quarta-feira, 29 de março de 2017

ASSIM COMEÇAM AS GUERRAS PELA ÁGUA

Bloqueio do Eufrates e Tigre, pela Turquia acirrou tensões que levaram à guerra o Iraque e a Síria. Mas outros conflitos hídricos já atiçam a Índia, Paquistão, Egito, Etiópia…

Aliança RECOs* - Outras Palavras - Tradução: Vila Vudu

A revista Foreign Affairs traz artigo cuja leitura recomendo sobre as guerras pela água entre Turquia, Síria e Iraque: “Rivers of Babylon”. A Turquia construiu muitas barragens por todo o país, para produzir eletricidade, mas também para irrigação.

Quando viajei pelo leste da Turquia nos anos 1990 muitos novos projetos, partes do Southeastern Anatólia Project (GAP, em turco0, eram visíveis; e água recentemente retida em barragens era fornecida às regiões secas do sudeste mediante canais abertos. Muita daquela água era perdida por causa da evaporação, mas também porque as novas plantações usavam espécies que exigem água intensiva, numa região quente e em muitos pontos desértica. A água agora oferecida a fazendeiros turcos antes corria pelo Eufrates e Tigre, para a Síria e Iraque. Três anos secos na Síria, 2006-2009 induziram muitos aricultores a deixar as terras secas e mudar-se para as cidades, onde só poucos deles encontravam trabalho:

À altura de 2011, fracasso de colheitas por causa da seca empurrara cerca de 1,5 milhão de ex-agricultores a emigrar das próprias terras; essa legião de desenraizados virou fonte de recrutas para o Exército Sírio Livre e outros grupos como o Estado Islâmico (também chamado ISIS) e para al-Qaeda. Testemunhos recolhidos por repórteres e ativistas nas zonas de conflito sugerem que a falta de qualquer ajuda do governo durante a seca foi o fator central de motivação para a rebelião antigoverno. Além disso, estudo de 2011 mostram que as hoje fortalezas dos rebeldes em Aleppo, Deir al-Zour, e Raqqa estavam entre as áreas mais duramente atingidas pelo fracasso das colheitas.

A situação no Iraque é similar, se não pior. Grandes regiões perderam a base de sua agricultura e os agricultores pedem soluções e mais apoio.

Em Karbala, Iraque, agricultores estão em desespero e já consideram abandonar suas terras. Em Bagdá, as periferias mais pobres dependem da Cruz Vermelha até para a água de beber. Em algumas ocasiões, a Cruz Vermelha teve de fornecer 150 mil litros por dia. Mais para o sul, as áreas centrais do Irã, as maiores áreas alagadas de todo o Oriente Médio, estão desaparecendo, depois de terem sido reinundadas após a deposição de Saddam Hussein. Em Chibayish, cidade nas áreas alagadas que um dos autores desse artigo visitou recentemente, os búfalos e os peixes estão morrendo. Atualmente, a agricultura ali sustenta no mínimo 60 mil pessoas. Esses e mais centenas de milhares de outros enfrentarão dificuldades muito maiores, se os recursos d’água continuarem a definhar.

A falta de água não é a única razão para as guerras na Síria e Iraque. Mas torna esses países mais propensos a conflitos internos e mais vulneráveis à intromissão de atores externos. Os governos de Síria e Iraque podem fazer pouco para ajudar seus agricultores. Embora haja acordos sobre um fluxo mínimo de água a ser preservado entre Turquia, Síria e Iraque, não há meios pelos quais Síria e Iraque possam realmente pressionar a Turquia para que desimpeça o fluxo de água e preserve o fluxo fixado nos acordos.

Embora acordos vigentes entre Síria e Turquia devam garantir fluxo de 500 metros cúbicos por segundo, 46% dos quais vão para o Iraque, durante o verão os fluxos podem ser muito menores. Segundo Jasim al Asadi, hidrologista da Nature Iraque, quando o Eufrates alcança Nasiriyah no sul do país, é necessário um fluxo mínimo de 90 metros cúbicos por segundo, para uso municipal, industrial e agrícola. Às vezes, o fluxo cai para 18 metros cúbicos por segundo – razão pela qual não surpreende que as áreas alagadas estejam diminuindo rapidamente. Antes da construção da maior barragem nos anos 1970s, o fluxo médio no Eufrates era de 720 metros cúbicos por segundo. Agora, é de cerca de 260 m³/s quando entra no Iraque.

Quase dois terços do fluxo que o Iraque recebia já não chegam. Não há meio para substituí-lo. Além disso, a pouca água que está fluindo agora pode acabar rapidamente:

As barragens na Turquia, que já ultrapassam 140, têm muito maior capacidade de armazenamento que as que ficam a jusante. E quando as novas barragens turcas estiverem completadas em poucos anos, cerca de 1,2 milhão a mais de hectares serão irrigados dentro da Turquia – aumento de oito vezes, em relação ao que há hoje.[1]?…??Dada a relativamente melhor saúde hídrica da Turquia, seria razoável supor que o país pararia de construir barragens que tanto dificultam a sobrevivência dos países vizinhos à jusante dos rios. Mas o país fez exatamente o oposto, e planeja concluir 1.700 novas barragens e açudes dentro de suas fronteiras.

A matéria da Foreign Affairs nada diz sobre outro projeto turco que desvia ainda mais água para longe de seus vizinhos do sul. Em 1974 a Turquia invadiu e desde então ocupou o norte de Chipre. Os moradores gregos nativos daquelas áreas ocupadas foram dizimados em processo de “limpeza” étnica, e 150 mil turcos foram transferidos da Turquia e implantados naquela terra grega. E a Turquia construiu agora aquedutos para fornecer água do território turco às áreas ocupadas da ilha:

Um aqueduto recentemente concluído, que cruza o fundo do Mediterrâneo, levará 75 milhões de metros cúbicos de água fresca anualmente, da Turquia para o norte, isto é, para a parte turca da dividida ilha de Chipre. A água que chegará pelo aqueduto tornará os turcos cipriotas, que já recebem subsídios de Ancara para sua sobrevivência econômica, ainda mais dependentes da Turquia. Um cenário é, assim, que por estarem mais intimamente ligados ao continente, os cipriotas turcos terão menos liberdade quando negociarem a reunificação com os compatriotas cipriotas gregos, o que tornará difícil alcançar alguma solução.

