sábado, 4 de fevereiro de 2017

Não existe democracia sem dignidade das pessoas


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DEMOCRACIA é liberdade de escolha bem informada também. Voto não tem preço tem consequências. Corrupção é crime contra a humanidade. @EdGaarcia
A democracia, ao contrário do que pensam alguns pouco ou mal esclarecidos, nunca foi verdadeiramente o governo do povo, mas antes e sempre o governo dos cidadãos.
A participação democrática alargou-se, não por causa de mudanças no conceito ou no ideal da democracia, mas por causa da elevação da dignidade de muitos grupos de seres humanos a quem ela era anteriormente negada – como os camponeses, as mulheres, e outros.
A dignidade da pessoa humana é, por essa razão, o primeiro valor para a democracia, qualquer democracia.
O que é, então, a dignidade? Em muitos dicionários aparecerão definições como estas: qualidade do que é nobre, elevado; respeito por si próprio e pelos outros.
A dignidade da pessoa humana é indissociável do respeito pela vida humana.
Como refere a Instrução Dignitas Personae, nas suas conclusões, “… a história da humanidade manifesta um real progresso na compreensão e no reconhecimento do valor e da dignidade de cada pessoa, fundamento dos direitos e dos imperativos éticos, com que se procurou e se procura construir a sociedade humana. Foi precisamente em nome da promoção da dignidade humana, que se proibiu todo o comportamento e estilo de vida lesivos da mesma dignidade. Assim, por exemplo, as proibições, jurídico-políticas, e não apenas éticas, das diversas formas de racismo e de escravidão, das injustas discriminações e marginalizações das mulheres e crianças e das pessoas doentes ou com grave deficiência, são testemunho evidente do reconhecimento do valor inalienável e da intrínseca dignidade de cada ser humano e sinal de um progresso autêntico que percorre a história da humanidade. …”, e um pouco mais adiante, citando as palavras de João Paulo II[1]: «Como, há um século, era a classe operária a ser oprimida nos seus direitos fundamentais, e a Igreja com grande coragem a defendeu, proclamando os sacrossantos direitos da pessoa do trabalhador, assim agora, quando uma outra categoria de pessoas é oprimida no direito fundamental da vida, a Igreja sente o dever de, com a mesma coragem, dar voz a quem não a tem. O seu é sempre o grito evangélico em defesa dos pobres do mundo, de quantos são ameaçados, desprezados e oprimidos nos seus direitos humanos».
Que expressão pode ter a dignidade da pessoa humana ao nível jurídico-institucional?
Um dos documentos institucionais (não eu sendo especialista nesta matéria) que mais aprofunda a questão da dignidade da pessoa humana parece ser a Constituição Federal de 1988 do Brasil, pelo menos a acreditar em Wolfgang Sarlet [2], um autor que consta das listas bibliográficas de muitas Universidades: … A dignidade humana constitui valor fundamental da ordem jurídica para a ordem constitucional que pretenda se apresentar como Estado democrático de direito (p. 37) … É qualidade integrante e irrenunciável da condição humana, devendo ser reconhecida, respeitada, promovida e protegida. Não é criada, nem concedida pelo ordenamento jurídico, motivo por que não pode ser retirada, pois é inerente a cada ser humano (p. 41) … A dignidade da pessoa humana engloba necessariamente respeito e protecção da integridade física e emocional (psíquica) em geral da pessoa, do que decorrem, por exemplo, a proibição da pena de morte, da tortura e da aplicação de penas corporais bem como a utilização da pessoa para experiências científicas (p. 89) … Mas, ainda que se reconheça a possibilidade de alguma relativização e mesmo de eventuais restrições, não há como transigir no que diz com a preservação de um elemento nuclear intangível da dignidade, que, na fórmula de Kant, consiste na vedação de qualquer conduta que importe em coisificação e instrumentalização do ser humano (p. 138) ….
FALTA QUEM FALE À ALMA DO POVO
*SARLET, Ingo Wolfgang, Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Constituição Federal de 1988, 6ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

Postado por J. Carlos (Director)

Colheita de Sangue Dia 26 de Fevereiro das 9 horas às 13 horas no Salão da Junta de Freguesia de Cacia

Dê mais sentido à vida, torne-se dador de sangue e de medula óssea.

O Mapa das sessões de colheitas de sangue para todo o ano de 2017 está disponível no site indicado acima, podendo ser copiado.

Aconselhamos os dadores a regularizarem a situação para efeitos de isenção das taxas moderadoras nos Centros de Saúde e nos Hospitais públicos, onde foi reposta a partir do dia 30 de Março de 2016.


Somos Pela Vida… Juntos Pela Vida!


