A
sala de leitura de adultos da Biblioteca Municipal de Cantanhede
acolheu, ao fim da tarde de sábado, 20 de novembro, um grande
recital de canto e piano que encerrou o colóquio dedicado ao autor
gandarês. Carla Simões, soprano, e Carolina Figueiredo,
mezzo-soprano, duas extraordinárias cantoras líricas deram voz às
letras de Carlos de Oliveira, por meio de temas musicados por
Fernando Lopes Graça, acompanhadas ao piano por Ricardo Martins.
O
tema do recital foi “Canções
de Fernando Lopes-Graça, sobre textos de Carlos de Oliveira”,
durante o qual estes extraordinários artistas interpretaram Canto
da Paz; Terra e Céu; Mãe Pobre; Três Cantares - 1. O viandante; 2.
Cantiga dos cravos; 3. Canção da jorna; Músicas Fúnebres -
Perpétua para a campa de Carlos de Oliveira (instrumental); Os
burlescos e os burlados e
Livre.
Foi
um momento de enorme elevação artística pela exímia qualidade das
interpretações, num registo musical bastante peculiar como é a
própria música de Fernando Lopes-Graça, concretizado num contexto
também muito especial, que não é alheio o facto de se realizar na
sala de leitura, no meio dos livros, da literatura, encerrando com
chave de ouro, o colóquio que reuniu diversos académicos e
estudiosos da obra de Carlos de Oliveira, também na Biblioteca
Municipal – “Carlos de Oliveira, uma escrita tatuada”.
Tratou-se,
sem dúvida, de um recital notável, repleto de significado artístico
e de grande beleza, que por meio da expressão musical veio
abrilhantar as Comemorações do Centenário do Nascimento de Carlos
de Oliveira, em cumprimento do vasto e eclético programa que
proposto pelo Município de Cantanhede.
Sobre
Carla Simões, Soprano
Natural
de Lisboa
estreou-se
nos palcos como Pamina,
em A
Flauta Mágica,
e tem vindo a desenvolver um vasto repertório operático de onde se
destacam outros papéis Mozartianos como Donna
Anna
(Don
Giovanni),
Fiordiligi
(Così
fan Tutte),
Cherubino
(Les
Nozze di Fígaro),
Clarice
e
Lisetta
(Il
Mondo della Luna,
Avondano), Nora
(Riders
to the Sea,
Vaughn Williams), Condessa
Ernesta (As
Damas Trocadas)
e Rosina
(O
Basculho da Chaminé)
de Marcos Portugal, Norina
(Don
Pasquale)
e Rita
de
Donizzeti, Paride
e
Pallade
(Paride
ed Elena,
Glück), Peppa
(A
Vingança da Cigana)
e Albina
(A
Saloia Enamorada)
de Leal Moreira, Crobyle
(Thaïs,
Massenet), Anna
(Nabucco,
G. Verdi), Juliette
(Romeo
et Juliette,
Gounod), IV
Mägd
(Elektra,
R. Strauss), Mercédès
(Carmen,
Bizet) e Mrs.
Gobineau (The
Medium,
Menotti) entre outros.
Sob
a direção de prestigiados Maestros nacionais e estrangeiros,
trabalhou com agrupamentos musicais de referência, como a Orquestra
Sinfónica Portuguesa, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Sinfonietta
de Lisboa ou a Orquestra da Fundação Calouste Gulbenkian, marcando
presença em numerosos festivais culturais e nos mais importantes
palcos nacionais como o Teatro Nacional de S. Carlos, Teatro
Municipal de S. Luiz, Teatro Nacional de S. João, Grande Auditório
da Fundação Calouste Gulbenkian, Grande Auditório do Centro
Cultural de Belém, entre outros.
Recebeu
o 2.º
Prémio Voz Feminina no Concurso Nacional de Canto Luísa Todi,
em 2011, e tem sido convidada para a estreia de vários trabalhos de
compositores contemporâneos.
A
sua versatilidade vocal permitiu-lhe também integrar o elenco do
Musical Sweeney
Todd,
de S. Sondheim, no papel de Johanna,
em cena durante três meses no Teatro Aberto, com direção de João
Paulo Santos e encenação de João Lourenço.
