sábado, 3 de junho de 2017

Eu, Psicóloga: Psicologia: tenho vocação?


“Meu jovem amigo que pensa em ser terapeuta, se você sofre, se seus desejos são um pouco (ou mesmo muito) estranhos, se (graças à sua estranheza) você contempla com carinho e sem julgar (ou quase) a variedade das condutas humanas, se gosta da palavra e se não é animado pelo projeto de se tornar um notável de sua comunidade, amado e respeitado pela vida afora, então, bem-vindo ao clube: talvez a psicoterapia seja uma profissão para você”.Contardo Calligaris


Você é um bom ouvinte? Da bons conselhos para os seus amigos? Seus pitacos sobre porque alguém fez algo normalmente acabam se mostrando certos? Se sim, então você provavelmente já ouviu alguém lhe dizer que “você seria um bom psicólogo” ou “você leva jeito para a psicologia.” Entretanto, muitas vezes, a visão que as pessoas tem sobre o que é a psicologia e o que é preciso para ser um bom psicólogo não será um bom guia para você descobrir se leva jeito para a coisa. Um estudante que quiser se graduar em psicologia e se tornar um profissional vai precisar de muito mais do que bons pitacos e um bom ouvido, embora essa parte do corpo seja essencial.

Seguem abaixo cinco características que eu considero importantes para alguém que planeja se aventurar nos mares agitados da psicologia brasileira.


Coragem

Para começo de conversa, você precisa ser uma pessoa corajosa e honesta consigo mesma para reconhecer que gostaria de fazer psicologia, e mais corajosa ainda para contar aos seus pais! Eu já passei por isso, não foi fácil. Afinal de contas, o sonho deles é, em geral, ter um(a) filho(a) médico(a) ou advogado(a). Eles querem que os filhos agarrem os empregos que oferecem a maior estabilidade financeira e status social disponíveis na nossa sociedade, e quando ouvem o(a) filho(a) dizendo que quer ser um(a) psicólogo(a) já pensam que ele(a) passará fome e talvez até fique doido(a).

Mas não adianta, algumas pessoas simplesmente não conseguiriam ser felizes sendo médicos ou advogados e a maioria dos pais se sentem convencidos quando percebem que os seus filhos estão sendo sinceros. Alguns de nós querem entender porque as pessoas fazem o que elas fazem, porque elas pensam o que pensam ou querem ajudar os outros a lidarem com seus problemas psicológicos – e talvez se entender um pouco melhor no meio do caminho. Existem milhões de pessoas como estas ao redor do mundo trabalhando em universidades, consultórios e empresas, fazendo um trabalho que as tornam felizes e de estômago cheio (por mais que você dificilmente se torne um bilionário ganhando apenas o que um psicólogo ganha).

Curiosidade

Todos gostaríamos de poder entender melhor os outros e a nós mesmos. A vida poderia ser muito mais fácil se conseguíssemos entender porque as pessoas com as quais convivemos fazem coisas ruins às vezes ou porque nós nos sentimos exageradamente angustiados em uma determinada situação. A diferença da maioria das pessoas para as que se tornarão ou se tornaram psicólogas é que entender o ser humano não é só um desejo, é algo que nos move, às vezes profundamente.

A curiosidade pelo ser humano é poderosa dentro de nós e faremos questão de estar atualizados sobre o que se entende deste assunto atualmente. Se possível, tentaremos contribuir para a construção deste conhecimento com pesquisas nossas ou usaremos estes conhecimento para ajudar as pessoas a aliviarem os seus sofrimentos. O que importa é o barato de olhar para trás daqui há um tempo e saber que você está lidando no seu trabalho com um dos objetos mais complexos que a ciência já se dispôs a entender e que é um grande privilégio fazer parte deste grupo de pessoas curiosas.

Amar Gostar de ler

Gostar é pouco, você precisa amar ler (ou pelo menos estar disposto a começar a amar)! Esteja disposto a perder muitas e muitas horas da sua vida… lendo. Sim, você lerá muito, vai cansar de ler às vezes, vai querer rasgar o seu livro… mas, no fim do dia, talvez você perceba o quanto valeu a pena ler. Nem todas as leituras serão ótimas, fáceis, bem escritas e realmente informativas, mas algumas delas podem mudar a sua visão de mundo. Algumas delas podem te trazer conhecimentos que você nunca imaginaria por si só e que poderão ser úteis a você no seu dia-a-dia. Algumas delas farão você querer nunca ter tido um olho para ser obrigado a ler aquilo, mas outras farão você se sentir privilegiado de estar vivendo em uma época em que nós, seres humanos, fomos capazes de entender um aspecto tão particular e interessante de nós mesmos. Alguns textos te tornarão uma pessoa mais humilde e compreensiva com os outros, pois te farão perceber o quanto o ser humano é falível e imperfeito, embora também seja tão flexível e admirável. Se você está com preguiça de continuar lendo esse texto, mas deseja fazer psicologia, aqui fica a dica: leia este e todos os outros textos deste blog, assim como de muitos outros, pois você precisará ser um leitor afiado e não terá descanso!