Outro projeto turco, que vai e vem ao longo dos anos, é construir aquedutos e gasodutos até Israel, numa troca de gás israelense por água turca. Água que, além de outras utilidades, faria terrível falta na Síria e no Iraque. Precisamos de um processo de solução global, com instrumentos para fazer valer os acordos, para regular os fluxos naturais de água através de fronteiras. Do contrário, haverá grave ampliação das guerras entre países que usam água extensivamente em seus próprios territórios, enquanto países localizados à jusante dos rios morrem de sede.

A situação de Turquia, Síria, Iraque não é a única guerra pela água que há hoje no mundo. Paquistão e Índia lutam pela Caxemira ocupada pela Índia, onde estão as nascentes do sistema do rio Indo. O Indo é a água que mantém vivo o Paquistão, e a Índia tem usado o controle que tem sobre a Caxemira para pressionar o Paquistão. A próxima guerra entre Índia e Paquistão pode estar a uma seca de distância; e pode ser guerra nuclear.

Outra guerra pela água está fermentando entre Uzbequistão e Tadjiquistão. A Etiópia está construindo uma megabarragem no Nilo, que ameaça o principal suprimento de água do Egito. Nada garante que o Egito permita que a construção chegue ao fim. Todos esses casos já levaram ou levarão a guerras entre países ou a guerras civis por causa da água (da falta dela). O fluxo de água entre países é uma das questões que carecem de governança global. Um livro de regras e um corpo judicial global que determine que todos os povos ao longo de um curso de água devem beneficiar-se dele. Megaprojetos como o GAP na Turquia teriam de ser julgados por aquele corpo judicial e suas regras teriam de ser apoiadas em poderes coercitivos significativos. É isso ou, se não for isso, haverá muitas guerras, muito intensas, de disputa pelo acesso à água.
[1] “Uma das principais razões para os projetos insanos dessas barragens turcas jamais concluídas, por falar delas, é inundar os vales e privar os curdos turcos de terreno onde se possam esconder e abrigar-se (…). Os curdos turcos sempre se opuseram firmemente àquelas barragens” (Bart, 27/8/2015, 2:05:00 PM | 3, nos Comentários a esse postado) [NTs].

*Redes de Cooperação Comunitária Sem Fronteiras

Foto: Soldados da “Peshmerga” curda guardam (2014), a Represa de Mosul, no Iraque. Maior reservatório do país, ela é fonte vital de água e energia. Quem a controla domina a cidade — hoje em poder do ISIS

SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU TENDE A DEGRADAR-SE - diz ex-ministro das Finanças

Geraldo Martins, ex-ministro guineense das Finanças, afirma que instabilidade política no país logo após a Mesa Redonda de Bruxelas pôs em causa a estratégia de diversificação e crescimento da economia da Guiné-Bissau.

As instituições não funcionam na Guiné-Bissau. Não há prestação de contas. A Assembleia Nacional Popular (ANP) está bloqueada por causa da crise que se arrasta desde agosto de 2015, com a queda do executivo de Domingos Simões Pereira. Não há fiscalização às ações dos governos (inconstitucionais e ilegítimos) de iniciativa presidencial, que até então não conseguem apresentar e aprovar o seu programa no Parlamento. Contratos com empresas não são respeitados.

A manter-se assim, a situação tende a degradar-se, com reflexos na vida das populações. Quem o diz é Geraldo Martins, antigo ministro guineense da Economia e Finanças.

"Estes governos têm realmente tido problemas. Para já, não tem havido prestação de contas, a Assembleia não consegue fiscalizar, não respeitam contratos. São várias situações anómalas que estão a acontecer e que põem em causa os próprios fundamentos do Estado de direito democrático e desmobilizam os investidores que realmente tinham grandes expetativas em relação à Guiné-Bissau. Que queriam ir investir mas que agora estão com alguma reticência em relação à credibilidade do país, o que é mau", destaca o ex-ministro guineense.

Governos ilegais

A situação das finanças públicas é crítica, diz ainda Geraldo Martins, para acrescentar que o país deixou de receber os apoios externos, "porque os últimos governos são ilegais".

E, segundo Martins, sem apoio externo as receitas internas não conseguem cobrir as necessidades da Guiné-Bissau. "Por isso mesmo o país está a atravessar uma situação bastante difícil. Hoje (25/03/17) completam-se dois anos depois da Mesa Redonda de Bruxelas, que foi um acontecimento espetacular não só porque o país conseguiu promessas de financiamento sem precedentes na sua história como também foi o momento de credibilização do país. O país passou a ter maior prestígio junto dos parceiros internacionais, mas infelizmente tudo isto foi estragado por causa de disputas políticas desnecessárias que continuam a travar o processo de desenvolvimento da Guiné-Bissau, o que é bastante lamentável".

O ex-governante guineense também lamenta os atrasos no pagamento dos salários da função pública e afirma que "o problema que estes últimos governos tem estado a ter é que estão a ter muitas dificuldades para pagar os salários e estão a recorrer ao sistema bancário, aos bancos comerciais. Por exemplo, os últimos salários foram pagos com empréstimos contraídos junto da banca e, portanto, isso não é bom porque é um endividamento que é desnecessário. Se o país estivesse realmente numa situação normal, com a economia a funcionar como deve ser e o Estado a gerar receitas necessárias para o seu funcionamento e para a satisfação da demanda social."

Esta engenharia financeira – adverte – poderá complicar a situação a médio prazo. As receitas que o Estado mobiliza com a produção e exportação do caju, uma das principais fontes de receitas do país, não são suficientes para responder a todas as necessidades.

"As receitas não chegam para cobrir as necessidades de despesas do Orçamento Geral do Estado. E por isso há duas coisas que são necessárias: uma é o aumento da capacidade de arrecadação fiscal, com o funcionamento da economia na sua normalidade – o que é difícil nestas circunstâncias em que há uma crise política; por outro lado também, os parceiros que costumavam apoiar o Orçamento, como a União Europeia e outros parceiros de desenvolvimento, decidiram que não vão fazê-lo enquanto não se voltar à normalidade. E o regresso à normalidade passa necessariamente pelo desbloqueio das instituições de modo a que possam voltar a funcionar normalmente."

População guineense enfrenta momentos difíceis.

Geraldo Martins admite que a pobreza terá aumentado. Muitas atividades económicas empresariais estão paradas ou à espera de financiamento que não chega. Perante este cenário, acrescenta, "os índices de pobreza tendem a piorar". Outra agravante – aponta –, é que este ano as regras de comercialização do caju foram alteradas e tudo leva a crer que o preço a ser praticado já durante a atual e a próxima campanha será bastante inferior comparado com 2015 e 2016, os anos de governação do PAIGC. É que a maioria da população é camponesa e vive da comercialização do caju.

