte: “Il Tempo”, Roma, 10-4-2017. Matéria traduzida do original italiano por Hélio Dias Viana.

Sublimidade da fisionomia moral de Nosso Senhor Jesus Cristo

Revista Catolicismo, nº 796, abril/2017
Semana Santa

Múltiplos e maravilhosos atributos de nosso Divino Salvador


Semana Santa
Considerações sobre a grandeza da fisionomia moral de Nosso Senhor Jesus Cristo — sua psicologia, sua capacidade intelectual, sua atuação e outros aspectos —, tecidas por Plinio Corrêa de Oliveira durante conferência pronunciada em 9 de outubro de 1971. O texto que segue não foi revisto por ele. A direção de Catolicismo fez uma adaptação para a linguagem escrita e inseriu alguns subtítulos, para uso dos leitores desejosos de meditar sobre esse tema na Semana Santa.

Plinio Corrêa de Oliveira
Ocorreu-me fazer uma exposição a respeito de um tema infinito, pois concernente à pessoa adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se tivéssemos a honra e o prazer de vê-Lo face a face, que impressão Ele nos causaria? Seria a impressão que nos causam as imagens que conhecemos d’Ele? Ou algo além disso, que nenhum pincel e nenhuma escultura conseguiram reproduzir?
Uma meditação preliminar poderia ser a respeito dos traços da pessoa de Jesus Cristo — como se deve, sem sentimentalismo, imaginar os traços da pessoa d’Ele, como o rosto, a expressão do olhar, a voz, o porte, a fisionomia e o corpo. Assim, poder-se-ia ter uma ideia mais clara a seu respeito.

As criaturas como meio de nos elevar ao Criador

Cristo Pantocrator, Mosaico que se encontra na Igreja Chora, em Istambul, Turquia
Cristo Pantocrator, Mosaico que se encontra na Igreja Chora, em Istambul, Turquia
Para fazermos uma meditação de como seria a pessoa adorável de Nosso Senhor, poderemos acompanhar os vários mistérios do Rosário. Isto com um fundamento inteiramente racional, para assim se obter solidez e não ficarmos com uma sensação de ter vislumbrado apenas pequenas cintilações.
São João afirmou: “Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê” (I Jo 4,20). Está subjacente na frase o princípio de que os homens nos servem como escala para amarmos a Deus. E que, como o homem foi criado à Sua imagem e semelhança, podemos fazer meditações sobre os homens que nos elevam até o amor do Criador.
Com esse método de análise se pode, em linha geral, chegar a compreender algo da personalidade adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois se poderá conferir isso no Evangelho, para verificar se, de fato, há fundamento. Trata-se de uma meditação de ordem filosófica, mas também histórica, segundo os Evangelhos.

Método para se conhecer o feitio mental de um homem

Para se traçar a fisionomia moral e a psicologia de um homem, podemos, entre outros critérios, considerá-lo em sua capacidade intelectual, no seu valor moral e, por fim, em sua atuação. Assim, conceberemos uma ideia sobre determinado homem. Jesus Cristo não é meramente um homem; Ele é Homem-Deus, mas verdadeiramente e plenamente homem. Ele tem toda a natureza humana com seu corpo e sangue, como também sua alma humana.
Imaginando a fisionomia e considerando a capacidade, podemos dizer o seguinte: a capacidade intelectual de um homem pode ser conhecida em seus matizes, em sua profundidade, em seu valor, em suas características pessoais, quando fazemos não só o exame da pessoa, mas também de sua profissão. Em geral, os homens escolhem uma profissão de acordo com seu feitio mental.
Com efeito, a profissão modela o feitio mental deles. E se realiza, portanto, entre profissional e profissão, uma espécie de conúbio, de conjugação, mediante o qual o homem de grande categoria na sua profissão acaba sendo um tipo característico dela.
Exemplos: um grande diplomata. Ele acaba sendo um diplomata característico, possui todo o necessário pelo qual um diplomata se diferencia de todos os outros. Um grande guerreiro acaba sendo guerreiro característico, que tem em sua personalidade tudo aquilo que o diferencia dos demais. Um grande sacerdote, um grande bispo, um grande Papa, acaba sendo sacerdote, bispo, Papa característico, que se diferencia de todos os outros pares.
Por isso, através da profissão, podemos calcular mais ou menos qual é o feitio mental de um indivíduo.

Variedade de aspectos no modo de ser do Redentor da humanidade

Domingos de Ramos - Duccio di Buoninsegna, séc. XIII. Museu del´Opera del Duomo, Siena (Itália).
Domingos de Ramos – Duccio di Buoninsegna, séc. XIII. Museu del´Opera del Duomo, Siena (Itália).
Quando analisamos a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, notamos que as circunstâncias dessa vida Lhe permitiriam exercer de modo supereminente todas as profissões lícitas que um homem pudesse exercer. Não há atividade lícita alguma que Ele não pudesse ter exercido.
Jesus Cristo, por exemplo, como Rei, a mais alta atividade na ordem temporal. Ele, de fato, era Príncipe da Casa de Davi. Tinha, portanto, toda a nobreza, toda a superioridade, toda a grandeza do principado. Em sua entrada em Jerusalém no Domingos de Ramos, Ele foi aclamado verdadeiramente como Rei de Jerusalém. O povo bradava dando vivas: “Hosana ao filho de Davi!”. Descendente, portanto, dos antigos reis.
Se bem Ele tenha entrado em Jerusalém montado num burrico, que era a manifestação da sua mansidão, sua majestade não perdeu nada com isto. Pelo contrário, o Evangelho narra que o povo O aclamava com entusiasmo, numa verdadeira consagração. O povo sentia a grandeza régia d’Ele.
Nosso Senhor foi o sacerdote por excelência. Todo o sacerdócio que existiu na Antiga Lei era uma prefigura do sacerdócio d’Ele. De outro lado, todo o sacerdócio que o sucedeu é uma participação do sacerdócio d’Ele. O pontífice por excelência. Aquele que foi pontífice e vítima ao mesmo tempo — porque Ele foi vítima, oferecendo-se a Si próprio em sacrifício — foi o instituidor da Santa Missa. E, portanto, o celebrante e vítima ao mesmo tempo, o que posteriormente foi consumado no altar da Cruz.
Deveríamos imaginar um rei com todas as qualidades arquetípicas de rei, o mais majestoso e o mais nobre dos reis que existissem. Ainda assim teríamos pálida ideia da majestade de Jesus Cristo. Deveríamos imaginar um sacerdote, um pontífice, um papa o mais plenamente papal que pudéssemos conceber. Mesmo assim teríamos pálida ideia de quem foi Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele foi verdadeiramente batalhador e guerreiro. Sua vida foi de luta. Não só lutou contra os demônios, expulsando-os continuamente, mas combateu também contra o poder das trevas nesta Terra, enfrentando de modo magnífico a conjuração secreta que se tramava contra Ele. Inclusive no momento em que O buscavam para prender, os soldados queriam saber quem era Jesus de Nazaré e Ele respondeu: “Ego sum” (Sou eu). Nesse momento, todos os soldados caíram por terra.
É a afirmação magnífica do guerreiro, que, simplesmente ao enunciar seu nome, derruba todos os adversários. Ele depois se entregou, declarando que se entregava porque assim o desejava. Pois se Ele quisesse, teria muitas legiões de anjos à sua disposição. Elas desceriam imediatamente e liquidariam seus adversários. Para se compor o feitio moral de Nosso Senhor, imagine-se o mais perfeito dos guerreiros de todos os tempos e ter-se-á, assim, uma pálida ideia daquilo que Ele foi.

Desde as mais altas atividades até a de trabalhador manual

O demônio tenta Nosso Senhor - Duccio di Buoninsegna, séc. XIII. Frick Collection (Nova York).
O demônio tenta Nosso Senhor – Duccio di Buoninsegna, séc. XIII. Frick Collection (Nova York).
Enquanto diplomata, o Divino Redentor, durante Sua vida terrena, foi perfeito. Ele tratou a conjuração do Sinédrio com uma inteligência extraordinária; ora com cuidado, se esgueirando, dizendo palavras que evitavam o confronto; ora enfrentando com argumentos de uma precisão diplomática perfeita. Quando, por exemplo, quiseram embaraçá-Lo, perguntando a respeito do dinheiro, se era lícito ou não pagar imposto a César. Ele, percebendo a malícia, disse: “Por que me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda com que se paga o imposto! [Apresentaram-lhe um denário]. Perguntou Jesus: De quem é esta imagem e esta inscrição? — De César, responderam-lhe. Disse-lhes então Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. (Mt 22, 18-22).
Ele evitou assim se pronunciar sobre questão a respeito da qual não desejava se manifestar. Mas tapou a boca daqueles que estavam querendo atrapalhá-Lo.
Nosso Senhor Jesus Cristo como médico: quem foi médico como Ele? Como advogado: a bondade e a misericórdia com que Ele advogou a causa dos pecadores. O Evangelho revela que Ele soube alegar as atenuantes, soube encontrar os pontos necessários para a defesa; soube depois perdoar e conceder toda indulgência.
Ninguém advogou como Ele a causa dos réus, dos pecadores, dos pobres e de todos aqueles que precisavam de um advogado. Enquanto trabalhador manual: pode-se imaginá-Lo na oficina de Nazaré como carpinteiro, realmente trabalhador manual. O trabalhador autêntico sente-se realizado em Nosso Senhor. Ponto por ponto, em todas as atividades humanas, encontramos de algum modo atividades exercitas por Ele.
O feitio de inteligência e de espírito de Nosso Senhor era tal que acumulava ao mesmo tempo — e de modo como nunca ninguém alcançou — todas as formas e graus de inteligência correspondentes a todas as formas e graus de profissões honestas que possam existir. Acumulava tudo isso com uma perfeição difícil de imaginar, porque há habitualmente no homem uma limitação por onde as perfeições se excluem umas às outras, mas que n’Ele nenhuma se excluía.
 Semana Santa

Todos os dons de todos os povos da Terra no Divino Salvador

Podem-se fazer considerações sobre todos os povos da Terra. Considere-se o francês com sua precisão, clareza e espírito ágil; o alemão com seu vigor, profundidade e senso do sublime; o italiano com seu dom teológico, subtileza e critério diplomático; o espanhol com a variedade de dons que possui para a arte, a literatura, a filosofia, a teologia e com o seu espírito guerreiro; os nossos caros portugueses, com todos os talentos que conhecemos e que herdamos.
Considerem povo por povo. Os árabes, os japoneses, os chineses, e chegar-se-á à seguinte conclusão: cada povo possui uns tantos dons e, porque tem tais dons, não pode ter os outros. Não é possível, por exemplo, ter a perfeição do espírito fino e leve do francês, e a perfeição do espírito vigoroso e combativo do alemão. São coisas que se excluem.
Mas em Nosso Senhor Jesus Cristo os dons não se excluem. Ele, como a cabeça da humanidade, tinha em Si todos os dons de todos os povos da Terra. Tudo se conciliando harmonicamente. Ele possuía a suprema grandeza do espírito, mas o charme francês levado a um ponto inimaginável; a força alemã em grau inimaginável. Considerem até a subtileza, a intuição do brasileiro: Ele as possuía também a um ponto inimaginável.
Quem conversasse com Nosso Senhor perceberia que, apenas do ponto de vista humano, Ele tinha algo que deixaria a pessoa completamente deslumbrada, sem saber o que dizer à vista da superioridade. O que, depois, lendo o Evangelho, se explicaria melhor.
Fazendo essa meditação, e lendo depois o Evangelho, entender-se-ia com mais proveito o maravilhamento de todo o povo quando o Divino Redentor passava entre as pessoas. Aquele sulco que Ele deixava atrás de Si, por exemplo, naquela atitude da multidão, quando Ele foi entrando pelo deserto, acompanhando-O e sem levar comida. Todos seguiam-no maravilhados. Só em determinado momento as pessoas se lembraram que tinham que se alimentar.

Maravilhamento nos seguidores do Filho de Deus humanado

Semana Santa
Era tal a profusão de dons com que Nosso Senhor atraía completamente aquela multidão de almas, que as pessoas ficavam sem saber o que dizer. Seguiam-no quase perdendo o fôlego de admiração, porque Ele agradava inteiramente a todos; e, de um modo tão pleno e perfeito, que excedia a expectativa de todos.

Entretanto, não devemos considerar que Ele agisse apenas de modo terreno. Como Jesus Cristo era Homem-Deus, havia vínculo entre a natureza humana e a natureza divina. Por cima da perfeição intelectual inimaginável ainda fluía o aspecto da união hipostática com a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Portanto, um escachoar de dons sobrenaturais correspondentes, perfeitamente deslumbrantes e inteiramente insondáveis.
Assim, as pessoas tinham a sensação misteriosa de algo que as excedia completamente. E iam percebendo a divindade. Durante a vida de Jesus foram transcorrendo os fatos, até o momento em que as pessoas começaram a se dar conta de que Ele era o Filho de Deus.
Pairava uma dúvida naqueles que tratavam com Jesus Cristo. Quem seria Ele? Compreendiam que um simples homem Ele não podia ser. Com essa dúvida, Ele pergunta aos discípulos: “E vós que dizeis que Eu sou?”, como quem procura dirimir um zum-zum admirativo de conjecturas que se fazia, mas que ninguém era capaz de explicar bem.
Ele, que era a suma clareza, a suma beleza, concedia às pessoas até o atrativo do sumo mistério. Para o homem, é necessário nesta vida, para que haja atração, o mistério. Mistério que Ele possuía também num grau altíssimo. Então as pessoas se perguntavam: “Mas quem é Ele? Não é possível num homem tanta grandeza! Assim um homem não pode ser, Ele quebra todos os padrões!” Até o momento em que Ele indaga: “E vós que dizeis que Eu sou?”
São Pedro levantou-se e respondeu “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. Percebemos que brotou pelos lábios de São Pedro um ato de fé.
Jesus então disse: “Bem-aventurado és, Simão Pedro, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue te revelou isso, mas meu Pai que está nos Céus”. E acrescentou: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 17-18).

Expressão perfeitíssima de todas as virtudes possíveis

Nosso Senhor com São Pedro e Santo André durante a pesca milagrosa
Nosso Senhor com São Pedro e Santo André durante a pesca milagrosa
Considerem outro aspecto em Nosso Senhor Jesus Cristo: o lado moral. Cada um de nós tem uma “luz primordial” — uma virtude especial que marca de maneira tal que, quando nos santificamos, esse traço moral se explicita mais claramente e se exprime, quando alguém corresponde inteiramente à graça; então algo de sobrenatural se manifesta.
Dom Chautard aborda essa questão no livro A alma de todo o apostolado, quando se refere ao Cura d’Ars, São João Maria Batista Vianney. Alguém perguntou a um advogado parisiense, que tinha estado na cidade francesa de Ars: “O que o senhor viu em Ars”? Ele respondeu: “Eu vi Deus num homem”. Ou seja, o Cura d’Ars era tão santo que olhando para ele se percebia Deus, mais ou menos como a santa hóstia pode estar num ostensório. O ostensório não é a hóstia, mas a hóstia pode ser vista dentro do ostensório. Assim também, em São João Maria Vianney poder-se-ia ver Deus.
Na manifestação da “luz primordial” de alguém se pode perceber Deus. Nosso Divino Salvador era a expressão mais do que perfeita de todas as luzes primordiais que houve, há e haverá até o fim do mundo. De maneira que todo santo, ou toda alma fiel, não é senão uma pequena cintilação da perfeição de Jesus Cristo.
Quando se vê uma alma que nos agrada, que está progredindo espiritualmente, pode-se pensar: “Ela é um reflexo de Nosso Senhor, e, por isso, eu a estou admirando”. Mas sabendo que n’Ele tudo é perfeitíssimo, porque todas as formas possíveis de virtude Ele as possuía, e de um modo tal que nenhuma imagem pode dar ideia.

Na criação, reflexos do Divino Criador de todas as coisas

Nosso Senhor com São Pedro e Santo André durante a pesca milagrosa
Para exprimir um pouco a insuficiência completa desses raciocínios e se ter uma ideia melhor da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, um exemplo para se comparar.

No passado, havia na Inglaterra minas de carvão muito profundas, que formavam diversos andares e nas quais o ar penetrava por tubulações. Dentro delas havia animais de carga que raramente viam a luz do sol. Mas quando esses animais eram periodicamente levados para a superfície do solo, davam manifestações de enorme contentamento. Eles pulavam, jogavam-se no chão, relinchavam. Manifestavam a satisfação por sentirem-se banhados pelo sol.
Imagine-se um homem que tivesse nascido numa mina subterrânea e nunca tivesse visto o sol. Mas teria visto fotografias do sol. Mostrassem-lhe um fogareiro dizendo: “O calor do sol é parecido com o calor desse fogareiro”. Descrevessem-lhe como é o sol. É claro que tal homem formaria uma pequena ideia do sol. Mas quando ele, em certo dia, pudesse chegar à superfície da terra e visse o sol, poderia dizer: “Essas coisas que me apresentaram são mais enganadoras do que verdadeiras, porque o sol é tão superior que fiquei apenas com uma pequena ideia dele. O sol excede tudo completamente”.
Se esse homem imaginário possuísse uma alma autenticamente católica, observando o sol ele poderia se pôr de joelhos e adorar a Deus como criador do sol. Teria uma ideia do sol numa plenitude que nunca havia tido antes.
Assim, essas considerações sobre Nosso Senhor Jesus Cristo nos ajudam a formar certa ideia de quem Ele é. São como fotografias do sol para uma pessoa que vive nas profundezas de minas de carvão. Tais considerações servem como que de espelho que refletem um esboço imperfeito de quem é verdadeiramente Nosso Senhor.
Outra imagem: um santo castíssimo, de uma pureza deslumbrante, não seria nada em comparação com a pureza de Jesus Cristo. Ou um santo veracíssimo, com uma fisionomia de uma limpidez extraordinária, que espelhasse uma sinceridade e uma honestidade como nunca se viu na Terra, não seria nada em face da fisionomia d’Aquele que disse de Si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Ele é a própria honestidade, a própria retidão, a própria sinceridade.
Um santo que tivesse sido muito enérgico não daria ideia perfeita do que foi a energia de Nosso Senhor. Mas, ao mesmo tempo, um santo suavíssimo não pode dar ideia do que tenha sido a suavidade d’Ele. Tudo são ideias incompletas, são esboços de quem Ele foi verdadeiramente.
Devemos meditar a respeito do Divino Redentor considerando cada um desses aspectos, construindo continuamente a imagem d’Ele, sabendo que nunca será inteiramente atingida, mas que nesse enlevo devemos caminhar durante a vida.
 Nosso Senhor com São Pedro e Santo André durante a pesca milagrosa

No sofrimento, Jesus Cristo se manifestou mais plenamente

Há um traço de Nosso Senhor Jesus Cristo em que apareceu toda a grandeza d’Ele, como um fruto que se parte e exala o seu melhor aroma, dá seu melhor sabor e mostra melhor sua beleza: Ele enquanto sofredor. A dor é a circunstância da vida em que a miséria humana mais aparece. Esmagado pela dor, o homem geme, foge, chora, protesta, aniquila-se, revolta-se. Habitualmente, a dor causa no homem verdadeiro pavor.
Por outro lado, o homem que enfrenta a dor nas suas várias modalidades adquire uma extraordinária formosura de alma. Não há verdadeira formosura de alma num homem que nunca sofreu. Às vezes vejo certas fisionomias “em branco” em matéria de sofrimento e fico com pena, porque os dias de vida do homem se contam pelos dias que ele soube sofrer santamente. A plenitude da vida do homem reside no sacrifício.
Mas há várias modalidades de sofrimento. Elas tocam cordas diversas na alma humana e despertam várias formas de beleza. Por exemplo, o sofrimento do guerreiro; o sofrimento do homem que assiste um doente; o sofrimento do próprio doente; o sofrimento do diplomata dedicado; o sofrimento do pai ou da mãe que vê seu filho partir para o campo de batalha; o sofrimento do amigo injustamente traído por outro amigo. Há tantas formas santas de sofrimento, cada uma delas configura a alma humana com uma beleza própria.
Nosso Senhor Jesus Cristo não teve um sofrimento. Ele foi o Sofredor, Ele foi o Varão das dores. Considerando a vida d’Ele, percebemos que sofreu todas as formas de dor que pode um homem sofrer, o que deu ocasião para manifestar belezas insondáveis — as celestes belezas da dor! Ele foi triunfante do modo mais belo que se possa imaginar. Ele foi o mais glorificado, mas também o mais desprezado. O mais amado e o mais invejado. Ele reuniu em Si contrastes harmônicos inimagináveis.

Detalhe do altar do Sepultamento de Jesus, Igreja da Caridade, em Sevilha (Espanha)
Detalhe do altar do Sepultamento de Jesus, Igreja da Caridade, em Sevilha (Espanha)

Como não ter receio de se apresentar diante de Nosso Senhor?

Com essas considerações é possível ir formando a fisionomia moral de Jesus Cristo. Em cada traço da alma católica, da vida dos santos, pode-se imaginar como teria sido em Nosso Senhor. Depois convém verificar no Evangelho como de fato foi. Lendo a narração evangélica com amor, pensando nesses aspectos, faremos uma boa meditação.
Em nossos dias estabeleceu-se o princípio execrável segundo o qual quando existe uma pessoa muito elevada, muito galardoada, com muita grandeza, deve-se ter medo de ser desprezado por ela. Donde o receio de se apresentar diante de Jesus Cristo.
São Pedro, diante d´Ele, disse: “Afastai-Vos de mim, Senhor, porque eu sou um homem pecador”. Como quem diz: “Entre Vós e mim não há congruência, não há continuidade, e não é possível espécie alguma de relação. Vós estais numa desproporção comigo a tal ponto, que diante de Vós o meu papel é sumir, é não existir”.
Isto significa não compreender exatamente Nosso Senhor. Porque como Ele possui em Si todos os graus e formas possíveis de perfeição, ama necessariamente todos os graus e formas possíveis de virtudes existentes. Ele odeia o pecado, mas tudo aquilo que não é pecado, por pequeno e modesto que seja, é uma cintilação e uma expressão d’Ele, tem harmonia com Ele. Tal cintilação O encanta e n’Ele repercute em ternura e afeto.
É da ordem humana das coisas que amemos o grande porque é grande, e amemos o pequeno porque é pequeno. Exemplo: encantamo-nos vendo uma águia voando com toda aquela beleza, mas vendo um beija-flor, sorrimos, como que exclamando: “Que joia, que maravilha!”. Ninguém imagina um “beija-florzão” gigantesco, assim como não se imagina uma águia pequenina.
Jesus Cristo odeia severamente o pecado, com total intransigência. Tendo todas as perfeições, Ele exclui todas as formas de imperfeições, mas ama o bem, mesmo nos menores graus. Ele criou também as almas com poucas qualidades, criou também os menos inteligentes. Assim, Ele se compraz em considerar uma pequena inteligência, pois ela participa da inteligência incriada!

Apresentar-se com suma confiança diante do Divino Criador

Cristo Rei
Cristo Rei
Se Ele ama todos os graus e formas de inteligência e de virtude, ama também os resíduos, ama os restos conspurcados, pisados no meio do vício, mais ou menos como uma flor que medrou no meio de uma porção de ervas daninhas.
Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto Cabeça da Igreja, não ama seus membros? Há no Antigo Testamento uma afirmação que me impressionou muito: “Não desprezes a tua própria carne”. Ele haveria de desprezar uma alma que Ele próprio criou? Assim compreendemos que em presença de Jesus Cristo até o pecador, não considerado enquanto pecador, mas enquanto nele existindo resíduos de virtude, é digno do amor d’Ele.
Compreendemos por que tantos e tantos pecadores arrependidos se aproximavam d’Ele com confiança. Maria Madalena e o Bom Ladrão são exemplos disso. Em vez de ficarem aterrorizados diante d’Ele, encantaram-se.
O homem é ordenadíssimo a Deus, mas precisa do auxílio d’Ele para suportar a sua grandeza. Mais ou menos como o sol: fomos feitos para viver sob o sol, mas não conseguimos fixá-lo diretamente por longo tempo. Por isso Nosso Senhor velou suas qualidades durante sua vida terrena, e só aos poucos Se foi revelando aos homens.
Compreendamos com quanta confiança devemos nos dirigir a Jesus Cristo, certo de que Ele olha para nós e nos ama. Ele que apreciou a fé de São Pedro, apreciará qualquer um que afirme com fé: “Vós sois o Filho de Deus vivo!” Assim, com toda tranquilidade e confiança, podemos nos colocar na presença de nosso Divino Salvador.
Quando meditamos os diversos passos do Rosário, nos Mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos, devemos nos colocar com confiança na presença d’Ele. Desse modo, a meditação dos fatos de sua vida se ilumina, e O amaremos e compreenderemos melhor.

Sublime relação da Santíssima Virgem com Nosso Senhor

La Virgen Blanca de Toledo
La Virgen Blanca de Toledo
São Bernardo dizia que a relação entre Nossa Senhora e seu Divino Filho é como da lua em relação ao sol. A lua é para nossos olhos o esplendor da luz do sol, ela reflete o sol. A Virgem Santíssima é o reflexo perfeitíssimo de Jesus Cristo. Nossa Senhora também não deixou transparecer toda a sua beleza em sua vida terrena. Ela foi se manifestando aos poucos, para consolar os homens após a morte de Nosso Senhor.
Eu submeto o que exponho ao juízo da Igreja, mas creio que Ele é tão superabundantemente rico em belezas, que seus contemporâneos não viram tudo. E que grande parte dessa beleza a graça foi depois se revelando sucessivamente aos santos nas várias eras da História da Igreja. Os santos dos tempos dos mártires, dos tempos dos confessores, dos tempos dos Doutores, e depois os da Idade Média e assim por diante, cada época foi acrescentando algo a mais à figura do Redentor Divino.
Desse modo, quando se chegar ao Reino do Imaculado Coração de Maria — como previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort e confirmado em Fátima —, a figura de Nosso Senhor vai brilhar em toda a sua plenitude.
Quando o último santo na Terra tiver visto o último esplendor em Nosso Senhor e o tiver reproduzido em sua alma tanto quanto alcança a natureza humana, a História do mundo terá terminado. Essa lenta manifestação, adoração e reprodução da beleza moral da santidade de Jesus Cristo é a própria História da humanidade! Terá chegado o momento do Juízo Final, a missão d’Ele estará completamente concluída e a História estará encerrada.
Considerando assim a figura do Salvador da humanidade, a meditação de sua vida, contemplando os mistérios do Rosário, adquire uma verdadeira luz. Então, desde o primeiro Mistério, a “Agonia no Horto das Oliveiras” até o último, a “Coroação de Nossa Senhora no Céu”, passo a passo vai se manifestando a beleza da fisionomia de Nosso Senhor Jesus Cristo.

____________

(*) Se deseja fazer uma assinatura da Revista Catolicismo, envie um e-mail para: catolicismo@terra.com.br

Apresentação da obra «Dois Povos Ibéricos», de FèLix Cucurull


A Guerra e Paz e este nosso livro – Dois Povos Ibéricos, Portugal e Catalunha, de Fèlix Cucurull -, vão fazer parte da grande festa, cujo dossier temos muito gosto em partilhar. Estão todos convidados. É no dia 20, às 18h00, na Sala Galeria Carlos Paredes, na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa.

Contamos com a vossa presença.

cid:image007.jpg@01D239BE.C76721C0
R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal

VEM AÍ O APOCALIPSE E VIVA PORTUGAL


Os tempos não podiam estar mais propícios. Com Putin na Rússia, Trump na América, Maduro na Venezuela, Assad na Síria, as trombetas da maldição parecem tocar enfurecidas aos ouvidos da humanidade. ESTES SÃO TEMPOS APOCALÍPTICOS e viva Portugal.
A Guerra e Paz Editores, com grande sentido de missão, e antes que caia a Grande Babilónia, põe nas mãos dos portugueses o Livro Amarelo do Apocalipse. Dois apocalipses até. O de João e o de Lawrence. Mas vamos então por partes.
Eis Jesus Cristo, resplandecente, em toda a sua glória. É com essa visão, literária, que este livro começa. Aqui se inaugura um género novo, como se inaugurou o poema épico com a ILÍADA. Que género é este? Apocalíptico, como diz Helder Guégués no breve ensaio que justifica terem-se juntado, neste livro, o texto que o apóstolo João (foi ele?) terá escrito em Patmos e o texto que sobre esse texto escreveu o romancista D.H. Lawrence?
E que coisa quer dizer apocalíptico que não seja a Revelação, essa revelação que nos chega, não pelo pensamento e pela razão, mas pelas VISÕES FULGURANTES EM QUE ESTE LIVRO É PRÓDIGO, a começar na visão do Trono onde, semelhante à pedra jaspe e sardónica: «Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.»
Este é um livro profético por ser também o livro de triunfo de seres e coisas imaginárias, das coisas que nunca vimos, mas que hão-de vir, livro da Besta e da obscuridade.
Eis um texto seminal, um protolivro, e o que um grande autor, D.H. Lawrence, escreveu sobre esse mesmo livro: «Apocalipse significa simplesmente Revelação, apesar de não haver nada simples nisto, já que os homens têm confundido o seu cérebro ao longo de cerca de dois mil anos no sentido de descobrirem exactamente o que é revelado em toda a sua orgia de mistificação.»
Este não é um livro de mistificação, é o livro de uma dupla revelação, de sonhos, de visões, de êxtases. É um Livro Amarelo, apresentado por Helder Guégués, pintado às três faces exteriores do miolo e com um grafismo quase apocalíptico. Chega às livrarias a 19 de Abril.


Apocalipse | Apocalipse
D.H. Lawrence | João de Patmos
15x20
296 páginas
17,50 €
Nas livrarias a 19 de Abril
Guerra e Paz Editores


R. Conde Redondo, 8, 5.º Esq.
1150-105 Lisboa | Portugal



Festival PercuRtido traz os melhores da percussão a Albergaria-a-Velha

O PercuRtido – Festival de Percussão vai tomar conta do Cineteatro Alba e centro de Albergaria, entre os dias 19 e 22 de abril. O evento inclui oficinas, masterclasses, jam sessions, concertos e um projeto comunitário que vai ser desenvolvido durante os quatro dias do festival e apresentado à comunidade no sábado, dia 22. O festival é uma coprodução entre o Conservatório de Música da Jobra e o Município de Albergaria-a-Velha.

  O PercuRtido, que vai na segunda edição, é uma grande festa do ritmo que tem uma componente formativa, durante o dia, e artística e cultural, durante a noite. Conta com a participação de reputados percussionistas, como Nuno Aroso, José Salgueiro, Alexandre Frazão, Bruno Pedroso, Tomás Rosa ou Marcel Pascual, que vão estar em encontros, performances e workshops para músicos profissionais e estudantes ao longo dos quatro dias.

Todas as noites, com início às 21h30, o PercuRtido vai apresentar espetáculos diferentes, abertos ao público em geral. Na quarta-feira, dia 19, o Jeffery Davis Trio sobe ao palco do Cineteatro Alba. Na quinta-feira, dia 20, o projeto Tim Tim Por Tim Tum coloca quatro baterias em palco, tocadas por quatro artistas diferentes. Na sexta-feira, dia 21, Tiago Pereira, mentor do projeto “A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria”, vai conjugar os sons mais tradicionais com a contemporaneidade do músico João Dias, entre outros.

  Na tarde de sábado, a partir das 14h30, os alunos do Conservatório de Música da Jobra e da ART’J irão apresentar uma “Tarde Percussiva”, onde será possível ouvir e experimentar todo o tipo de percussão. Destaca-se ainda o concerto de Tomás Rosa, um músico que utiliza objetos do quotidiano, como frigideiras, tachos e panelas, para criar melodias contagiantes. A entrada é livre.

Ainda no sábado, às 11h00, o grupo portuense Os Retimbar vai fazer uma arruada pelo centro da cidade e, à noite, às 21h30, apresentar um concerto que resulta do trabalho efetuado com a comunidade Albergariense. O Laboratório Comunitário com Os Retimbar, que conta com a parceria do SAC – Serviço de Aprendizagem Criativa do Município de Albergaria, está aberto ao público em geral e irá decorrer entre quarta-feira e sábado, entre as 19h00 e as 21h00. A participação é gratuita e não requer nenhum conhecimento especial de música – só a vontade de experimentar a percussão tradicional. As inscrições podem ser efetuadas através do endereço do correio eletrónico sac@cm-albergaria.pt.

O passe geral para os quatro concertos do PercuRtido custa 15 euros. O bilhete individual para cada espetáculo tem o preço de cinco euros. Os portadores Cartão Amigo, Cartão Sénior Municipal, Cartão Municipal de Voluntário e os Jovens SUB 23 podem adquirir o passe geral por dez euros ou comprar um bilhete individual por três euros. Há ainda descontos especiais para alunos do Conservatório de Música da Jobra, ART’J e Sócios Jobra. 

Semana Santa de Braga | Programa para a semana de 13 a 22 de abril de 2017

CONCERTOS E ESPETÁCULOS

13 abril — quinta-feira Santa
Animação de rua por um grupo de farricocos da Santa Casa da Misericórdia, com matracas.
Iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Braga
Na sua origem pagã, eram um grupo de mascarados que percorria as ruas, anunciando a passagem dos condenados e relatando os seus crimes. Já «cristianizados», em tempos antigos, conforme a mentalidade de então, percorriam as ruas chamando os pecadores públicos à sua reintegração na Igreja, depois de arrependidos e perdoados. Era a forma do tempo, de entender a misericórdia para com os pecadores, aos quais tinha sido aplicada a indulgência (ou «endoença»). Atualmente, atribuise- lhe um significado substitutivo e residual, de chamamento dos Irmãos da Misericórdia para a procissão da noite. O uso das ruidosas «matracas» para este efeito foi instituído em anos remotos para substituir o toque dos sinos, que nos dias maiores da Semana Santa ficavam silenciosos.

14 abril — sexta-feira Santa
18h30, adro da Igreja de Santa Cruz
Encenação “As dores nos passos dos nossos dias”
Pelo grupo Greculeme.
Organização da Irmandade de Santa Cruz

22 abril — Sábado de pascoela
21h30, Igreja de S. Victor
Concerto Pascal
"A festa Barroca", Dixit Dominios, HWV 232 de G. F. Haendel.
Coro e Orquestra Sinfonietta de Braga
Organização da C. O. da Procissão de Nossa Senhora da Burrinha (Paróquia e Junta de Freguesia de S. Victor).

VISITAS GUIADAS

8 a 15 abril
Local de encontro: Posto de Turismo, Av. Central
10h30
Visita guiada às sete igrejas que representam as sete estações de Roma
17h00
Visita guiada ao centro histórico, dedicada à história da cidade e da Semana Santa
Iniciativas do Free Walking Tour Braga, promovidas pela ACESAS - Grupo de Intervenção Cultural.

9 a 13 abril
Local de encontro: Largo da Sra-a-Branca
Visitas guiadas às Igrejas de S. Victor e Senhora-a-Branca, e à Capela de N.ª Sr.ª Guadalupe
Organização da Junta de Freguesia de S. Victor e Profitecla
Apoio: Paróquia de S. Victor, Irmandade da Senhora-a-Branca, Irmandade de N.ª Sr.ª Guadalupe

Continuam as
EXPOSIÇÕES

3 março a 16 abril
Museu Pio XII
“Uma Mãe junto à Cruz”
Organização do Museu Pio XII

4 março a 16 abril
Museu da Imagem
Exposição de fotografia “Lausperene”
Organização da Câmara Municipal de Braga

16 março a 17 abril
Casa dos Crivos
“As Catorze Obras da Misericórdia”
Organização da Câmara Municipal de Braga e da Santa Casa da Misericórdia de Braga
Patrocínio: Hospital de Braga

17 março a 16 abril
Tesouro-Museu da Sé de Braga (entrada pela rua D. Diogo de Sousa)
“Mater Dolorosa”
Organização do Tesouro-Museu da Sé de Braga

20 março a 16 abril
Salão Medieval da Reitoria da Universidade do Minho
“Os Terceiros na Quaresma Bracarense”
Uma iniciativa de: Venerável Ordem Terceira de S. Francisco de Braga, Conselho Cultural da Universidade do Minho e Câmara Municipal de Braga

31 março a 13 abril
Irmandade de Santa Cruz (Largo de Santa Cruz)
“Paixão e Glória – Num Tesouro-Museu de Amor”
Organização da Irmandade de Santa Cruz

31 março a 20 abril
Espaço Galeria da Junta de Freguesia de S. Victor
“Cristo… por amor a nós”, Artigos religiosos
Uma iniciativa da Comissão Organizadora da Procissão da Burrinha

3 a 17 abril
Braga Parque
Exposição de fotografia “Lausperene”
Organização do Braga Parque

3 a 18 abril
Fonte do Ídolo
Exposição de fotografia “A Semana Santa de Braga”
Fotos premiadas da 8ª edição do Concurso de Fotografia (2016)
Organização da Comissão da Semana Santa

CELEBRAÇÕES RELIGIOSAS

13 de abril — Quinta-feira Santa
10h00, Sé Catedral
Missa Crismal e Bênção dos Santos Óleos
Comemorando a instituição do sacerdócio, o Arcebispo Primaz faz-se acompanhar de todo o clero da Arquidiocese e com este, como presbitério participante do seu pleno sacerdócio, concelebra a Eucaristia. Durante a celebração, consagra os Santos Óleos, que serão levados pelos presbíteros para as suas paróquias a fim de servirem para ungir os batizandos e os doentes.

16h00, Sé Catedral
Lava-Pés e Missa da Ceia do Senhor
A anteceder a Missa da Ceia do Senhor, o Arcebispo que preside lava os pés a doze pessoas que representam os doze Apóstolos. Assim se comemora o que fez Jesus e se atualiza a sua eloquente lição: «Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo este seu amor. […] Levantou-se da mesa, depôs as vestes e tomando uma toalha pô-la à cinta. Depois de lhes lavar os pés […], disse-lhes: ‘Compreendestes o que vos fiz? Vós chamais-me Mestre e Senhor e dizeis bem porque Eu o sou. Ora, se Eu, sendo Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também’» (Jo 13, 1-15).
Terminado este rito, segue-se a Missa da Ceia do Senhor. É uma celebração dominada pelo sentimento do amor de Cristo que, na véspera da sua Paixão, enquanto comia a Ceia com os discípulos, instituiu o Sacrifício-Sacramento da Eucaristia, como memorial da sua Morte e Ressurreição a celebrar, tornando-o sempre atual, no decurso dos tempos: «Durante a ceia, tomou o pão dizendo: — ‘Tomai e comei. Isto é o meu corpo, entregue por vós.’ Do mesmo modo, tomou o cálice e, dando graças, deu-o aos discípulos dizendo: — ‘Tomai e bebei todos. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna Aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de Mim’» (Lc 22, 19-20).
No momento próprio, o Presidente da celebração faz a homilia apropriada, com especial incidência na lição do lava-pés e no «mandamento novo» deixado por Jesus como testamento espiritual para os seus discípulos (Sermão do Mandato). «Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. […] É nisso que todos reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros como Eu vos amei a vós» (Jo 13, 34-35).
Terminada a missa, a assembleia canta a hora de Vésperas, enquanto que o Cristo vivo presente na Hóstia consagrada é conduzido em procissão pelas naves da Catedral para um lugar de adoração (a representar o Horto das Oliveiras), onde permanecerá até ser dali retirado, também processionalmente, no dia seguinte, para o sepulcro. Os fiéis são convidados a velarem com Ele, na hora da sua Paixão. Em sinal de luto, o altar é desnudado.

Durante a tarde, os fiéis são convidados a visitarem as sete igrejas, que representam as Sete Estações de Roma (Sé Primaz, Misericórdia, Santa Cruz, Terceiros, Salvador, Penha e Conceição / Mons. Airosa).

14 abril — Sexta-feira Santa
10h00, na Sé Catedral
Ofício de Laudes, com alocução do Presidente aludindo às Sete Palavras de Jesus na Cruz.
Terminadas as Laudes, os Capitulares presentes acolhem os penitentes que desejarem receber o Sacramento da Reconciliação (confissão).

15h00, em doze locais da Cidade
Lançamento de morteiros, assinalando o momento da morte de Jesus.
Convidam a um minuto de silêncio em Sua memória.

15h00, na Sé Catedral
Celebração da Morte do Senhor
À mesma hora em que Cristo expirou, os cristãos celebram o mistério da sua Morte redentora.
Inclui a Procissão Teofórica do Enterro, costume trazido de Jerusalém pelo Convento de Vilar de Frades, no séc. XV ou XVI, daí passou a muitas catedrais. Abolido no séc. XVII, manteve-se na Catedral bracarense. Nesta impressionante procissão, o Santíssimo Sacramento, encerrado num esquife coberto de um manto preto, é levado pelas naves da Catedral — daí o nome de procissão teofórica (que transporta Deus) — e deposto em lugar próprio para a veneração dos fiéis. Os acompanhantes cobrem o rosto em sinal de luto. Dois meninos ou duas senhoras, alternando com responsórios do coro, cantam em latim e em tom de comovido lamento: «Heu! Heu! Domine! Heu! Heu! Salvator noster!» (Ai! Ai! Meu Senhor! Ai! Ai! Salvador nosso!).

15 de abril — Sábado santo
10h00, Sé Catedral
Ofício de Laudes, com alocução do Presidente
Terminadas as Laudes os Capitulares presentes acolhem os penitentes que desejarem receber o Sacramento da Reconciliação (confissão).

Durante o dia, visita ao Santo Sepulcro (na capela de Nª Sra. do Sameiro, Sé Catedral) onde permanece a Sagrada Eucaristia.

21h00, Sé Catedral
Vigília Pascal e Procissão da Ressurreição
Para a Vigília Pascal convergem todas as celebrações da Semana Santa e mesmo de todo o Ano Litúrgico. Lembrando a grande noite de vigília do povo hebreu no Egipto, aguardando a hora da libertação (Ex 12), nela celebram os cristãos a sua própria redenção pelo mistério da Ressurreição de Cristo. Por ela se realiza a grande Páscoa ou Passagem da morte para a vida ou do estado de perdição para o estado de salvação. É a vitória final de Deus, em Cristo, sobre o pecado, o mal e a própria morte. No plano espiritual, os cristãos apropriam-se da graça desta passagem pelo Batismo. Por isso, a liturgia batismal tem aqui um lugar de destaque.
A Vigília Pascal — chamada por Santo Agostinho «a mãe de todas as Vigílias» — é uma soleníssima celebração, muito rica de simbolismo global e de símbolos particulares: as trevas, a luz, a água, o círio pascal, a cor alegre dos paramentos, a explosão de som e luz.
Integra quatro partes e conclui com a Procissão da Ressurreição.

16 abril  — Domingo de Páscoa
11h30, Sé Catedral
Missa Solene do Domingo de Páscoa
Todo o Domingo é um dia pascal, porque simboliza e evoca, no ritmo cristão das semanas, o primeiro dia do mundo novo inaugurado com a Ressurreição de Cristo. O Domingo de Páscoa é, nesse sentido, o paradigma de todos os domingos. Por isso proclama a Liturgia: — «Este é o dia que o Senhor fez! Exultemos e cantemos de alegria!» Por isso também, nele, a Igreja celebra com especial solenidade a Eucaristia, memorial que recorda aquele mistério.

Visita Pascal
É um costume muito enraizado no norte de Portugal, este de, no Domingo de Páscoa, um grupo de pessoas («Compasso»), sempre que possível presidido por um sacerdote, com trajes festivos e partindo da respetiva igreja paroquial, se dirigir com a Cruz enfeitada aos lares cristãos a anunciar a Ressurreição de Cristo e a abençoar as suas casas. Soam campainhas em sinal de júbilo, fazem-se tapetes de flores pelas ruas e caminhos, estrelejam foguetes no ar. Entrando em cada casa, estabelece-se um pequeno diálogo celebrativo. Dá-se depois a Cruz a beijar a todos os presentes.
No âmbito da Cidade de Braga, reveste especial significado a Visita Pascal aos Paços do Concelho.

PROCISSÕES

22h00, sai da igreja da Misericórdia
Procissão do Senhor «Ecce Homo»
Organizada pela Irmandade da Misericórdia de Braga
Organizada desde tempos antigos pela Irmandade da Misericórdia, esta procissão evoca o julgamento de Jesus, ao mesmo tempo que celebra a misericórdia por Ele ensinada. Abre o cortejo o exótico grupo dos farricocos com grosseiras vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, uns empunhando matracas e outros alçando fogaréus (taças com pinhas a arder). Daí chamar-se também «Procissão dos Fogaréus». Integrados na procissão, os fogaréus evocam os guardas que, munidos de archotes, foram, de noite, prender Jesus. A imagem do Senhor «Ecce Homo» (ou «Senhor da cana verde») representa o Cristo que se declarara rei e que o governador romano pôs a ridículo pondo-lhe na mão um simulacro de ceptro (uma cana verde). Foi assim que Pilatos o apresentou à multidão, dizendo: — «Eis aí o Homem!».
Além de muitas figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus, desde 2004 incorporam-se na procissão alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias, especialmente à de Braga. Desde há alguns anos incorporam-se também várias Irmandades da Misericórdia de diversos pontos do País.
ITINERÁRIO
A procissão percorre o seguinte itinerário: igreja da Misericórdia > Rua D. Diogo de Sousa > Arco da Porta Nova > Av. S. Miguel-o-Anjo > Rua D. Paio Mendes > Rua D. Gonçalo Pereira > Largo de S. Paulo > Largo de Paulo Orósio > Rua do Alcaide > Campo de Santiago > Rua do Anjo > Rua de S. Marcos > Largo Barão de S. Martinho > Rua do Souto > Largo do Paço > igreja da Misericórdia
Novidade: A Comissão destina um local reservado para pessoas com mobilidade reduzida, no Largo Paulo Orósio (em frente aos Bombeiros Voluntários).

22h00, sai da Sé Catedral
Procissão do Enterro do Senhor
Organizada pelo Cabido da Catedral, Comissão da Semana Santa, Irmandade da Misericórdia e Irmandade de Santa Cruz
Esta imponente procissão — de todas a mais solene e comovente — leva pelas ruas da Cidade o esquife do Senhor morto. É precedido por um andor com a cruz despida e seguido pelo da Senhora das Dores. Acompanham-no aquelas e outras irmandades, cavaleiros das Ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé, corporações diversas e autoridades. Em sinal de luto, os Capitulares e os membros das Confrarias vão de cabeça coberta. Para mostrar a sua dor, as figuras alegóricas ostentam um véu de luto. As matracas dos farricocos vão silenciosas. As bandeiras e estandartes, com tarja de luto, arrastam-se pelo chão.
ITINERÁRIO
A procissão percorre o seguinte itinerário: Sé > Rua D. Gonçalo Pereira > Largo de S. Paulo > Largo de Paulo Orósio > Rua do Alcaide > Campo de Santiago > Rua do Anjo > Rua de S. Marcos > Largo Barão de S. Martinho > Rua do Souto > Largo do Paço > Rua D. Diogo de Sousa > Arco da Porta Nova > Av. S. Miguel-o-Anjo > Rua D. Paio Mendes > Sé.
Novidade: A Comissão destina um local reservado para pessoas com mobilidade reduzida, no Largo Paulo Orósio (em frente aos Bombeiros Voluntários).

Mais informação e sempre atualizada no sítio oficial www.semanasantabraga.com.

Certos de contar com a Vossa colaboração na difusão deste Comunicado,

Atentamente,

Abel Rocha
Pela Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga

.: Declarada de Interesse para o Turismo
.: Medalha Municipal de Mérito, Grau Ouro

logoComisaoAssinaturaEmail