J. Carlos

Sessão de Colheitas de Sangue Dia 8 de Fevereiro entre as 15 horas e as 19:30 horas no Posto Fixo da ADASCA em Aveiro


As datas e horários constante no cartaz estão correctas, conseguiu-se que às 4ªs. Feiras mais meia hora, ou seja: as sessões vinham decorrendo entre as 15 horas e as 19 horas a partir do dia 30 Agosto de 2016, sendo que, vão passar a decorrer entre as 15 horas e as 19:30 horas, tornando-se necessário uma ajustamento de horário por motivos de funcionamento do espaço onde a ADASCA tem a sua Sede e Posto Fixo.

Como é do conhecimento público o Posto Fixo da ADASCA, está localizado no Mercado Municipal de Santiago, 1º. Piso. Mais informações no site www.adasca.pt

O Mapa das sessões de colheitas de sangue para todo o ano de 2017 está disponível no site indicado acima, podendo ser copiado.

Aconselhamos os dadores a regularizarem a situação para efeitos de isenção das taxas moderadoras nos Centros de Saúde e nos Hospitais públicos, onde foi reposta a partir do dia 30 de Março de 2016.
Grupo de dadores de sangue veteranos na Sede da ADASCA

Somos Pela Vida… Juntos Pela Vida!


J. Carlos

Eu, Psicóloga | Esqueça o seu olhar 43 : pesquisas mostram que altruísmo pode ser a chave para conquista.


Muitas pessoas acreditam que quando não é a beleza o fator de atração mais importante na hora de conquistar uma mulher, certamente o senso de humor será. Porém um estudo mostra que o altruísmo pode ser considerado uma característica importante para atrair as mulheres que procuram um relacionamento.


De acordo com uma pesquisa publicada pelo British Journal of Psychology, homens altruístas também são os que mais fazem sexo. Os cientistas perguntaram para os homens canadenses quantas boas ações eles realizaram – como colaborar com uma instituição ou até mesmo ajudar alguém a tirar a neve do carro. Após isso, os voluntários responderam quantas vezes eles tiveram relações sexuais e o número de parceiras.


O resultado foi que os homens mais altruístas faziam mais sexo e tinham mais parceiras. Os homens caridosos já comprometidos também eram mais propensos a ter tido relação sexual nos últimos 30 dias.  A segunda parte do estudo consistia em perguntar para universitários se eles gostariam de doar dinheiro para ajudar instituições carentes. Os que doaram também eram os que mais tinham relações sexuais e mais parceiras ao longo da vida.

Altruísmo é a nova fórmula do sucesso?

Outro estudo publicado na revista Evolutionary Psychology, mostrou a 202 mulheres, homens diferentes para serem escolhidos por elas. As combinações e as opções de atração eram feitas de acordo com as boas ações deles. As voluntárias escolheram os homens egoístas, mas atraentes para um caso de uma noite. Já os altruístas, atraentes ou não, era os escolhidos para um relacionamento duradouro.

Um estudo realizado em 2013, concluiu que as mulheres escolhem homens altruístas pensando na possibilidade de serem bons pais. Elas também relataram que o altruísmo é importante em um relacionamento a curto prazo, porém essencial a um de longo prazo. Um novo estudo Publicado na Social Psychological and Personality Science, em julho de 2015, analisou as respostas de alemães sobre o tema. As pessoas solteiras que diziam fazer boas ações tinham mais chances de estar em um relacionamento no ano seguinte. Eles também encontraram suas parceiras com mais facilidade do que os que não eram altruístas.   

Outros fatores

Porém, outras características são importantes. Segundo pesquisadores, o humor é fundamental para as mulheres, já que está associado com a inteligência. Além disso, o senso de humor é um bom indicador de atividade sexual. Porém, quando o assunto é a manutenção de um relacionamento longo, os cientistas concluem que o altruísmo seja uma característica fundamental.

Controvérsias

Os psicólogos ainda não analisaram o humor versus o altruísmo, mas é importante salientar que nem sempre as pessoas respondem os questionários sinceramente – principalmente quando se trata de caridade e sexo. Por esse motivo, não é possível afirmar com certeza que o altruísmo é o que mais atrai as mulheres. Pode acontecer de haver outros traços associados com altruísmo, ou um homem ser atraente por outras razões e coincidentemente ser altruísta. Mas, devido ao grande número de pesquisas, é fato que o altruísmo traz grandes benefícios.



Debora Oliveira

Atividade divertida para a terceira idade

A Cia. Lúdica, companhia teatral sediada na capital paulista, com sua experiencia de 23 anos de atividades artísticas e culturais, desenvolveu uma diferente atividade de lazer para a terceira idade. Trata-se de uma Oficina de Mímica dirigida expecialmente para essa faixa etária,  que visa a descontração, a integração e a diversão do grupo, favorecendo também a autonomia e a autoestima de cada participante.
A Oficina de mímica para a terceira idade pode ser realizada em uma única vez ou por módulos semanais:
Por meio de jogos dramáticos, de improvisações dirigidas, de músicas e das técnicas básicas da mímica clássica e da contemporânea, os participantes serão estimulados à criação de pequenas cenas.
O espaço vazio, a memória, o corpo, o movimento e o gesto serão utilizados como materiais para os efeitos ilusórios da mímica no desenvolvimento de poéticas coletivas ou individuais.

Acesse a proposta integral da oficina no link abaixo.

Ficamos à sua disposição para maiores informações.
Atenciosamente,
Paulo Roberto Drummond
Cia. Lúdica 

11 32871984 / 11 991042092

Esposa, mãe, católica e marqueteira

Péricles Capanema
Kellyanne Conway discursando durante a March For Life no dia 27 último
Kellyanne Conway discursando durante a March For Life no dia 27 último
Kellyanne Conway foi lançada em 2016 no centro da política norte-americana. Nascida em 1967, católica com títulos universitários prestigiosos, é casada com conhecido advogado e mãe de quatro filhos. Na vida profissional é marqueteira consagrada.
Seu (até agora) grande feito foi ser a primeira mulher a chefiar uma campanha presidencial nos Estados Unidos. A partir de 17 de agosto último, diante de perspectivas nada alentadoras, assumiu o bastão e mudou o rumo delas, conseguindo para Donald Trump consagradora vitória no Colégio Eleitoral. Atualmente é conselheira presidencial, posição de topo. Tem mais: vem sendo apelidada jocosamente de whisperer, para indicar que tem os ouvidos de Donald Trump. Logo estará na lista das mulheres mais poderosas dos Estados Unidos.
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Em Washington, no dia 27 de janeiro último, foi realizada a 44ª Marcha pela Vida, em protesto pela aprovação do aborto em 1973 pela Suprema Corte (caso Roe versus Wade). A manifestação recebeu estímulo público de Trump: “A Marcha pela Vida é muito importante. Para todos os que estão se manifestando, meu inteiro apoio”. Nela discursou o vice-presidente Mike Pence, que “em nome do Presidente” deu as boas-vindas aos participantes. Também discursou Kellyanne Conway, começando assim: “Sou uma esposa, uma mãe, uma católica, conselheira do presidente dos Estados Unidos”[foto acima, durante o evento].
Tais palavras estilhaçam o politicamente correto (entre nós, não entre eles). Não custa lembrar que meses atrás a revista VEJA (18-4-16), em reportagem sobre a atual primeira-dama Marcela Temer, pôs no título: “Bela, recatada e do lar”. Foi um deus nos acuda. Ironias, deboches, ataques, insultos encheram as páginas da imprensa tradicional e das redes sociais. O que respigo abaixo é apenas pequeno exemplo das centenas de milhares de manifestações. Diana Corso, psicanalista e escritora: “Acho que a pobre Marcela acabou carregando o ônus da onda de retrocesso. A existência dessa mulher nos coloca frente àquilo que temos lutado para não mais ter que ser”. Cláudia Tajes, escritora: “Não haveria nada de errado com a descrição se ela estivesse nas páginas de uma revista no início do século passado. Um mundo que só fala de empoderamento feminino e seus derivados só pode debochar ao ver uma guria de 30 anos ser retratada desse jeito. Coitada dela”. Nana Soares, jornalista: “Esta manchete parou no século 19. Estamos no século 21”. E vai por aí afora.
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Nos Estados Unidos, comentários desse naipe são anacrônicos. Kellyanne Conway, ao destacar como características que especialmente preza seu papel de esposa e mãe e sua condição de católica, lembrando só a seguir que ocupa um dos mais poderosos cargos na Terra, tem inteira consciência que tal enumeração a faz simpática no país inteiro e a fortalece na Casa Branca.
Por quê? Existiu nos Estados Unidos, décadas a fio, um enorme setor a bem dizer invisível. Oculto, um verdadeiro país conservador, vivendo em torno da família e do trabalho. A imagem dos Estados Unidos era outra, projetada pelos holofotes de Hollywood e pela fanfarronice emproada dos setores liberals (o que lá significa ter pelo menos propensões esquerdistas e libertárias), que gostam de monopolizar microfones. Impostura gigantesca que mandava e desmandava. Até que em certa hora o país majoritário se cansou do cabresto e da asfixia. Organizou-se, buscou participação nas universidades, presença nos meios de comunicação, influência na política. Enfrentou obstáculos sem nome, mas também obteve êxitos retumbantes, um dos quais foi o período Reagan de oito anos. As refregas continuam, polarizam a nação. Em suma, movimentos conservadores fizeram com que o país invisível tomasse consciência de si, opinasse e finalmente se afirmasse como parte influente, com direito a vez, voz e voto.
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Kellyanne Conway discursando durante a March For Life no dia 27 último
O acontecimento faz lembrar a lenda bretã da “cathédrale engloutie” (catedral submersa, engolida pelas águas), nas costas da ilha de Ys. Em certas ocasiões, os habitantes da região escutam badalar de sinos e ouvem cantos sagrados. Quando a água está muito transparente, lhe veem os contornos. A ação lúcida de lideranças responsáveis fez emergir das águas a catedral do país conservador nos Estados Unidos.

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Temos também entre nós há um Brasil invisível, desprezado, para cuja voz poucos atentam, mas que tem consciência de que pode ditar rumos, caso aflore. É uma catedral cujos sinos bimbalham, clamando por vir à tona. O Brasil foi colocado entre os países emergentes (com Rússia, Índia, China, África do Sul, o grupo BRICS). Antes, temos emergência mais urgente para fazer. Conscientizar, empoderar (já empregando o neologismo) grandes multidões, falar, libertar setores agora sufocados. Quando o Brasil, abaixo da linha da água, hoje invisível, se afirmar na proporção correta, será completamente normal uma mulher de grande expressão, no meio de aplausos, proclamar-se ufana esposa, mãe e católica. Como acontece nos Estados Unidos.

"A cura do cancro não vai acontecer na próxima década, pelo contrário"

Vozes ao Minuto
Travar o aumento das incidências do cancro é uma luta diária sem fim à vista, pelo menos a médio prazo. A propósito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, que se celebra este sábado, 4 de fevereiro, o Vozes ao Minuto esteve à conversa com o médico oncologista Vítor Veloso, que assume a presidência da Liga Portuguesa Contra o Cancro.
© Global Imagens
Cancro. O nome está em todo lado e integra uma boa parte das conversas diárias. Não é difícil perceber porquê. A incidência da doença cresce de dia para dia e travá-la não é tão fácil quanto o desejado.
O cancro é “o principal problema de saúde pública”, cuja cura “não vai acontecer na próxima década, muito pelo contrário”. Quem o diz é Vítor Veloso, médico oncologista e presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, entidade que apoia os pacientes oncológicos e que assume uma posição firme na investigação e na procura de melhores terapias, mesmo que a luz ao fundo do túnel esteja ainda bastante longe.
Em entrevista ao Vozes ao Minuto, o especialista deixa ainda algumas críticas ao Serviço Nacional de Saúde, ao comportamento dos portugueses e a todos os “cavalos-de-batalha” que tornam esta luta ainda mais difícil de vencer.
O cancro é considerado a doença do século. Vai ser fácil tirar-lhe este rótulo?
Não, vai continuar assim. As armas que nós temos são precisamente aquelas armas que nós utilizamos, que são a prevenção primária e prevenção secundária. Também temos uma luta grande, o rastreio. Visto que estamos protocolados com a ARS [Administração Regional da Saúde], no rastreio do cancro da mama estamos já a 100% no norte, a 100% há muito tempo no centro e espero que a região sul, que está a cerca de 45%, avance neste momento porque penso que há condições para isso.
São cada vez mais as evidências científicas que apontam o estilo de vida como forma de prevenção e de desenvolvimento da doença. Contudo, os casos de diabetes, obesidade e posterior cancro não param de crescer. O que está a falhar a passar a mensagem?
O problema é muito vasto, muito amplo. Passa pela utilização do tabaco, apesar de dizerem que o nosso país está muito bem visto a nível europeu isso não é verdade, está mal visto a nível europeu, há muitas leis do tabaco mas não são cumpridas normalmente; o álcool também é outro dos principais fatores desencadeantes do cancro; também a obesidade, conforme vemos neste momento, há um número elevadíssimo de obesos, mesmo na parte infantil; o stress, que é cada vez maior devido ao ritmo de vida que levamos; também o sedentarismo, a falta de desporto, de exercício físico; a poluição ambiental e poluição de todas as situações.
Raramente aparecem grandes avanços, as vacinas são um grande avanço, mas agora a descoberta da cura através de terapêuticas inovadoras isso é raro
Todos estes hábitos incutidos, sobretudo na maneira de ser do mundo ocidental, são muito difíceis de mudar. No entanto, agora vamos passo a passo e temos ganhado algumas lutas, temos envolvido muitos alunos do [ensino] secundário e, neste momento a nível nacional, envolvemos nas nossas campanhas à volta de 400 mil alunos, o que, quanto a mim, é fantástico, e continuar a trabalhar sempre diariamente. É um trabalho difícil, mas temos conseguido alguns resultados.

Não estarão as pessoas a ficar confusas com a quantidade de informação que se espalha todos os dias sobre a doença, desde livros a estudos científicos publicados nos meios de comunicação? Como é que podem filtrar a informação mais correta?
Tem toda a razão, penso que há demasiada informação sobre cancro. Tudo aquilo que se descobre e que muitas vezes representa pequenos avanços é tido como um grande avanço, o que não é verdade. Raramente aparecem grandes avanços, as vacinas são um grande avanço, mas agora a descoberta da cura através de terapêuticas inovadoras isso é raro. A filtragem é efetivamente muito difícil para os doentes e até mesmo para os profissionais de saúde. Na internet há muito lixo, 90% do que existe na internet é lixo e as pessoas têm de ter cuidado com as fontes de onde são distribuídas essas informações. As pessoas têm de ter muita cautela quando vão à internet pesquisar sobre as doenças porque a grande maioria não vale absolutamente nada.
Na internet há muito lixo, 90% do que existe na internet é lixo
No que toca ao diagnóstico, é mais fácil pecar por excesso ou por defeito? Quais os riscos associados a essa tendência?

Acho que o que se deve fazer é uma linha intermédia. Cá em Portugal, está a fazer-se um diagnóstico de defesa. Há doentes a mais, são poucos os profissionais de saúde a trabalhar e, consequentemente, eles questionam-se com exames subsidiários. Há um pedido muito elevado e desnecessário de exames subsidiários de diagnóstico que faz com que o Estado gaste indevidamente. Se for a um hospital e levar exames de fora, esses exames normalmente não são aceites, o que é uma perfeita tolice, porque os exames que se levam são de entidades convencionadas, portanto, têm qualidade. Muitas vezes repetem-se exames desnecessariamente, gastando erário público e orçamento do Estado que, no que diz respeito à Saúde, são quantias exorbitantes e desnecessárias.
Existe algum tipo de desvalorização de certos tipos de cancro por parte dos médicos?
Não, penso que não. Todos têm um certo respeito pelo cancro, embora a palavra cancro tenha de ser desmistificada, pois temos uma grande percentagem de cura se for [diagnosticado] numa fase inicial. São poucos os cancros que nos passam, são dois ou três cancros, pois ainda não temos terapêuticas adequadas, como o cancro do pâncreas, que é uma situação que ainda não foi de maneira alguma desbloqueada sob o ponto de vista de terapêutica adequada, mas, por exemplo, no cancro do pulmão nós temos avanços nítidos, sobretudo de medicação inovadora que consegue dar uma sobrevivência muito boa aos doentes e com uma grande qualidade de vida.
Se for a um hospital e levar exames de fora, esses exames normalmente não são aceites, o que é uma perfeita tolice
São precisamente essas drogas inovadoras as que interessam, aquelas que curam e que dão uma sobrevivência grande com qualidade de vida. As outras não prestam para nada, dão mais um mês ou dois e com uma qualidade de vida muitas vezes inadequada.

Há pouco falou da alimentação como um fator fundamental na prevenção e no desenvolvimento da doença. Que futuro a nível de saúde prevê para as crianças dos dias de hoje, que tantos alimentos processados comem?
Se continuarem assim o futuro não vai ser muito brilhante, na medida em que estão a contribuir diretamente para que todos aqueles fatores que permitem o desenvolvimento do cancro cresçam alegremente e sem qualquer tipo de precaução. Há que atuar nas escolas e agora está a fazer-se um esforço nesse sentido, de fazer uma alimentação adequada e cuidada, rica em vegetais, em frutas, em carnes brancas, poucas gorduras. Basta haver nutricionistas adequados e que as direções das escolas tomem essas medidas.
E sendo conhecida a forte ligação que existe entre a alimentação e o cancro, não estará em falta uma maior ligação entre a Medicina e a Nutrição?
Penso que sim e sobretudo diretrizes definidas por parte da tutela no sentido de exigir às escolas que deem uma alimentação saudável ou promovam ou proporcionem uma alimentação saudável às crianças. E devia haver auditorias e inspeções.
Há pouco disse que os pequenos avanços são tidos como grandes avanços. Mas estamos mais perto da descoberta da cura do cancro, ou pelo menos do tratamento mais eficaz?
Vamos passo a passo. A cura do cancro não vai acontecer na próxima década, muito pelo contrário. Ainda temos de dar muitos passos, temos de subir uma escada muito comprida que não sei quando acaba. É evidente que todos os anos surgem algumas descobertas importantes e que nos permitem compreender muitos casos que ainda são incompreensíveis, mas, de qualquer modo, penso que [a cura] ainda vai demorar tempo, vai-se gastar muitos milhões em investigação e é por isso que nós também apoiamos a investigação, temos gasto em investigação, sobretudo em bolsas e prémios, quase 700 mil euros. Também investimos nisso, que é muito importante. Sem investigação não há avanços e, provavelmente, não haverá melhorias no que diz respeito a muitos aspetos da doença oncológica.
O próximo passo na luta contra o cancro passa pela imunoterapia?
É um dos passos, posso dizer-lhe que a imunoterapia é aquela que está ser mais estudada, mais investigada, na medida em que é uma terapêutica completamente diferente, em que nós não utilizamos medicamentos contras as células cancerosas, mas utilizamos medicamentos que vão ativar os nossos sistemas de defesa. Isso parece muito mais de salutar visto que damos força às nossas células, sobretudo às células T, no sentido de conseguirem destruir as células cancerosas. Penso que é uma terapêutica que, não em todos os casos, mas em muitos casos poderá representar um grande avanço na oncologia.
Disse que 'não em todos os casos mas em alguns'. Começar a personalizar ainda mais os tratamentos é também uma boa aposta? Porquê?
Sim. Quer dizer, cada caso é um caso e cada caso tem uma indicação, um percurso e isso é extremamente importante. Mas é evidente que sim, que podemos personalizar, saber se esse medicamento vai agir ou não vai agir, temos de arranjar maneira de saber qual é a verdadeira biologia desse tumor, porque pode ser do mesmo tipo mas ter uma biologia completamente diferente. Ainda há muito que estudar, ainda há muito que avançar, ainda há muito que realizar para termos marcadores e determinado número de análises que permitam saber se esse indivíduo é recetivo a determinado tipo de medicamento.
A cura do cancro não vai acontecer na próxima década, muito pelo contrário. Ainda temos de dar muitos passos, temos de subir uma escada muito comprida que não sei quando acaba
Começou a entrevista a falar sobre a incidência do cancro em Portugal, que continua a aumentar. Há um culpado concreto para isso?
Há fundamentalmente dois. Os hábitos de vida que não são saudáveis é o primeiro, os comportamentos de risco, que infelizmente os nossos jovens ainda têm e, depois, o aumento da esperança média de vida, que é cada vez maior.
O cancro está mesmo ligado à longevidade?
Sim.
Qual o cancro que mais afeta os portugueses?
O cancro da mama, na mulher, e o cancro da próstata no homem.
E qual é o mais mortal?
O mais mortal dos cancros é o do pâncreas.
Qual é o perfil do português mais suscetível ao desenvolvimento da doença?
É aquele que fuma, que bebe, que é obeso e que tem uma vida sedentária e stressada.
Portugal tem atuado bem na luta contra a doença? O Serviço Nacional de Saúde consegue dar a resposta necessária?
Temos um Sistema Nacional de Saúde que ainda se vai equilibrando, que é bastante razoável atendendo à situação económica do país, mas penso que o orçamento para a Saúde é pequeno, diminuiu no último ano. Penso que a tutela está mais recetiva sobretudo no que diz respeito à parte de prevenção e isso é importante na medida em que os três cancros a nível nacional, o da mama, que é o que está a cargo da Liga, mas também os cancros do cólon e reto e os do colo do útero parece que vão avançar, embora neste momento ainda de uma forma incipiente. A tutela está atenta, está recetiva e os sinais que vêm é que eles compreendem o cancro e que tudo melhora, mas a verdade é que se houver falta de dinheiro, também eles não podem fazer omeletas sem ovos
Todas as regiões portuguesas estão preparadas para um rastreio mais eficaz da doença e para o tratamento do cancro?
Claro que ainda não estão preparadas. Nós fazemos o rastreio do cancro da mama e isso envolve recursos humanos muito grandes, envolve recursos de materiais das nossas unidades móveis e unidades fixas na ordem dos milhões e milhões de euros. Os outros dois rastreios, do cólon e reto e do colo do útero, estão a cargo das ARS, sobretudo dos centros de saúde nas suas mais diversas formas. Há muito que trabalhar ainda nesse setor e criar estruturas adequadas, porque um rastreio ou tem qualidade, como o da Liga Portuguesa Contra o Cancro, ou não tem qualidade e não vale nada.
O cancro tem também um impacto muito forte a nível emocional nos pacientes e até nos cuidadores. A nível de psicologia, o apoio que existe em Portugal para os pacientes oncológicos é suficiente?
Não, de maneira nenhuma. Por parte dos profissionais de saúde, eles têm cada vez mais doentes e cada vez têm menos tempo para dedicar ao doente, então aí não têm um apoio muito grande, daí que o nosso voluntariado em certos hospitais, nomeadamente no IPO, passa primeiro por um suporte com apoio psicológico muito grande, psico-emocional, digamos assim. E depois, quando há necessidade, nós temos consultas gratuitas de psico-oncologia, que estão não só no Porto, Lisboa e Coimbra, como também, por exemplo no Norte, estão espalhadas por dezenas de cidades ou vilas.
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Presente na vida dos pacientes oncológicos e cuidadores há 76 anos, a Liga Portuguesa Contra o Cancro continua a contar com o apoio dos portugueses, que não poupam nos donativos e no voluntariado. Ao Notícias ao Minuto, o atual presidente da instituição, Vítor Veloso, fala do papel do organismo e dos objetivos para o futuro.

Batalhar, batalhar, batalhar. A luta contra o cancro “é uma batalha diária em todas as frentes”. Vítor Veloso tem dedicado grande parte da sua carreira a esta luta e assume a presidência da Liga Portuguesa Contra o Cancro, organismo que se destaca pela “notoriedade” e pelos apoios que presta a pacientes e cuidadores.

Em entrevista ao Vozes ao Minuto, a propósito do Dia Mundial da Luta contra o cancro, que se celebra este sábado, o também médico oncológico revela quais as principais linhas de atuação da Liga, além dos gastos e de como a população tem sido fundamental para leva a cabo esta luta cada vez mais difícil de travar.
A sua carreira tem sido maioritariamente dedicada à luta contra o cancro. Porque é que continua a ser uma batalha difícil de vencer?
É uma batalha difícil de vencer porque a incidência do cancro tem aumentado de um modo substancial, neste momento poderemos dizer que é o principal problema de saúde pública no nosso país e não só, é também em outros países da Europa. Há um aumento de casos, mas a mortalidade tem vindo a diminuir.
Penso que é uma batalha diária em todas as frentes, não só na ajuda dos doentes oncológicos em todos os seus aspetos, em todas as suas vertentes, nomeadamente, a nível económico. A Liga gasta praticamente um milhão de euros por ano para possibilitar que esses doentes tenham transporte, alimentação, comparticipação dos medicamentos e também suporte do ponto de vista emocional.
Por outro lado, batalhamos na prevenção primária, portanto, estilos de vida saudáveis, que são fundamentais para travar o aparecimento precoce de um sem número de cancros. Temos também cuidados especiais, paliativos, de que fomos iniciadores em Portugal.
Muitas vezes, as entidades não sabem ou não querem saber ou atropelam esses direitos. Os seguros são outro cavalo-de-batalha
Também investimos muito na formação e na parte de investigação e, finalmente, agora temos também algo que é muito importante que é uma linha, que já é antiga, mas que agora mudou, que é o 800 100 100. Uma linha do cancro que, quanto a mim, tem utilidade pública e devia ser subsidiada pelo Estado e não é, mas que tem um apoio jurídico permanente.

Neste momento, os nossos doentes podem encontrar um apoio jurídico no que diz respeito aos problemas que estes têm, mas não só, também ao nível hospitalar, isto é, no que diz respeito à parte administrativa, como o atestado multiusos, as taxas moderadoras que, muitas vezes, as entidades não sabem ou não querem saber ou atropelam esses direitos, relativos também a capacidades, relativos aos problemas bancários que têm e relativos aos financiamentos e, por outro lado, também aos seguros, que é outro cavalo-de-batalha. Verifica-se que as companhias ou não seguram ou se seguram um doente oncológico é por quantias verdadeiramente exorbitantes e incapacitam uma pessoa de os pagar. E há também as entidades empregadoras que são entidades que muitas vezes se recusam a receber doentes oncológicos que podem perfeitamente trabalhar.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro faz este ano 76 anos. O que mudou desde então?
A Liga teve de se adaptar a tudo o que é inovação. Tivemos de nos adaptar aos doentes, os de há dez anos, ou de há vinte ou de há cinco não são os mesmos, ou seja, houve adaptação. Também nos adaptamos às nossas situações mundiais, como fazer marketing, como fazer lobby, enfim, situações que fomos criando e que fazem com que a Liga, no que diz respeito a notoriedade, seja a organização não-governamental com mais notoriedade, cerca de 80%, e, por outro lado também, fortalecendo-se com as dádivas unicamente da população, que compreendem o trabalho que a Liga Portuguesa Contra o Cancro tem tido e que tem sido extremamente generosa nas suas dádivas e nos seus peditórios.
A Liga ajuda os pacientes mais carenciados, especialmente a nível económico. É caro para a pessoa diagnosticada tratar a doença?
Isso é muito difícil de saber, tenho alguns números, mas isso daria para uma entrevista sozinha. É por isso que a prevenção é boa, é muito diferente tratar um cancro inicial e tratar um cancro avançado. Tratar um cancro inicial fica por um décimo de tratar um cancro mais avançado e sobretudo por causa dos resultados, que no primeiro caso são a cura na maioria das vezes, ou uma sobrevivência muito longa com uma qualidade de vida extraordinária. Quando são cancros muito avançados, são tratamentos que normalmente não têm sucesso e ainda por cima com uma qualidade de vida muito deficiente.
E para a Liga, fica caro suportar esses custos de apoio? Como consegue?
Conseguimos com a ajuda da população, é evidente. Mas como já disse, gastamos um milhão de euros em apoios, que são apoios em alimentação, transportes, medicamentos que não são comparticipados. Muitas vezes pagamos a renda do agregado familiar, a luz ou a água quando a situação social é mais precária. Há muitas situações em que somos solicitados e que devem ser devidamente estudadas, pois obviamente damos este dinheiro a pessoas que necessitam. E para isso tem de haver sempre dinheiro, é como eu digo, podemos falhar noutra atividade, mas aí não podemos falhar.
Tratar um cancro inicial fica por um décimo de tratar um cancro mais avançado e sobretudo por causa dos resultados
Além da linha de apoio de que falou há pouco, o que é que os pacientes precisam de fazer para conseguir ajuda, seja a nível financeiro ou emocional?
Pode dirigir-se aos nossos serviços por carta, por email, por telefone e pela linha, o 800 100 100, que é uma linha que lhe dá resposta a tudo e mais alguma coisa ou encaminha devidamente para a entidade que pode dar essa resposta.
O doutor vai presidir a Liga Portuguesa Contra o Cancro nos próximos dois anos. Que objetivos traçou e quais são as principais prioridades?
A Liga, nos últimos dez anos, transformou-se completamente, no sentido certo e sempre com uma ideia fundamental. A Liga existe porque há doentes oncológicos, portanto, o mote destes três anos é estar mais perto do doente oncológico e das famílias.
Fonte: noticiasaominuto
Comentário
Carlos Mansão · 
Selfemployed na empresa Artista
Cada vez o cinismo dos "mérdicos" é maior...
GostoResponder1 h
Américo Alves Silva · 
Trabalha na empresa Grupo Salvador Caetano
Claro que não vais acontecer tão cedo,,porque o enteresse farmacêutico,, laboratórios,, e médicos é muito grande.À mais pessoas a morrer de câncer do que de fome.Vítor Veloso está-se a explorar o estado que somos todos nós,, pôr causa dos interesses que à? Se à cura não é pra todos,eu sei do q falo,quem for figura pública têm um trato diferente porque?? Quem tiver câncer tem q andar 5 anos a ser vigiada?Porque é algumas figuras vêm prá comunicação social dizerem q estão curadas em meio ano??isto de câncer é grandes negócios q se ganha biliões e se está a pôr o sistema de saúde no caos (Goretti)
GostoResponder323 h
a liga contra o cancro nao funciona igual para todas as pessoas com cancro ,eu tive cancro maxilar superior direito a radiotrapia afectou me a adiçao tinha que comprar 2 aparelhos auditivos que custavam quase 5 mil euros ,fui pedir ajuda á liga e dizeram me que nao ajudavam ,comprei só um porque nao pude comprar os 2 ,agora nao tenho aparelho porque com a idade ele deixou de funcionar ,triste vida de quem é pobre .
GostoResponder21 h
Claro que não vai acontecer porque é rentável para as farmacêuticas...
...nao vai acontecer na proxima decada, pelo contrario! Qual eh o contrario desta afirmacao? - vai entao acontecer na proxima decada? (peco desculpa pela falta de acentos ortograficos... teclado Ingles... sorry!)
Claro que não. Não se investe na investigação pois a industria dos medicamentos ganha biliões quando as terapias e não interessa a cura. Não se penaliza nem proibe a produção e comercialização de produtos considerados nocivos pois os lobbistas são mais criativos e incentivadores e subornam tudo e todos. Os judeus detem a maioria fatia de produção desses produtos com fabricas em todo o mundo. Para quando a proibição e no minimo a obrigatoriedade de colocar nas embalagens dos cereias transgénicos, para quando a proibição de peixe, aves e gado produzido em aviários e pesciculturas em sistema intensivo e com a adoção de medicamentos, antibióticos e rações adulteradas. Os politicos têm maior interesse em ganhar milhões do que pensarem no povo. A tendência é a piorar com os ensaios de armas e produtos quimicos.........a terra está a ficar super lotada e isto dá jeito !