Se a situação é crítica, como entender as promessas à seleção nacional de futebol e os gastos que faz o Presidente JOMAV, alcunha de José Mário Vaz, durante as presidências abertas? Geraldo Martins considera tais "ações políticas totalmente descabidas" e imbuídas de "uma certa imoralidade".

Segundo Martins, o Presidente guineense faz estas presidências abertas "não com o objetivo de ouvir as populações mas sobretudo para passar algumas mensagens de combate político contra o PAIGC, contra o seu líder etc., e com acusações gravíssimas não fundamentadas de corrupção, etc.. O grande problema é: até que ponto esta presidência aberta, além do aspeto financeiro – eu diria até que há uma certa imoralidade em estar a gastar-se agora numa altura em que há grandes dificuldades no país – que não vai dar em nada. Em que o Presidente da República passa mensagens de acusações contra os seus adversários políticos."

O ex-ministro questiona: "até que ponto o próprio Presidente da República, que também no passado teve problemas na justiça por suposto desvio de fundos, tem legitimidade para estar a acusar permanentemente os seus adversários de desvio de fundos? Esta é uma situação absolutamente incompreensível" – afirma.

Todos vislumbram uma saída para a crise menos JOMAV

Geraldo Martins diz que toda a gente vislumbra uma saída para a crise na Guiné-Bissau, menos o Presidente da República.

"A saída passa necessariamente pelo cumprimento daquilo que foi acordado pelas partes, porque o Governo anterior, isto é o Governo de Baciro Dja, quando ultrapassou todos os prazos legais para a aprovação do seu programa, o Presidente da República entendeu que, ao invés de devolver o poder ao PAIGC, devia ir à CEDEAO talvez contando com a indulgência dos seus pares a ver se conseguiam uma solução que lhe favorecesse. Mas quando o Acordo de Conacri foi assinado, o Presidente terá entendido que o acordo não lhe favorecia e, portanto, decidiu pura e simplesmente fazer tábua rasa do Acordo de Conacri. Ora, o que hoje toda a gente diz, não só no país mas também os nossos parceiros de desenvolvimento (ONU, UA, CEDEAO), há um consenso generalizado de que o Acordo de Conacri é, de facto, a via para a saída da crise. Mas o Presidente da República não quer e não está interessado em cumprir com o Acordo de Conacri."

Para Martins, politicamente JOMAV não tem outra saída: "ou respeita a Constituição, dissolve o Parlamento e convoca eleições antecipadas ou respeita o Acordo de Conacri. Estamos à espera de ver o que é que o Presidente vai fazer. Mas terá que fazer alguma coisa. Ele é que despoletou a crise e só ele pode resolver a crise", assegura o ex-ministro, que critica JOMAV de "estar a arrastar a situação" porque "não está a pensar no país" mas sim "nos interesses de um grupo de pessoas que sequestrou o poder".

Devidamente acolhido pela comunidade internacional na Mesa Redonda de Bruxelas (25/03/2015), o Plano Estratégico do Governo de Simões Pereira, denominado "Terra Ranka”, identificou os principais pilares de crescimento económico e desenvolvimento social da Guiné-Bissau. Segundo Geraldo Martins, as promessas de então, que rondavam os 1,5 mil milhões de dólares, eram importantes para relançar o país. Infelizmente isso não aconteceu – lamenta o mestre em Gestão e antigo quadro do Banco Mundial.

"Boa parte dos fundos não entrou e provavelmente não entrará se esta situação de crise política prevalecer", conclui Geraldo Martins.

João Carlos (Lisboa) – Deutsche Welle

Caminhos doceiros de Coimbra voltam à “Baixa”

De 01 de Abril a 31 de Maio, oito estabelecimentos voltam a unir-se para “valorizar e promover a doçaria de Coimbra” e “todos os caminhos” vão dar à “Baixa” da cidade, onde cafés e pastelarias promovem os seus doces tradicionais e conventuais a preços mais atractivos.
Esta é a terceira edição da iniciativa “Os Caminhos da Baixa – O Património Doceiro de Coimbra”, que tem sido um sucesso nos últimos anos, e que visa atrair as pessoas ao centro da cidade, nomeadamente ao eixo “rua da Sofia, de Visconde da Luz, de Ferreira Borges, largo da Portagem, até ao Rossio de Santa Clara, relembrando, através da doçaria, que a cidade é Património Mundial da Humanidade e a riqueza doceira de Coimbra”, explicou Vítor Marques, presidente da Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC).
“Os Caminhos da Baixa” pretendem, também, dar a conhecer ao público, conimbricense e não só, os prémios ganhos a nível nacional e internacional por alguns destes doces e dos quais não se fala e muitos nem são conhecidos.
Este ano, a iniciativa prolonga-se por quase dois meses, pela primeira vez, de forma a aproveitar os vários eventos que irão decorrer em Coimbra. Desde logo com a quadra pascal e com a quinta edição da “Semana do Bacalhau”, que irá acontecer de 22 a 29 de Abril. Em Maio os doces irão continuar em destaque para usufruir do afluxo de pessoas durante a Queima das Fitas e, na última semana de Maio, de um grande congresso no Convento de São Francisco.
O melhor da doçaria de Coimbra pode, então, ser encontrado na pastelaria “Briosa” (pastéis de Santa Clara); na “A Brasileira” (manjar branco); no café de Santa Cruz (crúzios); no Moinho Velho (cavaca de Coimbra); na pastelaria Penta (arrufada de Coimbra); no café Nicola (barriga de freira); na cafetaria do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (clarissinha) e no Cordel (pudim das clarissas de Coimbra). Os preços variam entre um euro e dois euros e oitenta cêntimos, uma descida em relação ao preço normal de cerca de 15 a 20 por cento.
A vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Carina Gomes, destacou o peso que o turismo tem vindo a assumir, cada vez mais, dizendo que: “a gastronomia e o património doceiro estão na moda e, em termos de turismo, são um factor atractivo”. “Temos aqui um elemento distintivo que permite valorizar os estabelecimentos aderentes mas, também, o centro histórico”, acrescentou, garantindo o apoio total da autarquia a todas as iniciativas que promovam a cidade, a sua cultura e o seu património.
A iniciativa vai, ainda, incluir dois espaços de promoção e exposição, um no posto de turismo da Portagem e outro no posto da Universidade de Coimbra (UC), na Biblioteca Geral. Os “Caminhos Doceiros de Coimbra” contam com o apoio da APBC, da Câmara Municipal, da UC e do Turismo do Centro.