“Senso crítico”

Do primeiro ao último dia de aula, um aluno de graduação em psicologia no Brasil é bombardeado com professores, ideias e teorias que, quando juntas, podem não fazer muito sentido. As abordagens adotadas na psicologia são notoriamente hostis umas com as outras se comparado com o que ocorre em outras ciências, como a biologia e a física. Não será difícil para um graduando aprender algo em uma aula e, em uma outra aula, aprender algo contraditório com o que foi ensinado antes. Trava-se uma batalha política silenciosa dentro de muitos institutos de psicologia em universidades brasileiras, onde os alunos são a munição da batalha.

Cada grupo luta pela sua expansão e os alunos são persuadidos todos os semestre, por diferentes professores, a pensarem coisas quase opostas sobre o que é a psicologia, como ela deveria ser feita e até mesmo sobre o que é “ser crítico.” Não há regra de ouro sobre como lidar com estas ambiguidades, mas o que vale aqui é nunca se acomodar com uma única visão das coisas e sempre rever as suas opiniões. Conhecer as diferentes perspectivas, as suas vantagens e limitações é o único antídoto disponível (não totalmente eficaz). E quando alguém lhe disser o que você deve pensar para estar sendo “realmente crítico,” desconfie disso também. Se você quer ser um psicólogo, é melhor começar a saber conviver com a incerteza constante e a suspender seus julgamentos indefinidamente sobre várias coisas.

 Cabeça aberta

A psicologia não é um curso para qualquer um. Você será exposto ao que entendemos atualmente sobre o ser humano, e isso nem sempre será agradável ou coerente com as suas crenças. O importante é você entrar no curso desde o começo com a cabeça aberta, disposto a rever as suas ideias e talvez mudá-las se achar necessário. O machismo, o preconceito racial e a homofobia são alguns exemplos de influências sociais que, sem notarmos, moldam a maneira como percebemos o mundo e agimos com os outros. Na psicologia, você aprenderá que muitas destas visões são questionáveis e prejudicam a vida de milhares de pessoas. Em suma, não importa o quão tradicional ou moderno você seja, provavelmente você precisará rever noções básicas e, novamente, suspender seus julgamentos indefinidamente sobre diversas coisas ou mudar seus julgamentos.

O que há de bom então?

Talvez até aqui tenha parecido que eu só falei de coisas que dão trabalho na psicologia, que são difíceis de lidar e de entender. Se você quer dedicar pelo menos 5 anos da sua vida a algo, eu acho que seria bom saber onde você está entrando e das dificuldades que você poderia enfrentar (que são muitas). Nem sempre as coisas serão fáceis, nem sempre serão tão difíceis, mas há algo na psicologia de especial. Nós somos as pessoas privilegiadas que tem o maior acesso ao conhecimento disponível atualmente sobre o ser humano. Isso pode ser muito útil e divertido se você vive em um planeta habitado por seres humanos – afinal de contas, nós somos os especialistas do ser humano em um planeta cheio de humanos.


Nós podemos usar nossos conhecimentos no dia-a-dia para ajudar as outras pessoas e a nós mesmos. Nós podemos participar ativamente e diretamente da construção deste conhecimento ou ajudar várias pessoas a viverem vidas mais dignas e felizes. Um psicólogo sempre tem o potencial de fazer a diferença na vida de muitas pessoas, às quais ele nunca irá conhecer pessoalmente. Isso não significa que as outras áreas da ciência não possam contribuir para a qualidade de vida das pessoas, mas nós temos uma contribuição especial e particular para oferecer que as outras não serão capazes de oferecer. Eu espero que, daqui há um tempo, querer ser um psicólogo seja visto por pais como algo “bonito” e digno. Eu acho que escolhi uma profissão muito bonita, inspiradora e intrigante. Desde que eu comecei o meu curso, não houve uma semana na qual eu tenha acordado sem pensar em como eu gosto de fazer o que eu faço, sem pensar em como seria insuportável estar fazendo o que as pessoas gostariam que eu fizesse na época em que eu precisei escolher este curso. Ser um psicólogo pode não ser sinônimo de ser rico, simpático ou famoso, mas pode ser a profissão sem a qual você passaria o resto da vida se perguntando “e se…?”

