quinta-feira, 10 de agosto de 2023

ANAM assinala Dia Internacional da Juventude com lançamento de manual de apelo à participação política dos jovens

 Albino Almeida: “Queremos mais jovens a surfar a participação social e política”
A ANAM (Associação Nacional das Assembleias Municipais) em parceria com a CVEL (Centro de Valorização dos Eleitos Locais) e a Cooperativa ValorGlocal, vai lançar online, a 12 de Agosto, mais uma publicação, desta vez de apelo aos jovens para a participação na vida activa política. A autoria é dos investigadores e académicos Luís Filipe Mota Almeida, Cláudia S. Costa, Noel Gomes, Hugo Ferrinho Lopes e Tânia Maia.
A cidadania ativa sempre fez parte do desígnio da ANAM, sendo a participação dos jovens no Poder Local Democrático, especialmente nas Assembleias Municipais, um dos compromissos da associação, agora materializado no manual que, segundo Albino Almeida, Presidente da ANAM, pretende “contribuir para o conhecimento e apelar à intervenção para a defesa da democracia, o melhor sistema para nos organizarmos social e politicamente”.
Sabendo que em metade dos municípios ainda não existe Conselho Municipal da Juventude, a ANAM apresenta esta publicação “com o objetivo de incentivar e qualificar a efetiva implementação deste órgão em todo o Poder Local”, de forma de assinalar o próximo Dia Mundial da Juventude, que se comemora a 12 de Agosto, “e de deixar mais uma marca ‘no dia seguinte’ ao sucesso das Jornadas Mundiais da Juventude em Portugal. Queremos mais jovens a surfar a participação social e política, que são suas por direito”, conclui.
 
João Paulo Correia, actual Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que assina o prefácio, destaca a importância da obra que “se assumirá como um forte contributo para a consolidação da literacia democrática dos jovens (…) porque a sua intervenção incute, naturalmente, inovação, contexto e perspetiva às dinâmicas sociais”. Destaca ainda os Conselhos Municipais da Juventude enquanto órgãos consultivos dos municípios, pois “permitem aos jovens, com toda legitimidade, atuarem, intervirem e ser parte dos processos de mudança”.
 
Por seu lado, Ferreira Ramos, em representação do CVEL e da ValorGlocal, afirma: “orgulhamo-nos desta obra, da autoria de uma nova geração de académicos que identificam questões – e respostas – para estes órgãos de poder local de participação, nomeadamente, os Conselhos da Juventude”.
 
Numa abordagem de perguntas concretas e respostas, o guia constitui um instrumento pedagógico, “um verdadeiro guia prático para a participação dos jovens na vida política municipal. Destina-se a jovens, mas é também um instrumento útil para todos os eleitos locais, em especial dos deputados municipais”, afirma Luís Filipe Mota Almeida, um dos autores das mais de 140 perguntas e respostas.
 
“Falar de instrumentos de participação política dos jovens é importante porque vários estudos nacionais e internacionais demonstram que os jovens votam menos e envolvem-se em menor grau em organizações convencionais como partidos e, em especial, juventudes partidárias; mas que simultaneamente acham que a democracia não pode nem deve acabar nas urnas, o que os leva a mobilizarem-se mais por novas causas e em torno de temas específicos e de estruturas não-hierarquizadas e não-tradicionais, como estas abordadas no livro”, conclui o autor.

Lucinda Gamito

Águeda | Serviço Municipal de Proteção Civil reforçado com duas novas Unidades Locais

 Município dispõe, agora, de quatro Unidades locais de Proteção Civil, que integram o dispositivo municipal ao dispor dos cidadãos
O Serviço Municipal de Proteção Civil acaba de ser reforçado com a criação de duas novas Unidades Locais de Proteção Civil (ULPC), uma na União de Freguesias de Préstimo e Macieira de Alcôba e outra na Freguesia de Macinhata do Vouga, ampliando para quatro o número de ULPC no concelho ao serviço dos cidadãos. A decisão foi tomada, ontem, em reunião da Comissão Municipal de Proteção Civil, que deu parecer positivo para a criação destas duas estruturas.
“Estas unidades reforçam o dispositivo operacional municipal, com a integração dos recursos, equipamentos e voluntários das associações locais de proteção civil, funcionando numa hierarquia de comando única e de uma forma estruturada e coordenada para servir cada vez mais e melhor a nossa população”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda.
As duas novas ULPC estão localizadas em zonas de mancha florestal de “grande importância dentro da geografia do Município”, representando uma mais-valia no apoio que podem prestar no âmbito da proteção civil municipal. Juntam-se às duas existentes (ULPC de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão; e ULPC de Valongo do Vouga), reforçando um quadro de dispositivos de proteção civil único no país, com o maior número de meios ao dispor, entre equipamentos, veículos de combate a incêndios e voluntários.
A lei estabelece os princípios norteadores de atuação das ULPC, nomeadamente os de coordenação e de comando, que exprimem, por um lado, uma articulação entre as unidades e o Serviço Municipal de Proteção Civil e, por outro, que todos os agentes atuam num plano operacional sob um comando único.
Assim, as ULPC, tuteladas pelas Juntas de Freguesia respetivas, estão, em termos operacionais, sob o comando dos Bombeiros Voluntários de Águeda, auxiliando-os, bem como toda a estrutura de proteção civil, com um “enorme entendimento, forte e coeso”.
Nestas ULPC estão integrados os meios e recursos (nomeadamente veículos e equipamentos, bem como o corpo de voluntários) das associações de proteção civil das duas freguesias, designadamente a ABARDEF – Associação da Barrosa em Defesa da Floresta e Associação Cultural e Recreativa dos Amigos do Casal, e a Associação de Proteção Civil de Macinhata do Vouga.
O corpo de voluntários das duas ULPC é um recurso, pelo conhecimento que detêm de toda a zona de influência das suas freguesias, do terreno de atuação e dos anos de serviço, “inestimável e que deve ser naturalmente aproveitado”. Agora, integrando as ULPC, estes voluntários fazem parte plena do dispositivo municipal e juntam-se a uma das maiores corporações do distrito, podendo ser treinados para, operacionalmente, funcionarem de forma articulada, estruturada e coordenada.

Ana Sofia Pinheiro

Juan Domingues com intervenção artística marcante no antigo reservatório de água. Arte urbana é “espaço de elevado potencial” em Cantanhede

 
O roteiro turístico-cultural de Cantanhede ganhou um novo local de paragem obrigatória. Trata-se do antigo reservatório de Cantanhede, equipamento inaugurado em 1937, que se tornou a “tela” da intervenção artística de Juan Domingues.
É um equipamento incontornável na história de Cantanhede, que nos convoca a todos para a necessidade de o conservar, valorizar e usufruir”, salientou a presidente da Câmara Municipal, Helena Teodósio, garantindo que “ao mesmo tempo que preservamos a sua memória, fomentamos uma consciência histórica local e promovemos Cantanhede enquanto destino cultural, patrimonial e histórico”.
Ao intervir na sessão de inauguração da obra, que reuniu largas dezenas de pessoas na rua Carlos de Oliveira, a autarca congratulou-se com o facto de esta intervenção artística ser protagonizada por um “profundo conhecedor dos nossos usos e costumes, que apesar de ter nascido a milhares de quilómetros de distância, se tornou um cantanhedense convicto há mais de três décadas”.
Intitulada Idem et idem, a obra “promove os atributos identitários de Cantanhede e acrescenta mais história à história deste antigo reservatório”. “A partir de agora, a história de Cantanhede também passa a ser contada através da arte urbana”, referiu a presidente do Município, considerando que “a arte urbana se assume como um espaço de elevado potencial, com uma forte componente contemporânea e democrática, no sentido em que é acessível a todos”.
Na sessão intervieram igualmente Juan Domingues, que antes de pormenorizar o guião seu trabalho, agradeceu ao Município de Cantanhede o desafio que lhe lançou, e Helena Pereira, diretora-geral e curadora da zet gallery, que destacou a busca incessante de Juan Domingues por desafios complexos. A gestora cultural deixou, também ela, um elogio à autarquia, pela total liberdade que deu ao artista na conceção da obra.
A inauguração contou ainda com momentos musicais protagonizados por Gabriel Santos e Sabrina Santos, Tiago Baptista, Rui Catarino e Tomás Baptista.

FEIRA MEDIEVAL DE SILVES JÁ TEM INGRESSOS À VENDA ONLINE

 Os ingressos para a Feira Medieval de Silves já estão à venda, podendo ser adquiridos online emem https://feiramedievaldesilves.bol.pt/  ou nos locais habituais (FNAC, Worten, El Corte Inglés, CTT Correios, Quiosques Serveasy, entre outros). Durante a Feira Medieval de Silves, os ingressos poderão, também, ser adquiridos nas bilheteiras do evento, entre as 18h00 e as 23h00.
Bilhete diário, espetáculos Noites do Oriente e Jogos de Guerra, pulseira livre-trânsito e Experiência Medieval são as tipologias de ingressos disponíveis.
Serão 11 dias repletos de animação, num ambiente e cenário únicos, constituídos pelo traçado peculiar do tecido urbano do centro histórico da cidade e pela imponência dos seus monumentos.
Dois torneios diários, um espetáculo no Castelo, uma dezena de pontos de animação fixos, animação itinerante, praças de tascas medievais, roupeiros, espaço educativo e lúdico dirigido aos mais novos (Xilb dos Pequenos), mais de duas dezenas de grupos de animação; um acampamento berbere com mercadores de produtos exóticos, ferreiros, carpinteiros e oleiros a trabalhar nos seus ofícios e as habituais experiências medievais são apenas alguns dos atrativos desta Feira Medieval de Silves, onde marcam presença mais de uma centena de expositores, entre artesãos, mesteirais, doçaria, místicos, mercadores e mouraria.
O Município de Silves convida todos a fazer parte desta grande festa do verão algarvio e a viver “A Mesquita, Símbolo e Poder”!
 
BILHETE DIÁRIO
Bilhete diário € 2,00
Bilhete diário com copo € 4,00
Bilhete grupo de entrada (5 pessoas) € 8,00
Bilhete gratuito crianças até 130 cm ou 9 anos (inclusive) para a venda online
 
ESPETÁCULOS
Noites do Oriente 5,00€ (só espetáculo)
Jogos de Guerra 5,00€ (só espetáculo)
Bilhete diário + Espetáculo (Noites do Oriente ou Jogos de Guerra) € 6,00
 
PULSEIRA LIVRE-TRÂNSITO
Pulseira de Livre Circulação (durante a Feira Medieval) 5,00€
 
EXPERIÊNCIA MEDIEVAL
Experiência Medieval (adulto) 60,00€
Experiência Medieval (criança até aos 10 anos) 30,00€

Feira de São Mateus está de regresso a Viseu

 ARRANCA HOJE MAIS UMA EDIÇÃO DA MAIOR FEIRA DA PENÍNSULA IBÉRICA
 
- Inauguração com a presença do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva 
- Serão 43 dias de festa com muita música: Giulia Be, Pedro Sampaio, Xutos e Pontapés, Mariza, Bárbara Tinoco, Calema, Carolina Deslandes, entre muitos outros artistas 
- Desporto, cinema, gastronomia e comércio tradicional também vão estar em destaque na programação
- Trata-se da 1ª Feira do país a receber a Certificação de evento sustentável
 A 631ª edição da Feira de São Mateus é inaugurada esta noite, pelas 21h00, com a presença do Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. Até dia 21 de setembro, a mais antiga feira da Península Ibérica tem tudo para oferecer, na cidade de Viseu, com propostas muito variadas, para todos os públicos e de todas as idades.  
 
Ao palco vão subir inúmeros artistas consagrados da música portuguesa e internacional. Entre os cabeças de cartaz, destaque para os brasileiros Giulia Be, que atua no dia 12 de agosto, e Pedro Sampaio, no dia 14. As apostas nacionais passam por Xutos e PontapésFernando Daniel; Os Quatro e Meia; Noble; Mariza; Calema; Slow JRichie Campbell; Pedro Abrunhosa e Comité Caviar; Carolina Deslandes; Marisa Liz; Toy; Bárbara Tinoco; Paulo Gonzo e os Hybrid Theory como Tributo aos Linkin Park, entre muitos outros artistas. Para as crianças, haverá dois mini espetáculos, no dia 20 de agosto: Masha e o Urso e A Ovelha Choné.
 
Haverá também uma forte aposta nas atividades desportivas, são mais de 45, com destaque para a 40ª Meia Maratona de Viseu, no dia 09 de setembro e numa versão noturna; o 25º Torneio Internacional de Andebol, entre os dias 18 e 20 de agosto; a Maratona de Cycling; o 2º torneio de Gaming da Feira de São Mateus e a 2ª edição do torneio de Padel.
 
O programa inclui, ainda, momentos de humor, com o “Viseu a Rir”, que leva ao palco Fernando Rocha e Gilmário Vemba, para além das habituais apostas na gastronomia e artesanato regionais.
 
A Feira associa-se também às celebrações dos 900 anos da atribuição do Foral a Viseu, que este ano se assinalam, com diversos momentos alusivos à data. Outra novidade passa pela atribuição do Certificado de Evento Sustentável, sendo a 1ª feira do país a receber este reconhecimento, que comprova o seu alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas para 2030. Esta Certificação levou à elaboração de um Plano de Ação para a Sustentabilidade, que contempla 53 medidas a implementar nas áreas da Governança e Economia, Sociedade e Cultura e Ambiente e Alterações Climáticas.  
 
Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu, acredita que esta “será mais uma edição marcada pelo sucesso e que trará milhares de visitantes até Viseu.  O facto de se associar à comemoração dos 900 anos do Foral, confere-lhe, também, uma singularidade especial, já que teremos a oportunidade de celebrar num espaço tão marcante, como é a Feira de São Mateus, uma data tão significativa para a cidade, como são os 900 anos da Carta do Foral, atribuído pela Rainha Dona Teresa”.
 
Também para Pedro Alves, presidente da Viseu Marca, esta “é mais uma edição da Feira de São Mateus que promete muitos momentos inesquecíveis, que permitirão continuar a criar muitas e boas memórias aos milhares de visitantes que contamos receber. Reunimos todos os ingredientes para que isso aconteça e, para além da programação e das inúmeras e variadas propostas, há essa novidade, este ano, relacionada com a Certificação de Evento Sustentável, sendo esta uma conquista muito importante de sublinhar”.

Nome de astrofísico português brilha no céu noturno

 Tem quase três quilómetros de diâmetro e demora quatro anos e meio a dar uma volta ao Sol. Falamos de 2001 QL160, ou melhor, do asteroide 32599 Pedromachado.
Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), foi homenageado pelo Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN) da União Astronómica Internacional (IAU), com a atribuição do seu nome a um asteroide. O anúncio foi feito na Conferência de Asteroides, Cometas e Meteoros, que decorreu em Flagstaff, no Arizona, EUA, e foi publicado no Boletim do WGSBN.
Pedro Machado é especialista em atmosferas planetárias, mas este é um reconhecimento pelo seu contributo noutro domínio de estudo do Sistema Solar: a deteção e caracterização de asteroides e outros objetos que se encontram para além da órbita de Neptuno, chamados transneptunianos. Em alguns casos, este trabalho cruza o estudo das atmosferas, pois envolve o estudo das regiões de transição entre a atmosfera e o espaço exterior, as chamadas exosferas, nas quais são perdidas partículas para o espaço.
“É uma honra inesperada e uma grande satisfação ver o meu nome na lista de novas nomeações de asteroides”, diz Pedro Machado. “Estou muito grato por este reconhecimento do meu trabalho pela comunidade científica.”
32599 Pedromachado orbita o Sol entre os planetas Marte e Júpiter, na região conhecida como Cintura de Asteroides. Foi descoberto em 2001 através do programa Lowell Observatory Near-Earth-Object Search (LONEOS), da NASA e do Observatório Lowell, para a deteção de objectos espaciais em órbitas próximas da Terra.
De acordo com o processo de denominação de objetos astronómicos, inicialmente foi-lhe atribuído um nome provisório, 2001 QL160, que inclui o ano da descoberta e letras e algarismos que indicam o dia do ano e a ordem da descoberta. Após a determinação da sua órbita de forma fiável, recebeu a designação definitiva de 32599, pelo Minor Planet Center da IAU. Só a partir desse momento pôde ser proposto um nome para este asteroide para avaliação pelo Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos.
Com esta atribuição, Pedro Machado junta-se aos também investigadores do IA, Nuno Peixinho (IA e Universidade de Coimbra) e Pedro Lacerda (Instituto Pedro Nunes e IA), que viram igualmente o seu trabalho reconhecido com a atribuição dos seus nomes aos asteroides 40210 Peixinho e 10694 Lacerda.
 
 
Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço

Investigadores desenvolvem robô e jogo inclusivos para brincar e aprender

 A investigadora do Interactive Technologies Institute, Ana Cristina Pires, apresentou recentemente o projeto TACTOPI numa conferência internacional, um trabalho desenvolvido em colaboração com Hugo Nicolau, também do Interactive Technologies Institute, e com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
O TACTOPI é um ambiente multissensorial inovador concebido para revolucionar a robótica inclusiva e lúdica para crianças com capacidades visuais mistas. A recente investigação já demonstrou o potencial do TACTOPI na promoção de comportamentos inclusivos, na melhoria das competências sociais, cognitivas e motoras, bem como na promoção do desenvolvimento positivo entre as crianças. O TACTOPI combina interação tangível e a presença de um robô amigável para criar uma experiência lúdica imersiva e inclusiva para crianças com habilidades visuais mistas.
Esta solução tecnológica consiste num conjunto de cartas de desafio, cada uma representando uma missão de navegação associada a um oceano e a um animal em vias de extinção. O jogo inclui cartões com tecnologia NFC, um desenho em relevo do animal ameaçado de extinção, contraste visual para ajudar a detetar os contornos dos elementos e braille. Além disso, as crianças podem colocar o cartão numa “pedra mágica” para ouvir o respetivo desafio.
Uma das descobertas mais significativas da investigação é o impacto positivo da interação tangível do TACTOPI nas experiências de jogo. “Ao incorporar objetos físicos e superfícies interativas, o TACTOPI permite que as crianças explorem, manipulem e interajam com o seu ambiente de uma forma acessível e envolvente”, explica Ana Cristina Pires. Esta abordagem prática melhora suas habilidades motoras e promove o desenvolvimento cognitivo e habilidades de resolução de problemas.
Além disso, o estudo destaca o papel crucial da robótica lúdica na educação inclusiva. A presença de um robô amigável dentro do ambiente TACTOPI atua como um mediador, incentivando a colaboração, a tomada de turnos e a empatia entre as crianças. A atividade fomenta relações sociais positivas e promove comportamentos inclusivos, criando um ambiente onde as crianças com capacidades visuais mistas podem prosperar e interagir com os seus pares.
Os investigadores concluíram que o TACTOPI tem potencial para ser usado em ambientes de educação inclusiva, como escolas e museus, e destacaram a importância de projetar tecnologias inclusivas que considerem a diversidade das necessidades e preferências das pessoas. Para compreender os benefícios a longo prazo do TACTOPI, a equipa de investigadores planeia continuar a monitorizar longitudinalmente os resultados da sua abordagem.
 
Interactive Technologies Institute é um centro de investigação dedicado ao avanço da tecnologia digital e das suas aplicações em várias áreas, explorando a relação entre as pessoas e as tecnologias digitais. O seu objetivo é projetar cuidadosamente sistemas e serviços interativos inovadores que harmonizem as relações entre os seres humanos, o meio ambiente e a tecnologia, promovendo um futuro sustentável, inclusivo e esteticamente atraente para todos.
 
Daniel da Costa Ribeiro
Interactive Technologies Institute
 APImprensa

O céu de agosto de 2023

 Logo no dia 1, ocorre é uma “super” lua cheia. Esta é a designação dada a uma lua cheia que coincide quase em simultâneo com o perigeu, o ponto da órbita em que está mais próxima da Terra. Devido à diferença de distâncias, o tamanho aparente de uma “super” Lua cheia é até 13% maior do que o da Lua no apogeu (ponto de maior afastamento da Terra).
Já os planetas gigantes gasosos, continuam a nascer cada vez mais cedo. No início do mês, Saturno nasce por volta das 22h15 e Júpiter quase à uma da manhã. No fim de agosto, Saturno já está visível ao anoitecer, enquanto Júpiter nasce cerca das 23h00. No dia 3, a Lua passa a 7 graus de Saturno e no dia 8 passa a apenas 3 graus de Júpiter.
No dia 9, Mercúrio atinge a maior elongação, isto é, vai estar o mais afastado possível do Sol e o mais alto no céu, ao anoitecer. Mas mesmo no maior afastamento, este planeta nunca está muito longe do Sol (ou não fosse o planeta mais próximo da nossa estrela) – às 21h00 Mercúrio está virado a Oeste, cerca de 7 graus acima do horizonte.
Na noite de 12 para 13 de agosto, ocorre o pico da “chuva” de meteoros das Perseidas, uma das maiores “chuvas de estrelas” do ano. As Perseidas tipicamente têm até 100 meteoros visíveis por hora (em céus escuros) e são ricas em “bolas de fogo” (meteoros maiores e mais brilhantes).
Como este ano a Lua está num fino minguante, que nasce apenas às 03h30, vai valer a pena ir para locais escuros ver os meteoros passar. Mesmo nas cidades, onde a poluição luminosa corta o número de meteoros visíveis para, em média, apenas 10%, certamente dará para ver alguma bola de fogo a cruzar o céu. A melhor altura para ver as Perseidas será antes do amanhecer.
Dia 16 é dia de lua nova e dia 18, um fino crescente estará 3 graus à direita de Marte e 5 graus acima de Mercúrio. Mesmo assim, ver Mercúrio só mesmo para os mais atentos, já que às 21h00 estará apenas 2 graus acima do horizonte, desaparecendo 13 minutos depois.
Dia 24, a Lua atinge o quarto crescente e passa a apenas 3 graus da estrela Antares, o coração do Escorpião. Antares deriva de Anti-Ares, sendo Ares era o deus grego da guerra, a quem os romanos chamavam Marte, ou seja, Antares é o rival de Marte. O nome deve-se ao facto de ambos os astros parecerem estrelas avermelhadas, que rivalizam no céu.
Dia 27, o planeta Saturno atinge a oposição, isto é, vai estar completamente oposto ao Sol, no céu, o que indica que atingiu o perigeu. Neste dia, o planeta atinge o pico de brilho de todo o ano, com uma magnitude de 0,4, um brilho semelhante ao da estrela Procyon, a mais brilhante da constelação do Cão Menor e a oitava mais brilhante do céu.
No dia 30, a Lua passa a 3 graus de Saturno e no dia seguinte, um fenómeno raro – uma Lua Azul! Mas não se deixem enganar, porque a Lua não muda mesmo de cor. “Lua Azul” é apenas a designação para a segunda lua cheia no mesmo mês. Como o período entre duas luas cheias consecutivas é de 29 dias e meio, uma Lua azul só pode acontecer quando a primeira lua cheia ocorre nos dias 1 ou 2 do mês e a segunda nos dias 30 ou 31. Em média, uma Lua Azul ocorre a cada dois anos e meio.
Mas esta é ainda mais rara, pois é também uma das “super” luas cheias de 2023. Ou seja, a 31 de agosto de 2023 teremos uma “Super” Lua Azul, algo que só volta a ocorrer em 2037.
Boas observações.
Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)
 APImprensa


Terá este exoplaneta um “irmão” que partilha a mesma órbita?

 Com o auxílio do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), os astrónomos descobriram o possível “irmão” de um planeta que orbita uma estrela distante. A equipa detectou uma nuvem de detritos que pode estar a partilhar a órbita deste planeta e que se acredita ser formada pelos blocos constituintes de um novo planeta ou os restos de um planeta já formado. A ser confirmada, esta descoberta corresponderá à evidência mais concreta encontrada até à data de que dois exoplanetas podem partilhar uma mesma órbita.
Há duas décadas, a teoria previa que pares de planetas de massa semelhante poderiam partilhar a mesma órbita em torno da sua estrela, os chamados planetas troianos ou co-orbitais. Agora, e pela primeira vez, parece que encontrámos indícios concretos que favorecem esta teoria“, disse Olga Balsalobre-Ruza, estudante de doutoramento no Centro de Astrobiologia em Madrid, Espanha, que liderou o estudo publicado hoje na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.
Os troianos, corpos rochosos na mesma órbita de um planeta, são comuns no nosso próprio Sistema Solar [1], sendo o exemplo mais famoso os asteróides troianos de Júpiter – mais de 12 000 corpos rochosos que se encontram na mesma órbita em torno do Sol que o gigante gasoso. Os astrónomos previram que os troianos, em particular os planetas troianos, poderiam também existir em torno de outras estrelas que não o nosso Sol, mas as provas da sua existência têm sido escassas. “Até agora, os exotroianos (planetas troianos exteriores ao nosso Sistema Solar) têm sido uma espécie de unicórnios, ou seja, apesar da teoria permitir que existam, nunca foram detectados“, disse o co-autor Jorge Lillo-Box, investigador no Centro de Astrobiologia, em Madrid.
Agora, com o auxílio do ALMA, do qual o ESO é um parceiro, uma equipa internacional de cientistas descobriu a mais forte evidência observacional encontrada até à data de que os planetas troianos podem, de facto, existir no sistema PDS 70. Esta jovem estrela é conhecida por albergar dois planetas gigantes, semelhantes a Júpiter, PDS 70b e PDS 70c. Ao analisar observações ALMA deste sistema, retiradas do arquivo científico, a equipa detectou uma nuvem de detritos no local da órbita de PDS 70b onde se espera que existam planetas troianos.
Os troianos ocupam as chamadas zonas lagrangeanas, duas regiões extensas na órbita de um planeta onde a atração gravitacional combinada da estrela e do planeta pode reter material. Ao estudar estas duas regiões da órbita de PDS 70b, os astrónomos detectaram um sinal ténue vindo de uma delas, o que poderá indicar que uma nuvem de detritos com uma massa até cerca de duas vezes a da nossa Lua existe nesse local.
A equipa acredita que esta nuvem de detritos possa indicar a presença de um mundo troiano existente neste sistema ou mesmo a de um planeta em processo de formação. “Quem poderia imaginar dois mundos que partilham a duração do ano e as mesmas condições de habitabilidade? O nosso trabalho apresenta a primeira evidência de que tais mundos poderão existir“, diz Balsalobre-Ruza. “Podemos imaginar facilmente um planeta a partilhar a sua órbita com milhares de asteróides, como é o caso de Júpiter, mas para mim é extraordinário pensar que dois planetas ou mais possam partilhar a mesma órbita“.
O nosso trabalho de investigação é um primeiro passo no sentido de procurarmos planetas co-orbitais muito jovens, ou seja, muito cedo desde a sua formação“, diz a co-autora Nuria Huélamo, investigadora no Centro de Astrobiologia de Madrid. “Este trabalho levanta novas questões sobre a formação dos troianos, como é que estes objetos evoluem e quão frequentes serão em diferentes sistemas planetários“, acrescenta Itziar De Gregorio Monsalvo, Diretora do Gabinete de Ciência do ESO no Chile, que também contribuiu para este trabalho de investigação.
Para confirmar sem margem de dúvida esta detecção, a equipa terá de aguardar até 2027, altura em que utilizará o ALMA para investigar se tanto o PDS 70b como a sua nuvem de detritos “irmã” se deslocam em conjunto de forma significativa ao longo na sua órbita em torno da estrela, o que “corresponderia a um enorme avanço no campo dos exoplanetas“, diz Balsalobre-Ruza.
O futuro deste tópico é muito excitante e aguardamos com expectativa as capacidades mais alargadas do ALMA, planeadas para 2030, as quais melhorarão drasticamente a capacidade da rede para caracterizar troianos em muitas outras estrelas“, conclui De Gregorio Monsalvo.

Observatório Europeu do S