Fonte: Campeão das Províncias

Hepatite A em Lisboa e Coimbra. “Há uma atividade epidémica”

O diretor-geral da Saúde esteve, esta quarta-feira, no ‘Jornal da Noite’ da SIC para falar sobre os casos de Hepatite A que têm surgido nos últimos meses.

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Atualmente estão infetadas com o vírus da Hepatite A 120 pessoas, sendo que a maioria é do sexo masculino e cerca de metade está internada.
Os números são da SIC que revela ainda que o vírus já chegou a Coimbra, onde também existem pacientes internados com o vírus.
Francisco George, diretor-geral da Saúde reiterou na antena da SIC que se têm registado “muitos mais casos do que nos últimos 40 anos”, sublinhando que “há uma atividade epidémica”.
O responsável alerta que a transmissão do vírus é “fecal-oral”, isto é, está relacionada com práticas sexuais de risco.
“O vírus elimina-se [do organismo] pelas fezes e para ser ingerido é preciso haver contacto direto. As práticas de sexo oral neste contexto têm um risco especial [de transmissão]”, explicou Francisco George que deixou claro que “não falamos de grupos de risco, mas sim de comportamentos de risco”.
Historicamente falando, a Hepatite A é aquilo a que antigamente se chamava icterícia. “Circulava em Portugal antes de 1974 porque o país era pobre e não havia infraestruturas de saneamento básico”.
Quanto aos sintomas, o responsável refere que os mesmos passam pelas náuseas, urina escura, olhos amarelos, pele muito amarela e pela ausência de vontade, por parte do infetado, em alimentar-se.
Apesar do surto do vírus, Francisco George não quer que ninguém entre em pânico e no que diz respeito às vacinas, as mesmas estão a ser recomendadas aos “familiares e elementos das relações íntimas dos pacientes”, sendo que é de evitar uma “corrida às farmácias”, até porque as vacinas precisam de prescrição médica.
Fonte: SIC
Foto: © Global Imagens

ELEIÇÕES NOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE VAGOS A “FERRO E FOGO”

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Eleições dos Bombeiros envoltas em polémica com trocas de acusações entre mandatarios das listas e declarações que envolvem o presidente da Mesa da Assembleia Geral dos Bombeiros que também já respondeu.
O período pré eleitoral para os órgãos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vagos está envolto em forte polémica.
Os mandatários das Listas A e B, César Grave e Nuno Moura, respetivamente, trocaram acusações na Vagos FM, tendo o Presidente da Assembleia Geral, Rogério Simões, também sido envolvido.
Por um lado, César Grave deixa entender que existem "lutas partidárias" no processo referindo que tal "não é bom para uma associação de cariz humanitário".
Tendo tido conhecimento destas afirmações, Nuno Moura ripostou, em defesa do que considerou ser a "honra e o bom nome das pessoas que compõe a lista B" afirmando que desde o início da campanha eleitoral se tem abstido qualquer observação sobre a outra candidatura.
Defende que "ambas as candidaturas se deveriam focar nos seus projetos e deixar de lado as acusações às outras candidaturas".
Repudia as afirmações produzidas por César Grave e responde com o que poderia classificar de "incompetência da atual direção dos Bombeiros ao não conseguir apresentar uma candidatura para a requalificação do quartel" e sobre o que considera ser a "falta de transparência na gestão do processo eleitoral".
Neste particular visa o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Rogério Simões, perguntando o "porquê de só no dia 29 serem afixadas as listas, o porquê de só no dia 30 a Lista B poder consultar os documentos, a razão pela qual os cadernos eleitorais terem a data de 21 de março e não de dia 13 que é a data da convocatória, afirmando-se surpreendido pelo facto de ter sido informado pelo Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros, que só poderão votar no ato eleitoral os sócios que tenham quotas pagas até ao dia 21 de março, considerando que tal comportamento constitui uma limitação ao direito dos associados a escolherem quem querem que vá dirigir a associação".
Entretanto, na sequência das declarações feitas por Nuno Moura, mandatário da Lista B, Rogério Simões, exarou um comunicado no qual esclarece que “toda a documentação relativa às candidaturas e ao acto eleitoral está a ser disponibilizada para consulta a cada interessada (o), mesmo que essa consulta não esteja prevista nos Estatutos, com uma calendarização enviada aos senhores mandatários pelas 13h04mn do dia 27/03/2017", reforçando que, “da leitura que a Mesa faz dos Estatutos”, considera que “todos os sócios que até ao fim do dia 20/03/2017, data limite para a entrega das candidaturas ao acto eleitoral, tenham pago a quota de 2016 (cujo limite de pagamento, em nossa opinião terminava em 30/01/2017) têm a quotização em dia e portanto podem votar no acto eleitoral em causa".
O Presidente da Assembleia Geral da AHBVV adianta ainda que manteve uma conversa telefónica com o mandatário da Lista B, pelas 14 horas de ontem, terça feira, onde sugeriu que este colocasse esta questão (da quotização) por escrito que logo lhe responderia qual é a interpretação que a Mesa e o seu presidente têm de "quotização em dia".
Fonte: Vagos fm

ASAE desmantelou “casino ilegal” em Barcelos e constituiu dez arguidos

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A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) anunciou hoje o desmantelamento de um "casino ilegal" em Barcelos, no qual se desenvolvia a exploração e prática "ilícita" do jogo de póquer.


Em comunicado, a ASAE acrescenta que, como resultado da operação, foram detidos em flagrante delito e constituídos arguidos 10 indivíduos, entre jogadores e o responsável pelas instalações.
Foi também apreendido todo o material de jogo ali encontrado, designadamente mesa, caixas com fichas de jogo e baralho de cartas.
A intervenção, desencadeada em cumprimento de mandado de busca, contou com a colaboração do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos e da Polícia de Segurança Pública.
A investigação decorria há quatro meses.

Fonte: Lusa
Foto: © Global Imagens

Voz Solidária a favor do Bombeiros Velhos de Aveiro

Um espectáculo a não perder, porque além de solidário

 promete diversão.

SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU TENDE A DEGRADAR-SE - diz ex-ministro das Finanças

Geraldo Martins, ex-ministro guineense das Finanças, afirma que instabilidade política no país logo após a Mesa Redonda de Bruxelas pôs em causa a estratégia de diversificação e crescimento da economia da Guiné-Bissau.

As instituições não funcionam na Guiné-Bissau. Não há prestação de contas. A Assembleia Nacional Popular (ANP) está bloqueada por causa da crise que se arrasta desde agosto de 2015, com a queda do executivo de Domingos Simões Pereira. Não há fiscalização às ações dos governos (inconstitucionais e ilegítimos) de iniciativa presidencial, que até então não conseguem apresentar e aprovar o seu programa no Parlamento. Contratos com empresas não são respeitados.

A manter-se assim, a situação tende a degradar-se, com reflexos na vida das populações. Quem o diz é Geraldo Martins, antigo ministro guineense da Economia e Finanças.

"Estes governos têm realmente tido problemas. Para já, não tem havido prestação de contas, a Assembleia não consegue fiscalizar, não respeitam contratos. São várias situações anómalas que estão a acontecer e que põem em causa os próprios fundamentos do Estado de direito democrático e desmobilizam os investidores que realmente tinham grandes expetativas em relação à Guiné-Bissau. Que queriam ir investir mas que agora estão com alguma reticência em relação à credibilidade do país, o que é mau", destaca o ex-ministro guineense.

Governos ilegais

A situação das finanças públicas é crítica, diz ainda Geraldo Martins, para acrescentar que o país deixou de receber os apoios externos, "porque os últimos governos são ilegais".

E, segundo Martins, sem apoio externo as receitas internas não conseguem cobrir as necessidades da Guiné-Bissau. "Por isso mesmo o país está a atravessar uma situação bastante difícil. Hoje (25/03/17) completam-se dois anos depois da Mesa Redonda de Bruxelas, que foi um acontecimento espetacular não só porque o país conseguiu promessas de financiamento sem precedentes na sua história como também foi o momento de credibilização do país. O país passou a ter maior prestígio junto dos parceiros internacionais, mas infelizmente tudo isto foi estragado por causa de disputas políticas desnecessárias que continuam a travar o processo de desenvolvimento da Guiné-Bissau, o que é bastante lamentável".

O ex-governante guineense também lamenta os atrasos no pagamento dos salários da função pública e afirma que "o problema que estes últimos governos tem estado a ter é que estão a ter muitas dificuldades para pagar os salários e estão a recorrer ao sistema bancário, aos bancos comerciais. Por exemplo, os últimos salários foram pagos com empréstimos contraídos junto da banca e, portanto, isso não é bom porque é um endividamento que é desnecessário. Se o país estivesse realmente numa situação normal, com a economia a funcionar como deve ser e o Estado a gerar receitas necessárias para o seu funcionamento e para a satisfação da demanda social."

Esta engenharia financeira – adverte – poderá complicar a situação a médio prazo. As receitas que o Estado mobiliza com a produção e exportação do caju, uma das principais fontes de receitas do país, não são suficientes para responder a todas as necessidades.

"As receitas não chegam para cobrir as necessidades de despesas do Orçamento Geral do Estado. E por isso há duas coisas que são necessárias: uma é o aumento da capacidade de arrecadação fiscal, com o funcionamento da economia na sua normalidade – o que é difícil nestas circunstâncias em que há uma crise política; por outro lado também, os parceiros que costumavam apoiar o Orçamento, como a União Europeia e outros parceiros de desenvolvimento, decidiram que não vão fazê-lo enquanto não se voltar à normalidade. E o regresso à normalidade passa necessariamente pelo desbloqueio das instituições de modo a que possam voltar a funcionar normalmente."

População guineense enfrenta momentos difíceis.

Geraldo Martins admite que a pobreza terá aumentado. Muitas atividades económicas empresariais estão paradas ou à espera de financiamento que não chega. Perante este cenário, acrescenta, "os índices de pobreza tendem a piorar". Outra agravante – aponta –, é que este ano as regras de comercialização do caju foram alteradas e tudo leva a crer que o preço a ser praticado já durante a atual e a próxima campanha será bastante inferior comparado com 2015 e 2016, os anos de governação do PAIGC. É que a maioria da população é camponesa e vive da comercialização do caju.

Se a situação é crítica, como entender as promessas à seleção nacional de futebol e os gastos que faz o Presidente JOMAV, alcunha de José Mário Vaz, durante as presidências abertas? Geraldo Martins considera tais "ações políticas totalmente descabidas" e imbuídas de "uma certa imoralidade".

Segundo Martins, o Presidente guineense faz estas presidências abertas "não com o objetivo de ouvir as populações mas sobretudo para passar algumas mensagens de combate político contra o PAIGC, contra o seu líder etc., e com acusações gravíssimas não fundamentadas de corrupção, etc.. O grande problema é: até que ponto esta presidência aberta, além do aspeto financeiro – eu diria até que há uma certa imoralidade em estar a gastar-se agora numa altura em que há grandes dificuldades no país – que não vai dar em nada. Em que o Presidente da República passa mensagens de acusações contra os seus adversários políticos."

O ex-ministro questiona: "até que ponto o próprio Presidente da República, que também no passado teve problemas na justiça por suposto desvio de fundos, tem legitimidade para estar a acusar permanentemente os seus adversários de desvio de fundos? Esta é uma situação absolutamente incompreensível" – afirma.

Todos vislumbram uma saída para a crise menos JOMAV

Geraldo Martins diz que toda a gente vislumbra uma saída para a crise na Guiné-Bissau, menos o Presidente da República.

"A saída passa necessariamente pelo cumprimento daquilo que foi acordado pelas partes, porque o Governo anterior, isto é o Governo de Baciro Dja, quando ultrapassou todos os prazos legais para a aprovação do seu programa, o Presidente da República entendeu que, ao invés de devolver o poder ao PAIGC, devia ir à CEDEAO talvez contando com a indulgência dos seus pares a ver se conseguiam uma solução que lhe favorecesse. Mas quando o Acordo de Conacri foi assinado, o Presidente terá entendido que o acordo não lhe favorecia e, portanto, decidiu pura e simplesmente fazer tábua rasa do Acordo de Conacri. Ora, o que hoje toda a gente diz, não só no país mas também os nossos parceiros de desenvolvimento (ONU, UA, CEDEAO), há um consenso generalizado de que o Acordo de Conacri é, de facto, a via para a saída da crise. Mas o Presidente da República não quer e não está interessado em cumprir com o Acordo de Conacri."

Para Martins, politicamente JOMAV não tem outra saída: "ou respeita a Constituição, dissolve o Parlamento e convoca eleições antecipadas ou respeita o Acordo de Conacri. Estamos à espera de ver o que é que o Presidente vai fazer. Mas terá que fazer alguma coisa. Ele é que despoletou a crise e só ele pode resolver a crise", assegura o ex-ministro, que critica JOMAV de "estar a arrastar a situação" porque "não está a pensar no país" mas sim "nos interesses de um grupo de pessoas que sequestrou o poder".

Devidamente acolhido pela comunidade internacional na Mesa Redonda de Bruxelas (25/03/2015), o Plano Estratégico do Governo de Simões Pereira, denominado "Terra Ranka”, identificou os principais pilares de crescimento económico e desenvolvimento social da Guiné-Bissau. Segundo Geraldo Martins, as promessas de então, que rondavam os 1,5 mil milhões de dólares, eram importantes para relançar o país. Infelizmente isso não aconteceu – lamenta o mestre em Gestão e antigo quadro do Banco Mundial.

"Boa parte dos fundos não entrou e provavelmente não entrará se esta situação de crise política prevalecer", conclui Geraldo Martins.

João Carlos (Lisboa) – Deutsche Welle

Angola. RECADOS DE CABINDA PARA O CANDIDATO JOÃO LOURENÇO



Constou-me que está para breve a visita a Cabinda do senhor João Lourenço no âmbito da sua apresentação como candidato presidencial do MPLA. Já se pode ver algumas movimentações da praxe a que nos habituaram nestas ocasiões com o mesmo intuito de sempre: falsificar a verdade das coisas para dar uma ilusão óptica aos visitantes.

Raul Tati*

Creio ser esta visita uma oportunidade para fazer uma reflexão política séria sobre a realidade profunda desta província ultramarina de Cabinda, longe das banalidades e da opacidade do discurso oficial.

Para começar esta reflexão gostava de reportar aqui uma questão que havia colocado ao Presidente da UNITA, Dr. Isaías Ngola Samakuva, no princípio do seu segundo mandato (este é o terceiro) num encontro que mantivemos em Lisboa: “O Dr. Jonas Malheiro Savimbi nunca visitou Cabinda. O senhor, sendo sucessor do Dr. Savimbi, também ainda não visitou Cabinda, quando já vai no seu segundo mandato. Que razões estão na base disso?” E a resposta foi peremptória e convincente: “para visitar Cabinda é preciso levar para lá um discurso claro e inequívoco. Estou a preparar-me para isso”.

Para bons entendedores meia palavra basta! A razão evocada, entretanto, pelo meu ilustre interlocutor prende-se com a especificidade política de Cabinda. Na sua óptica, não se pode vir a Cabinda com discursos ocos, torpes e demagógicos. Não se pode fazer discursos políticos em Cabinda passando ao largo dos problemas mais profundos deste Território e que são, sobretudo, políticos.

Fiquei convencido que o meu interlocutor falou movido pela honestidade política (se é que ainda resta alguma na política). Sei que passado algum tempo, veio a Cabinda com uma alta delegação do seu partido e no discurso então proferido condenou a continuação da guerra em Cabinda, indicou os caminhos do diálogo com os cabindas para uma paz duradoira e mostrou-se indignado pela miséria económica que contrastava com os fabulosos recursos aqui explorados. Dialogou com a sociedade civil de Cabinda enquadrada na Associação Cívica de Cabinda (vulgo Mpalabanda) com quem se mostrou aberto a cooperar. Foi também claro sobre o pensamento estratégico da UNITA em relação ao diferendo de Cabinda: negociar com os cabindas um estatuto político-administrativo de autonomia alargada.

Ora bem, partindo desta premissa, quero aqui gizar algumas reflexões à guisa de recados ao Sr. João Lourenço como homem, dirigente político do MPLA e como candidato presidencial às próximas eleições. Em primeiro lugar, o senhor João Lourenço não pode trazer a Cabinda os mesmos discursos monocórdicos e petulantes que tem estado a pronunciar nos seus comícios, pois, corre o risco de pregar no deserto.

Deverá fazer uma distinção que é fundamental em comunicação política: se vai dirigir-se à população geral de Angola, à população de Cabinda, aos militantes e simpatizantes do MPLA ou ao Povo de Cabinda. Não deve misturar alhos com bugalhos. Em segundo lugar, o senhor João Lourenço não tem como não tocar no problema político de Cabinda, este diferendo que persiste passados quarenta e dois anos. É do inteiro interesse do Povo de Cabinda (se é que vai dirigir-se a ele) saber qual é o pensamento estratégico do putativo sucessor do presidente JES em relação ao famoso “Caso Cabinda”.

Seria um suicídio político, para quem almeja o mais alto cargo da nação, ignorar um dos passivos mais incómodos do Estado angolano e que se constitui destarte como um dos legados mais nebulosos do ainda presidente Eduardo dos Santos. Este, embora tenha apostado na estratégia das baionetas e dos canhões, pelo menos em cinco ocasiões (1989, 1992, 2007,2008 e 2012) esteve em Cabinda e não ludibriou a existência deste problema: os cabindas reivindicam o seu direito à autodeterminação.

“Vamos conversar” prometeu, sem cumprir, Eduardo dos Santos

Foi exactamente no comício do acto central das comemorações do 4 de Fevereiro de 1989 que o PR deixou em Cabinda a promessa (jamais cumprida) “VAMOS CONVERSAR”; na campanha eleitoral de 1992 foi o único candidato presidencial que veio a Cabinda, mas não conseguiu fazer comício, pois suspeitava-se nas hostes securitárias a preparação de um atentado contra si. Limitou-se a reunir com algumas entidades políticas e religiosas de Cabinda a quem também deixou a promessa: “SE O MPLA VENCER AS ELEIÇÕES, VAI RESOLVER O CASO CABINDA”. Venceu as eleições, mas o Caso Cabinda ainda está vivo.

Depois de ter fabricado o famigerado e defunto MEMORANDO DE ENTENDIMENTO PARA A PAZ E RECONCILIAÇÃO NA PROVÍNCIA DE CABINDA (01AGO2006), consciente da sua nulidade e inoperacionalidade, para não falarmos da sua categórica rejeição pelo Povo de Cabinda, veio a Cabinda um ano depois (10AGO2007) dizer que o Memorando de Entendimento, como qualquer obra humana, não era perfeito, mas que se poderia aperfeiçoar depois de 12 meses… 18 meses ou mesmo 24 meses.