* Debora Oliveira

Eu, Psicóloga: Saiba como enfrentar os primeiros dias sem cigarro





Cartilha da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) ensina três passos para adquirir e manter novos hábitos de saúde

A euforia das primeiras horas sem fumar pode se transformar em pesadelo se não houver um preparo psicológico do fumante para enfrentar a situação. Veja abaixo três passos para melhorar a adaptação à nova realidade.

PRIMEIRO PASSO: NOVOS HÁBITOS

Em casa:

Ao se levantar, faça de três a cinco respirações profundas.
Após as refeições, escove os dentes imediatamente e evite tomar café, opte por chás leves.
Em vez de ver TV, caminhe, vá ao cinema, telefone para amigos.
Ao atender o telefone, segure um copo com água ou uma caneta.
Peça que os outros fumantes da casa não fumem no ambiente doméstico.
Ao ler um livro ou ouvir música, tenha à mão um suco ou coquetel de frutas.

No trabalho:

Ao tentar se concentrar, faça várias respirações profundas.
Durante as pausas, saia ao ar livre, circule, leia uma revista.
Ao receber um telefonema, tenha uma caneta ou lápis na mão.
Em momentos de estresse, respire, tente aliviar sua agenda de atividades por alguns dias.

Em seu tempo livre:

Peça aos amigos fumantes que não fumem na sua presença ou saia com amigos que não fumam.
Evite ambientes sociais onde seja permitido fumar.
Em vez de só sair para beber com amigos, vá ao cinema, ao teatro ou a um museu.

SEGUNDO PASSO: FAXINA GERAL

Jogue fora cinzeiros, isqueiros e outros objetos relacionados ao consumo de tabaco.
Visite o dentista e faça uma limpeza.
Lave lençóis, fronhas, cortinas e carpetes.
Limpe os tapetes e estofados de seu carro.

TERCEIRO PASSO: OBSERVE OS BENEFÍCIOS

Com a lipeza do organismo, o ex-fumante percebe mais agilidade e menos cansaço ao subir um lance de escada, a tosse diminui, os alimentos passam a ter mais sabor e perfume, há melhora do equilíbrio, da audição e da hidratação da pele, por exemplo, que parece rejuvenescer. Além disso, o risco de ter câncer de pulmão, infarto ou bronquite crônica começa a diminuir imediatamente e as chances de recuperação de doenças relacionadas ao tabaco aumentam a cada dia.

Algumas pessoas ganham peso, é verdade, mas em parte porque comem mais ou devido a alterações transitórias em seu metabolismo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), após um ano sem fumar, o aumento médio de peso fica entre 2kg e 4kg. Para evitar essa bagagem extra, prefira alimentos com baixas calorias; se sentir necessidade de ter algo na boca, use balas ou chicletes dietéticos ou cristais de gengibre; beba bastante água que, além de saciar, ajuda a limpar o corpo da nicotina; e pratique exercícios.

Caso não consiga parar sozinho, procure um grupo de apoio ouvimos psicólogo para tratamento.

Das ruínas da basílica, bombeiros tiram íntegra imagem de São Bento

Luis Dufaur (*)
 
 

Imagem de São Bento resgatada intacta de cripta 
esmagada pelos escombros da basílica que ruiu em terremoto
Quase cinco meses após o terremoto que devastou o centro da Itália e arrasou a famosa basílica de São Bento em Núrsia, construída no local onde nasceu o Patriarca do Ocidente, um grupo de bombeiros ingressou nas ruínas e resgatou, assombrosamente intacta, uma imagem do padroeiro da Europa.
Com o terremoto do dia 30 de outubro de 2016, nas regiões italianas de Úmbria e Marche, só a fachada dessa basílica ficou em pé, e mesmo assim em estado periclitante. Todo o resto virou entulho, do qual foram salvas algumas peças artísticas. O ingresso, inclusive à cripta, ficou interditado, por grave perigo de novos desabamentos.
Os bombeiros italianos no momento que removem a imagem da cripta em ruínas
 
