sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Morreu Amal: a menina que ‘abriu os olhos’ para a fome no Iémen

Amal foi fotografada pelo The New York Times
Foi uma das fotos que mais chocou as redes sociais, e abriu muitos olhos para a situação no Iémen: uma criança faminta, esquelética e deitada numa cama de hospital. Amal, cuja fotografia foi publicada no The New York Times, morreu esta quinta-feira. A menina de sete anos não resistiu ao estado de subnutrição.
Segundo o The New York Times, Amal encontrava-se num campo de refugiados com a família, no Iémen. “O meu coração está partido. Amal estava sempre a sorrir. Agora estou preocupada com os meus outros filhos", confessa a mãe da menina, Mariam Ali.
O jornal norte-americano publicou a fotografia da menina na semana passada e, desde esse momento, a família tem recebido cartas e vários apoios para conseguir ultrapassar a situação. No entanto,os apoios não foram os suficientes para que Amal fosse ajudada a tempo.
Fonte:ionline
Comentário: os cabeçudos dos governantes deste mundo misero não têm olhos para ver o que acontece, nem coração que sente esta miséria provocada pelas guerras que ajudam a manter?
Pode não haver dinheiro para sustentar quem é vítima das barbaridades, atrocidades praticadas, enquanto que, para armamento há aos milhões.
J. Carlos

À Lupa | A celebridade e a glória

J. Carlos *

Vamos lá reflectir um pouco neste tema. As duas grandes seduções para muitos. A primeira pode alcançar-se num momento feliz. Ou até num instante de fatalidade.
Uma acção que dê brado, um acto que desperte entusiasmo público, um escrito de agrado geral, um pequeno nada que chame atenção das turbas, ou até mesmo um crime, que revolte a alma popular, qualquer deles pode tornar um homem célebre, da noite para de manhã, e bastantes conseguem essa espécie de celebridade.
A glória, essa mais lenta, mais solene, mais majestosa, só se conquista com a consagração universal, e esta, geralmente, só depois da morte.
Às gerações futuras pertence, pois, conferi-la, mas raros são os bafejados por ela. Por isso a celebridade pode beneficiar, em vida, o seu eleito, enquanto a glória deixará morrer ao abandono a sua vítima.
A primeira é susceptível de perder-se com a facilidade e a celebridade com que se alcança, ao passo que a segunda poderá perdurar pelos séculos e pelas gerações, mas já sem proveito algum para a pessoa gloriosa. Qual das duas é a preferível? Os espíritos ligeiros preferirão a primeira , mas as almas graves e profundas, amarão a última.
A celebridade é feita de fogos de vista, irisados e ruidoso; a glória é forjada em bronze e tem ressonâncias de tempestade.
Os que sabem olhar para o presente, são os homens práticos, triunfadores na hora que passa; os que encaram o futuro são os idealistas e sonhadores, imolados aos caprichos do destino.
O ruído dos primeiros passará como o vento; o silêncio dos segundos poderá vir a ressoar pelo mundo, longamente e sem fim.
A glória é uma gentil donzela que a muitos seduz, mas que a poucos se entrega.
Quem lê a imprensa diária, principalmente as revistas da fofoquice depara-se com celebridades sem conta a viverem uma glória passageira, de aparências, sempre presentes nos manjares, com cargas de snobismo doentio. Assim vai esta sociedade, este mundo.


*Director


Ano Europeu do Património: O “sonho” (?) da celebração do 160.º aniversário da Ponte Pênsil da Trofa

Ano Europeu do Património: O “sonho” (?) da celebração do 160.º aniversário da Ponte Pênsil da Trofa
Chegados a meados do século XVIII, e sendo já muito reduzida a importância da Ponte da Lagoncinha- pelo aumento do tráfego e devido à grande volta que o traçado da velha estrada romana obrigava- surge, então a utilização de Barca(s) para a travessia do rio Ave, (a várias centenas de metros a sul da referida ponte da Lagoncinha). 
As primeiras notícias sobre a(s) Barca(s), surgem em 1837, logo após a formação do concelho de Santo Tirso. Em sessão da Câmara Municipal de 7 de Abril desse ano, era posta em praça a arrematação da cobrança da passagem da Barca da Trofa e do Barquinho de Chaves. Essa travessia fazia-se no sítio um pouco a montante do Vau (lugar de S. Tiago de Bougado), que veio, por tal facto, a ser conhecido como o lugar…da Barca. No início, talvez só uma, depois duas, por força do movimento que as exigia e finalmente três as barcas que asseguravam a travessia do rio e mantinham a ligação entre os dois troços de estrada Porto-Braga. A propósito, o abade de S. Tiago de Bougado, Dr. Tomás Barbosa Sousa Vieira, viria a responder ao inquérito para preparação do Dicionário Geográfico do Porto, referindo desta forma:”…A qual ponte (da Lagoncinha) há muitos anos a esta parte pouca serventia tem, e se carece muito de outra que se passar no dito rio Ave, no lugar da Barca da Trofa, que fica na freguesia de S. Martinho de Bougado, vizinha desta, aonde com grande trabalho e perigo de vida, tendo morrido algumas pessoas afogadas, se dá passagem em 3 barcas, ao correio e povo que vem de Lisboa, Porto e outras partes, fazendo esta estrada direita por esta freguesia…”
Após a ponte de Estreu…eis que finalmente, em 1858, surge a construção da “bela” Ponte Pênsil (da Barca) da Trofa….
As obras da ponte Pensil iniciaram-se em Outubro de 1853, tendo sido concluída e posta ao serviço do trânsito no ano de 1858, celebrando-se este ano de 2018 o 160º aniversário da sua edificação.
Napoleão de Sousa Marques, em” Cidade da Trofa-Duas comunidades , um só Povo”.refere a certo passo´…Sobre a novidade do desenho e estrutura desta formosa ponte pênsil e das suas dimensões, leia-se o que disseram os seus autores, os insignes engenheiros Garcês e Calheiros, num opúsculo:-Adoptamos a forma de torres, depois de muito pensar nas mais adequadas às colunas de suspensão e de combinarmos tal assunto com o sr. Engenheiro fiscal por parte do governo e directores da companhia:- vão da ponte, 85,38 m, determinada por conseguinte a flecha de cabos, que é de 6,567 m fixada fica em 7,567, a altura das mesmas colunas, igual àquela flecha. E mais, a do estrado da ponte, e a altura da primeira liga… Cada um dos cabos de suspensão tinha o comprimento de 133m e era formado por um conjunto de 355 fios, obrigando a sua execução a 12 dias de trabalho de um mestre arameiro, um contra-mestre, cinco oficiais e cinco serventes…”
Tinha 4 torreões que semelhavam torres de menagem.

José Augusto Vieira, no “Minho Pitoresco” refere-se à Ponte Pensil da Trofa “…a natureza parece teve o prazer em rodear dos mais belos encantos de paisagem, escolhendo entre os quadros formosíssimos do Ave, um que não desdourasse a concepção artística do homem para emoldurar esta jóia, por ela trabalhada”
O escritor Alberto Pimentel descreve , no seu estilo peculiar, uma viagem do Porto a Braga, em diligência:
“…Esta ponte (a pensil) desperta agradáveis recordações a todos quantos viajaram na antiga mala-posta d’aquela Companhia (a Viação Portuense), desde o Porto a Braga.

Partia-se do Porto às 11 horas da noite, saindo da rua Entre-Paredes e rodava-se pela Batalha e rua Santa Catarina até ganhar o largo de Aguardente, que era nesse tempo o limite povoado da cidade.
Depois entrava-se em pleno campo, sempre por entre arvoredo, fazendo-se a primeira paragem na Carriça, onde o Silva, um homem forte e ancho, sempre de jaqueta, chapéu redondo na cabeça, vendia aos passageiros uma água de castanhas, a ferver, convencionalmente denominada café.

Após breve demora, segue-se para a Trofa, onde a aparição da esbelta ponte do Ave era sempre saudada com alegria pelos viajantes, não só porque a luz da manhã começara a sorrir na paisagem, mas também porque se aproximava Vila Nova de Famalicão, onde uma nova paragem dava tempo a almoçar bifes e ovos. 
Era certo que faltava ainda atravessar a Terra Negra, na freguesia de Ribeirão, concelho de Vila Nova(hoje Famalicão), lugar povoado de tradições sinistras de salteadores e assaltos, coisa que já se perdia na noite dos tempos, mas que não deixava de ser ainda um pesadelo para os passageiros mais tímidos, especialmente as senhoras…”
Tal como aconteceu com a ponte de Estreu, também o signo em que havia nascido a Ponte Pensil, não foi nada famoso. É que, segundo alguns técnicos da altura “ à elegância e beleza da obra” pareceu não corresponder “ à sua solidez”, a começar pelo piso, cuja segurança ia diminuindo na razão inversa do aumento do trânsito, E esta, de ano para ano, era o que se via!…” (José Pereira da Silva, em S. Martinho de Bougado “Esboço de uma Monografia”).
Muito perto da demolição desta ponte (em 1932), o Quinzenário “ Trofense” na sua edição de 8 de Março de 1931 “revoltava-se” contra a demolição “criminosa” que estaria prestes a acontecer, nestes termos:
“A interessante e conhecida ponte Pensil da Trofa parece estar condenada a ser substituída por outra em cimento armado. Lamenta-se que o camartelo demolidor venha roubar-nos uma obra monumental, que é o orgulho da nossa terra, porque a conhecida ponte Pensil da Trofa é única em Portugal e das maiores da Europa, no género. E sendo assim, porque não há-de ser isto um monumento nacional? Porque privar o País inteiro de uma obra tão exótica que todos contemplam e admiram?”

Será que haveria outras razões por detrás desta“demolição” e posterior demolição? Terá sido por “inveja” de alguns e o “aproveitamento” da situação da segurança por outros? 
Segundo refere Napoleão de Sousa Marques na sua obra. Cidade da Trofa, Duas comunidades …um só povo. “… as pedras foram numeradas e codificadas para erguer, de novo em terras do Alto Minho, sobre o rio Vez, afluente do Lima”,… mas desconhece-se o paradeiro das ditas pedras, assim como da ponte restaurada… 
E a nova ponte, de cimento armado, seria inaugurada em 1935…
E o “sonho” transformou-se em pesadelo. Ontem… como hoje, os trofenses parece estarem votados a lamentar-se “ad eternum” pela destruição de pedaços da sua História. 
Fonte: onoticiasdatrofa

Cancro: passado, presente e futuro em debate

A assinalar os 50 anos da sua constituição, o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro organiza as Jornadas "50 Anos no Centro da Luta Contra o Cancro". A decorrer de 15 a 17 de novembro de 2018, no Hotel Tryp em Coimbra, as Jornadas contam com participação de especialistas nacionais e europeus, perspetivando a promoção de uma reflexão crítica sobre a doença oncológica e o seu posicionamento presente e futuro.

O Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC. NRC) vai promover nos próximos dias 15, 16 e 17 de novembro, em Coimbra, as jornadas “50 Anos no Centro da Luta Contra o Cancro”.  O evento propõe a partilha formal e informal de trabalhos, metodologias e estratégias de ação nos domínios da investigação, prevenção secundária, apoio social e emocional ao doente e família, literacia em saúde e voluntariado. Tópicos polarizadores que importa debater no seio das principais transformações sociais.
Com a realização deste congresso, a LPCC.NRC prossegue as iniciativas de comemoração dos seus 50 anos de constituição, desenvolvidas ao longo do ano de 2018 junto da população e que, desta vez, numa iniciativa regional de âmbito científico se dirige a profissionais da área social, saúde e educação; investigadores; técnicos de organizações do terceiro setor da área da saúde; dirigentes e gestores de organizações do terceiro sector; estudantes das áreas da saúde e ciências sociais e humanas; equipas de educação para a saúde de escolas; equipas das Unidades de Cuidados na Comunidade, nomeadamente equipas de saúde escolar; população em geral.
Contando com a participação de especialistas nacionais e europeus, as Jornadas “50 Anos no Centro da Luta Contra o Cancro” têm como grande objetivo a valorização, por um lado, do percurso histórico da Instituição na luta contra o cancro e, por outro, reforçando o presente e o futuro da sua ação. Agregando 6 sessões de comunicações e 18 convidados para 6 mesas redondas, o programa das jornadas será ainda acompanhado de uma mostra de produtos do Centro de Voluntariado Ocupacional do LPCC.NRC, patente no Lobby principal do Hotel.

Clicar na imagem para ampliar o cartaz.

A iniciativa decorre no Hotel Tryp Coimbra, e tem o valor de inscrição de: 10€ por módulo para Não Estudantes; 5€ por módulo para Estudantes; ou o valor global de inscrição (para os 6 módulos) de 50€ para Não Estudantes e de 25€ para Estudantes;
​A inscrição pode ser feita em www.ligacontracancro.pt/jornadas-50-anos, sendo possível obter informações adicionais através do número 239487490 ou do emailcongressos.nrc@ligacontracancro.pt.

PROGRAMA
O primeiro dia começa com um painel dedicado ao tema da Investigação, com a intervenção inicial de Luís Costa, do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, na conferência “Investigação em Cancro”. Segue-se uma mesa redonda moderada com intervenções de Isabel Carreira, do Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO), sobre “A colaboração entre a LPCC e o CIMAGO”; Jorge Soares, da Fundação Calouste Gulbenkian, com o tema “o papel da sociedade civil no apoio e promoção da investigação em saúde”; e Júlio Oliveira do Instituto Português de Oncologia do Porto que abordará a temática da “Investigação Translacional”. Do programa da tarde, no módulo sobre Prevenção Secundária, o painel é marcado pela presença das especialistas internacionais Mireille Broeders, da Radboud University Nijmegen Medical Centre, e Nieves Ascunce do Instituto de Salud Publica de Pamplona.
O dia 16 de novembro debate os apoios social e emocional ao doente e família. No painel da manhã, destaque para a comunicação sobre a “ineficácia das políticas sociais e impacto na vida dos cidadãos”, proferida por Manuel Menezes da Silva, do Instituto Superior Miguel Torga. Segue-se uma mesa redonda sobre as desigualdades geográficas da saúde, a desproteção na saúde e o acesso dos doentes aos seus direitos.
Durante a tarde, deste segundo dia, abordam-se temas como a psico-oncologia em Portugal, os cuidados continuados e novas vias de atuação em cuidados paliativos.
Ainda no âmbito deste congresso, no terceiro e último dia, será apresentado o módulo relativo à temática da Literacia em Saúde, com participações de vários especialistas nomeadamente: Rita Espanha (ISCTE) com o tema “Literacia em Saúde em Portugal”; Laurinda Alves, da Direção Geral da Educação, intervindo a respeito da “Promoção e educação para a saúde em contexto escolar“; e Cátia Branquinho (Faculdade de Motricidade Humana) que participará com o tema “Novos rumos na promoção da saúde dos jovens”. As jornadas terminam no dia 17 de novembro com um painel sobre o Voluntariado.

Enquadramento informativo dos Módulos
Clicar na imagem para ampliar o cartaz.

Módulo 1 -INVESTIGAÇÃO
A investigação oncológica, básica, translacional, clínica e também epidemiológica é essencial para a prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro, revelando-se fulcral para as sociedades contemporâneas e uma área que deverá continuar a merecer a atenção de governantes e de todas as entidades, públicas e privadas, que possam contribuir para o seu desenvolvimento e melhoramento. Neste sentido, as Jornadas “50 anos no Centro da Luta Contra o Cancro”, pretendem debater a temática da investigação oncológica e para a qual convidou um conjunto de especialistas.

Módulo 2- PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 14 milhões de pessoas desenvolveram cancro, em 2012, em todo o mundo. A prevenção secundária do cancro tem como principal objetivo a diminuição da prevalência do cancro numa determinada população, reduzindo a evolução e a duração da doença, através de um conjunto de ações que permitem identificar e tratar o indivíduo numa fase precoce. Traduz-se essencialmente pela realização de rastreios, de base populacional, por forma a detetar a doença na sua fase inicial, em indivíduos assintomáticos, proporcionando-lhes, desde logo, um prognóstico mais favorável. O LPCC.NRC é pioneiro nesta área, desenvolvendo o Rastreio de Cancro da Mama desde a década de 80, procurando diferenciar o panorama da doença oncológica em Portugal, proporcionando um diagnóstico precoce à população da região.

Módulo 3- APOIO SOCIAL AO DOENTE E FAMÍLIA
O cancro, considerado atualmente o principal problema de saúde pública a nível europeu, é cada vez mais uma doença crónica. A incidência crescente, o maior número de curas, as sobrevivências de longa duração, desencadearam um crescente número de desafios, nomeadamente à integração social dos sobreviventes de cancro.
Entre estes desafios, destacam-se as questões relacionadas com as medidas de proteção social, em concreto algumas lacunas na sua implementação e deficiente adequação à realidade vivenciada pelos doentes oncológicos e seus familiares, quer na fase de tratamentos, quer numa fase posterior aos mesmos. Ressalvam-se, na fase de tratamento e posterior acompanhamento, as desigualdades/dificuldades no acesso a ajudas técnicas e transporte para as entidades hospitalares de acompanhamento, a restrição do período de atribuição do subsídio de doença em situações de tratamento ou acompanhamento por períodos superiores a 1 ano no caso de trabalhadores independentes, e de 3 anos no caso de doentes trabalhadores por contra de outrem e a desproteção do cuidador (baixas médicas não remuneradas).

Módulo 4 - APOIO EMOCIONAL AO DOENTE E FAMÍLIA
Constituindo-se como uma das principais causas de morbilidade, incapacidade e mortalidade em Portugal, as doenças oncológicas caracterizam-se por uma multiplicidade de exigências que podem conduzir a perturbação emocional, com profundo impacto nos doentes, nas famílias e na sociedade em geral.
Graças a múltiplos fatores, a mortalidade por cancro tem vindo a diminuir, sendo crescente uma nova população, os sobreviventes de cancro, com dificuldades clínicas e psicossociais particulares. A Liga Portuguesa Contra o Cancro tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas com vista à redução das taxas de morbilidade psicológica, promovendo a melhoria da qualidade de vida de doentes e familiares, através da disponibilização de intervenção psicológica especializada. Nesta sessão discutir-se-ão estratégias potenciadoras da melhoria da prestação de cuidados em oncologia.

Módulo 5- LITERACIA EM SAÚDE
A baixa literacia em saúde tem sido identificada como fator de risco para diversas doenças. Entre estas, contam-se as doenças crónicas não transmissíveis como é o caso do cancro. A investigação tem, contudo, sugerido que campanhas de promoção e de educação para a saúde podem promover ganhos de literacia em saúde. No entanto, a capacitação e a promoção da literacia não são processos mecânicos ou automáticos. Para lá da informação, a adoção de comportamentos de saúde implica um conjunto de competências emocionais, cognitivas e comportamentais.
Interessa refletir criticamente, sobre os aspetos que contribuem para que as intervenções em educação para a saúde sejam transformadoras, em prol de mais literacia em saúde e consequentemente, mais saúde.

Módulo 6- VOLUNTARIADO
A literatura sobre o voluntariado tem vindo a evidenciar a sua natureza multidimensional resultante de diferentes abordagens conceptuais, quadros jurídicos e práticas. Tendo por motor valores comuns e universais como o desejo de contribuir para o bem comum, por vontade própria e sem a expectativa de recompensa material, o exercício da atividade de voluntariado assume um papel fundamental no reforço da coesão social e económica, gerando capital social e promovendo a cidadania ativa e o envolvimento dos cidadãos. A Liga Portuguesa Contra o Cancro tem, na ação do seu voluntariado, o seu grande potencial de transformação social. À luz dos paradigmas atuais pretende-se proceder a uma discussão sobre a intervenção social do voluntariado, na dupla perspetiva do desenvolvimento pessoal dos voluntários e do potencial de transformação social do Voluntariado.




Movimento Juventude Cristã de Portomar comemora seu 42º aniversário


Emigrantes nos EUA doaram 11 mil euros aos Bombeiros de Cantanhede

A associação “Os filhos de Maria” de Long Branch, nos Estados Unidos da América, promoveu, a 13 de outubro, um jantar de angariação de fundos a favor dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede. A iniciativa resultou na angariação de 12.710,0 dólares, um total de 11.034,0 euros, que irão ser encaminhados, na totalidade, para a aquisição de uma ambulância de transporte de doentes.
A ideia da realização do jantar de angariação de fundos partiu de Adriano Nunes, natural de Cantanhede, há vários anos radicado naquele país, que a propôs à associação “Os Amigos de Maria”, de que faz parte.
“Esta associação organiza regularmente iniciativas de angariação de fundos. Esta reverteu para o Corpo de Bombeiros de Cantanhede, onde Adriano Nunes foi bombeiro, antes de emigrar para os Estados Unidos da América”, explica José Oliveira, comandante dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede, que se deslocou propositadamente aos Estados Unidos da América para participar no jantar, a convite da organização e de familiares.
No decurso do jantar, que juntou cerca de duas centenas de emigrantes portugueses, oriundos de várias zonas do país, foram ainda leiloados vários cabazes com produtos oferecidos pela Seabra’s Food, empresa americana de origem portuguesa, e de familiares do comandante José Oliveira.

Município de Carregal do Sal | Agenda de novembro


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Não deixem de consultar o site www.adasca.pt


360º- As polémicas do único deputado do PAN, que faz biodanza e defende o Butão; o #MeToo chega da Coreia do Norte; e quem se seguirá no Sporting

360º

Por Filomena Martins, Diretora Adjunta
Bom dia!
Enquanto dormia... 

Trump ordenou aos militares destacados para a fronteira com o México para travar a caravana de migrantes da América Central abrir fogo se forem apedrejadosDevem agir como se as pedras fossem “espingardas”, justificou. 

Quase ao mesmo tempo, a Casa Branca impôs novas sanções contra a Venezuela. E acusou o país de Maduro de fazer parte, com Cuba e Nicarágua, de uma "troika da tirania" na América Latina

A Web Summit, que começa esta segunda-feira, está perto de atingir a lotação máximaSão esperadas 70 mil pessoas: Paddy Cosgrave utilizou as redes sociais para anunciar que quase já não há entradas.




Outra informação relevante 
O que era apenas uma hipótese, confirmou-se: o superjuiz Sergio Moro vai ser mesmo o segundo supermininistro de Jair Bolsonaro. Aceitou ocupar as pastas da Justiça e Segurança Pública, desde que possa implementar uma forte agenda anti-corrupção e anti-crime organizado. Deixa para trás 22 anos de magistratura, marcados essencialmente pelo processo Lava Jato que levou à prisão de Lula da Silva. Processo do qual já se afastou por completo mas que vai fazer com que Lula peça um habeas corpus e a anulação do julgamento.

Há críticas à decisão do juiz, sobretudo vindas do lado do PT, que sempre colou as suas decisões jurídicas a uma agenda política. Nos jornais, o Estadão lembra que Moro disse em 2016 que nunca entraria na política, a Veja, por sua vez velhas, recorda afirmações de Bolsonaro sobre ele e a Folha puxa pelas declarações de Fernando Henrique Cardoso, que diz que preferia ver o juiz no Supremo, mas admite que pode ajudar a combater a corrupção.

Entretanto Bolsonaro seguiu os passos de Trump e confirmou que vai também transferir a embaixada do Brasil de Televavive para Jerusalém.

O Sporting continua à procura de treinador depois do despedimento de José Peseiro por mútuo acordo (segundo o que foi comunicado à CMVM). Miguel Cardoso é muito falado, Karanka também é um dos nomes apontados e Leonardo Jardim está de fora.


No Benfica, depois da revelação do já famoso telefonema de Luís Filipe Vieira a negociar Rui Vitória com o Everton, foi a vez do treinador esclarecer que nunca quis sair do clube.

Foi encontrado um pergaminho do século XIV à venda no OLXA Torre do Tombo vai comprá-lo, conta o Público.

As filhas de um empresário algarvio disputam em tribunal um herança de 150 milhões de euros. Em causa estão três hotéis, 532 apartamentos turísticos, duas moradias e 132 lotes de terrenos nos concelhos de Albufeira e Loulé. A história é do CM

Os pais estudam apresentar um queixa-crime contra quem mandou parar as obras na Ala Pediátrica do São João em 2016.  Em causa está o facto de as crianças permanecerem internadas em contentores considerados "miseráveis" desde 2011.

Ainda e sempre Tancos, porque Rui Rio veio agora dizer que só no fim da investigação se saberá se ela originará uma crise política.

A nova lei Uber (e das outras plataformas de transportes) entrou ontem em vigor. Há seis pontos fundamentais que vão mudar e que convém saber.

O feriado de ontem ficou marcado por duas mortes:

Gravações mostram (mais) um escândalo de espionagem na cúpula do PP em Espanha. María Dolores de Cospedal, ex-secretária-geral do PP e antiga ministra da Defesa de Rajoy, pagou por informação sobre um rival interno. As reuniões foram gravadas pelo comissário da polícia subornado.

O príncipe herdeiro da Arábia Saudita terá dito, num telefonema com Jared Kushner, genro de Trump, que Jamal Khashoggi, o jornalista assassinado em Istambul, era um islamista perigoso. A notícia é do Washington Post.

Harvey Weinstein foi acusado de mais um caso de assédio sexual. Segundo a BBC, trata-se de uma menor, uma modelo polaca de 16 anos. São já mais de 70 as mulheres que se dizem vítimas do poderoso produtor de Hollywood, que continua a negar tudo.





Os nossos Especiais
Depois de um feriado e para o que pode ser um fim-de-semana prolongado para muitos, ficam sugestões de trabalhos de leitura mais longa:

André Silva é o rosto do PAN, o partido de um homem só. Alguns descrevem-no como "sonso", outros como uma lufada de ar fresco. O José Pedro Mozos e o João Porfírio passaram uns dias com ele, entre aulas de biondanza e a defesa do Butão, para contar as histórias, as causas e as polémicas de um deputado dançarino.

São José Correia estreou-se ontem no novo espetáculo do Teatro Praga, “Worst Of”, no Teatro Nacional D. Maria II. Em entrevista ao Bruno Horta diz que não liga a política (nem tem cartão de eleitor) e que não é feminista. Por isso confessa sem problemas: “Já fui assediada e já assediei. Quando me incomoda vou embora, já perdi um trabalho assim”.

Outra entrevista importante. A do líder da Opus Dei em Portugal, José Rafael Espírito Santo. Na conversa com o João Francisco Gomes fala da influência da obra nos negócios e na política, das mortificações corporais e do polémico papel das mulheres na organização: “Cada mulher tem em si a capacidade de ser quem cuida da casa”, diz.




A nossa opinião
  • Rui Ramos escreve "A geringonça há de inventar um Bolsonaro em Portugal": "A estratégia de defesa da geringonça está definida para quando um líder da direita tiver chances de chegar a primeiro-ministro: acusá-lo de ser “fascista” e gritar que a democracia vai acabar". 
  • Luís Reis escreve "A ponte a pé": "A TAP gere o Porto a pontapé e custa tempo e dinheiro em quantidades incalculáveis aos utentes, às empresas e ao país com a sua ineficiência endémica e, ainda por cima, com uma cara de pau nunca vista". 
  • José Crespo de Carvalho escreve "O elefante? Entregue em casa!": "Alguém me dizia que há casas à venda já sem cozinha. Torci o nariz. Mas é verdade. Para quê uma cozinha se se pode ter a refeição toda em casa com uma aplicação? Ainda que depois posam vir os engulhos".
  • Sebastião Bugalho escreve "Na Europa, com dignidade": "No limbo em que a UE se encontra, entre a confederação e o federalismo, os europeístas precisam de uma injeção de respeito. Caso contrário qualquer solução para o futuro europeu não terá credibilidade". 
  • Helena Garrido escreve "Radicalismos e radicalismos. Aprender com o Brasil": "O radicalismo alimenta-se de radicalismo. Quem é mais radical? Quem convida os brasileiros em Portugal que votaram Bolsonaro a voltarem para o seu país ou o novo presidente do Brasil?".
  • Paulo Tunhas escreve "Portugal ao lusco-fusco": "Tudo parece, sob a batuta de António Costa, viver numa atmosfera de incerteza em que nada é exactamente o que parece, numa ambiguidade organizada que cria as condições da sua própria perpetuação".
  • Jorge Teixeira escreve "Temos de mudar a abordagem da ciência na escola": "Se a ciência ultrapassar as barreiras da sala-de-aula e se não dermos tanta importância aos testes de avaliação, teremos melhores resultados, aprendizagens mais duradouras e uma escola mais humanizada".



Notícias surpreendentes 
Está na época deles: é importante saber que frutas e legumes comer em novembro e porquêJá com o frio a apertar, o menu exige vitamina C, para evitar constipações, mas muito mais, como conta o Diogo Lopes.

Acha que é demasiado cedo para já existir a nostalgia dos anos 2000? Olhe que não, olhe que não. O Mauro Gonçalves descobriu os primeiros traços das marcas do início deste século na moda, na música, na tecnologia e no cinema, fruto de um apetite voraz por revivalismo

A série '5 original albums' tem vindo a disponibilizar, de forma económica e compacta, amostras de alguns dos principais artistas do catálogo Blue Note. A Universal estende agora a iniciativa a outras editoras que nos oferecem as vidas do jazz contadas em disco.

Miguel Bonneville vai estrear duas performances documentais no Centro de Artes de LisboaFala da infância, da descoberta da importância da representação, dos homens, das mulheres e de porque é que a indignação indigna. Tal como na entrevista ao Miguel Branco.

O Halloween já passou mas a curiosidade ainda não. Por isso veja como se mascararam Cristiano Ronaldo, Sara Sampaio e outros famosos.


Além de toda a informação do dia, o Observador tem uma nova revista Observador Lifestyle nas bancas que não pode perder. E não deixe de conhecer também o nosso programa de assinaturas, o Observador Premium


Boa sexta-feira e bom fim-de-semana
 
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Pais querem processar quem mandou parar obras na Ala Pediátrica do São João

O ex-ministro e a atual ministra da Saúde, o ministro das Finanças e o presidente do conselho de administração do hospital são os eventuais visados pela queixa-crime com que os pais querem avançar, adiantam à TSF.
Resultado de imagem para Pais querem processar quem mandou parar obras na Ala Pediátrica do São João 
A associação pediátrica do São João está a estudar a apresentação de uma queixa-crime contra quem ordenou que as obras da ala pediátrica parassem, incluindo "políticos", por manterem crianças internadas em contentores "miseráveis" desde 2011.
"Está na altura de responsabilizar efetivamente quem faz os decretos e dá as ordens. Estamos habituados a que, quando um político faz uma asneira, as consequências nunca lhe sejam atribuídas. O Estado assume sempre. Este Governo parou a obra dizendo que devia ser o Estado a fazê-la. Nunca mais fizeram nada. As crianças continuaram naquelas instalações miseráveis", explicou Jorge Pires, porta-voz da APOHSJ - Associação Pediátrica Oncológica.
O responsável revela que "um grupo de juristas está a estudar a forma de fazer uma queixa de responsabilidade criminal" contra "quem deu ordens e teve um papel ativo para que a obra parasse" em 2016, depois de ter começado em 2015 com financiamento privado, impedindo "que as crianças sejam tratadas convenientemente"
Jorge Pires observa que o hospital de dia pediátrico do São João, "que funcionava num corredor", passou em junho "para o edifício central", mas "as instalações do internamento, onde as crianças dormem e estão isoladas quando fazem quimioterapia, eram miseráveis e continuam miseráveis". "As crianças não têm culpa das politiquices ou da incompetência dos políticos", frisou.
O presidente da APOHSJ explica estar em causa "todo o internamento pediátrico", instalado em contentores, onde as crianças com cancro surgem como "a parte mais sensível" do problema por estarem "imunodeprimidas" e a "lutar contra o tempo, que muitas vezes não existe".
"Quando vemos as pessoas a mentirem todos os dias e a nada quererem fazer, ou baixamos os braços e morrem crianças ou temos de fazer alguma coisa para que as coisas mudem", justifica o porta-voz da associação.
Jorge Pires observa que as "instalações são péssimas", apontando o dedo a "quartos sem cortina ou janelas calafetadas" e "espaços para tomar banho sem condições de isolamento ou higiene".
"Quando as crianças estão nos contentores e precisam de fazer um exame, têm de viajar para o edifício central em ambulâncias com condições indescritíveis. Os lençóis que as cobrem andam aos caídos dentro da ambulância", descreve.
"Como é que é possível haver o descanso das pessoas que mandaram parar a obra e nada fizeram e agora estão preparados para mais concursos e mais tempo?", questiona.
A 24 de outubro, o primeiro-ministro disse que o reforço do orçamento da Saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.
Em Março de 2016, o conselho de administração do Centro Hospitalar de São João (CHSJ) defendeu que as obras da ala pediátrica, iniciadas em 2015 com fundos privados, só seriam possíveis com investimento público. Em causa estava o "desfasamento entre as verbas angariadas e o orçamento total da obra".
A empreitada de dois anos, orçada em cerca de 25 milhões de euros, era suportada por fundos privados angariados pela associação "Um Lugar Pró Joãozinho", que até então tinha reunido cerca de um milhão de euros.
Em janeiro de 2017, o ministério da Saúde aprovou a construção da nova ala pediátrica do S. João, anunciando um investimento de cerca de 20 milhões de euros para responder "a uma situação demasiadamente precária que, desde 2011, se verifica com a instalação do internamento pediátrico", revelou na ocasião a Administração Regional de Saúde do Norte.
Lusa / TSF


"Vivemos num clima de ódio em que há espaço para um Bolsonaro aparecer"


A deputada socialista Isabel Moreira é a convidada desta sexta-feira do Vozes ao Minuto.

"Vivemos num clima de ódio em que há espaço para um Bolsonaro aparecer"
Isabel Moreira, deputada do Partido Socialista (PS) desde 2011, cedo determinou quais seriam as suas lutas políticas. Filha de Adriano Moreira, antigo presidente do CDS e antigo ministro de Salazar, Isabel escolheu ser “uma mulher de esquerda”, atenta aos assuntos constitucionais e aos direitos, liberdades e garantias.
Licenciada em Direito e mestre em Direito Constitucional, pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, deu aulas desde muito cedo. Foi uma das vozes mais combativas pela legalização do casamento homossexual e ajudou a escrever os pareceres jurídicos que defenderam a inconstitucionalidade da lei que vigorou até 2010, uma posição que obrigou a deixar de lecionar mas que acabou por determinar a sua entrada no governo, como independente, a convite de José Sócrates.
A advogada e consultora jurídica é muitas vezes referida como “a política das causas”, um resultado do seu combate às desigualdades, nas suas variadas formas. A chegada do movimento Me Too deu oportunidade de trazer à liça o sexismo e a misoginia, temas sobre os quais aceitou conversar com o Notícias ao Minuto.
Olhando para o feminismo como transversal às classes, Isabel Moreira desmente que seja “uma questão de elites”, ressalvando que o feminismo em Portugal ainda não tem uma identidade muito forte. Deixa claro que não se trata de uma guerra de sexos, mas diz-se preocupada com a polarização que o tema cria.
Nascida no Rio de Janeiro, em 1976, por causa do pós-25 de Abril, não consegue evitar falar da situação no Brasil e dos perigos que ameaçam aqueles que representa nas suas lutas. A também escritora permite que se lhe embargue a voz para falar na atual crise de empatia e no impacto que esta identificação afetiva tem na sua vida, porque dedicar a carreira a lutar pelos direitos dos outros não é uma assinatura política, é um traço de caráter.
Ainda há uma reação muito negativa a quem se afirme como feminista,  como se o feminismo implicasse uma guerra de sexosA chegada do Me Too abriu a discussão sobre o assédio sexual, embora os sinais de contágio sejam diferentes nos diversos países. Acha que também trouxe à tona o sexismo, o machismo que estavam adormecidos?
Absolutamente, penso que a misoginia e o sexismo, sobretudo, não estavam adormecidos, nunca estiveram adormecidos. Estão acordados, são fatores fortes na sociedade. As reações negativas ao movimento Me Too deram mais visibilidade a essa misoginia e, nesse sentido, não há dúvidas de que o sexismo e a misoginia são problemas reais e graves. Para quem não estivesse convencido, ao contrário de mim, penso que tem dados suficientes para começar a convencer-se.
Acha que há poucas mulheres em Portugal a falar sobre estes temas?
Acho que o movimento feminista em Portugal nunca foi muito forte. Podemos discutir quais as razões para o movimento feminista nunca ter sido muito forte e não ter uma identidade muito forte.
Quais são?
Não encontro no movimento feminista a identidade que encontro, por exemplo, no movimento LGBT e no movimento anti-racista. É uma questão que merece uma reflexão muito alargada, mas em todo o caso penso que há cada vez mais mulheres e homens a falar sobre feminismo, ao mesmo tempo que vem a descoberto o tal sexismo e a tal misoginia. Isto é, ainda há uma reação muito negativa a quem se afirme como feminista, como se o feminismo fosse qualquer coisa de negativo ou implicasse uma guerra de sexos.
As massas aderiram à crítica aos acórdãos machistas e as massas aderiram à crítica imediata ao estereótipo da mulher que fez a queixa sobre Cristiano Ronaldo. Isso é altamente preocupanteNo caso dos acórdãos com fundamentação polémica notou-se apoio generalizado, mas semanas depois vimos uma grande polarização, quando surgiu o caso que envolve Cristiano Ronaldo. Assiste-se a essa forma de olhar para o feminismo como algo negativo, que tem sido inclusive usada como contra-argumentação. Começou-se a subverter o feminismo, colocando-o numa “bolha ativista”, para descredibilizar a própria discussão.
Sou uma mulher de esquerda e, portanto, não consigo acantonar o feminismo. Encaro o feminismo na perspetiva global da minha luta, que é uma luta pelo progresso e pela libertação das pessoas. E a questão de género insere-se aqui. É para mim evidente que a minha luta principal é a luta contra a opressão das pessoas e a luta contra a desigualdade.
A questão de género é transversal, no sentido em que está presente em qualquer classe social, mas evidentemente assume um peso diferente se uma pessoa ganha o salário mínimo nacional e apanha três transportes para casa e vive em relações de dependência hierárquica terríveis, do que uma pessoa em situação oposta. Eu combino as duas coisas, mas isso não nos deve impedir de ter um olhar transversal às realidades e verificar que há quem tente destruir o feminismo considerando que ele é, neste momento, uma questão de elites. Não é uma questão de elites e foi isso que tentei demonstrar com esta resposta.
O que se verificou foi que as massas aderiram à crítica aos acórdãos machistas e as massas aderiram à crítica imediata ao estereótipo da mulher que fez a queixa sobre Cristiano Ronaldo. Isso é altamente preocupante.
E por que razão acha que isso acontece?
Porque há aqui uma questão de nacionalismo e há aqui uma questão de sexismo enorme que veio ao de cima, relativamente àquilo que é o estereótipo da vítima, àquilo que é o conceito de consentimento, àquilo que é verdadeiramente uma violação e àquilo que é o estereotipo equivocado do agressor.
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Houve quem defendesse que Kathryn Mayorga “está a levar a cabo um negócio vil às custas de um problema real gravíssimo, a desigualdade de género” e que “só quem está na bolha ativista é que não vê isto”. Olhar para esta questão, desta forma, não é a génese de todo o problema?
Aí há vários problemas, a questão é que as pessoas focam-se no caso e eu penso que devemos deixar o caso resolver-se nas instâncias próprias e devíamos a ter um debate sobre a reação ao caso. Esse é o debate que interessa. E é na reação ao caso que eu me coloco, a reação ao caso preocupa-me.
Não tenho qualquer juízo moral sobre o Cristiano Ronaldo que é, obviamente, inocente até prova em definitivo. Não tenho qualquer juízo moral sobre uma mulher que faz uma queixa, não conheço todos os contornos do caso, mas preocupa-me que haja uma reação imediata baseada em estereótipos, no desconhecimento do caso, sem ter em conta as especificidades do sistema jurídico americano e que imediatamente fala na “bolha do ativismo”.
Isto são reações que se repetiram na história, as sufragistas passaram pelo mesmo, os movimentos LGBT passaram pelo mesmo. Os movimentos pelos direitos civis são sempre identificados como “bolhas” como se estivéssemos a falar de camadas da população que vivem acantonadas na burguesia e na cidade. Não, nós quando falamos de mulheres ou de homossexuais ou de raças, estamos a falar de pessoas que vivem no campo e na cidade, no Norte e no Sul, que são operárias ou que são académicas, que ganham o salário mínimo ou ganham o salário médio, portanto, estamos a falar dos nossos vizinhos e das nossas vizinhas.
Há uma perceção de que as mulheres são mentirosas. Essa perceção leva muita gente a desvalorizar as enormes vantagens do movimento Me Too
Outra questão é a ausência, muitas vezes, de opinião fundamentada. Assume-se facilmente que Kathryn Mayorga mente, quando as denúncias falsas são uma percentagem ínfima dos casos reportados.
Não me queria focar tanto neste caso, tenho tentado não me focar tanto no caso. Acho é que ainda há, de facto, uma perceção de que as mulheres são mentirosas. Aliás, é essa perceção que leva muita gente a desvalorizar as enormes vantagens do movimento Me Too, que é um movimento que deu voz coletiva às mulheres, que criou algo que é essencial a todos nós, que é a empatia através da partilha de narrativas. Narrativas que se multiplicaram pelo mundo inteiro, não invocando, aliás, quem é que foi o abusador. As pessoas simplesmente partilharam espontaneamente histórias de assédio, histórias de crimes sexuais, e nessa gigantesca partilha mundial que atingiu todas as classes sociais, criou-se uma voz coletiva e um movimento de empatia. Não se perceber isto, do meu ponto de vista, é muito grave, e desvalorizar isto também passa por se entender que, no fundo, as mulheres não estão a dizer a verdade e não são para ser levadas a sério. Ora, há muito séculos que não somos levadas a sério e há quem combata para que sejamos levadas a sério.
É uma questão de cultura?
É uma questão de cultura, é evidente. Nascemos nessa cultura, isto é, fomos todas e todos educados, mulheres e homens, num caldo cultural resistente à diferença. Eu própria nasci recebendo ‘inputs’ homofóbicos, sexistas, misóginos e por aí fora. Tive de contrariar esse adquirido. Esse contrariar faz-se de muitas maneiras e dá muito trabalho. Dá muito trabalho aprender que a diferença é uma professora.
Dá muito trabalho informar-se?
Dá.
A violação foi o crime que mais aumentou em Portugal em 2017. Em 408 casos denunciados, foram detidos 58 agressores Acha que o nosso sistema judicial pode desencorajar algumas vítimas?
É muito difícil fazer uma análise a partir desses números porque é um crime que pode ser muitas vezes difícil de provar. O facto de reportarem e depois haver um número determinado de detidos, não significa que não tenha acontecido qualquer coisa. Esses detidos que fala são o quê?
Casos que terminaram em detenção efetiva.
O facto de um agressor ser condenado a uma pena suspensa pode ser algo forte, de acordo com o nosso sistema penal. Não posso avaliar dezenas e dezenas de sentenças sem as conhecer. O que eu tenho por assente é que o aumento de penas ou a impossibilidade de não decretar a prisão preventiva ou a revogação da suspensão provisória do processo ou a impossibilidade de suspender a pena não diminuiria em nada a incidência do crime.
Referia-me a frustração por parte de vítimas. A vítima de violação numa discoteca de Gaia disse em entrevista ao jornal Público que a sua queixa “não adiantou de nada”. [Acórdão justifica pena suspensa com afirmações como “sedução mútua” e “danos físicos” sem “especial gravidade”]
É terrível, é qualquer coisa sobre a qual nos devemos confrontar. Esse acórdão é um acórdão lamentável, é um acórdão que, lá está, reuniu o consenso nacional relativamente à argumentação que utilizou para justificar a suspensão da pena. Foi uma argumentação machista, absolutamente intolerável. É um caso que denota uma falta de formação grave em igualdade de género, pelo menos, daqueles magistrados em causa. Mas não é um problema da lei, é um problema daqueles magistrados em concreto.
A lei tem-se atualizado, na parte dos crimes sexuais, e os magistrados estão a ficar para trás?
Não posso falar por toda a magistratura, acho é que é um dever nosso assegurar que a igualdade de género está presente de forma forte na nossa formação desde a escola, na formação dos alunos de Direito, na formação dos juízes e na formação contínua dos magistrados.
Está envelhecida, a forma como alguns magistrados olham para estes casos?
Há decisões que vêm a público – não quero generalizar – que me revoltam e que demonstram que há magistrados e magistradas que têm um modo de pensar absolutamente contrário ao espírito constitucional atual, que é o da igualdade de género.
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Uma das conclusões do projeto Bystanders, que tem estado a ser aplicado nas escolas, é que os jovens têm mais consciência em relação ao assédio sexual em geral, mas quando este acontece no seu círculo pessoal. Quando acontece com outras pessoas, surge o fenómeno que se chama ‘othering’, atribuem-se culpas: “elas é que provocam”, “elas são diferentes de nós”. De uma forma geral, esta poderá ser a causa de fundo da polarização sobre este tema?
As pessoas considerarem que quando acontece aos outros são elas que provocam?
Sim.
Há uma coisa que me parece evidente, o sexismo não tem género. Tanto há mulheres profundamente sexistas como há homens feministas e homens sexistas. É um fenómeno que se vê quotidianamente, que “ela estava a pedi-las”. É um substrato cultural da culpabilização da vítima, que é a mulher que tem de ter cuidado com o que veste, como é que anda e em que sítio é que anda, em vez de se educar os homens que aquele corpo não é propriedade deles, que há limites e onde é que acaba a liberdade de cada um e de cada uma. Devia ser ao contrário, nós não devíamos ser educadas para termos de nos defender, deve haver é uma educação para que não haja agressão. Mas todas e todos nós nos lembramos de momentos da nossa infância em que nos disseram: “cuidado, não uses isso porque...”. A educação é feita de forma inversa àquilo que seria o valor correto da ação social. Portanto, nós ainda temos uma estrutura patriarcal que culpabiliza o comportamento da mulher.
Ora se isto acontece na sociedade, institucionalmente também acontece. As instituições nascem de onde? Da sociedade. São depois compostas por pessoas, que são agentes administrativos, são juízes, são juízas, são magistrados, que não foram educados na lua, foram educados nessa mesma sociedade que culpabiliza a vítima. Depois relativiza o ato de agressão porque a mulher não se comportou dentro de determinados padrões e, portanto, no fundo, estava a pedi-las.
O “estava a pedi-las” está presente todos os dias na nossa vida. E temos de desconstruir esses conceitos. Temos de educar homens e mulheres para a liberdade individual e para a ideia de que ninguém é propriedade de ninguém. Acabar com esta ideia de que nós mulheres é que temos de aceitar uma espécie de testosterona incontrolável à qual temos de nos submeter e que, portanto, temos de aprender a proteger-nos. Não. Independentemente de podermos aceitar diferenças de natureza entre homens e mulheres, que é contestável, mas ainda que aceitando isso, o que nos diferencia dos animais é a cultura. Nós, culturalmente, o que devemos fazer é educar para que haja controlo recíproco para a expansão máxima da liberdade de todos e de todas.
Acha que há uma crise de empatia?
Acho que é a maior crise que estamos a viver a nível mundial, mesmo. Uma incapacidade enorme de sermos o outro. Para mim é uma das coisas mais fulcrais na minha vida, política e pessoal.
Vejo que os corpos das pessoas que representam tantas das minhas lutas estão à beira da morteA carreira da Isabel tem sido feita destas lutas, de empatia. Por isso é que lhe pergunto a sua opinião sobre como acha que chegámos aqui.
Isso dava uma longa conversa. Mas o que sinto é que tudo aquilo pelo qual lutámos, o direito à diferença, o direito a sermos tratados e tratadas de forma igual na alegria dessa diferença, ao invés de ser no crime dessa diferença, a luta que foi travada para vivermos numa sociedade pluralista e não numa sociedade em que um grupo impusesse um modelo de família ou um modelo de pensamento ou um modelo de moral que esmagasse os outros, a luta que travámos para que todas e todos pudessem existir e expressar-se respeitando as outras pessoas, está tudo em perigo. Está tudo em perigo. E o que aconteceu agora no Brasil mostra isso. Apesar de sentir que também está em perigo em Portugal, estou altamente tocada com tudo o que aconteceu no Brasil, porque foi há poucos dias e nasci lá, tenho uma grande ligação com o Brasil. Vejo que os corpos das pessoas que representam tantas das minhas lutas estão à beira da morte.
Assistimos a momentos de livre-trânsito de calúnias e de falsas notícias – fake news – nas redes sociais e as pessoas, pura e simplesmente, destroem-se umas às outrasAcha que é possível vermos um fenómeno semelhante em Portugal?
Com esta conjuntura política, felizmente, não, mas num futuro médio não se pode excluir. Acho que as condições estão reunidas, vivemos num momento de celebração da falta da contenção das palavras, confundindo a contenção das palavras para não desrespeitar os outros e, portanto, para não fomentar o ódio, com ataque à liberdade de expressão. Vivemos num momento de substituição do jornalismo de substância por jornalismo de casos e jornalismo de destruição das pessoas por episódios fortuitos, que fomentam o ódio aos políticos e à democracia representativa que custou a morte, a prisão e a tortura de muitas pessoas. Assistimos a momentos de livre-trânsito de calúnias e de falsas notícias – fake news – nas redes sociais e as pessoas, pura e simplesmente, destroem-se umas às outras como se no outro lado não estivessem mulheres e homens de carne e osso, que sentem e que têm as suas vidas e os seus projetos. E depois temos os problemas que podem ser pegados pelos Trumps e pelos Bolsonaros desta vida para, utopicamente, imaginarem o fim apetecível para uma comunidade inventada. Temos o problema das migrações, a questão dos direitos das minorias, a crise de confiança na classe política, o crescimento mediático de pessoas e até de algum jornalismo anti-democrático e, portanto, eu acho que vivemos num clima de ódio em que há espaço para um Bolsonaro aparecer.
Aquela ideia de que o Brasil não é connosco aflige-me muito porque quando o homem que diz que abomina a democracia, admira a tortura e abomina mulheres, homossexuais, transsexuais, negros e favelados chega ao poder, as nossas lutas de cá também estão em risco.
Há alguma coisa que a possa fazer parar de lutar?
A mim? Às vezes paro de lutar porque fico esgotada, mas normalmente é apenas uma pausa. Há momentos em que me sinto profundamente triste, mas recomeça-se sempre, porque nós nunca estamos sozinhos. Assim como muitas vezes sou eu que puxo por alguém, para continuar a lutar, há momentos em que estou mais em baixo e há sempre quem puxa por mim. E, sobretudo, qual é a alternativa? Desistir? Não me parece.
Fonte: noticiasaominuto