Foi
recentemente lançado o seu primeiro registo fonográfico, como
solista, com a ópera Il
Mondo della Luna de
Avondano, gravada pela primeira vez e ao vivo, para a editora Naxos
no Teatro Thalia, em setembro de 2017.
Sobre
Carolina Figueiredo, Mezzo-Soprano
Formou-se
em Canto na Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa em
2005, trabalhando hoje regularmente com Manuela de Sá. Participou de
masterclasses com Susan Waters, Lucia Mazzaria e Tom Krause, e ainda
de diversos projetos da rede ENOA. Integrou o Coro Gulbenkian entre
1998 e 2011.
Colabora
hoje como solista com grandes coros e orquestras nacionais, tendo-se
apresentado nalgumas das mais conhecidas obras de reportório.
Participou
das estreias modernas de obras de compositores portugueses como
Quatro
Absolvições
de
Bomtempo, Magnificat
e Missa
a 4 vozes de António Leal Moreira, Te
Deum e
Missa
em Fa
de Francisco António de Almeida.
Nos
palcos do Teatro Nacional de S. Carlos, Fundação Gulbenkian, CCB e
Teatro D. Maria II integrou o elenco de Eugene
Onegin
(Tchakovsky) - Condessa Lárina; Roméo
et Juliette
(Gounod) - Gertrude; La
Traviata
(Verdi) - Annina; Madama
Butterfly
(Puccini) - Kate Pinkerton; L’enfant
et les sortilèges
(Ravel) - Maman, Tasse
Chinoise
e Libellule
-; Beaumarchais (Pedro Amaral) - Condessa Rosina; Der
Zwerg
(Zemlinsky) - 3ª Camareira; Dialogues
des Carmelites
(Poulenc) - Mère Jeanne.
Apresenta-se
também regularmente em recitais de música barroca e romântica,
acompanhada ao órgão ou piano, sendo convidada, igualmente, por
diversos agrupamentos de música de câmara. Destaca-se a
participação no certame dos Dias da Música 2019, num recital a
solo sob o tema de Shakespeare. Protagoniza regularmente produções
de música contemporânea, de compositores como Carlos Marecos, Jorge
Salgueiro e Hugo Ribeiro, cujas obras estreou e gravou.
Sobre
Ricardo Martins,
Piano
Começou
os seus estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa, em 1998,
com Manuel Fernandes. Nesta fase dos seus estudos, foi laureado com
uma bolsa de estudos da Livraria Barata e foi finalista para uma
bolsa de estudos da Yamaha
Music Foundation of Europe.
Entre
2004 e 2008, frequentou a licenciatura em piano na Escola Superior de
Música de Lisboa, estudando com Jorge Moyano. Mais tarde,
reingressou na Escola Superior de Música de Lisboa para o mestrado
em ensino da música, com supervisão de Jorge Moyano e Miguel
Henriques, com “Leitura à primeira vista ao piano” como tema de
dissertação.
Ricardo
Martins tocou em masterclasses
com
alguns dos melhores músicos da Europa, participou em workshops
para
correpetidores, recitativo acompanhado, e direção (inserido nos
cursos da European Network of Opera Academies).
Como
acompanhador e correpetidor, participou em várias produções de
ópera, destacando-se Ohneama,
de João Gilherme Ripper, com Marcelo de Jesus e o Coro do Teatro
Nacional de São Carlos (2016), para o festival Terras sem Sombra, e
Die
Zauberflöte (2017-2018)
e Don
Giovanni (2018-2019)
de Mozart, para o Atelier de Ópera da Orquestra Metropolitana de
Lisboa, com encenação de Jorge Vaz de Carvalho e direção de Pedro
Amaral. Trabalhou também com o Teatro Nacional de São Carlos e o
maestro Graeme Jenkins na produção de Alceste,
de
Gluck, com encenação de Graham Vick, para a temporada 2018-2019.
Ensaia
frequentemente com o Coro Gulbenkian como acompanhador. Como
instrumentista convidado, participou em vários concertos com a
Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, e Orquestra
Sinfónica Portuguesa.
Leciona
como acompanhador e professor de piano na Escola de Música Nossa
Senhora do Cabo, mantendo em paralelo a sua atividade como
acompanhador e correpetidor freelancer.
Como
solista, participou em recitais em várias salas de concerto, como o
Museu Nacional da Música e o Auditório CGD do Instituto Superior de
Economia e Gestão.