No dia 21 de março de 2017, na festa do Trânsito de São Bento, alguns bombeiros internaram-se nas profundezas dos restos, chegando pela primeira vez até a antiga cripta sepultada pelos escombros. E com admiração encontraram a estátua de bronze do santo, que se sabia que estivera ali, constatando estar ela incrivelmente íntegra. Conseguiram resgatá-la em bom estado de preservação.
Foi nessa cripta que, segundo a tradição, nasceram São Bento e sua irmã Santa Escolástica. O prefeito de Núrsia, Nicola Alemanno, sublinhou que “o incrível é que nessa capelinha completamente destruída, uma pequena estátua de São Bento permaneceu em pé”.
Na praça principal, diante da basílica arruinada, o prior da comunidade beneditina de Núrsia, P. Benedicto Nivakoff,  agradeceu ao “nosso padroeiro [que] nos salvou a vida”, porque “é um milagre nós não termos morrido em 30 de outubro enquanto rezávamos no interior da basílica”.
O prefeito da cidade disse outra coisa surpreendente: “Todos os monumentos ficaram danificados, exceto as estátuas de nosso santo protetor”. A referência especial é à famosa estátua de mármore do santo, que se ergue isolada no centro da praça principal da cidade. Ela permanece inabalada, diante da basílica destruída e do prédio da prefeitura gravemente danificado.
A grande estátua de São Bento incólume na cidade em ruínas

Embora alta e com apenas um pedestal, ela permaneceu impávida e íntegra, de um modo considerado “milagroso”.

          ( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM

FIM-DE-SEMANA | SAUDADES DE UMA BANHOCA NO ATLÂNTICO


Expresso Curto ao sábado, por Martim Silva. E porque não? Vamos lá à obra que os carcanhõis do tio Balsemão! Impresa sustenta. É o Expresso, aqui e agora.

Pode acreditar que vale a pena documentar-se com esta prosa do autor já citado e que nos serve a cafeína. Tem por onde escolher, como está na mostra ou montra. Entrevistas em barda. Cá dentro e lá fora. Está tudo explicadinho a seguir. Por cá é Rui Moreira o entrevistado, vale ver, ler e saber interpretar as palavras ditas. Comvém saber também descodificar umas quantas frases. É que Rui Moreira pode muito bem entrar pelo cano e sair numa qualquer sargeta da Banharia ou assim desses modos. É que não conseguir a tal maioria absoluta que ferventemente deseja é muito difícil sem o PS nos seus pelotões. E aí é que a porca pode vir a torcer o rabo e borrar os que estiverem a jeito de levar com os efeitos do aspersor anal a que chamam rabo mas que é ânus da chafurdoca, do reco. O rabo é outra coisa ali naquele corpo, é a cauda. Pois.

Com brevidade vamos lá aos venezuelanos dos Açores e da Madeira, entre outros. Portugueses mas venezuelanos, principalmente retornados por via da agitação que por lá vai. Parece que chegam muito agastados com os chavistas. E que esses são os males dos males que por ali está a acontecer… É sempre o mesmo. Salazar vive nesta gente. Mas então não será que a culpa das culpas são os EUA e o Reino Unido que estão a ensaiar na América Latina mais uma primavera da desgraça a exemplo daquilo que foi concretizado com a tal “primavera árabe” também da grande desgraça? E porque não apontam o dedo a esses? E porque não escrevem ao Obama (a “coisa” vem dos tempos dele) ou vão até aos EUA manifestar-se, protestando com as ingerências de socapa que os EUA fazem pelos países latino-americanos cujas políticas não estão de acordo com os ditames estadunidenses?  Pois é. Adiante que se faz tarde.

Só para terminar antecipamos que no final vai deparar-se com ilegalidades nas apostas no… futebol. Referem a Irlanda. Pois.  Mas afinal as batotas andam por todo o lado, no futebol e em quase tudo. Há sempre uns coirões que são desonestos e já lhes está no ADN. Pois. São tantos que nem fazemos aqui constar exemplos. E é em tudo, não só no jogo. Aspergidos pela tal porca é o que mereciam. Todos os dias. Até perderem o vício de serem vigaristas. Até o Passos Coelho merecia esse tratamento. Podia ser que se curasse e passasse a ter alguma decência e utilidade.

Bom dia. Bom fim-de-semana. Está fresco para a praia. Os friorentos gostam dos 27 aos 30 graus centigrados e só estão 21 de máxima. Hoje e amanhã. Depois os deuses darão outras temperaturas mais quentinhas. Boas para o mergulho. Aaaah, uma banhoca no Atlântico. Que saudades!

MM | PG

Rui Moreira, Sérgio Moro, George Steiner e Mario Monti

Entrevistas marcantes no Expresso desta semana

Bom dia,
A edição desta semana do Expresso é daquelas que tem uma história para contar. Quando pensamos no jornal, procuramos um equilíbrio entre notícias, grandes entrevistas, histórias que marcam. Tentamos planeá-lo o melhor que podemos. Mas por vezes a realidade ultrapassa-nos. Em benefício do leitor. Não tínhamos pensado ter tantas entrevistas numa só edição. Mas a oportunidade colocou-se, temo-las, e elas valem muito a pena. Do grande pensador europeu George Steiner, ao ex-primeiro-ministro italiano Mário Monti, ao autarca do Porto Rui Moreira e ao juiz brasileiro que tem em mãos o caso Lava-Jato Sérgio Moro.
Estes são alguns dos meus destaques.

1. EMIGRANTES NA VENEZUELA
Com o agudizar da delicadíssima situação política na Venezuela, a situação dos portugueses, e dos luso-descendentes de segunda e terceira geração, torna-se um problema muito grande. Já há muitos a regressarem para a Madeira, de onde é originário o maior contingente emigrado há décadas naqueles país sul-americano. Na edição desta semana contamos-lhe todos os desenvolvimentos políticos e diplomáticos e o que está a ser feito e previsto nesta matéria, sobretudo se a situação ainda se agravar mais. Além disso, temos uma reportagem no Funchal, intitulada “A minha herança é a nacionalidade portuguesa”. Começa assim: "A vida era boa em Maracay antes da falta de comida, antes daquela luta cega nas filas e tudo por causa de pacote de esparguete ou um quilo de arroz. Os vizinhos deixaram de se respeitar, ninguém queria saber se roubava o lugar a um velhinho, a uma pessoa numa cadeira de rodas ou uma mulher com filho pequeno. Yamilet Pestana, 35 anos, mistura o português com o castelhano enquanto lembra os últimos tempos na Venezuela, o desespero para alimentar o filho recém-nascido e como tudo ficava pior a cada dia que passava."

2. RUI MOREIRA EM ENTREVISTA
Outro destaque desta semana é a entrevista a Rui Moreira. O presidente da câmara do Porto tem estado muito presente nas notícias, pelo romper do acordo com o PS, mas sobretudo pelo caso Selminho, a empresa da família que tem relações e negócios e litígios com a autarquia portuense. Este é um tema que queima e que pode ter consequências. Na conversa com a Isabel Paulo e o Valdemar Cruz, Moreira garante que não existe qualquer conflito de interesses e que nunca tomou qualquer decisão que beneficiasse a família. Curiosa é a forma como este independente que varreu as últimas eleições se define politicamente: “Sou portuense… No plano social, em tudo o que que são as minhas preocupações, considero-me seguramente uma pessoa de esquerda. Não sou é jacobino”.

3. MULHERES MUTILADAS
Em Portugal há seis mil vítimas de excisão. Uma prática criminosa que se realiza sobretudo fora do país. O Expresso encontrou o primeiro caso feito na Grande Lisboa.

"Idrissa é uma jovem franzina que aparenta ter menos que os 14 anos que a mãe garante ter cumprido. Adora tirar selfies e pintar as unhas com as amigas. Mas vive entre os hábitos de uma adolescente da Grande Lisboa e a tradição da família, oriunda da Guiné-Bissau, de etnia fula. Apesar de ainda não ter noção, o corte que há cinco anos lhe fizeram no clítoris irá marcar-lhe a vida."

4. ENTREVISTA A SÉRGIO MORO, O JUÍZ DO LAVA-JATO
“Não há risco de retrocesso democrático no Brasil”. Quem o diz é o juiz Sérgio Moro, que esta semana esteve em Portugal a participar nas Conferências do Estorial e deu uma entrevista exclusiva ao Expresso.

O principal rosto da Operação Lava-Jato, de 44 anos, fez tremer os alicerces da democracia brasileira ao investigar centenas de políticos e empresários e tocou, até agora, em três Presidentes, Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer. Tranquilo, estabelece logo os limites da conversa: “Não posso falar de casos pendentes nem tenho condições para abordar questões políticas.” Mas falou de tudo, só nunca referiu o nome do mega-processo que o tornou célebre.

5. APOSTAS ILEGAIS NO FUTEBOL

No Desporto, destaque para a história sobre apostas ilegais. As autoridades irlandesas investigam suspeitas de apostas ilegais em jogo do Athlone Town, equipa irlandesa por onde já passaram dois treinadores portugueses esta época. Gestor português próximo do clube garante que nada sabe sobre resultados manipulados. Guarda-redes que esteve em Portugal debaixo do radar. Outra vez.

TIMOR-LESTE | Presidente promulga regime jurídico de titularidade de terras


O Presidente da República timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, promulgou o regime jurídico de titularidade de terras depois do Tribunal de Recurso não se ter pronunciado pela inconstitucionalidade do diploma, informou a presidência em comunicado.

Depois de vários anos de impasse Timor-Leste passa assim a ter um novo regime especial para a definição da titularidade dos bens imóveis, essencial para começar a definir toda a complexa arquitetura da posse da terra em Timor-Leste, onde convivem títulos herdados de várias administrações mais usos costumeiros.

Trata-se de um diploma, explica Lu-Olo no comunicado, que "assegura a segurança da população, do Estado e de todos aqueles que têm direito à terra".

Uma versão inicial do regime que foi preparada pelo IV Governo constitucional foi vetada em 2012 pelo chefe de Estado, José Ramos-Horta, tendo este ano o Parlamento Nacional remetido uma proposta revista da lei.

O anterior Presidente Taur Matan Ruak tinha solicitado em abril a fiscalização preventiva da respetiva constitucionalidade ao Tribunal de Recurso que não se pronunciou pela inconstitucionalidade do texto.

Taur Matan Ruak tinham suscitado "dúvidas de constitucionalidade, entre outras, o equilíbrio do sistema das normas relativas ao reconhecimento dos diferentes títulos de propriedade anteriores, a articulação do regime especial de definição dos primeiros títulos de propriedade com o regime geral e as condições de acesso ao Direito e aos Tribunais na definição da propriedade da terra".

O texto, que agora vai ser publicado em Jornal da República, foi aprovado a 06 de fevereiro pelo Parlamento Nacional timorense.

A versão final foi alvo de quase 30 propostas de alteração em sede de comissão da especialidade, num debate intenso entre os representantes das bancadas parlamentares.

Vários elementos da proposta de lei tinham suscitado alguma polémica entre as forças com representação parlamentar, especialmente em torno de aspetos como a titularidade de direitos secundários de terras e propriedades.

Um processo complicado dada a natureza do impacto dos vários sistemas no país: direito costumeiro e tradicional, a administração colonial portuguesa, a ocupação indonésia, a administração transitória da ONU e o período pós-independência.

Entre as soluções está o reconhecimento de direitos anteriores adquiridos validamente "durante precedentes administrações", criando ainda a figura dos "direitos informais de propriedade, com vista a corrigir as injustiças praticadas antes da independência de Timor-Leste, devido à falta de formalização de direitos".

O acesso à terra é garantido de duas formas: "por um lado, através da criação do Cadastro Nacional de Propriedades, permitindo-se o surgimento de um mercado de bens imóveis seguro e transparente; por outro lado, através da clarificação dos bens pertencentes ao domínio do Estado".

O diploma prevê também critérios para a resolução de disputas e o princípio da compensação quando exista "duplicidade de direitos".

A lei reconhece ainda a propriedade comunitária e cria a figura das zonas de proteção comunitária, aspetos que serão aprofundados em legislação posterior.

A lei aprovada pelo Parlamento foi posteriormente remetida ao Presidente da República para promulgação.

Lusa | Notícias ao Minuto

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE TIMOR-LESTE


Um olhar sobre os resultados eleitorais dos partidos políticos timorenses

As próximas eleições parlamentares em Timor-Leste estão previstas para 22 de Julho de 2017, com a possível participação de mais de 30 partidos políticos e coligações, e com a cláusula de barreira eleitoral situada nos 4%, ou seja, os partidos políticos que queiram eleger pelo menos dois deputados terão que obter nas eleições legislativas que se avizinham os votos de cerca de 28 mil eleitores, um número muito acima do que estava estipulado em 2012 em que a cláusula de barreira se situava nos 3%. Em 2007 a eleição de deputados implicava a obtenção de 2% dos votos e em 2001, ano das eleições para a Assembleia Constituinte, não havia cláusula de barreira.
País marcado pelas tradições

Todos sabemos que os eleitores votam em função de diversas motivações. No caso de Timor-Leste, por ser um país fortemente marcado pelas tradições, a importância da orientação do voto familiar tem muita relevância visto que o Chefe de Aldeia ou o Chefe de Suco (conjunto de aldeias) assumem um papel peculiar e podem determinar o sentido do voto.

Os factores de ordem ideológica também tem sido considerados na decisão da opção de voto, com destaque para o eleitorado detentor de formação político-ideológica e que se identifica com valores de esquerda, próximos dos partidos que defendem doutrinas socialistas, ou com valores mais à direita, assentes em teorias sociais-democratas ou do domínio da democracia cristã.

Principalmente em zonas mais remotas, em que a vivência da população ainda faz recordar um pouco as sociedades feudais, o carisma do líder partidário também é basilar e orienta o comportamento do eleitorado timorense, havendo, igualmente, motivações de ordem mais subjectiva, quiçá menos nobre, em que o voto é negociado com promessas dos políticos, muitas vezes nunca cumprida.

Análise do comportamento do eleitorado timorense

Independentemente de serem umas ou outras razões a determinar o sentido de voto, sob o ponto de vista político e sociológico, em tempos de eleições legislativas, é interessante analisar qual tem sido o comportamento do eleitorado timorense desde as eleições para a Assembleia Constituinte em 2001, passando pelas eleições parlamentares de 2007, e de 2012, e identificar quais são os partidos políticos e coligações que perdem eleitorado, os que são regulares e os que têm ganho eleitores.

As eleições para a Assembleia Constituinte, totalmente supervisionadas pelas Nações Unidas (UNTAET), foram realizadas em 2001 para o preenchimento de 75 assentos no Parlamento Nacional para aprovação da Constituição, em que concorreram 16 partidos políticos, quase todos eleitos, na opinião de alguns políticos timorenses, um plano adoptado pelas Nações Unidas para evitar turbulência social e política.

2001

Partidos participantes nas eleições para a Assembleia Constituinte em 2001


Partido
Nº de Votos
Percentagem
Nº de Assentos
1
Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN)
208,531
57,37
43
2
Partido Democrático (PD)
31,680
8,72
7
3
Partido Social Democrata (PSD)
29,726
8,18
6
4
Associação Social Democrata (ASDT)
28,495
7,84
6
5
União Democrática Timorense (UDT)
8,591
2,36
2
6
Partido Nacionalista Timorense (PNT)
8,035
2,21
2
7
Klibur Oan Timor Asuwain (KHUNTO)
7,735
2.13
2
8
Partido do Povo de Timor (PPT)
7,322
2,01
2
9
Partido Democrata Cristão (PDC)
7,181
1,98
2
10
Partido Socialista de Timor (PST)
6,843
1,78
1
11
Partido Liberal (PL)
4,013
1,10
1
12
União Democrata Cristão de Timor (UDC/PDC)
2,413
0,66
1
13
Associação Popular Democrática de Timor Pró-Referendum (APODETI Pró-Referendum)
2,181
0,60
0
14
Partido Trabalhista Timorense (PTT)
2,026
0,56
0
15
Partido Democrático República de Timor (PARENTIL)
1,970
0,54
0
16
Partido Democrático Maubere (PDM)
1,788
0,49
0
Total de votos válidos
363,501
94,60

Total de votos inválidos
20,747
5,40

Total de votantes




Nas eleições de 2001, em que participaram 384,248 eleitores, a Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN) foi de longe o partido político mais votado com 208,531 votos, seguindo-se muito abaixo, o Partido Democrático (PD), o Partido Social Democrata (PSD), a Associação Social Democrata (ASDT), a União Democrática Timorense (UDT), o Partido Nacionalista Timorense (PNT), o Klibur Oan Timor Asuwain (KHUNTO), o Partido do Povo de Timor (PPT), o Partido Democrata Cristão (PDC) e o Partido Socialista de Timor (PST), os dez partidos mais votados de um total de dezasseis formações políticas.

2007

Em 2007, com a participação de catorze partidos políticos e com 426,210 de eleitores, o Conselho Nacional da Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) concorreu às eleições pela primeira vez e provocou a diminuição abrupta de votos da FRETILIN que passou para 120,592 votos. Netas eleições registou-se uma subida do PD de 31,680 para 46,946 votos, tendo também o PNT subido na sua votação de 8,035 para 10,057.

Partidos participantes nas eleições legislativas de 2007


Partido
Nº de Votos
Percentagem
Nº de Assentos
1
Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN)
120,592
29,02
21
2
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT)
100,175
24,0
18
3
Coligação ASDT-PSD
65,358
15,73
11
4
Partido Democrático (PD)
46,946
11,3
8
5
Partido Unidade Nacional (PUN)
18,896
4,55
3
6
Aliança Democrata (KOTA-PPT)
13,294
3,20
2
7
União Nacional Democrática da Resistência Timorense (UNDERTIM)
13,247
3,19
2
8
Partido Nacionalista Timorense (PNT)
10,057
2,42
0
9
Partido Democrático República de Timor (PDRT)
7,718
1,86
0
10
Partido Republicano (PR)
4,408
1,06
0
11
Partido Democrata Cristão (PDC)
4,300
1,03
0
12
Partido Socialista de Timor (PST)
3,982
0,96
0
13
União Democrática Timorense (UDT)
3,753
0,90
0
14
Partido Mileniun Democrático (PMD)
2,878
0,69
0
Total de votos válidos
415,604
97,51

Total de votos inválidos
7,970
1,87

Total de votos em branco
2,636
0,62

Total de votantes
426,210
100,00
65

2012

Nas eleições parlamentares realizadas em 2012 participaram vinte e um partidos políticos e coligações, tendo-se registado um total de 471,418 votos válidos (97,64%), e o partido que obteve mais votos foi o CNRT, com 46,15%, o equivalente a 30 assentos no Parlamento Nacional.

Em segundo lugar ficou a FRETILIN, com 38,46%, o correspondente a 25 lugares no Parlamento, na terceira posição ficou o PD, com direito a oito assentos (12,31%), e em quarto lugar a FRENTE-MUDANÇA, com dois assentos (12,31%).

O KHUNTO (2,93%), o PST (2,41%) e o PSD (2,15%), os partidos seguintes mais votados, não elegeram nenhum deputado devido à subida da cláusula de barreira para os 3%.

Uma análise comparativa das eleições legislativas de 2007 e da disputa eleitoral em 2012 permite verificar que os partidos que mais cresceram foram o CNRT, considerado o maior partido timorense, que aumentou em 72,734 o número de votos (passou de 100,175 para 172,909) e o PST, um dos partidos políticos timorenses respeitado por ter um posicionamento ideológico coerente, que cresceu 7,397 votos (3,982 passou para 11,379 votos). O PD também cresceu entre 2007 e 2012, tendo alcançado mais 1633 votos (46,946 para 48,579).

Partidos participantes nas eleições legislativas de 2012


Partido
Votos
Nº de Assentos (65)
1
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT)
172,909
30 (46.15%)
2
Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN)
140,904
25 (38.46%)
3
Partido Democrata (PD)
48,579
8 (12.31%)
4
Frente de Reconstrução Nacional de Timor-Leste (FRENTE-MUDANÇA)
14,648
2 (3.08%)
5
Kmanek Haburas Unidade Nasional Timor (KHUNTO)
13,872
0 (2,93%)
6
Partido Socialista de Timor (PST)
11,379
0 (2,41%)
7
Partido Social Democrata (PSD)
10,158
0 (2,15%)
8
Partido Desenvolvimento Nacional (PDN)
9,386
0 (1,99%)
9
Associação Social Democrata Timorense (ASDT)
8,848
0 (1,80%)
10
União Nacional Democrática da Resistência Timorense (UNDERTIM)
7,042
0 (1,49%)
11
União Democrática Timorense (UDT)
5,332
 0 (1,13%)
12
Partido Republicano (PR)
4,274
0 (0,91%)
13
Coligação PLPA/PDRT
4,011
0 (0,82%)
14
Associação Popular Monárquica Timorense (APMT)
3,978
0 (8.84%)
15
Partido Unidade Nacional (PUN)
3,191
0 (0,68%)
16
Bloku Proklamador (PMD / PARENTIL)
3,125
0 (0,66%)
17
Aliança Democrática (KOTA /Trabalhista)
2,622
0 (0,56%)
18
Partido Timorense Democrático (PTD)
2,567
0 (0,54%)
19
Partido Democrático Liberal (PDL)
2,223
0 (0,47%)
20
Partido Desenvolvimento Popular (PDP)
1,904
0 (0,40%)
21
Partido Democrata Cristão (PDC)
887
0 (0,19%)
Total de votos válidos
471,418
97,64%
Total de votos em branco
2,931
0,63%
Total de votos inválidos
8,443
1,75%
Total de votantes
482,792
100,00%
  
2017

Para as eleições legislativas de 2017, em termos de cenários a considerar, para além dos sinais de crescimento verificados nas eleições de 2007 e de 2012 do CNRT, do PD e do PST, há mais três partidos que também têm implantação, em especial a FRETILIN, mas também o KHUNTO, a FRENTE-MUDANÇA e o PSD. Regista-se igualmente alguma expectativa derivada do facto de terem nascido novos partidos políticos, caso do Partido de Libertação Popular (PLP), e o surgimento de novas coligações partidárias.