Díli, 10 mai
(Lusa) - O antigo Presidente moçambicano Samora Machel vai ser condecorado, a
título póstumo, no próximo dia 20 de maio, pelo Presidente da República
timorense com o Grande-Colar da Ordem de Timor-Leste.
O decreto
presidencial que confirma a decisão, a que a Lusa teve acesso, destaca o papel
de Samora Machel como "e verdadeiro irmão do povo timorense" e alguém
que desde o início "ficou sensibilizado com a causa do povo timorense e
manifestou decisivamente o apoio total de Moçambique à luta do povo
timorense".
"O Marechal
Samora Moisés Machel foi um visionário corajoso e determinado, não havendo
barreiras que o impedissem de defender o direito inalienável do povo de
Timor-Leste à sua autodeterminação, direito este que uma vez reposto tornaria a
libertação uma realidade", refere o decreto.
"Para ele,
'enquanto Timor-Leste não se tornasse um país independente, a independência de
Moçambique não seria completa'", recorda o texto.
O decreto de
Taur Matan Ruak destaca ainda "a solidariedade prestada pelo povo
moçambicano", sob a direção de Samora Machel, aos povos do Zimbabué, da
Namíbia e da África do Sul, o que "resultou na libertação destes três
povos irmãos (...), um precioso contributo à Humanidade".
A Ordem de
Timor-Leste pretende "demonstrar o reconhecimento de Timor-Leste por
aqueles, nacionais e estrangeiros, que, na sua atividade profissional, social
ou, mesmo, num ato espontâneo de heroicidade ou altruísmo, tenham contribuído
significativamente em benefício de Timor-Leste, dos timorenses ou da
Humanidade".
A lista de
condecorados este ano inclui vários portugueses e australianos, um jornalista
norte-americano, uma cidadã indonésia e um moçambicano.
Com o Colar da
"Ordem de Timor-Leste" é condecorado o padre Elígio Locatelli, um
missionário salesiano italiano que vive em Timor-Leste há mais de meio século.
Com o grau de
Medalha da "Ordem de Timor-Leste" são condecorados, Carlos Gaspar,
investigador e ex-conselheiro de Jorge Sampaio, o cantor Luis Represas e a
comandante Patrícia Alexandra Costa Gaspar, da Proteção Civil.
Estão também
entre os condecorados deste ano o vice-almirante António Silva Ribeiro,
diretor-geral da Autoridade Marítima e comandante-geral da Polícia Marítima
portuguesa, e Arnaldo José Ribeiro da Cruz, presidente do Serviço Nacional de
Bombeiros e Proteção Civil (SNBPC).
Também
condecorado, entre os lusófonos, está o secretário executivo da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Isaac Murargy, e dois luso-timorenses,
os párocos João Felgueiras e José Alves Martins.
Serão ainda
condecorados o padre Leão da Costa, Antero Benedito da Silva, Xisto Martins e
Maria Manuela Leong Pereira.
Na lista de
condecorados incluem-se a organização Hobart East Timor Committee, o jornalista
norte-americano Arnold S. Kohen, o ativista australiano Robert Anthony Hanney e
o ex-senador australiano Bob Brown.
São ainda
reconhecidos a ex-parlamentar trabalhista australiana Jean McLean, responsável
da Australia East Timor Association e a trabalhista Meredith Anne Burgmann,
ex-presidente do New South Wales Legislative Council.
A título
póstumo, vão ser condecorados os jornalistas Brian Peters, um dos cinco
jornalistas mortos em Balibo em outubro de 1975, e Kevin Sherlock, o
documentalista apaixonado por Timor-Leste e que reuniu, até à sua morte, um dos
maiores arquivos sobre o país, nomeadamente do período de colonização
portuguesa.
Com a Insígnia
da "Ordem de Timor-Leste" é condecorado Carlos Pereira de Lemos,
antigo cônsul honorário de Portugal em Melbourne e muito ativo no apoio à
comunidade timorense naquela cidade.
A lista inclui
ainda a cidadã indonésia Titi Irawati, ativista e jornalista que integrou o
movimento anti-Suharto, na indonésia, lutando depois pela liberdade de imprensa
e em defesa de outros presos político, tendo trabalhado desde 1999 com a
organização timorense Yayasan HAK, em Díli.
ASP // VM
Publicada por
TIMOR AGORA