Lá se foi uma década arrastando o velório de um defunto que teimam em não sepultar para que descanse definitivamente em paz em qualquer cemitério lá do Namibe, onde nasceu.

Nas campanhas de 2008 e 2012 JES voltou à carga sobre o diferendo de Cabinda, desta vez, sem mais promessas mas estigmatizando as aspirações autonómicas locais que contrapôs à gesta dos filhos de Cabinda que combateram o colonialismo português no MPLA e o papel crucial de Cabinda como Segunda região militar no combate contra o exército português e como Centro de Instrução Revolucionária (CIR) onde forjaram muitos quadros militares.

Para além desses discursos proferidos em Cabinda, numa outra ocasião, e uma única vez, no seu Discurso sobre o Estado da Nação na cerimónia de abertura do ano parlamentar em Luanda (15OUT2010), JES falou de supostas ameaças externas que pretendiam criar perturbações na província de Cabinda referindo-se aos focos de tensão militar então vigentes, embora a situação securitária de Angola fosse considerada geralmente estável.

Não creio que diante disso o candidato João Lourenço possa escapar. O Povo de Cabinda precisa escrutinar o seu pensamento e é a partir das suas palavras que havemos de começar a perceber o que nos espera; se vem aí bonança ou temos de estar preparados para mais tempestades. Se, pelo contrário, o candidato decidir não pronunciar-se sobre o diferendo de Cabinda, então havemos de concluir que ainda não está preparado para assumir o cargo que aspira ou então prefere não arriscar nada, tendo em conta a delicadeza do dossier.

Sugestões a João Lourenço

Na eventualidade de querer mesmo tocar no assunto, como se espera, podiam ser úteis mais estes recadinhos gratuitos que aqui deixo:

1. O Candidato João Lourenço deve saber que o MPLA é o responsável pela actual desgraça multifacetada do Povo de Cabinda. Invadiu e ocupou Cabinda em 1974, logo depois do 25 de Abril e fez de Cabinda a sua mina de ouro (o Koweit africano). O petróleo de Cabinda foi a moeda com que pagaram os soviéticos e os cubanos que os ajudaram a assumir o poder em Angola, golpeando o acordo de Alvor. O MPLA Impediu por todos os meios violentos que o Território de Cabinda ascendesse à sua independência durante a descolonização. Instalou em Cabinda nestes quarenta e dois anos uma administração extractiva de tipo colonialista. Criou impérios financeiros assenhoreados pela elite cleptocrata de um regime que coloniza igualmente os indígenas da “Angola profunda” (como gostava de dizer o Dr. Jonas Savimbi) e se mostra insensível à miséria de mais de 20 milhões de angolanos, condenados à mais abjecta pobreza. Foi substituída a colonização leucodérmica pela colonização melodérmica. Só mudou de cor. O candidato João Lourenço fez serviço militar em Cabinda e é um dos actores deste drama que o Povo de Cabinda não vê a hora de enterrar.

2. A situação social e económica de Cabinda neste momento é desastrosa. Houve num passado, não muito longínquo, um relativo desafogo, o que permite hoje a alguns saudosistas falar em tempos idos de vacas gordas. Na situação actual nem vacas magras temos; desapareceram as vacas. Aliás apenas ficou uma: a VACA LEITEIRA que é esta Terra de Cabinda que através das suas tetas (as plataformas petrolíferas no mar e em terra) alimenta a voracidade e a volúpia dos deuses do Olimpo sentados em modorras de cristal enquanto que nós, os deserdados do vento Norte, estamos condenados ao estatuto de servos da gleba, provando a cada dia o fel dos seus instintos lupinos. Os filhos desta Terra de Muen-Ngoyo, Muen-Kongo e Muen-Loango carregam dentro si a alma amarfanhada pelo peso da opressão, da pobreza e da exclusão social sistematicamente praticados pelo regime do MPLA.

3. Estamos fartos de promessas. Creio que já foram feitos todos os tipos possíveis de promessas para distrair e iludir a cáfila dos incautos sempre prontos a engolir o engodo da astúcia política do regime para alijar o ímpeto autonomista. Precisamos de actos concretos tendentes a restituir a dignidade a este Povo que geme neste vale de lágrimas, suor e sangue, onde até os profetas se calaram e não temos nenhum Ezequiel a profetizar o ressurgimento a partir dos “ossos ressequidos”.

4. Cabinda, constituída em província ultramarina angolana, há-de continuar a clamar por justiça e esta só será efectiva e definitiva com a aplicação do princípio da autodeterminação com vista à sua emancipação política. Se assim não for, tudo o que entenderem fazer em Cabinda será apenas uma panaceia que só terá o mérito de adiar o problema com a manutenção do status quo por mais um tempo, mas nunca para sempre….Nunca para sempre! A História oferece-nos lições indescuráveis neste domínio, pois não se pode calar para sempre o clamor dum Povo nem a sua determinação com canhões e muito menos com discursos dilatórios, pois a autoridade política só pode radicar na soberania popular e a obediência do cidadão só pode assentar na sua vontade livre, no seu consentimento. Há-de cair esse império que o MPLA ergueu com pernas de barro, tal como caiu o império salazarista em Portugal. É uma questão de tempo…e o tempo é implacável.

5. Concluindo: a mobilização política é o cavalo de batalha de uma campanha eleitoral. Estou em crer que neste ano de 2017, aqueles que nos oprimem vão aproximar-se de nós para nos estender as mãos e até poderão escancarar as portas para conversar com personalidades cabindesas do interior num gesto de suposta boa vontade; os que nos mandam para os calabouços fedorentos do regime virão falar-nos de paz, harmonia e reconciliação; os que nos odeiam virão falar do amor; neste sentido, se o candidato João Lourenço quiser lançar pontes, estaremos aqui dispostos a trilhá-las para a construção da concórdia que poderá posteriormente inspirar um acordo que satisfaça as nossas ambições enquanto Território não autónomo. Aqui estamos para recebê-lo, mas que venha sem preconceitos nem prepotências. Que venha em paz a Cabinda e em paz regresse à procedência!

*Folha 8

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Angola. JOÃO LOURENÇO: O CAVALEIRO DA TRISTE VERGONHA


Raul Diniz, opinião
         
O que de menos tem o cabeça de lista do MPLA/partido-estado, é de uma cabeça pensante. Nenhum regime funciona tendo a cabeça um obediente lacaio.

O país não tem prazer algum de apoiar uma candidatura do tipo cobaia, que sirva apenas como experiência de substituição subsecutiva a saída de JES na presidência da república. Além disso, o exercício de cidadania, exige muito mais de um candidato presidencial, além de ser transformado no alvo de uma pressagiosa escolha indireta, para substituir um renomado ditador em decadência, João Lourenço formalizou a sua candidatura de lacaio perene.

As constantes piruetas protagonizadas pelo escolhido de JES, dá-nos a entender que, JL vive protegido dentro de uma redoma, longe da realidade objetiva angolana. Senão vejamos, “Perante a crise econômica que abala de sobremaneira as estruturas econômico-sociais, o MPLA, de quem se esperava uma prática mais cordata e comedida no seu modus operandi, tornou-se ainda mais arrogante, e perigosamente mais prepotente na sua forma autoritária de agir.

Até agora João Lourenço só conseguiu um feito inigualável, que é o de caminhar em modo ré, como o caranguejo. Assim acontece que, de erro em erro, conseguiu extrapolar o limite prestativo que lhe confere o cargo de ministro da defesa que ostenta no reino feudal de Dos Santos. Como pôde um ministro pré-candidato ao cargo de mais alto magistrado do país, e, no pleno exercício da função de ministro da defesa, insinuar ofensivamente que todos aquele que se opõem aos partidos FRELIMO e MPLA são malandros!

Ora João Lourenço vai para o inferno camarada.  Afinal quem são os malandros? O ditador ou os filhos do ditador? Que cobardia é essa Joãozinho? Quem é malandro, os corruptos meliantes amigos do alheio, que matam, mentem e roubam tudo sem deixar nada, ou nós que lutamos contra o establishment da cleptocracia neocolonialista instalado na nossa terra angolana? No passado recente, ouviu-se o quase demissionário ditador apelidar insultuosamente de jovens de serem frustrados somente por quererem pensar pela sua própria cabeça, principalmente os jovens educados no exterior.

Além do mais, o João Lourenço que o MPLA apresenta como candidato presidencial está irreconhecivelmente apático, tornou-se da noite para madrugada num caricato mentiroso extremoso, sem ideias baseadas em princípios criteriosamente construtivos nem honestos. Enfim, JL é um candidato que pactua com a fraude, que não tem isenção para pensar pela sua cabeça, endiabrado, bocudo, imprudente, e quase néscio.

Por isso, essa ofensiva deflagrada pelo candidato do MPLA, foi direcionada intencionalmente a todos quantos se opõem em acompanhar servilmente o MPLA, que quer transformar-nos a todo custo em autômatos. Essa vontade do regime está implicitamente documentada nos discursos alienados do candidato a ditador mirim.

O país não tem prazer nenhum em apoiar uma candidatura tipo cobaia, que sirva apenas como experiência de substituição subsecutiva a saída de JES na presidência da república. Além disso, o exercício de cidadania, exige muito mais de um candidato presidencial, duque apenas servir como válvula tampão, de uma pressagiosa escolha indireta, para substituir no poder um renomado ditador em decadência.

Levando em conta a situação vivenciada em Angola, não é de modo algum recomendável ao MPLA, forçar os órgãos de soberania a ajuda-lo a eleger fraudulentamente e/ou de qualquer jeito o seu candidato.

Reconhece-se que o espectro da fraude é predominante no horizonte político nacional, e faz morada em todas as mentes dos angolanos e não só, inclusive na dos autores confessos da fraude.  Nesse quesito, até o cidadão menos atento, distraído e mal informado, percebe o esforço que a direção do MPLA faz para disfarçar a vergonha de serem reconhecidos como autores confessos da fraude elaborada pela casa militar.

João Lourenço não está de maneira nenhuma talhado para presidir o país, e se de facto ele deseja de coração ser presidente, terá que deixar urgentemente de defender o indefensável, centrar-se no obvio e afastar-se sabiamente do acessório.

Tenho plena convicção, que nenhuma ditadura pode ser reestruturada e/ou curada, socorrendo-se de paliativos inviáveis, nenhuma ferida pôde ser cicatrizada com remédios que tenham alguma eficácia momentâneo, mas que não eliminam definitivamente a causa.  Infelizmente o cidadão angolano tem mesmo de reconhecer, que o país está de facto totalmente de tanga, como se diz na geografia financeira, o país está falido.

João Lourenço se parece cada vez mais com um solitário cavaleiro da triste vergonha.  JL tem consciência que não possui independência nem autoridade do chefe para devolver o sonho da tão esperada esperança de mudar o país. Malandros nós? Porque João Lourenço pôde isso camaradas?

DIJSSELBLOEM E A FALTA DE VERGONHA


Ana Alexandra Gonçalves*
A falta de vergonha tem feito escola junto de uma classe política que, infelizmente, também se encontra à frente dos destinos da Europa. Dijsselbloem é um excelente exemplo da dita falta de vergonha. O ainda Presidente do Eurogrupo que, ao que tudo indica desempenhará essas funções até Janeiro de 2018, manifestou a sua intenção de se recandidatar. 

Recorde-se que Dijsselbloem sofreu uma derrota clamorosa, através do seu partido, nas últimas eleições holandesas e, em consequência, deixará de ser ministro das Finanças. Todavia, as regras flexíveis do Eurogrupo permitem que o seu Presidente não tenha forçosamente de ser ministro das Finanças.

Recorde-se também que Dijsselbloem voltou a manifestar os seus preconceitos contra a Europa do Sul, mas de forma mais brejeira do que é seu costume, facto que está a dar azo a pedidos de demissão de vários representantes políticos europeus.

O que o Presidente do Eurogrupo e outros não querem perceber é que falsos socialistas e sociais-democratas estão a ser fortemente castigados nas urnas. Dijsselbloem parece relutante em retirar ilações dos desastrosos resultados do seu partido. Dijsselbloem resiste, manifestando uma total incapacidade em perceber que a deturpação dos valores socialistas e sociais-democratas estão a abrir espaço ao populismo que desde logo denuncia políticos rendidos aos negócios, ao compadrio e à corrupção, absolutamente alienados dos interesses dos cidadãos que esses partidos populistas juram defender. Dijsselbloem e similares não querem saber, nem têm pudor em revelar a sua verdadeira face e estão a dar o mais forte contributo para o enfraquecimento das democracias, criando as condições necessárias para que partidos populistas possam emergir.

De uma coisa podemos estar certos: com estas pessoas ao leme a Europa afunda-se a cada dia que passa. Com um cínico sorriso nos lábios; um sorriso demasiadas vezes repleto de falsa superioridade.

Ana Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão