A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica lançou na noite de sexta-feira uma operação que abrangeu 149 restaurantes e bares no país, tendo sido encerrados oito estabelecimentos por incumprimento das regras de contenção da pandemia de covid-19.
Em comunicado, a ASAE adianta que as ações, que decorreram nas cidades de Santa Maria da Feira, Póvoa de Varzim, Mirandela, Leiria, Cascais, Nazaré, Moura e Portimão, mobilizaram um dispositivo de 54 inspetores, que agiram com a colaboração da GNR e da PSP.
Como principais resultados da ação destaca-se a fiscalização de 149 operadores económicos, tendo sido instaurados 29 processos de contraordenação, dos quais 24 estão relacionados com incumprimento das regras estabelecidas em contexto de pandemia", lê-se na nota.
Dos 24 processos de contraordenação, 19 foram dirigidos aos operadores por incumprimento das regras de lotação, distanciamento físico e não verificação de certificado digital covid-19 ou teste negativo, e cinco a clientes por permanência no interior do estabelecimento de restauração sem certificado digital ou teste negativo.
"Foi ainda determinada a suspensão de atividade de oito estabelecimentos por não cumprimento das regras estabelecidas no plano de desconfinamento em contexto de pandemia", prossegue a nota.
A ação foi direcionada a estabelecimentos de restauração e bebidas, com o objetivo fiscalizar o cumprimento das regras aplicáveis no atual contexto de pandemia, "pretendendo ser um impulsionador para que as regras estabelecidas no plano de desconfinamento sejam cumpridas".
A ASAE continuará a desenvolver ações de fiscalização "na salvaguarda da segurança alimentar bem como para garantia do cumprimento das regras de saúde pública determinadas pela situação pandémica", conclui.
A GNR, para além da sua atividade operacional diária, levou a efeito um conjunto de operações, em todo o território nacional, entre os dias 30 de julho a 5 de agosto, que visaram, não só, a prevenção e o combate à criminalidade e à sinistralidade rodoviária, como também a fiscalização de diversas matérias de âmbito contraordenacional, registando-se os seguintes dados operacionais provisórios:
Detenções: 255 detidos em flagrante delito, destacando-se:
· 97 por condução sob o efeito do álcool;
· 66 por condução sem habilitação legal;
· 18 por tráfico de estupefacientes;
· Sete por furto e roubo;
· Seis por violência doméstica;
· Quatro por posse ilegal de armas e arma proibida.
Espanha prolongou, mais uma vez e até dia 27 de agosto, a quarentena de dez dias aos passageiros que cheguem de seis países africanos sul-americanos particularmente afetados pela pandemia de covid-19, foi hoje anunciado.
De acordo com o anúncio hoje feito pelo ministério espanhol da Saúde, citado pela France-Presse (AFP), os passageiros que cheguem a Espanha provenientes da África do Sul, Namíbia, Argentina, Bolívia, Brasil e Colômbia devem auto-isolar-se durante dez dias.
Para as autoridades espanholas, os seis países em causa são considerados de "alto risco", devido à sua forte taxa de infeções por SARS-CoV-2, que causa a covid-19.
É a décima vez que esta medida é prolongada.
Em Espanha, a covid-19 já matou mais de 82 mil pessoas, tendo o país registado mais de 4,5 milhões de infeções, tornando-o um dos mais afetados na Europa pela pandemia.
Perto de 60% da população residente em Espanha já está totalmente vacinada contra a covid-19.
A pandemia de covid-19 fez pelo menos 4.247.424 mortos em todo o mundo, entre mais de 200,1 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, desde que a OMS detetou a doença na China em finais de dezembro de 2019, segundo o balanço mais recente da AFP com base em dados oficiais.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
Neste sábado estão internadas 838 pessoas com Covid-19 em enfermaria, menos 28 em relação a sexta-feira, e 186 em cuidados intensivos, menos oito do que no dia anterior.
Estão confirmadas 17.457 mortes devido à Covid-19 em Portugal, mais 17 do que no último boletim epidemiológico.
O número de pessoas infetadas pela doença até agora é de 984.985, mais 2621 nas últimas 24 horas. Há ainda a registar mais 3232 recuperados, elevando o total de recuperações em Portugal para 923.510.
Há agora44.018 casos ativos, menos 628 desde sexta-feira. No total de contactos em vigilância (63.939) houve também um decréscimo: são agora menos 4019.
Dos óbitos assinalados, nove são referentes a Lisboa e Vale do Tejo, quatro à região Norte, dois ao Alentejo. O Centro e o Algarve registaram ambos uma morte. As regiões autónomas da Madeira e Açores não registaram qualquer óbito no último dia.
A maioria dos novos casos registou-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1075 infeções confirmadas nas últimas 24 horas. Segue-se a região Norte, com 878 novos casos.
Do total de 984.985 casos confirmados desde o início da pandemia em Portugal, 452.628 são homens, 531.688 são mulheres, havendo 668 casos de sexo desconhecido, que se encontram sob investigação, uma vez que estes dados não são fornecidos de forma automática, explica a DGS no boletim.
As faixas etárias entre os 20 e os 59 anos são as mais representativas no total de infeções confirmadas.
Quanto ao total de óbitos desde o início da pandemia, 9163 foram homens, 8294 mulheres.
Em ambos os géneros, a faixa etária acima dos 80 anos representa a grande maioria dos óbitos registados.
A pandemia de Covid-19 fez pelo menos 4.268.017 mortos em todo o mundo, entre mais de 200,8 milhões de casos de infeção pelo coronavírus, desde que a OMS detetou a doença na China em finais de dezembro de 2019, segundo o último balanço da France-Press com base em dados oficiais.
O Brasil revalidou hoje o título olímpico de futebol e conquistou pela segunda vez a medalha de ouro na modalidade, ao vencer a Espanha por 2-1, após prolongamento, na final de Tóquio2020, disputada em Yokohama.
Numa partida que teve o português Artur Soares Dias como quarto árbitro, Matheus Cunha colocou os brasileiros na frente, aos 45+2 minutos, Mikel Oyarzabal repôs a igualdade, aos 61, e Malcolm consumar o triunfo dos sul-americanos, aos 108.
O Brasil, que tinha vencido a anterior edição do torneio olímpico, no Rio2016, passa a somar duas medalhas de ouro no futebol masculino, igualando o registo de Grã-Bretanha, Uruguai, Hungria, União Soviética e Argentina, enquanto a Espanha, campeã em 1992, repete a prata de 2000.
Caso de criança à espera de transplante de medula trouxe a público a falta de capacidade para operar de imediato quando é identificado um dador compatível. Coordenação Nacional de Transplantação revela ao Nascer do SOL que no final do mês de junho havia 219 doentes em lista de espera com dador identificado. Necessidades estão a ser reavaliadas, garante.
O caso de David, um menino de seis anos à espera desde maio que seja agendado o transplante de medula no IPO de Lisboa após ter sido identificado um dador compatível, trouxe a público a falta de capacidade a nível nacional para avançar com estes procedimentos logo que surge a esperança de um dador. Depois de o Nascer do SOL contar na última edição a história de David, tornada pública pela mãe nas redes sociais, e de o IPO de Lisboa ter confirmado que apesar de estar a registar um aumento de 30% na transplantação este ano continua com lista de espera nesta área, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação confirma que há mais doentes nesta situação e que neste momento está a reavaliar as necessidades junto das unidades.
Em resposta ao Nascer do SOL, o organismo onde funciona a Coordenação Nacional da Transplantação indica que se encontra neste momento a consolidar os dados relativos aos doentes em lista de espera transplantação de progenitores hematopoiéticos a nível nacional.
Não havendo assim ainda um levantamento nacional, o IPST adianta que até ao momento recebeu dados de duas unidades, a que funciona no Centro Hospitalar Universitário de São João e a do IPO de Lisboa, onde se encontram 128 doentes em lista de espera para transplante de medula, 10 dos quais pediátricos. Apenas o IPO de Lisboa e o IPO do Porto fazem transplantes de medula em idade pediátrica e há, assim, além de David, pelo menos mais nove crianças a aguardar transplante em Lisboa.
Não sendo possível facultar o universo global de doentes com indicação para transplante de medula no país, o Instituto Português do Sangue e da Transplantação acrescenta que, até ao final do mês de junho, entre os doentes com indicação para transplante, havia 219 já com dador identificado. Deixa no entanto uma ressalva: «Importa referir que a transplantação de progenitores hematopoiéticos é um processo complexo que envolve diversas fases. Na fase de identificação do dador é aferida inicialmente compatibilidade dador-recetor. Seguem-se outras fases que envolvem a avaliação clínica do dador e confirmação da sua adequabilidade, preparação da colheita e a preparação do doente para transplantação».
Na semana passada, quando o caso de David veio a público, o Nascer do SOL tinha questionado o IPST sobre se tinha sido feita alguma recomendação ao Ministério da Saúde no sentido de aumentar a capacidade nacional para a realização de transplantes de medula.
João Oliveira, presidente do conselho de administração do IPO de Lisboa, explicou na altura a este jornal que apesar de a Unidade de Transplantação de Medula (UTM) ter aumentado de sete para 12 quartos no ano passado, tem havido um aumento de indicações para transplante em situações em que anteriormente essa opção não se colocava, o que faz com que o aumento da capacidade ande atrás do aumento das necessidades de intervenção. «Todos percebemos a situação e se esta criança pudesse ter sido transplantada noutro sítio já teria sido», afirmou, acrescentando: «Tem de haver um planeamento a nível nacional, porque as necessidades estão a aumentar em diferentes áreas. Na área da transplantação, existe uma coordenação de transplantação e os serviços, por serem poucos, comunicam regularmente uns com os outros. Isto é algo que nenhum hospital pode resolver sozinho e em que o SNS tem de ser maior do que a soma das partes».
O IPST garante agora que essa auscultação e levantamento de necessidades está a ser feito: «A Coordenação Nacional da Transplantação encontra-se neste momento a reavaliar com as unidades de transplantação as necessidades nesta matéria».
Nas redes sociais, onde tornou pública a situação do filho, Bruna Villar deixou esta semana um agradecimento público à solidariedade e carinho demonstrado após a publicação da semana passada, em que relatou a situação do filho, diagnosticado com um linfoma linfoblástico das células T quando tinha dois anos. Doença que voltou agora aos seis.
David recebeu a indicação para transplante de medula em março e, a 19 de maio, a família recebeu a notícia de que tinha sido identificado um dador compatível. Inicialmente recebeu a indicação de que a intervenção poderia ser feita em julho, depois em agosto e, quando Bruna Villar fez o apelo público, a previsão era de que a operação pudesse vir a acontecer apenas em setembro. Entretanto, David já fez um novo ciclo de quimioterapia, que o levou a ser hospitalizado, e essa é uma das preocupações da família. «Tinha feito seis ciclos de quimioterapia e está pronto para o transplante. Já fez o sétimo, se calhar vai ter de fazer o oitavo e o nono enquanto espera. São doses agressivas, o risco da doença voltar é grande e se voltar saímos da lista de transplantes. Aí não há nada a fazer. Não tenho de esperar por ouvir que não há nada a fazer», disse na semana passada ao Nascer do SOL a mãe.
Esta semana, nas redes sociais, Bruna Villar pediu também reserva. «Ainda estamos a aguardar respostas e, neste momento, devido ao cansaço, não pretendo falar para mais nenhum órgão de comunicação social», escreveu a mãe, que questionou publicamente por que motivo não existe uma unidade de transplantação dedicada a casos pediátricos no país. Ainda não há respostas, mas o levantamento de necessidades está a ser feito.
No ano passado, foram feitos em todo o país 498 transplantes de progenitores hematopoiéticos, 408 de células dos próprios doentes e 99 de dadores (familiares e não relacionados). Nas comparações europeias, a última um levantamento em serviços de 50 países publicada em 2020 na revista Nature, Portugal surgia abaixo da maioria dos países da Europa ocidental na taxa de transplantação por 10 milhões de habitantes, quer autólogos, quer alogénicos.
O autoagendamento da vacinação da covid-19 para os utentes com 18 ou mais anos voltou hoje a ficar disponível, após ter sido suspenso pela 'task force' para agendar a vacinação dos jovens com 16 e 17 anos.
O autoagendamento exclusivo para vacinação contra a covid-19 dos jovens de 16 e 17 anos, para vagas disponíveis no fim de semana de 14 e 15 de agosto, arrancou na terça-feira, uma semana depois de ter sido aberta a vacinação para a faixa etária dos 18 ou mais anos, que foi, entretanto, suspensa.
O autoagendamento para os jovens de 16 e 17 anos terminou na sexta-feira, o que permitiu reativar o agendamento para os maiores de 18 anos.
Até às 18:00 de quinta-feira, 70 mil jovens com 16 e 17 anos de "um universo de 200 mil" já tinham feito o autoagendamento para a vacinação, disse na sexta-feira o coordenador da 'task force' da vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo.
A modalidade do autoagendamento permite que as pessoas selecionem o local e a data em que pretendem ser vacinadas, recebendo depois uma mensagem SMS com a confirmação do dia, da hora e do centro de vacinação. A confirmação do agendamento implica que seja enviada resposta ao SMS.
Portugal atingiu na sexta-feira, antes da data prevista, a meta de ter 70% da população vacinada com pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19 segundo o Ministério da Saúde em comunicado.
Em Portugal continental, já foram administradas cerca de 12,1 milhões de vacinas que permitiram vacinar com, pelo menos, uma dose mais de 6,9 milhões de pessoas, das quais à volta de 6,2 milhões já têm o esquema vacinal completo, adianta.
A campanha de vacinação contra a covid-19 iniciou-se em 27 de dezembro de 2020 em Portugal, sendo administradas atualmente as vacinas da Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca (dose dupla) e da Janssen (dose única).
A voleibolista brasileira Tandara Caixeta acusou uma substância proibida num teste antidoping realizado antes dos Jogos Olímpicos e vai falhar a final do torneio de Tóquio2020 com os Estados Unidos, informou hoje a Confederação Brasileira de Voleibol.
A CBV especifica que a oposto Tandara Caixeta acusou positivo após tomar um medicamento durante a menstruação, mas que a substância agressora, a didrogesterona, não é proibida pela Agência Mundial Antidopagem (AMA).
No entanto, este medicamento pode conter vestígios de ostarina, uma substância que pode aumentar a massa muscular e que está proibida desde 2008.
Tandara Caixeta, de 32 anos, que participou nos jogos da fase de grupos e nos quartos de final, mas não no da meia-final contra a Coreia do Sul, irá falhar a final de domingo do torneio olímpico frente aos Estados Unidos.
O IPMA colocou várias dezenas de concelhos em seis distritos diferentes, do interior Norte e Centro e da região do Alentejo e Algarve, em risco muito elevado e elevado de incêndio.
Mais de trinta concelhos dos distritos de Bragança, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre e Faro apresentam este sábado um risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com a informação publicada no site do IPMA, estão sob este alerta, no distrito de Bragança, os concelhos de Vimioso, Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada-à-Cinta, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Alfândega da Fé, e no distrito da Guarda, está o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo.
Estão igualmente sob risco máximo de incêndio os concelhos de Fundão, Proença-a-Nova, Vila Velha de Rodão e Vila de Rei, no distrito de Castelo Branco, e Portalegre, Nisa, Castelo de Vide, Marvão e Gavião, no distrito de Portalegre.
Também Santarém tem vários concelhos sob este alerta do IPMA, nomeadamente Ferreira do Zêzere, Vila de Rei, Tomar, Mação, Abrantes, Constância, Sardoal, Vila Nova da Barquinha, assim como o distrito de Faro: Lagos, Silves, Monchique, Portimão, Tavira, Loulé e São Brás de Alportel.
O IPMA colocou também várias dezenas concelhos do interior Norte e Centro e da região do Alentejo e Algarve em risco muito elevado e elevado de incêndio.
O período crítico de incêndios dura até final de setembro e, até lá, é proibido fazer queimadas extensivas ou queima de amontoados sem autorização, usar fogareiros ou grelhadores em todo o espaço rural, e fumar ou fazer qualquer tipo de lume nos espaços florestais.
É proibido ainda lançar balões de mecha acesa ou foguetes ou fazer trabalhos na floresta que possam originar faíscas.
Para hoje, o IPMA prevê céu pouco nublado ou limpo, temporariamente muito nublado até final da manhã, com chuva fraca no litoral Norte e Centro, com o vento a soprar por vezes forte nas terras altas e na faixa costeira da região Sul.
As temperaturas máximas vão variar entre os 21º em Braga e os 31º em Faro.
Um quarto dos bebés nascidos no Algarve são filhos de mães estrangeiras, na sua maioria do Brasil, mas também de países como a Índia, Nepal e Paquistão, disse hoje à Lusa fonte do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
"Nós temos um historial no Algarve, que já vem desde há longa data, em que, percentualmente, cerca de 25% dos partos são de mulheres estrangeiras, o que é muito representativo", afirmou Fernando Guerreiro, responsável pelo departamento de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução do CHUA.
Segundo dados da PORDATA analisados pela agência Lusa, enquanto os nascimentos em Portugal diminuíram 25,1% nas últimas duas décadas, com todas as outras regiões a acompanharem essa tendência, o Algarve aumentou 3,8%, sendo a única a aumentar o número de bebés, de 4.164 em 2001 para 4.323 em 2020 (3,8%).
Nas três maternidades da região -- nos hospitais públicos de Faro e Portimão e num hospital privado, em Faro -, nascem por ano, aproximadamente, 4.500 bebés, um quarto dos quais de mãe estrangeira e, dentro deste grupo, cerca de 30% filhos de mães de nacionalidade brasileira.
"Em primeiro lugar continua a estar a nacionalidade brasileira, mas enquanto há uns anos tínhamos Roménia, Ucrânia e Moldávia, com cerca de 8 a 9%, verificamos, agora, um decréscimo ligeiro nessas nacionalidades e um aumento, sobretudo, da Índia, Nepal e Paquistão", explicou João Guerreiro.
Segundo o diretor do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do hospital de Portimão, o aumento de nascimentos entre estas comunidades asiáticas explica-se pelo facto de se tratar de "uma população jovem, já com um peso significativo na região" e que ali encontrou "condições para procriar" e constituir família.
"Na sua maioria, esta população trabalha fundamentalmente na agricultura, nas ditas estufas", sobretudo nos concelhos do barlavento (oeste) algarvio, embora também vão nascer a Portimão muitos bebés de mães estrangeiras residentes no concelho de Odemira, em Beja, onde se concentram boa parte das grandes explorações agrícolas a sul do país.
Segundo aquele responsável, Portimão recebe muitas grávidas da zona de Odemira, "que teoricamente deveriam parir em Beja", mas que recorrem à unidade de Portimão "porque as vias de comunicação e o acesso são mais rápidos", procura que se reflete também nas consultas de Interrupção Voluntária da Gravidez, assim como noutras especialidades.
Na unidade de Portimão (barlavento), 10% dos nascimentos são de mães que residem em Aljezur, Vila do Bispo e Odemira e, na unidade de Faro (sotavento), Vila Real de Santo António e Castro Marim representam igualmente 10% dos nascimentos, quantificou Fernando Guerreiro.
De acordo com a distribuição geográfica dos nascimentos registados na região nas últimas duas décadas, Aljezur é o concelho com o maior aumento, passando de 31 nascimentos em 2001 para 57 em 2020 (mais 83,8%), seguido de Vila do Bispo (mais 58,0%), Silves (mais 36,0%) e Albufeira (mais 16,5%).
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Aljezur, José Gonçalves, considerou que o aumento de nascimentos no concelho, que é também acompanhado de uma subida nos residentes, segundo dados preliminares dos Censos2021, são sinal de "uma mudança de paradigma", que leva as populações e jovens casais a procurar qualidade de vida em zonas de baixa densidade.
"Registamos com agrado este aumento dos nascimentos, que é sinal de que o paradigma está a mudar, acima de tudo porque hoje procura-se qualidade de vida e muitas vezes consegue-se essa qualidade nas zonas mais recatadas, de baixa densidade, e a pandemia veio potenciar esta questão.
Segundo o autarca, há "jovens casais que se estão a fixar em Aljezur, muitos estrangeiros, mas também alguns portugueses", que escolheram aquele território do noroeste algarvio para "criar o seu próprio negócio e se estabelecerem".
José Gonçalves atribuiu a fixação de jovens casais no concelho do distrito de Faro a atividades como a agricultura ou o 'surf', ambas com uma expressão significativa na zona, mas também às políticas de incentivo para atrair de jovens a Aljezur.
"Este tipo de incentivos, que têm tido nos últimos anos mais expressão, cativa os jovens casais", considerou o autarca, dando como exemplos a aquisição de lotes a custos controlados para autoconstrução ou a disponibilização gratuita de manuais escolares em todos os níveis de ensino.
Entre as pessoas que se fixam no concelho estão as que "fugiram da grande cidade à procura de melhor qualidade de vida", jovens que "saíram para estudar e trabalhar e estão a regressar", mas também "quadros de empresas ligadas à agricultura" ou "nómadas do trabalho", que com a pandemia e o teletrabalho procuram locais afastados das grandes cidades para se estabelecerem.
Contudo, avisou o autarca, há também "desafios" que surgem com este aumento populacional, como os preços das casas para arrendamento ou a falta de trabalhadores em áreas como a restauração, hotelaria ou construção civil.
"Temos de procurar soluções de casas com rendas a preços acessíveis para poder fixar todo um conjunto de pessoas de várias áreas, porque há uma dificuldade grande de conseguir gente para trabalhar", concluiu.
O ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, que se encontrava em prisão domiciliária desde 10 de julho, já está em liberdade, confirmou à agência Lusa fonte ligada ao processo.
O ex-dirigente 'encarnado', cuja notícia da cessação da medida de prisão domiciliária foi avançada pela RTP, deixa assim de estar sujeito a esta medida de coação, depois de o juiz Carlos Alexandre ter aceitado as garantias dadas por Luís Filipe Vieira, que se propôs pagar a caução de três milhões de euros através da entrega de dois imóveis e 240 mil euros em dinheiro.
No processo Cartão Vermelho, Luís Filipe Vieira, além da prisão domiciliária, que agora deixa de ter de cumprir, tem como medidas de coação a proibição de sair do país, com a entrega do passaporte, e de contactar com os outros arguidos do processo: o empresário José António dos Santos e o advogado e agente Bruno Macedo, sendo a exceção o seu filho Tiago Vieira, e vários elementos ligados ao Novo Banco.
Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos no início de julho numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco e está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
O comando local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António tomou conta da ocorrência, tendo sido identificado o responsável pelo evento, que foi alvo de um auto de notícia.
As autoridades interromperam na quinta-feira uma festa ilegal que juntou 300 pessoas na praia do Cabeço, no concelho de Castro Marim, distrito de Faro, divulgou esta sexta-feira a Autoridade Marítima Nacional (AMN).
Em comunicado, a AMN refere que a Polícia Marítima de Vila Real de Santo António recebeu uma denúncia, pelas 17h00 de quinta-feira, a dar conta que decorria um evento na praia do Cabeço, com 300 pessoas.
"Na praia, os elementos da Polícia Marítima constataram que se tratava de um evento musical não autorizado, no qual estavam presentes cerca de 300 pessoas sem o devido distanciamento social, tendo interrompido o mesmo e dado indicações para que as pessoas dispersassem do local, indicações essas que foram prontamente acatadas", é indicado na nota.
A AMN refere ainda que o Comando local da Polícia Marítima de Vila Real de Santo António tomou conta da ocorrência, tendo sido identificado o responsável pelo evento, que foi alvo de um auto de notícia.
Em causa está o não cumprimento das medidas recomendadas no âmbito da pandemia de Covid-19.
Onze cães foram encontrados mortos num hotel canino, em Mafra, onde terão ficado abandonados vários dias na sequência do desaparecimento da proprietária do espaço, encontrada dias depois pela GNR.
O alerta para o desaparecimento de proprietária do hotel canino Bosque dos Pimpões foi dado na quinta-feira, mas, de acordo com o comandante da GNR de Torres Vedras, capitão Póvoa, "os animais poderiam já ter sido abandonados há mais dias, sendo que onze já se encontravam mortos e vários outros visivelmente famintos e debilitados".
Segundo o mesmo responsável, entre os cães que se encontravam vivos "dois foram devolvidos aos proprietários e outros dois entregues ao Canil Municipal de Mafra".
Os animais foram encontrados pelos militares quando se dirigiram à propriedade para averiguar o desaparecimento da mulher, que "acabou por ser encontrada no domingo, dentro de uma viatura e em estado muito debilitado", explicou o comandante à Lusa.
A mulher "foi transportada ao hospital" e posteriormente "entregue ao cuidado de familiares, uma vez que a residência não reunia condições de habitabilidade e de higiene, após a remoção dos cadáveres dos animais".
A situação foi também denunciada pela Associação de Defesa e Proteção dos Animais - Adoromimos, que na rede social Facebook publicou um esclarecimento sobre o espaço que alegadamente funcionava também como local de abrigo para cães recolhidos das ruas, enquanto aguardavam adoção.
A Adoromimos informa ter tido conhecimento de que "na passada quinta-feira, dia 29 de julho, a responsável do hotel Bosque dos Pimpões abandonou o espaço, sendo que no local ficaram vários animais".
A associação garante não ser "conivente com esta situação" e que tudo fará "para que seja feita justiça em nome dos animais que desapareceram".
Catolicismo já publicou a vida de São Domingos de Gusmão em algumas edições (vide, por exemplo, o nº 632, de agosto/2003), mas para esta efeméride especial do oitavo centenário de seu falecimento, pesquisamos em conferências do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comentários sobre o destemido santo dominicano, de quem era grande admirador. Encontramos muitos, e oferecemos aos nossos leitores uma seleção extraída de quatro conferências (de 4-8-64, 4-8-65, 4-8-67 e 12-1-70). Fizemos apenas ligeiras adaptações da linguagem falada para a escrita e inserimos subtítulos. Os comentários que seguem foram extraídos de gravações em fita magnética, sem revisão do autor.
Missão de perseguir as falsas doutrinas e extirpá-las
Tal é a crise na Igreja, corroída pelo progressismo dito católico, que se São Domingos de Gusmão tivesse alguma vez na vida parado o seu cavalo diante de um herege, tivesse dele apeado e dado ao herege um pouco de pão para comer e um pouco de água para beber, haveria muitos quadros e poesias a respeito desse gesto. Isso estaria mencionado pelos progressistas na liturgia, haveria iluminuras, falariam ao máximo sobre esse gesto de caridade do santo. Mas ele enquanto fundador da Inquisição é um capítulo sobre o qual não se fala.
Como seria bom se tivéssemos um artista capaz de representar São Domingos estudando e meditando a fundação da Inquisição. Por exemplo, se tivéssemos uma boa reprodução daquela pintura, obra de Fra Angélico, do santo sentado revestido com o hábito dominicano, pensativo, puro, casto, direito, fazendo a leitura de um livro, e publicássemos com o título: “São Domingos medita a fundação da Sagrada Inquisição contra a perfídia dos hereges”.
Fra Angélico, na sua pintura de São Domingos, faz notar os traços característicos da gravidade e da concentração que o mostram inteiramente aplicado no que está lendo, revelando a capacidade de transcender o concreto. Percebe-se a dificuldade que o espírito do santo encontra em compreender determinada coisa. Sua mente está embrenhada num labirinto e quer resolver um ponto que oferece resistência. A gravidade é acentuada e completada pela inteira serenidade do seu ser. Um esforço sério, sem agitação, sem estar representando para si mesmo. Ele está sozinho aos olhos de Deus, e almejando encontrar a verdade.
A Ordem Dominicana teve exatamente essa missão de perseguir as falsas doutrinas e extirpá-las. Daí a missão dos tribunais da Santa Igreja, o Santo Ofício, que, conforme revelação recebida por Santa Catarina de Siena, tinha a missão de ser o gládio de duas lâminas para converter e castigar.
São Domingos é o santo da Inquisição, mas também o santo pregador do rosário de Nossa Senhora. Esse é capítulo da vida dele muito importante de se focalizar, que é o seguinte: o bom católico contra-revolucinário reza o rosário; e as pessoas que rezam o rosário se tornam bons contra-revolucionários.
Há uma espécie de ordem especial do demônio contra a devoção ao rosário, pois há uma capacidade especial do rosário de incutir terror aos demônios. Também há uma espécie de zelo especial pelo rosário de quem é bom católico e o reza todos os dias. Em sentido contrário, quem vai abandonando o uso diário da sua recitação está no caminho de se tornar tíbio e deixar de ser autenticamente católico.
Assim se compreende a beleza de ver que o santo da Inquisição, nascida da Igreja Católica e das Ordens de Cavalaria, tenha sido ao mesmo tempo o grande pregador do rosário.
Aquele que verdadeiramente ama a Deus, odeia o mal
Na vida de qualquer santo, escrita na concepção mole e sentimental, adocicada e relativista que eu costumo denominar concepção “heresia branca”, figura sempre isto: foi muito bom, perdoou muito, curou muitos doentes, agradava muito as criancinhas etc. Ou seja, segundo tal concepção, a santidade quer dizer ser dulçuroso no trato. E nunca os seguintes elogios: que ele velou pela doutrina, odiou os hereges e extirpou a heresia. Porque isto parece uma cogitação de caráter intelectual, e não moral. Os adeptos da concepção sentimental não consideram a firmeza nos princípios como virtude. Acham que isso é antipático. Para eles, é antipático combater a heresia, rejeitar os hereges.
Havia um alto personagem da Igreja aqui no Brasil que deu ao seu secretário o seguinte conselho: “Padre Fulano, o senhor tome como norma de santidade o seguinte: qualquer ato que lhe pareça bom na vida, mas que possa fazer alguém sofrer, não o faça porque não é bom.” Segundo ele, o bem nunca faz sofrer a ninguém. Esta é a mentalidade estritamente molenga e sentimental, pois não compreende nem de longe a necessidade de defender a doutrina, de corrigir aqueles que erram e, menos ainda, a necessidade de combater aqueles que erram na doutrina.
Entretanto, a verdade é que o amor de Deus tem como expressão necessária o amor a Ele como Ele é, como Nosso Senhor Jesus Cristo, Verbo de Deus encarnado, ensinou. E aquele que verdadeiramente ama a Deus, odeia o mal. Ser catolicamente ortodoxo sem odiar o mal é outro absurdo. Seria como pretender ter virtude sem ter ortodoxia.
Por isso vemos a boa doutrina cantando as glórias de São Domingos de Gusmão, dizendo que ele foi um extirpador das heresias; um dom que Nossa Senhora lhe deu foi a virtude da combatividade. Quanto mais uma pessoa é combativa, mais ela é ortodoxa, mais ama a Deus.
Amor de Deus que pode também ser manifestado defendendo a legitimidade da Inquisição, a legitimidade das guerras santas, a legitimidade da polêmica, que o irenismo tanto quer negar.
Sempre que se dá ao erro a possibilidade de se alastrar, está-se apoiando uma perseguição à verdade. Sempre que se dá ao mal a liberdade, apoia-se uma perseguição ao bem. Porque está na índole do erro de ser contagioso. Depois do pecado original, o homem tem uma apetência de erro. O filósofo espanhol Donoso Cortés (1809-1853) dizia que o milagre da Igreja não consistiu em se impor à aceitação dos homens por ser boa e santa, mas apesar de ser boa e santa. Isto porque os homens têm uma enorme atração pelo erro e pelo mal. Se deixamos o erro e o mal livres, nós permitiremos que eles dominem os homens. Portanto, não há pior tirania e crueldade do que advogar a liberdade para o erro e para o mal.
Nobreza da cavalaria que combate o erro e o mal
O que é mais importante: defender almas ou defender corpos? Evidentemente é defender almas. Dom Prosper Guéranger (1805-1875) comenta muito bem: o que fazia o cavaleiro andante? Ia de um lado para o outro para defender as viúvas, os órfãos e os fracos. Ora, todos os homens, em consequência do pecado original, têm maus pendores e estão expostos ao erro. De maneira que toda a nobreza de uma cavalaria andante em nossos tempos dever-se-ia concentrar naqueles que combatem o erro e o mal denodadamente.
Nos presentes dias, essas reflexões são muito oportunas. Outrora tínhamos a combatividade da Ordem Dominicana, mas hoje, para exemplificar com o Brasil, temos frades do convento dos dominicanos (em São Paulo) que rejeitam aquela combatividade do fundador que foi São Domingos. Constatamos então a enorme decadência das melhores instituições em nosso século.
O pior mal de nosso tempo não consiste em que os comunistas sejam o que são e que tenham o poder que têm. Mas que aqueles — como no caso dos dominicanos — que deveriam combater o comunismo sejam o que são e adotem as posições erradas, como a doutrina igualitária comunista. O que diria São Domingos se ressuscitasse e aparecesse diante de seus pobres filhos espirituais hoje!
Vem a propósito rezar e fazer atos de reparação ao Fundador dos Dominicanos por toda a ofensa que essa deformação de sua admirável Ordem sofre em tantas partes, e pedir que ele nos defenda de seus filhos que tenham se transviado.
O começo da misericórdia é a ameaça da justiça
Primeiramente, todas as medidas tomadas por São Domingos contra os albigenses tinham se manifestado baldas. E a heresia tinha manifestado uma resistência que sobrepujava todos seus esforços, apesar de ter operado grandes prodígios.
O santo compreendeu então que, se não obtivesse novas graças de Deus, não haveria conversão, não haveria vitória. Ele, muito aflito pela dor da Igreja, se isolou e passou três dias e três noites em oração, jejuns e penitência. Nossa Senhora teve pena e falou com ele, ensinando-lhe a devoção do santo rosário e incentivando-o a divulgar essa devoção a fim de obter as conversões desejadas.
São Luís Grignion de Montfort comenta — no já citado livro O Admirável Segredo do Rosário — que São Domingos foi para Toulouse, então capital da heresia albigense, faz uma pregação na igreja, há manifestações da cólera de Deus e de Nossa Senhora ameaçando com castigos. Ou seja, a cólera materna. Enquanto alguém é grato pelo menos à sua mãe, tudo vai bem. Mas se ouvirmos dizer que a mãe dele o detesta e lhe tem horror, nós dizemos então que para ele tudo acabou.
Devido à apatia daquele povo, que não se convertia, Nossa Senhora manifestou a cólera de modo sublime. Mas depois veio a manifestação d’Ela enquanto “Arca da Aliança” — a manifestação de sua misericórdia. A violência da cólera e o temor preparam as almas para receber a misericórdia. E o começo da misericórdia é a ameaça da justiça, de tal maneira a justiça e a misericórdia se ligam.
Como afirma o Livro do Eclesiástico, “O temor do Senhor é o início da sabedoria” (Ecle. 1,16). A maior das misericórdias é a sabedoria, mas ela começa pelo temor; o temor é o primeiro passo para o amor; o temor nos desliga das coisas a que estamos apegados e que nos impede de amar a Deus. Na narrativa de São Luís Grignion, nota-se que esse maravilhoso favor de misericórdia de Nossa Senhora foi o rosário.
Admirável equilíbrio da Igreja no agir: a palavra e a espada
São Domingos de Gusmão foi uma pessoa sobre a qual a Providência velou com um zelo muito especial, desde antes de seu nascimento. Quando ele estava para nascer, sua mãe teve uma visão de um cachorrinho andando e levando na boca uma tocha. Era exatamente o prenúncio do filho que haveria de ser como um cão, símbolo da fidelidade, levando na boca uma tocha que era o símbolo do ardor, do zelo por Deus, pela Igreja na luta contra seus inimigos.
Ele foi um excelente pregador, dotado de lógica e virtude extraordinárias, que arrebatava todas as almas retas. Formou a Ordem Dominicana. Logo que fundada, essa ordem religiosa começou a atrair tanta gente para si, que não pôde receber todos os interessados. Ele formou uma Ordem Segunda para mulheres e uma Ordem Terceira só para receber os leigos que desejavam entrar para a Ordem de São Domingos.
Mas, de outro lado, os hereges albigenses não se rendiam e começaram a discutir com ele, a debicar, a fim de ridicularizá-lo. Sofreu agressões e até mesmo tentaram matá-lo. Assim, o santo suscitou uma verdadeira cruzada contra os hereges, tão exitosa que em pouco tempo levou os albigenses de roldão. Foi uma cruzada de pregadores dominicanos, mas que também contou com o auxílio de senhores feudais do centro e do norte da França, bem como com a força dos soldados de Simon de Montfort, que invadiu o sul dominado pelos albigenses e desmantelou suas fortalezas.
Devemos admirar tanto a mansidão quanto a coragem dos dominicanos daquele tempo, que empregaram as armas da persuasão pela palavra. Mas como os hereges — não tendo como replicar aos argumentos — passaram para a agressão física, chegou o momento da força. Os frades dominicanos se manifestaram como cruzados na extirpação daquela heresia irredutível. Caso contrário, ela poderia do sul da França expandir-se e tomar conta de todo o país, rompendo a unidade da Europa — como três séculos depois aconteceu com a heresia luterana que dilacerou o Ocidente.
Imaginem que, se atacada, a Igreja não tivesse se defendido… O erro teria penetrado em toda a França e contagiado outras nações. Houve tempo de falar e outro de lutar. Primeiro uma luta pela palavra — a tentativa de converter os hereges — depois uma luta utilizando a força. Cada etapa em seu tempo, segundo as normas da moral católica. E deu resultado!
É esse o admirável equilíbrio de todas as coisas que são verdadeiramente da Igreja. É esse o equilíbrio dos santos, de que a Igreja nos dá provas em todas as vidas dos santos. E é esse o equilíbrio que nós devemos admirar. Nada de moleza e covardia diante do adversário. Nada também de exacerbação. Tudo realizado com conta, peso e medida.
TFP — Uma analogia com fatos históricos
Termino esta exposição com uma analogia histórica com as circunstâncias do nosso tempo. Os membros da TFP1 percorrem as ruas de todas as cidades do Brasil, apresentam a doutrina católica e dão os argumentos com lógica e seriedade. Toda abordagem é feita com cortesia. Os transeuntes veem a beleza artística de nossas campanhas com as belas capas e estandartes rubro-áureos. O que acontece?
Nessas campanhas — por exemplo, contra a implantação no Brasil da reforma agrária socialista e confiscatória — os adversários não refutam nossos argumentos por meios lógicos. O que fazem? Usam a arma do debique, caçoando de nossas campanhas. Nós refutamos com o contra-debique. Eles partem para a agressão física, como ocorreu em algumas cidades. Nosso contra-ataque não poderia ser outro: a defesa pessoal, reagindo varonilmente às agressões. Agimos com toda prudência, mas com toda valentia que as circunstâncias exigirem. Tudo segundo os princípios da doutrina católica. É o estilo TFP de agir.
Aliás, a respeito escrevi um artigo publicado na Folha de S. Paulo,2 intitulado “Estilo”, no qual mostrei que é notório aos olhos de todos que os jovens da TFP — quer em atividades de propaganda, quer no trato da vida quotidiana — primam pela cortesia. Mas, se agredidos, eles sabem se defender com energia. No final do artigo, escrevi sobre a linha de conduta da TFP: “Um estilo de viver, de agir, e de lutar, que é a versão, em termos contemporâneos, do espírito do cavalheiro cristão de outrora. No idealismo, ardor. No trato, cortesia. Na ação, devotamento sem limites. Na presença do adversário, circunspeção. Na luta, altaneria e coragem. E, pela coragem, vitória”.
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Nossa Senhora fez de São Domingos de Gusmão o apóstolo do rosário, o fundador da Ordem dos Pregadores Dominicanos e da Inquisição, e, por excelência, um extirpador das heresias. Sua vida é um verdadeiro poema da luta contra os hereges. Ensinando o rosário e praticando a virtude da austeridade católica, trouxe de volta à Igreja incontáveis almas. Peçamos a ele uma alma ardente na defesa da fé, um horror a todas as heresias e uma ardente devoção ao santo rosário.
ABIM
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Notas:
1. A TFP — Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — foi fundada por Plinio Corrêa de Oliveira em 1960. Para conhecer mais a respeito, recomendamos o livro Um homem, uma obra, uma gesta, disponível no site: