domingo, 2 de outubro de 2016

Lista da Segurança Social com mais 5365 novos devedores

A lista de devedores à Segurança Social, que estava suspensa desde agosto de 2013, foi reativa em junho
LEONEL DE CASTRO / GLOBAL IMAGENS
O Governo atualizou esta sexta-feira a lista de devedores à Segurança Social, que integra 5365 novos contribuintes, representando um valor total em dívida de cerca de 414,6 milhões de euros.
De acordo com a informação divulgada pelo Ministério do Trabalho, em comunicado, do total destes contribuintes devedores, 2397 correspondem a contribuintes da segunda fase e 2968 são contribuintes da primeira fase que foram notificados segunda vez.
Esta lista de devedores atualizada - concretizando a divulgação da segunda fase prevista no Plano de Combate à Fraude e Evasão Contributiva e Prestacional de 2016 - inclui pessoas coletivas com dívidas entre os 10 mil e os 50 mil euros (segunda fase) que, tendo sido notificadas, não tenham regularizado a respetiva situação contributiva.
Por outro lado, é ainda atualizada a lista relativa aos devedores da primeira fase, pessoas singulares com dívidas superiores a 25 mil euros e às pessoas coletivas com dívidas superiores a 50 mil euros, notificados pela segunda vez por não ter sido levantada, no decurso da 1.ª fase, a primeira notificação.
O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social relançou em junho a lista de devedores à Segurança Social que estava suspensa desde agosto de 2013.
O ministério lembra que a lista integra devedores que, por ter terminado o prazo de pagamento voluntário sem terem cumprido as suas obrigações e, no prazo e termos legais, não terem requerido e enquadrado o pagamento da dívida em prestações, prestado garantia ou requerido a sua dispensa, não têm a sua situação contributiva regularizada.
A lista de devedores foi publicada em 21 de junho de 2016 com 1798 contribuintes devedores, dos quais 44 já regularizaram a sua situação contributiva, num montante de dívida de 1,263 milhões de euros.
A medida insere-se no plano de combate à fraude e evasão contributiva e prestacional, com o objetivo de promover a transparência e aumentar a eficácia na recuperação de dívidas contributivas.
A terceira fase está prevista para dezembro de 2016, abrangendo as pessoas singulares com dívidas compreendidas entre os sete mil e 500 euros e os 25 mil euros.
A nota do ministério diz ainda que a partir da terceira fase, todo o universo de contribuintes devedores passará a estar abrangido, procedendo-se a partir de janeiro de 2017 a uma atualização mensal da lista de devedores à Segurança Social, com a inclusão dos novos devedores.
Os contribuintes devedores que integrem a lista de devedores são excluídos da mesma logo que regularizem a sua situação contributiva, uma vez que o processo de atualização é dinâmico, esclarece o documento.
A lista de devedores à Segurança Social pode ser consultada aqui


Fonte:dn.pt/dinheiro/interior

"Os saldos atuais da Segurança Social permitem uma visão mais aberta"

O PCP também tem uma bandeira para o Orçamento do Estado. Quer um aumento de 10 euros para todas as pensões e reformas

Entrevista

02 DE OUTUBRO DE 201611:01
Paulo Baldaia e Arsénio Reis

Jerónimo de Sousa é secretário-geral do PCP desde de 2004, e assim se vai manter depois do congresso de dezembro, sem precisar da ajuda de um secretário-geral adjunto
Utiliza o termo geringonça nalgumas conversas a propósito da coligação parlamentar das esquerdas? Com amigos ou com camaradas do partido, por piada ou mais a sério, para si também já ficou este termo, a geringonça?
Não. Objetivamente, e tendo em conta como o processo avançou e se concretizou, aquilo que existe é, da parte do PCP, uma posição conjunta com o PS que, no seu conteúdo, é uma solução política, uma posição conjunta que viabilizava a possibilidade de um governo do PS, com o objetivo primeiro de afastar do poder o PSD e o CDS, tendo em conta todas as malfeitorias que realizaram ao nosso povo, ao nosso país durante os quatro anos do seu mandato. Aliás, há que não esquecer que era um objetivo dos trabalhadores, das populações, de setores da sociedade portuguesa, particularmente de classes e camadas antimonopolistas, esse objetivo de derrotar o governo, vê-lo pelas costas. Era um sentimento maioritário na sociedade portuguesa.

Mas deixe-me lembrar que, no projeto de tese ao congresso de dezembro do Partido Comunista, também se diz de forma clara que o governo "não responde, naturalmente, ao indispensável objetivo de rutura com a política de direita". Isto quer dizer que, para o PCP, o governo de direita foi afastado, mas a política de direita ainda existe no atual governo?
Eu creio que é importante, aqui, um outro elemento. Para além da questão do afastamento do governo PSD-CDS, houve também a necessidade - e essa era outra mensagem que se podia ler dos resultados das eleições de 4 de outubro - de introduzir medidas urgentes para corrigir o grau de destruição e de saqueamento de rendimentos e direitos a que os trabalhadores e o povo estiveram sujeitos durante esse período. Não se tratava de medidas estruturais, mas medidas de urgência para a reposição de direitos e de rendimentos. São esses elementos, essas medidas urgentes, que definem o grau de convergência entre PS e PCP e, simultaneamente, o grau, o nível do compromisso entre nós. Ora, por isso mesmo classificamos aquilo como insuficiente...

Mas considera que essa tarefa de aplicar medidas urgentes está cumprida?
Não. Aliás, nós consideramos que os avanços verificados no Orçamento do Estado para 2016 devem continuar a evoluir no Orçamento do Estado para 2017. Algumas das medidas do Orçamento de 2016 preconizam que no Orçamento do Estado para 2017 haja a concretização em termos de reposição de salários, de fim das taxas...

De regularização de pensões...
Exatamente.

E como é que o PCP vê a fixação deste governo na meta do défice para este ano e para o próximo, sendo essa obsessão pelo défice muito criticada no anterior governo? Acha que isso pode impedir o avanço mais rápido da devolução de rendimentos, aumento das pensões, das várias matérias que defende o PCP?
Sim. Ainda agora surgiram os dados da execução orçamental e o que se verifica é uma situação melhor do que a do ano passado, mas depois tem ali um pedregulho que é o serviço da dívida, que leva a parte de leão e que impede, na prática, aquilo de que nós precisamos como de pão para a boca, que é de investimento. Investimento público, particularmente, e não só.

Mas há também uma opção do governo de diminuir o investimento público, para garantir o défice que Bruxelas exige.
Mas essa é que é a grande contradição. Quer dizer, nós precisamos de crescimento, precisamos de desenvolvimento económico e isso é feito, designadamente, com investimento. O défice limita a capacidade de crescimento e de desenvolvimento, tendo em conta que tem de cortar no investimento, para dar conta desse serviço da dívida horrível, que permanentemente nos confronta com um sentimento de alguma impotência. Há aqui uma contradição que tem de ser resolvida.

São essas questões estruturais que levam o PCP a dizer que ainda não está respondido o "indispensável objetivo de rutura com a política de direita"?
São dois elementos estruturantes. Nós consideramos que, a par disso, é preciso romper com os constrangimentos que hoje nos são impostos pelos círculos de decisão da União Europeia. Obviamente, esses círculos não gostam da solução política atual nem da nova fase da vida política nacional. Eu digo que não gostam exercendo, digamos, uma inaceitável chantagem, pressões permanentes, ameaças, avisos [feitos] a partir de uma avaliação política da solução. Tudo isso impede uma verdadeira política de afirmação da nossa soberania, de permitir que sejam os portugueses a definir o seu caminho para o seu devir coletivo. É um problema, uma contradição.

Se não estou em erro, dizia, recentemente, que o governo vivia nessa ilusão de cumprir objetivos concretos - alguns já enunciou aqui - e simultaneamente ter os limites impostos por Bruxelas. É mesmo uma ilusão? Isso não é possível?
Em primeiro lugar, nós consideramos que esses posicionamentos, particularmente do diretório das grandes potências da União Europeia, são uma ameaça real. Uma ameaça porque nos amarram de pés e mãos. Nós precisamos de crescer, precisamos de produzir mais, de criar mais riqueza para criar mais emprego. Toda a gente está de acordo nisto, mas de repente... Está bem, mas como é que isto se faz? E aparece a ameaça da União Europeia, que nos impõe desde as questões do Tratado Orçamental, passando pelas questões do euro, até às questões da dívida... Enfim, limitações que nos levam ao definhamento, à anemia e ao arrastamento em termos de crescimento. E, sendo isto uma ameaça, também referimos a ilusão que o PS tem de afirmar que é possível, com uma gestão inteligente, ultrapassar esses condicionalismos e constrangimentos.

Dizia, a meio do ano, que não tinha nenhuma desilusão com António Costa, porque o primeiro--ministro fazia boa cara ao mau tempo, referindo-se aos constrangimentos que vinham de fora. Isso continua a ser assim?
Nos contactos que fazemos, o sentimento que temos é que existe um bocado essa visão otimista, de que é possível, mesmo com esta malha tão apertada, ultrapassar constrangimentos. Bom, pode ser uma ilusão. Quando falamos dos círculos de decisão da União Europeia, não estamos a falar de uma organização filantrópica, enfim, de uma instituição samaritana. Não. Sabemos quem a determina, que são os interesses do capital monopolista, das transnacionais da Europa, que, obviamente, não estão para fazer nenhum favor a Portugal. Antes pelo contrário. Antes pelo contrário! E, nesse sentido, vamos ver - e a vida demonstrará - se é ou não ilusão pensar que a União Europeia está disponível para dar uma contribuição positiva, para sairmos da situação em que nos encontramos.

Passando essas preocupações, já tendo em conta o Orçamento do Estado para 2017, que está a duas semanas de entrar na Assembleia. Têm decorrido intensas negociações entre o governo e os parceiros, como é habitual. O PCP, nesta altura, já pode dar uma garantia, apesar de todas as ressalvas que acaba de fazer, de aprovação deste documento no Parlamento?
Não. Até porque [risos] ainda não há uma proposta de Orçamento no concreto, materialmente, vá lá.

Mas, tendo em conta tudo aquilo que foram as negociações com o PCP, neste ponto das negociações, a intenção do PCP é viabilizar o Orçamento para o próximo ano?
A sua pergunta faz-nos voltar à posição conjunta que temos com o PS. Nós sempre considerámos a disponibilidade para examinar todas as questões, designadamente a do Orçamento do Estado, que é um elemento importantíssimo. E portanto esse exame, naturalmente, pressupõe uma contribuição, uma análise, mas simultaneamente também a crítica. Não é? Portanto, não há nenhum compromisso do PCP em votar favoravelmente o Orçamento do Estado. Existe o compromisso do PCP de examinar juntamente com o PS o conteúdo do Orçamento do Estado para 2017.

Mas há linhas vermelhas?
[Hesitação] Obviamente. Creio que é importante fazer aqui um sublinhado: o nosso primeiro e principal compromisso é com os trabalhadores e com o povo português, não é com o PS. Demos a nossa contribuição para a solução política, em que temos um governo do PS com um programa do PS. Temos disponibilidade para dar uma contribuição para continuar a política de reposição de direitos e salários com propostas concretas. E estamos a fazê-lo.

Se as pressões da Comissão Europeia obrigarem o governo do PS a ter de deixar algumas propostas do acordo que fez com o PCP, não contará com o PCP para, vamos dizer assim, amaciar esse acordo... deixar passar alguma coisa?
É evidente que isso tem de ser verificado no concreto. Mas creio que se se interromper esta linha de avanço, de reposição e conquista de direitos, o problema não está colocado ao PCP; o problema está colocado ao governo e aos trabalhadores e ao povo português. Porque, neste caso da nova fase da vida política nacional, abriu-se uma janela de esperança. Portanto, hoje as pessoas sentem-se, eu diria, mais aliviadas, mais tranquilas em resultado da solução política encontrada, mas, simultaneamente, atentas. E se essa maioria de portugueses, que hoje continua a pensar que é possível evoluir positivamente, sentir que lhe querem retirar apoios, rendimentos, os seus direitos, e se retroceder no sentido que a União Europeia, particularmente os seus círculos de decisão, quer impor a Portugal, temos aqui um problema.

O governo não parece disponível para rever os escalões do IRS e, portanto, tornar ainda mais progressivo o imposto sobre os rendimentos do trabalho, para quem ganha mais pagar ainda mais. Tendo em conta que, com o fim da sobretaxa, os rendimentos mais altos - acima de dez mil euros - vão ter uma recuperação líquida do vencimento que, às vezes, ultrapassa o ordenado mínimo que é pago a 600 mil trabalhadores portugueses, o PCP está satisfeito com o que se prevê no IRS?
Bom, nós continuamos a defender uma outra política fiscal e o seu carácter progressivo. Em termos de reposição de rendimentos para esses salários acima da média, não podemos ter dois pesos e duas medidas. Portanto, são rendimentos do trabalho que, enfim, fizeram os seus descontos. No momento em que se está a eliminar a sobretaxa, em que se está a repor, enfim, alguma justiça fiscal, nós não somos a favor que certos setores que, enfim, também vivem do seu trabalho, mesmo que com vencimentos mais altos...

Salários mais altos.
Isso não pode ser confundido com uma outra coisa que nós defendemos, que é, de facto, ir aos grandes grupos económicos, ao grande capital, aos que jogam na bolsa e ganham muitos milhões...

Já lá vamos, a esse património mobiliário de que o PCP fala.
Mas eu creio que é por aí que lá vamos. Agora, enfim, encontrar como justificação de que...

O PCP não faz, portanto, finca-pé em haver uma alteração dos escalões, de maneira a tornar mais progressivo o pagamento do IRS.
Obviamente que nós continuamos a considerar que quem mais tem mais deve pagar, quem menos tem, quem menos recebe...

Isso já acontece agora.
Exatamente. Mas não confundir as coisas. De facto, como digo, em termos do rendimento resultante de vencimentos, não reconhecer que a reposição deve ser geral, eu acho que acabava por ser uma injustiça, independentemente dos valores que estamos aqui a discutir.

O PCP tem insistido também num aumento real das pensões. O governo já assumiu que vai acontecer, mas o mais certo é que seja apenas nas pensões mínimas. Há vários estudos que apontam para a ineficácia destas prestações no combate à pobreza nos idosos. A introdução da condição de recursos, nestas pensões, de regime não contributivo, não podia ajudar a poupar, diria, dinheiro mal gasto pelo Estado, ajudando a reforçar o apoio a quem realmente precisa?
Bom, em relação à questão das pensões, portanto, das reformas, creio que é chegado o momento em que tem de haver alguma justiça. No Orçamento do Estado para 2016 desbloqueou-se o congelamento das pensões e reformas, mas não houve qualquer aumento significativo, tirando essas reformas... Não é as reformas mais baixas, é as baixíssimas.

Muito baixas, porque são de regimes não contributivos.
O que propomos é que haja um aumento geral extraordinário de dez euros para todas as reformas e pensões. Consideramos curta e bastante limitada esta ideia das reformas mais baixas. Há que valorizar pensões, reformas de 600, 800 euros...
Mas o governo não tem dinheiro para fazer isso. Como é que o PCP vai conseguir convencer o governo a fazê-lo?

Acho que os saldos atuais da Segurança Social permitem uma visão mais aberta sobre essa proposta.

É isso que lhe diz o ministro Vieira da Silva?
Está a considerar. Nós colocámos a nossa proposta, usámos os nossos argumentos e há uma consideração, enfim, inacabada em relação a essa matéria.

Essa pode ser uma linha vermelha para o PCP?
Não. Nós nunca definimos, enfim, linhas vermelhas. Aliás, houve momentos... Lembro-me do caso do Banif, em que estávamos claramente contra, e votámos contra. E nesse sentido, em função de cada matéria, definimos uma posição. Consideramos que esta medida, portanto, das reformas, é uma medida de justiça social, a que o governo tem de responder.

Não é bem um tabu, mas andou lá perto. Vai continuar secretário--geral do PCP depois do congresso de dezembro?
Bom, em relação a essa matéria, creio que é importante afirmar que a questão do secretário-geral não vai ser tratada no congresso. E digo isto porque, naturalmente, é o comité central que faz a avaliação do trabalho da direção e é o comité central, eleito em congresso, que elege o secretário-geral e respetivos organismos executivos. A questão não está posta no 20.º congresso.

De qualquer forma, o próprio projeto de teses ao congresso deixa subentendida a necessidade de um reforço da liderança. À primeira pergunta acrescento outra. Há ou não uma necessidade de reforço? Há ou não necessidade de uma segunda figura que o acompanhe nesta missão de liderar o PCP?
Em primeiro lugar, o que as teses afirmam é, de facto, o reforço do trabalho de direção e não o reforço do secretário-geral. Mas, de qualquer forma, em relação a essa ideia de um secretário-geral adjunto, eu quero aproveitar a oportunidade para dizer [risos] - com uma nota bem-humorada - que a comunicação social ainda tem capacidade de me surpreender, na medida em que essa ideia nunca, sublinho, nunca esteve em cima da mesa. É uma questão que não tem fundamento.

A figura do secretário-geral adjunto já existiu no PCP...
Já existiu.

Designadamente com Carlos Carvalhas, que foi secretário-geral adjunto de Álvaro Cunhal.
Exatamente. Existiu, de facto. Mas eu não me escandalizo por isso. O problema é que, lendo os jornais, até falam em guerras, em vencedores e vencidos, quando a questão - e digo isto com todo o sentido de responsabilidade - não tem nenhum fundamento, nunca esteve colocada. Não existirá nenhum secretário-geral adjunto.

Nem nenhuma mudança na liderança no curto e no médio prazo?
Bom, eu não posso antecipar... É o comité central que decide.

Mas tem essa disponibilidade e essa vontade?
Pelo menos em termos de capacidade física e anímica, que é um elemento importante em qualquer tarefa. Em termos dessa capacidade, enfim, isso está demonstrado, ao longo destes quatro anos particularmente. Para além de uma intervenção política muito exigente - tendo em conta, designadamente, a nova fase da política nacional -, a verdade é que eu contabilizo, por alto, cerca de mil iniciativas, comícios, contactos, para além da minha vida normal, portanto, de cidadão.

E é deputado na Assembleia da República.
E deputado na Assembleia da República, também. Portanto, poderia dizer que, para além do partido, mesmo fora do partido, a reação e o sentimento prevalecente que me é transmitido até me dá força para continuar com esta disponibilidade de militância, de participação na vida do meu partido, independentemente do grau de responsabilidades que me seja atribuído. Portanto, é com este ponto de vista de observação, é por aquilo que sinto que sou, é pela profunda solidariedade dos meus camaradas de partido que eu arriscava, a dizer que, para os meus camaradas, a referência do secretário-geral é de unidade e coesão e não de divisão.

Surpreendeu-o que a mesma comunicação social tenha apresentado uma lista, até bem grande, de camaradas que poderiam ser secretário-geral adjunto e, no futuro, seus sucessores. Todos aqueles nomes que leu na comunicação social são militantes do Partido Comunista com peso. Surpreendeu-o ver lá esses nomes todos?
Não, não me surpreendeu. Antes pelo contrário, eu acho que isso é positivo, porque demonstra que, num processo inevitável de renovação, de rejuvenescimento...

Mas havia nomes mais antigos do PCP e alguns novos, não é?
Sim. Mas isto... Eu queria dizer que até podia juntar mais três ou quatro nomes de um conjunto de quadros de dirigentes do partido que têm condições para assumir novas responsabilidades. E isso, para mim, é profundamente tranquilizante, tendo em conta que sempre, mas sempre, tive a ideia de que o partido não acaba quando eu sair de secretário-geral. E essa garantia, essa existência de quadros dirigentes capazes de assumir essa responsabilidade é profundamente tranquilizante, é uma grande garantia do futuro do partido.

Só para fechar este tema da liderança, não haverá surpresa nenhuma no congresso e no comité central que se seguirá? Jerónimo de Sousa continuará a ser secretário-geral do PCP?
Como digo, não quero fazer juízos de valor antecipados, mas poderia dizer aqui, aos microfones da TSF e ao Diário de Notícias, o que sinto - e estou a falar terra a terra -, o que sinto por parte dos meus camaradas, do comité central, do partido é uma profunda confiança e uma profunda solidariedade. E isso, para mim, é talvez o elemento que me dá essa tal tranquilidade e ânimo para, num quadro de uma situação política tão exigente, continuar a dar o meu contributo ao meu partido.

Um partido que, como outros na vida política portuguesa, tem uma gestão para fazer que não é fácil. O PCP tem um prejuízo anual médio a rondar um milhão de euros. A pergunta é se também o PCP vai precisar de austeridade para pôr as contas em ordem?
Em primeiro lugar, uma nota: o PCP, que se afirma como o partido da classe operária, de todos os trabalhadores, não poderia também, nesse aspeto, ficar imune à ofensiva que caiu, particularmente, sobre os rendimentos do trabalho, com consequências, obviamente, também na vida do partido. Mas, de qualquer forma, eu queria aqui fazer uma precisão, que acho importante. Nós até conseguimos uma receita superior à despesa durante estes dois últimos anos, mas com uma diferença: nós continuamos a considerar que a situação é insustentável, mas aquele princípio fundamental que temos de não estar dependente das subvenções estatais é um elemento fundamental. Mas não estamos tranquilos, porque, como digo, nós queremos continuar a ser autónomos, independentes não só do capital mas também do Estado e a melhor garantia são as receitas próprias. E essa questão, para nós, é fundamental.

O partido tem também o problema de estar a perder militantes. Tem as causas deste fenómeno identificadas?
Durante décadas, nós não atualizámos os ficheiros. A partir de 2003, decidimos realizar uma grande campanha de contactos em que havia milhares de militantes que tinham perdido o contacto, não pagavam quotização. Obviamente, muitos deles por razões da vida e da morte, por razões de emigração e por razões de afastamento, mesmo, criavam aqui uma dúvida imensa, porque estavam registados nos ficheiros mas não tínhamos esse contacto. E essa campanha de contactos que tem vindo a realizar-se tem permitido recuperar alguns militantes. Não é coisa pequena, nos últimos quatro anos tivemos mais de cinco mil novos inscritos, 69% dos quais têm menos de 50 anos.

E cobrem as saídas que se vão verificando?
Obviamente que continua a haver umas dezenas de milhares de fichas por atualizar. Mas a perspetiva é continuar essa campanha de contactos e dinamizar uma grande campanha de recrutamento. Porque eu, por exemplo, tenho este sentimento, no contacto que tenho com os trabalhadores, com as populações, de que existem potencialidades imensas de crescimento do PCP. Muitas vezes há aqui, ainda, barreiras a ultrapassar, às vezes o preconceito...

Não é fácil transformar a simpatia em militância. É isso que está a dizer.
Sim. Há ali... é de uma subjetividade muito grande. Se me perguntar: "Mas porquê?" Há esta contradição. Enfim, as pessoas identificam-se com as propostas, com a ação, com a intervenção do partido, mas... existe ainda ali um "mas" muito difícil de definir, de grande subjetividade que, quando se vencer...

Ainda funciona o papão do Partido Comunista? Sente isso em algumas pessoas?
É evidente. Hoje o anticomunismo, a discriminação, a tresleitura das posições do partido, fundamentalmente, no plano ideológico, existem barreiras que fazem parte deste combate natural. Mas, por isso mesmo, nós consideramos que é através da ação concreta, da proposta concreta, da nossa intervenção, da nossa forma de estar na política que nos leva a ter essa ideia de que é possível, é possível crescer e avançar.

Fonte:dn.pt/portugal/entrevista




Referendo da Hungria sobre refugiados não é válido, diz sondagem

Só votaram 45% dos eleitores, diz instituto Nezopont. Os primeiros resultados oficiais serão conhecidos após as 19h de Portugal Continental.
Resultado de imagem para Referendo da Hungria sobre refugiados não é válido, diz sondagem
Sondagens à boca das urnas mostram que o referendo na Hungria sobre o sistema da União Europeia de quotas de redistribuição de refugiados não teve participação suficiente para poder ser considerado válido.

Terão votado 45% dos eleitores, abaixo dos 50% necessários para que a consulta pública promovida pelo Governo de Viktor Orbán não possa ser validada, diz o estudo do instituto Nezopont.

No entanto, 95% dos que votaram rejeitaram que a União Europeia obrigue a Hungria a aceitar as quotas de refugiados, mesmo que o Parlamento de Budapeste as rejeite.

A oposição tinha apelado à abstenção no referendo.


Público

Eleições no Brasil marcadas pela detenção de 60 candidatos

As eleições municipais que decorrem este domingo no Brasil já foram marcadas por 397 detenções, sendo que 60 delas são de candidatos.

Segundo o balanço mais recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e citado pelo jornal "Folha de São Paulo", o número de ocorrências já chega às 907, envolvendo 92 candidatos e 815 não candidatos. Desse total, houve 397 detenções.

Num país onde é obrigatório votar, cerca de 144 milhões de eleitores deslocam-se hoje às urnas para escolher os próximos vereadores, presidentes e vice-presidentes de câmara em 5.568 municípios.


JN

Alcoolismo juvenil: uma omissão familiar

Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)

Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.
Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o carácter.
Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”, campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas de mídia e aceito com naturalidade por nós.
Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente em todos os sectores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um ato de afirmação do jovem, como sinonimo de que ele já começa a adentrar o sonhado mundo dos adultos. Puro engano.
Pena que a sua visão de vida e os seus objectivos na existência, muito acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de consciencialização que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.
Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão corrosiva substância. Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da personalidade.
Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.
Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.
Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa “tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.
No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família. Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande maioria dos nossos jovens.
Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.
E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.
Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde física e ao carácter, pois que são escravos do vício.
É triste, muito triste mesmo, identificar que muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade. O alcoólatra não é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.
Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família. Esses pais, indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente, chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.
Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados. Eles precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos, especialmente dos adultos com quem convivem.
O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito frequentemente, vítima da omissão familiar.
Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações se entre as paredes do lar a indiferença continuar.
Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.

por Marco Aurélio Rocha



NÃO SEJA LOUCO!

FotoNos últimos doze meses muitos empresários brasileiros faliram, muitos empreendedores enfrentaram substancial queda em suas vendas e precisaram demitir "pencas" de funcionários que não mereciam ser demitidos. Isso é atroz fazer... Mas é preciso... Vão-se os anéis mas ficam os dedos...
Não é fácil perder dinheiro, mesmo trabalhando arduamente.
Não é fácil enfrentar situações dessa monta, sem sentir-se fracassado.
Não é fácil superar obstáculos e dar a volta por cima... Não é fácil pensar como os muitos políticos agiram contra o povo brasileiro...
É imperioso, nesse momento de turbulência, pensar de forma inteligente. SOMOS O QUE PENSAMOS! Seu pensamento controla você todo o tempo, então pense positivo!
Olha, você que atravessa situação crítica, sabe que é comum perceber que aquele abnegado que cria a riqueza, regra geral, aproveita pouco o seu dinheiro, e eu constato isso há mais de quatro décadas. Isso ocorre porque eles tem foco em seu trabalho... a maioria já foi pobre e não deseja voltar para aquele patamar... Então trabalha muito e gasta quase nada...
Porém, quando esse criador de riquezas enfrenta caos financeiro em seus negócios, normalmente ele se sente fracassado e assume culpa que as vezes (muitas vezes), não lhe compete. E sofre por questões que não tem muito controle... Como vender algo para cliente que não tem dinheiro e está carregado de dívidas? Como, vivente?
E alguns perdem seu equilíbrio emocional!
Os familiares precisam estar atentos a atitudes comportamentais do homem ou mulher de negócios, dos provedores do lar, porque muitos não superam suas fragilidades e traumas emocionais, e se deprimem, e se desesperam, e as vezes vêem no suicídio a única forma de libertação.
A todos que vivem situação semelhante, o aviso é: NÃO SEJA LOUCO!
Não imagine que a situação é por sua culpa... Esse é o primeiro passo... Entenda que no Brasil, a pilhagem governamental foi muito além do imaginável e todos, sem nenhuma excepção arcarão com o ónus desse saque nababesco. E não adianta chorar sobre leite derramado... Caca feita exige limpeza!
O segundo passo é acreditar em você próprio... Sim, encha-se de entusiasmo e faça aquilo que você sabe fazer... Faça bem feito... E peça o socorro de Deus... Seja sábio, porque a força de nosso braço com frequência não é suficiente... Você com Deus, aí sim é suficiente... É maioria absoluta! Humilhe-se a Ele... Isso é muito bom! E Deus ama sua dependência a Ele!
Trabalhe e recupere o tempo perdido. O Brasil é pródigo em produzir riquezas e nossa economia se recuperará... Eu creio! Creio muito...
O terceiro passo é tire todas as minhocas de sua cabeça... Você é um vencedor, meu prezado... Creia nisso... Vá benne?

João António Pagliosa
Concórdia, 02 de outubro de 2016 



O comunista, a União Europeia e a Suíça

Nelson Fragelli
Nelson Fragelli
Ele ficou velho como a ideologia que defende. Trata-se de Giorgio Napolitano [foto abaixo], 91 anos, militante histórico do Partido Comunista Italiano (PCI). Durante décadas ele quis transformar a Itália num país como a atual Venezuela: em estado de miséria. Não conseguiu. Impenitente, hoje ele apela à União Europeia.
Nelson Fragelli
Em 22 de setembro passado, Napolitano deu entrevista de página inteira ao principal jornal italiano, “Corriere della Sera”, sobre a crise da União Européia (UE). Enquanto comunista, ele obviamente idolatra a UE, da qual espera que reduza os países europeus a repúblicas laicas, anticristãs, levando-os a uma situação de caos e miséria que seu socialismo não conseguiu fazer com a Itália nos tempos da malfadada União Soviética.

A UE passa por uma crise existencial. O possante Reino Unido dela se retirou; a política de abertura indiscriminada a africanos e asiáticos encontra crescente oposição; não há confiança nem nos fundamentos das instituições europeístas, nem na política que adotam. A UE está num impasse; é preciso rever seus fundamentos e repensar suas instituições. Tudo isso diz Napolitano, lacrimejante. Tudo isso balbucia o velho camarada, ainda dissimulando a gravidade da crise.
Dissimulando, sim, pois ele não diz que desde o início os europeus, através de vários referendos, em diferentes países, deixaram clara sua incredulidade nos organismos formados para dirigir o Velho Continente. Artificialidade dos poderes. Imensa burocracia. Autoridade de matiz totalitário. Em mais de meio século de existência, a UE não deu resultados palpáveis e reconhecidos. Pelo contrário, tudo piorou: desemprego, gastos exorbitantes com imigrantes, imposições de mudanças sociais como o aborto, uniões homossexuais, a Ideologia de Gênero nas escolas etc. Quando tudo não vai bem, os governos litigam entre si. É o que acontece com a “união” europeia. Não há liderança. Temores assombram as populações.
Nelson Fragelli
          A pele flácida do encanecido comunista ainda tremia quando, quatro dias após sua entrevista manhosa, em 26 de setembro último, o mesmo “Corriere della Sera” estampava na primeira página outro tabefe na UE. Desta vez, dado pela pacata Suíça. Quem diria? Ela sai da paz bucólica de seus vales floridos, pontuados de lindos vilarejos onde tudo funciona com a precisão de seus famosos relógios, e diz NÃO à imigração. Num importante estado (Cantão) da Suíça, o Ticino [foto acima], fronteiriço à Itália, o voto popular, através de referendo, disse “basta” à imigração estrangeira. Imigração estrangeira até mesmo de europeus — e não só de africanos ou asiáticos — que vinham açambarcando grande parte dos empregos destinados primordialmente à população local.
Nelson Fragelli
A UE assinara tratados com a Suíça, estabelecendo a aceitação de estrangeiros pela Confederação Helvética. Basta. Por que a população nacional deveria disputar empregos com estrangeiros? A garantia mínima que um governo honesto deve dar a seu povo é reservar-lhe a prioridade na obtenção de trabalho em seu próprio território. “Primeiro os nossos. Não queremos ingerência da UE em nossa política imigratória”, diz o bom senso de um velho suíço, enorme e seguro de si, degustando um chocolate. A perorar, ele movia de um lado a outro seu dedão indicador, acentuando com esse gesto sua negação e sua lógica. Calmo e inflexível, ele oscilava seu dedão como o pêndulo de um de seus relógios. Tic-tac. Não-não!

Fonte:ABIM

A mentira

Eu fico pasma como vejo que a mentira se tornou verdade para muitos. Já ouvi que falar a verdade sempre, não é inteligente! Tem gente, que a mentira já faz parte de sua vida, mente simplesmente pelo prazer de mentir, porque dá trabalho falar a verdade.
 Na realidade as pessoas não querem se despir, e é mais cómodo falar o que é conveniente ao seu ouvinte, isso tem me preocupado muito, pois como acreditar nas pessoas? Se hoje tudo não passa de uma grande história inventada, mentem pra não magoar, mentem para usufruir o seu desejo, mentem porque dói falar a verdade, mentem para não perder, mentem para conseguir, mentem porque mentem... ( factores que se baseiam a mentira).

Dizia um amigo meu, a mentira falada três vezes se torna uma verdade, verdade essa que nos confundem, que nos magoam, sem saber se é a verdade.

 Em minha humilde opinião a verdade constrói e a mentira destrói; as pessoas não percebem que uma mentira puxa outra e mais outra e aí se perdem dentro da mentira.
Gostaria de um mundo mais sincero, sem nos preocuparmos em análise se é verdade ou não o que a pessoa diz.

Resultado de imagem para FRASES SOBRE A MENTIRA Já percebeu que quando uma pessoa mente uma vez e você descobre, fica difícil acreditar nela, mesmo quando está falando a verdade? Porque sua integridade foi posta em jogo, e ainda não gosta quando isso acontece! Não reconhecendo que o problema está nela, e nas suas mentiras e não em quem está desconfiando.

 E no meu pensamento mentiu uma vez, pode mentir sempre... Como confiar? Tenho pensado muito sobre isso, tem pessoas que mentem sua personalidade, mentem seus sentimentos, mentem seus reais interesses. Gente, é tanta mentira que me dá enjôo.

 Porque o pai da mentira é o diabo, e a mentira não traz nenhum benefício duradouro, pois ela sempre vem a tona, ela já foi criada para isso, para manchar a imagem do homem, o ser semelhante de Deus.

 A mentira é como um buraco, quanto mais mente, mais se desce, chegando perder a identidade.

 Quem é essa pessoa? Ninguém sabe. Porque ela construiu sua vida na mentira, e cedo ou mais tarde tudo desmorona, como uma casa construída sobre a areia. Mentir é perder tempo, porque a verdade chega!

Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idolatras, e todo o que ama e pratica a mentira.
Apocalipse 22:15

Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.

João 8:44.

Santa Teresinha, desprezando a popularidade comum, alcançou a glória que é “a popularidade dos santos e dos heróis”

Paulo Roberto Campos
 Lisieux

À “maior santa dos tempos modernos” — segundo expressão do Papa São Pio X — oBrasil devota especial predileção e afeto, e a ela está vinculado por dois motivos que muito nos honram


No dia 1º de outubro a Igreja celebra a festa de Santa Teresinha, a jovem carmelita que atingiu o mais alto píncaro da santidade. Nascida em 1873 na cidade francesa de Alençon, ela entrou para o Carmelo de Lisieux em 1888, onde faleceu com apenas 24 anos, em 1897.
Santa Teresinha
Quem nunca ouviu falar de Santa Teresinha do Menino Jesus?(1) A jovem carmelita francesa é uma das santas mais conhecidas e veneradas no mundo inteiro. Sua canonização em 1925 produziu em todo o orbe católico uma explosão de alegria. Apenas à cidade de Lisieux — onde se encontra a residência de sua família [foto ao lado] e o convento carmelita no qual viveu e entregou sua belíssima alma a Deus — acorrem aproximadamente dois milhões de devotos todos os anos.



Santa Teresinha
O Brasil é especialmente devoto de Santa Teresinha e vinculado a ela de modo particular, por dois motivos que muito nos honram: a primeira igreja edificada no mundo (1924) em sua homenagem encontra-se no Rio de Janeiro, no bairro da Tijuca [foto ao lado], e o precioso relicário — conhecido como “a urna do Brasil”, confeccionado para conter seus restos mortais — foi oferecido pelo povo brasileiro [foto abaixo].

Multidões afluem às igrejas dedicadas a Santa Teresinha em todos os continentes. Mas qual a origem de tão extraordinária glorificação popular? — É a dor suportada heroicamente por amor de Deus, da qual nasce, segundo Plinio Corrêa de Oliveira, “a verdadeira glória”. E aos que buscam sofregamente a popularidade alhures, deixo este outro comentário do Prof. Plinio: “A popularidade é a glória dos demagogos. A glória é a popularidade dos Santos e dos heróis”.
Santa Teresinha
A Virgem de Lisieux desprezou a popularidade comum; foi exaltada às honras da celebridade mundial, é venerada como santa em todas as nações!
Com efeito, desde a mais tenra infância, a pequenina e inteligente Teresa almejou a santidade; romper com o mundo e sofrer por amor de Deus e pela salvação das almas. Com apenas quatro anos afirmara:“Serei religiosa em um claustro”. E, de fato, ao completar 15 anos entrou para o Carmelo.
Santa Teresinha
Santa Teresinha
Sta. Teresinha, noviça no Carmelo, em janeiro de 1889
Em seus manuscritos autobiográficos, intitulados História de uma alma, ela escreveu que desejava ser para Deus tudo ao mesmo tempo:“Ser tua esposa, ó Jesus, ser carmelita, ser, por minha união contigo, a mãe das almas, isto deveria bastar-me… Não é assim… Estes três privilégios, Carmelita, Esposa e Mãe, são, sem dúvida, minha vocação. Entretanto, sinto em mim outras vocações. Sinto-me com a vocação de GUERREIRO, de PADRE, de APÓSTOLO, de DOUTOR, de MÁRTIR. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto em minha alma a coragem de um Cruzado, de um Zuavo pontifício. Quisera morrer sobre um campo de batalha, pela defesa da Igreja. Ó Jesus! Meu amor, minha vida… como aliar estes contrastes? Como realizar os desejos de minha pobre almazinha?. Ah, apesar de minha pequenez, quisera esclarecer as almas como os profetas, os doutores. Tenho a vocação de ser apóstolo [...]”.(2)
Na mencionada autobiografia, ela continua entusiasmadamente descrevendo que sentia-se chamada para grandes vocações — queria tudo, até mesmo derramar seu sangue lutando por Cristo e sua Igreja.
Santa Teresinha
Sta. Teresinha em julho de 1896
E Deus foi burilando a jovem carmelita, como se lapida a mais preciosa das pedras preciosas, para que essa belíssima alma, de dentro do claustro do convento, alcançasse graças para todas as grandes vocações — para os guerreiros, os padres, os apóstolos, os doutores, os mártires, enfim para que todos seus devotos atingissem o caminho da perfeição de modo acessível.
Em poucas palavras, São Pio X disse tudo sobre ela: “A maior Santa dos tempos modernos”. E o Cardeal Vico afirmou: “A virtude de Teresa impõe-se com incrível majestade: a criança torna-se um herói, a virgem das mãos cheias de flores causa espanto pela sua coragem viril!”(3)

Com sua indomável força de alma, essa santa-cruzado é exemplo de vida, modelo do católico combatente, razão pela qual devemos recorrer à sua proteção. Tenhamos a certeza de que nos atenderá, pois ela mesma manifestou: “O que me impulsiona a ir para o Céu é o pensamento de poder acender no amor de Deus uma multidão de almas que o louvarão eternamente.” Ademais, prometeu: “Vou passar meu Céu fazendo o bem na Terra”. E ainda: “Depois de minha morte, farei cair uma chuva de rosas.”
Santa Teresinha
Foto feita em novembro de 1896. Sta. Teresinha, a primeira à direita, um ano antes de seu falecimento.
Então, peçamos com confiança e seremos beneficiados por essa prodigiosa chuva de favores e graças, para nós e nossas famílias, para a Santa Igreja e o Brasil — neste momento tão trágico em que vivemos.

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Notas:
1. Manuscritos Autobiográficos. Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Teresinha, Cotia, SP, 2ª. edição, 1960, p. 244.
2. L’Esprit de Ia Bienheureuse Thérese de l’Enfant-Jésus d’apres ses écrits. Office Central de Lisieux, 1924, p. VIII.