sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O CORAÇÃO E A CIRCULAÇÃO

Pressão Sanguínea Baixa – Pressão Alta | (Hipotonia – Hipertonia) 

O Sangue é o símbolo da vida. O sangue é o portador material da vida e expressão da individualidade. O sangue é um “suco muito especial” – é o suco vital. Cada gota de sangue contém o ser humano como um todo: eis o motivo do grande significado do sangue em todos os rituais de magia. É por isso que os radiestesistas que usam pêndulos se utilizam de uma gota de sangue como “testemunha”, o que permite que se faça, a partir dela, um diagnóstico total.

A pressão sanguínea é a expressão do dinamismo de um ser humano. Ela se constitui a partir das trocas entre o comportamento do sangue fluido e o comportamento das vias sanguíneas enquanto continentes desse fluxo. Ao analisar a pressão sanguínea devemos sempre levar em conta estes componentes antagónicos: por um lado o que flui, o líquido e por outro o limite e a resistência das paredes dos vasos. Se o sangue corresponde ao próprio ser, as paredes dos vasos são os limites pelos quais se orienta o desenvolvimento da personalidade, a fim de enfrentar a resistência, os obstáculos que impedem seu desenvolvimento.

Pessoas cuja pressão sanguínea é excessivamente baixa (hipotonia) não são capazes de enfrentar esses limites. Elas nem tentam enfrentar os obstáculos, evitam todas as resistências – nunca vão até os limites. Assim que uma pessoa como essa se vê diante de um conflito, ela depressa se retrai; pelo mesmo critério, também o sangue o faz, a ponto de ela sofrer um desmaio. Portanto, essa pessoa renuncia ao poder (aparentemente!), retrai o sangue e perde a consciência, deixando de assumir as próprias responsabilidades; ela se entrega. Quando perde a consciência, ela se retira do mundo consciente para o mundo inconsciente e, desta forma, nada mais tem a ver com os problemas que teria de enfrentar. Os problemas deixam simplesmente de existir. Trata-se de uma situação semelhante à que se vê nas operetas: a dama flagrada pelo marido numa situação embaraçosa desmaia imediatamente e todos os envolvidos na situação esforçam-se para fazê-la recobrar a consciência com a ajuda de água, de ar fresco e de sais para cheirar. Pois de que adianta uma briga, se a principal responsável se refugia em outro nível e, dessa forma, renuncia de um golpe à responsabilidade?

Em geral, pessoas hipotônicas são literalmente incapazes de “suportar”: não suportam uma coisa, não suportam ninguém, não suportam nada, faltar-lhes a firmeza e a estrutura corretas. Qualquer exigência as abate e elas desmaiam. Os que estão ao seu redor têm de erguê-las pelos pés para que mais sangue aflua à cabeça – o centro do poder – de forma a fazê-las recuperar as forças, conseguir que se controlem e assumam suas responsabilidades. Inclusive a sexualidade é um dos âmbitos de que as pessoas com pressão sanguínea baixa fogem, visto que a sexualidade depende bastante de tal pulsação do sangue.

Além disso, ainda é frequente nas pessoas hipotônicas o quadro de anemia pois, na maior parte das vezes, elas sofrem de carência de ferro no sangue. Disso resulta que a transmutação da energia cósmica (prana) que obtemos com a respiração fica perturbada. A anemia revela uma recusa em usar o poder da energia vital disponível, impedindo assim que esta seja transformada em força activa. Eis aí outro exemplo de como a doença pode ser usada como álibi para a própria passividade. Os hipotónicos carecem do impulso vital necessário.

Todas as medidas terapêuticas significativas para a elevação da pressão sanguínea estão sem excepção associadas, em maior ou menor grau, a vários métodos de introdução de energia no organismo, e só funcionam enquanto essas prescrições forem seguidas à risca: lavagens, escovações, andar na água, exercícios físicos, manutenção da forma através de ginástica, uso da terapia de Kneipp. Tudo isso eleva a pressão sanguínea porque a pessoa faz alguma coisa e transforma a energia em fato orgânico. Sua utilidade cessa no momento em que se abandonam esses exercícios. Resultados duradouros só podem ser esperados de uma modificação na filosofia de vida.

O problema oposto é o caso da pressão sanguínea alta demais (hipertonia). Sabemos, através de pesquisas experimentais, que o pulso e a pressão do sangue se elevam não só no caso de um aumento da actividade física, mas também no de um mero pensamento sobre essa actividade. A pressão sanguínea também sobe quando uma situação de conflito parece ser inevitável durante uma conversa, e desce outra vez de imediato quando a própria pessoa implicada fala sobre o conflito, verbalizando-o. Esse conhecimento, obtido na prática, é uma boa base para entendermos o que há por trás da pressão alta. Quando a pressão sobe, sempre se imagina um esforço, sem que essa actividade motora de fato exista e seja descarregada; o que acontece literalmente é uma “pressão contínua”. Neste caso, as pessoas envolvidas produzem em seu interior uma excitação a longo prazo, induzida pela própria imaginação, e o sistema circulatório mantém essa excitação duradoura na expectativa de que ela seja eventualmente transformada em acção. Mas, se essa acção não é materializada, o paciente vive “sob pressão”. Para nós é de grande importância neste ponto o fato de que a mesma relação se aplica no que se refere ao conflito. Visto que sabemos que a simples menção de um conflito pode causar um aumento de pressão, que pode ser simplesmente revertida ao se falar sobre o mesmo, vemos com clareza que os hipertônicos estão sempre em situações conflitantes, sem, no entanto, arranjarem uma solução para as mesmas. Elas “ficam por perto do conflito” mas não o resolvem. O aumento da pressão sanguínea tem sentido fisiológico exactamente na exigência de liberar temporariamente mais energia, para os hipertônicos poderem enfrentar melhor e com mais vigor as tarefas e os conflitos que têm diante de si. Quando isso acontece, a solução usada esgota o excesso de energia e a pressão cai para o nível normal. Já os hipertônicos que não resolvem seus conflitos não esgotam o excesso de pressão disponível. Preferem refugiar-se numa “actividade” superficial, tentando enganar através dela a si mesmos e aos outros, esquivando-se do confronto com o conflito.

Podemos ver que tanto os hipotônicos como os hipertônicos fogem dos conflitos, embora usem tácticas diferentes. O hipotônico foge na medida em que se retrai para a inconsciência; o hipertônico se desvia e afasta o ambiente gerador do conflito através de uma actividade exagerada e de um funcionamento supérfluo. Ele foge através de uma acção excessiva. No que se refere a essa polaridade, encontramos casos de pressão baixa com mais frequência entre as mulheres, ao passo que a pressão alta é mais frequente nos homens. Além disso, a pressão alta é um indício de que existe agressividade reprimida. A animosidade fica por sua vez só na imaginação e assim a energia gerada não é descarregada através de uma acção. A esse comportamento o homem dá o nome de autocontrole. O impulso agressivo leva à pressão alta, o autocontrole faz os vasos se contraírem. Assim pode-se manter a pressão sob controle. A pressão do sangue e a resistência à pressão que as paredes dos vasos oferecem levam ao aumento da pressão. Mais adiante veremos como essa postura de agressividade controlada leva ao infarto do coração.

Conhecemos ainda a pressão alta ocasionada pela idade, que está associada ao endurecimento das paredes dos vasos. O sistema venoso tem como tarefas a transmissão e a comunicação. Se a flexibilidade e a elasticidade desaparecem com a idade, a comunicação cessa e aumenta a pressão interior, o que é inevitável.

.O Coração
A batida cardíaca é um acontecimento amplamente autónomo que, sem nenhum tipo de treinamento (por exemplo, de biofeedback), está além do alcance da intervenção voluntária. Esse ritmo sinódico é a expressão de uma regra bem rígida do corpo. O ritmo cardíaco se assemelha ao ritmo respiratório, sendo que este último está muito mais sujeito à intervenção deliberada. O batimento cardíaco é um ritmo harmónico e estreitamente controlado. Se, durante o funcionamento rítmico, o coração de repente bater mais devagar ou se acelerar, estará acontecendo um distúrbio da ordem cardíaca, ou seja um desvio do equilíbrio normal.

Se levarmos em conta os vários usos idiomáticos da palavra coração, veremos que ela sempre esta associada a situações de cunho emocional. Uma emoção é algo que o ser extravasa, é um movimento que parte de seu íntimo (do latim, emovere = mover para fora de si mesmo).  Diz-se: meu coração pula de alegria – meu coração parou de tanto medo – meu coração está prestes a estourar de alegria – meu coração parece querer saltar do peito – meu coração ficou entalado na garganta – sinto um peso no coração – eu a tinha perto do coração – o seu coração levou a situação muito a sério. Se falta a uma pessoa esse lado emocional que independe da razão, ela dá a impressão de ser impiedosa (sem coração). Se dois amantes se casam, dizemos: eles uniram seus corações. Em todas essas expressões, o coração é o símbolo de um centro do ser humano que não é controlado nem pelo intelecto, nem pela vontade.

Não se trata apenas de um centro, mas do centro do corpo; ele está virtualmente no meio, apenas um pouco deslocado para a esquerda, na direcção da metade corporal vinculada ao “sentimento” (que corresponde ao hemisfério direito do cérebro). Ele está exactamente no lugar para onde apontamos quando queremos mostrar quem somos. O sentimento e, em especial o amor, estão intimamente associados ao coração, como nos mostram as expressões já citadas. Temos um “coração de criança” quando gostamos delas. Quando guardamos alguém no coração nos abrimos para essa pessoa e a deixamos entrar. Somos pessoas de “bom coração” quando estamos preparados para nos abrir e a entregar generosamente nosso afecto aos outros; as pessoas reservadas, ao contrário, são as que não ouvem a voz do coração, são limitadas e frias. Essas nunca dariam de coração, pois teriam de se entregar. Ao contrário, controlam-se para que seu coração nada perca – é por isso que fazem tudo só com “meio coração” (não se dedicando sinceramente). Por outro lado, a pessoa de coração mole arrisca-se a uma entrega irrestrita e seu afecto não tem limites.
Esses sentimentos mostram a personalidade da pessoa que se afasta da polaridade afectiva (e exige que tudo tenha finalidades e limites).

Encontramos ambas as possibilidades simbolizadas no coração: nosso coração anatómico é dividido em duas partes pela parede divisória interna, de tal forma que o próprio batimento cardíaco é caracterizado por um som duplo. Na hora do nascimento, no exacto momento em que respiramos pela primeira vez, entrando assim para o mundo da polaridade, a parede divisória se fecha automaticamente por uma acção reflexa, e uma grande câmara, com uma circulação, de repente se tornam duas; muitas vezes o recém-nascido sente isso com desespero. Por outro lado, o símbolo do coração – como atesta o desenho espontâneo de todas as crianças – tem um traçado típico de duas câmaras arredondadas se unindo num único ponto. Da duplicidade surge a unidade. É assim que o coração também significa para nós um símbolo de amor e união. É isso que queremos dizer quando afirmamos: a mãe leva o filho no coração. Anatómicamente essa expressão não teria sentido: no caso, o coração está apenas servindo de símbolo para nosso centro amoroso e, portanto, não tem importância alguma se ele fica na parte superior ou inferior do corpo enquanto o feto cresce no interior do corpo.

Podemos até mesmo afirmar que os seres humanos têm dois centros: um superior e outro inferior – cabeça e coração, entendimento e sentimento. De uma pessoa “perfeita” esperamos que ela tenha ambas as funções em equilíbrio harmonioso. A pessoa puramente intelectual causa uma impressão unilateral e fria. O ser humano que só vive dos sentimentos nos parece muitas vezes caótico e desorganizado. Só quando ambas as funções se completam e se enriquecem mutuamente é que a pessoa nos parece “inteira”.
As várias expressões em que se menciona o coração deixam claro para nós que, aquilo que perturba o seu batimento fazendo-o descompassar, sempre envolve emoções, seja o choque que acelera o batimento ou ocasiona a parada cardíaca, seja o prazer ou amor que podem acelerar o ritmo do coração a ponto de ele dar a sensação de que vai saltar pela boca: podemos literalmente sentir e ouvir o coração batendo. O mesmo acontece nas perturbações do ritmo do batimento cardíaco físico; nesse caso a emoção correspondente não pode ser vista. E é nisso, na verdade, que está o problema: as perturbações cardíacas costumam atacar aquelas pessoas que não estão preparadas para serem sufocadas por uma “antiga emoção” que as arranca da rotina corriqueira. Nesses casos, a perturbação cardíaca acontece pelo fato de faltar segurança às pessoas que se deixam envolver por suas emoções. Elas se apegam ao raciocínio e a um estilo habitual de vida e não estão dispostas a permitir que essa rotina seja perturbada por sentimentos e emoções. Não desejam que a regularidade de sua vida seja perturbada por extravasamentos emocionais. No entanto, nesses casos, a emoção apenas se somatiza e o coração começa a apresentar problemas por conta própria. O batimento cardíaco se acelera e força tais pessoas a “ouvir seus corações”!
Em circunstâncias normais não temos consciência do nosso batimento cardíaco. No entanto, podemos senti-lo e ouvi-lo em condição de estresse, quando ficamos emocionados ou doentes. A batida cardíaca chama nossa atenção consciente só quando algo é excitante ou se grandes modificações estiverem prestes a ocorrer em nossa vida. Eis aí a chave para descobrirmos e entendermos todos os nossos problemas cardíacos: os sintomas cardíacos nos forçam a “ouvir nossos corações” outra vez. Os pacientes cardíacos são pessoas que ouvem unicamente suas cabeças e para quem o coração não tem quase nenhuma importância. Esse fenómeno é bastante evidente nos pacientes cardiofóbicos. Por “cardiofobia” entendemos um medo fisicamente infundado acerca da actividade do próprio coração, que pode levar a uma atenção mórbida e exagerada ao coração. (Essa doença também se chama cardioneurose.) O medo da batida cardíaca é tão grande no caso dos cardioneuróticos que eles se declaram dispostos a modificar todo o seu estilo de vida.

Ao considerar essa forma de comportamento, podemos notar outra vez o grau de sabedoria e de ironia com que actua a doença. O cardiofóbico é continuamente forçado a observar seu coração e a subordinar toda sua vida às necessidades do mesmo. Nesse processo, ele vive sob um medo constante de que seu coração possa parar algum dia e, assim, ele ficar “sem coração”. A cardiofobia os força a levar sua atenção consciente ao próprio centro do coração. E quem deixaria de rir “de coração” dessa  situação?

O que acontece no nível psicológico dos cardioneuróticos é um processo que no caso da angina pectoris já se instalou profundamente no nível físico. As artérias que levam o sangue ao coração estão endurecidas e estreitadas e, assim, o coração não recebe mais os nutrientes de que necessita. De fato, não há muito o que interpretar nesse ponto, visto que todos sabem o que esperar de pessoas com coração “endurecido” e “empedernido”. A palavra angina significa, literalmente, apertoconsequentemente angina pectoris significa aperto no peito (coração). Enquanto o cardioneurótico ainda sente directamente esse aperto como medo, este se manifesta de forma concreta como angina pectoris. Um simbolismo original é demonstrado aqui pela medicina académica em sua terapia: dá-se ao cardíaco, em casos de emergência, cápsulas de nitroglicerina (por exemplo, “sublingual”), portanto, explosivos. Com tal substância dinamita-se o aperto para arranjar espaço no coração do doente a fim de que ele permaneça vivo. Os cardíacos têm medo de sofrer com o coração – e têm toda razão!

No entanto, há pessoas que ainda assim não entendem o desafio. Quando o medo de ter sensações ou sentimentos se torna grande demais, a ponto de a pessoa só confiar numa regra absoluta, ela se submete à instalação de um marcapasso. Nesse caso, o ritmo vivo é substituído por uma máquina rítmica, uma espécie de metrônomo (o metro está para o ritmo como a morte representa para a vida!). O que até então era feito pelo sentimento, é assumido pela máquina. Perde-se de fato a flexibilidade de adaptação do ritmo cardíaco, mas, em compensação, os sobressaltos de um coração vivo deixam de representar uma ameaça. Quem tem um coração “apertado” é vítima de suas forças egóicas e de sua ânsia de poder.

Todos sabem que a pressão alta representa um precedente bastante ameaçador para o infarto do coração. Já vimos que o hipertônico é uma pessoa agressiva que reprime a própria agressividade através do autocontrole. Essa estagnação de energia agressiva se descarrega por meio do infarto; o coração parece despedaçar-se. O colapso cardíaco é a soma de todos os socos que não foram dados. No caso do infarto do coração a pessoa pode entender muito bem a antiga sabedoria que diz que dar valor excessivo ao eu e prestigiar sem limite os próprios desejos de poder nos separa do fluxo dos vivos. Só um coração rígido pode se quebrar!

No caso de perturbações e doenças cardíacas devemos fazer as seguintes perguntas: Há equilíbrio entre meu coração e minha cabeça, entre a compreensão e o sentimento? Eles estão em harmonia?

Dou espaço suficiente para meus próprios sentimentos, me atrevo a demonstrá-los? Vivo e amo de todo coração ou apenas participo, sem grande entusiasmo? Minha vida transcorre num ritmo animado ou a forço a adoptar um ritmo rígido? Ainda há combustível e explosivos suficientes em minha vida? Tenho escutado a voz de meu coração?

por Thorwald Dethlefsen  e  Rüdiger Dahlke
“A Doença como Caminho“
Livro da Editora Cultrix – 2007
.
01/11/2011 por Andre Lubec
Thorwald Dethlefsen  &  Rüdiger Dahlke
-15.721257 -47.881631


O amor para Fernando Pessoa - verdade ou fingimento?


A sua pergunta é de uma assustadora simplicidade. Mas receio que todas as tentativas de descobrir uma resposta através apenas da análise dos poemas de Pessoa seja de uma simplicidade ainda mais horrorosa. Quem escreve, sabe que um poema reflecte um segundo de necessidade, pelo que respeita apenas a um segundo de certeza no que se sente.

Primeiro. Pessoa sentiu? Penso que sentiu demasiado. Aliás, são várias as referências a esse sentir excessivo das coisas, em prosa, poesia e mesmo em cartas. O sentir excessivo nasce da consciência apurada da sua própria condição e, por acréscimo, da consciência exacerbada do próprio mundo em que vive. Relembre-se o que ele diz no Livro do Desassossego: “Feliz , pois, o que não pensa, porque realiza por instinto e destino orgânico  o que todos nós temos de realizar  por desvio e destino inorgânico ou social”. Quem pensa, sente excessivamente, não as emoções – já irei a esse ponto – mas o peso de haver emoções, de haver outras vidas e outras almas, um destino e um fim.

Segundo. É verdade que a impressão marcante de todas as passagem que começam com: Estás… ou Tens… ou ainda Deves… soam a ensinamentos. Nada mais errado. Pessoa fala – e isso ó dolorosamente óbvio – para si próprio, quando encena educar alguém. A segunda pessoa urge-o à deslocação que ele tanto apreciava para um patamar, superior ou inferior é indiferente desde que não ele próprio, para que lhe fosse mais fácil achar o equilíbrio da reflexão. Surge isto da dificuldade que todo o pensador sente em ser o seu próprio objecto de pensamento. Ocorre-me um paralelismo com a física quântica, que desde os anos 20 do século XX enuncia o principio que é impossível observar uma partícula elementar sem a influenciar e por isso mesmo influenciar as suas propriedades. Então andava ele perdido? É talvez sensato perguntar quem não anda perdido… Talvez quem não ande perdido, apenas lhe falta a consciência de que nunca verdadeiramente se preocupou em procurar.

Poemas e passagens que reflectem estados de espírito sombrios, que falam em sonhos que eles mesmo falham, traduzem a realidade novamente dolorosamente óbvia de alguém que pensa demasiado e que demasiadamente deixa repousar na esperança vaga do futuro a resolução de todos os problemas presentes. Vem daqui uma crença cega no destino, que a meu ver governa tudo o que ele poderia esperar da sua vida exterior, visto que a sua vida interior estava já há muito com um destino traçado, mesmo que por mãos que não as suas. Além do mais, falhar na vida, não é falhar no espírito, falhar na missão.

Terceiro. Ophélia. Quem já gostou de alguém poderá dizer sem grandes hesitações que esse gostar é um antídoto preferencial para qualquer dor. A alegria de amar apaga o sofrimento de não ser amado. Pessoa é um ser iminentemente extirpado de sentimentos vitais quando encontra Ophelia. Não interessa analisar a vertente psicológica desse encontro. Certo é que ele convivia com a solidão mais ou menos pacificamente quando a encontra. Cabe aqui a ressalva de que esta convivência com a solidão nada mais é que uma paz podre, uma compreensão, como aquela que se tem do medo. Quem conhece a solidão durante um período da sua vida, tem a facilidade tenebrosa de a suportar, isto se resistir a ela durante esse período. O mesmo acontece com o medo, ou com o sofrimento físico.

As cartas de amor são lúcidas? Embora seja difícil de dizer com certeza, parece-me que são tudo menos lúcidas. Certo é que Pessoa abraçou Ophelia como parte da sua vida, acompanhava-a, escrevia-lhe, dedicava-lhe atenção e sobretudo tempo, tempo precioso que ele sempre achava pouco para a sua missão. Mas Ophelia, revitanlizando os seus sentimentos vitais, exteriores, vai literalmente puxá-lo do escuro em que vive, fá-lo dirigir o seu poder de sonhar para ela, para um futuro com ela. Claro que, dependendo das forças de ambos, o desfecho será previsível.
Será o amor que se sente por necessidade um amor fingido? Ou todo o amor não é uma necessidade, mesmo não fingida? Talvez seja mais claro o egoísmo, quando o amor é preciso porque nunca o tivemos antes. É mais complexa e ao mesmo tempos simples uma possível explicação para o amor de um homem que não podia amar alguém. É que depois da viagem interna, demorada e sem luz, permeada por uma solidão extrema, fria, desoladora, é impossível regressar novamente ao calor puro dos outros. A menos que… esse amor pelo outros seja o fim da mesma viagem ao interior de nós mesmos. Mandou-me uma imagem de pessoa polícromo, polifacetado. Talvez a mais fiel fosse a de um triptico, um quadro que se estende por placas, continuas, mas parte do mesma cena. É de facto apenas um homem e não uma multitude de homens, apenas multitude de sombras. Um homem fundo no escuro de si mesmo, perdido na medida em que nos perdemos quando nos tentamos encontrar na solidão, porque caímos no poço de pensar. Ophelia… uma mão quente e suave que baixa da luz lá de cima, agradável e prazenteira, mas que mesmo assim não faz esquecer o que é já impossível esquecer completamente. Amou? Sim, amou. Mas o amor não foi suficientemente forte para o salvar.


O ÁLCOOL AFECTA O CÉREBRO


Enquanto na mulher a ingestão diária de 20 gramas de álcool pode criar graves problemas hepáticos, no homem é necessário que a ingestão seja bastante maior.
Não é preciso recorrer a definições sobre o alcoolismo para falar sobre o tema que queremos abordar. Um consumo excessivo e frequente de álcool afecta de forma directa o cérebro pelo seu efeito químico sobre o sistema nervoso central.
Por outras palavras, quando há um consumo crónico de álcool, o cérebro é atacado em várias frentes: a intoxicação directa, a abstinência depois da intoxicação, os possíveis acidentes vasculares, a possível embriaguez e a alimentação insuficiente que acompanha a ingestão excessiva de álcool.
O que foi demonstrado -de acordo com o British Medical Journal -através de estudos radiológicos, é a redução do volume do cérebro em muitos alcoólicos crónicos. Este efeito é parcialmente reversível com a abstinência, apesar dessa reversão só se verificar a nível do volume e não da função cerebral. Ou seja, é possível recuperar o tamanho mas não inverter os danos cerebrais sofridos.
O que o álcool parece fazer, segundo as imagens obtidas, é um aumento dos ventrículos e dos sulcos cerebrais. Por outras palavras, aumentam os espaços vazios e diminui a massa. Essas alterações podem solucionar-se com a abstinência, mas o restabelecimento é muito lento.
Causas
As causas não são claras. Para uns, parece que há uma queda da água durante a etapa alcoólica e que quando se produz uma abstinência prolongada regressa a hidratação. Contudo, outros cientistas apoiam tese diferentes: na época de maior consumo é quando o cérebro é mais hidratado.
Num dos últimos estudos realizados foi possível medir o espaço intracraneal não ocupado pelo cérebro em 26 pessoas alcoólicas e compará-los com 44 casos de controlo. E, sem dúvida, que o espaço era muito maior entre os alcoólicos e mais ainda entre aqueles que também tinham problemas a nível do fígado (ou seja, os mais crónicos e os mais afectados).
Essa atrofia cerebral teria como reflexo uma disfunção a nível da inteligência, problemas oculares e dificuldades na marcha. Uma boa parte apresentava falhas na memória recente (o síndroma de Korsakov).
É curioso destacar que não há uma relação directa entre os danos hepáticos resultantes do álcool e a atrofia cerebral. É verdade que a redução era muito maior entre os alcoólicos que tinham, além disso, danos a nível do fígado. Contudo não é possível constatar que a função cerebral estivesses mais ou menos alterada segundo a afecção do fígado. Não obstante, há casos em que a cirrose alcoólica está directamente relacionada com um dano cerebral sério.
A conclusão que os especialistas retiraram de tudo isto é que podem ser múltiplos os factores que provocam danos cerebrais nos alcoólicos. Além disso sabe-se, igualmente, que os danos se devem, também, a uma deficiência nutricional e a carência de vitamina B.
Curiosidades
• Durante exercícios de memória realizados entre alcoólicos, comparados com abstémicos, comprovou-se que os bebedores modificavam umas determinadas ondas cerebrais.
• Há estudos que mostram que o álcool pode secar materialmente os neurónios.
• O primeiro efeito do entumecimento cerebral causado pelo álcool pode ser comprovado pela euforia que alguns copos bebidos provoca.
• As funções cerebrais superiores são as que primeiro são bloqueadas pelo álcool. Por isso, quanto mais álcool se ingere, menos humanizada fica a pessoa, ficando pelo contrário mais primária.
• Um escritor grego -Eubulo- dizia: "Um copo pela saúde, o segundo pelo desfrute e o terceiro pelo sonho. O quarto já não é nosso: é para a violência; o quinto pelo escândalo e o sexto pela orgia escandalosa."
• Há que aprofundar mais em termos de uma possível atrofia cerebral provocada pelo álcool. As consequências podem ser, com o consumo de bebidas alcoólicas, muito importante.
• Não se conhecem prazos, nem que quantidade atrofia, nem em quanto tempo nem como se restabelece, uma vez deteriorado.
• Como os estudos e observações físicas foram realizados com cadáveres, ignora-se como pode ser medida atrofia cerebral em vida.
• A atrofia cerebral tem uma definição muito difícil e todos os graus possíveis são uma percepção subjectiva de quem faz as provas. Contudo, há sintomas inequívocos, como a dificuldade de linguagem, movimentos desordenados e, sem dúvida, falhas e lacunas na memória.

O álcool atinge mais a mulher
Calcula-se que cerca de 40% das mulheres bebe e 25% fuma. O hábito de beber é mais frequente entre quem tem um alto nível educativo, maiores possibilidades económicas ou trabalham fora de casa. Até há alguns anos, a mulher alcoólica era a dona de casa que ficava em casa todo o dia. Dona de casa e com filhos, que também estão fora, e que consome para lutar contra a depressão daquilo que a rodeia.
Actualmente, o perfil é o de uma mulher de 18 a 25 anos, e que bebe ou começa a beber pelas suas relações sociais ou profissionais. O problema a destacar é que a mulher é muito mais susceptível aos efeitos nocivos do álcool. Tomando a mesma quantidade, o álcool prejudica mais a mulher do que o homem e a sua toxidade mostra-se não só no fígado como igualmente nos outros órgãos.
A mulher que bebe, por exemplo, tem um problema hepático mais grave do que o homem. A hepatite alcoólica também é mais frequente ainda que bebendo menos quantidade e durante um tempo mais curto que o homem. A conclusão mais importante a que os especialistas chegaram é que, com igual dose de álcool, corrigida na proporção do peso, a mulher faz uma alcoolemia mais alta do que o homem, apesar da eliminação ser igual ou mesmo maior. (Recordemos que a alcoolemia é a quantidade de álcool no sangue).
Parece que uma dose de álcool (cerca de 0,3 por quilo) não passa para o sangue nem se retém no estômago, mas que é metabolizada pelo próprio estômago, naquilo que os especialistas denominam um metabolismo de primeiro passo. Essa metabolização poderá ser mais rápida na mulher.
Por outro lado, é possível que o organismo feminino não tenha a mesma concentração da enzima responsável pela degradação do álcool. Por isso, se uma mulher beber as mesmas quantidades de álcool que um homem, o seu sangue absorverá entre 30% e 50% mais.
É igualmente sabido que a actividade também é inferior entre as mulheres grávidas e as pessoas de raça negra. Enquanto na mulher a ingestão diária de 20 gramas de álcool pode criar graves problemas hepáticos, para que estes apareçam no homem é necessário que a ingestão seja sensivelmente maior. Por outro lado, sabe-se que o coração da mulher é mais vulnerável do que o do homem ante os efeitos nocivos do álcool. Elas necessitam de 60% menos de álcool para sofrer a mesma cardiopatia.
A Drª Mary Dufour, do Instituto Norte-Americano de Alcoolismo e a Drª Emmanuel Rubín, da Universidade Thomas Jefferson (Estados Unidos) estudaram 50 mulheres e 100 homens alcoólicos que não padeciam anteriormente de qualquer tipo de doença cardiovascular. Depois de medir a quantidade de sangue que bombeavam os seus corações, descobriram uma cardiopatia num terço deles - tanto nos homens como nas mulheres. Contudo, as mulheres sofreram os sintomas depois de terem consumido, em média, ao longo das suas vidas 60% menos álcool do que os homens. As batidas cardíacas das mulheres alcoolizadas são igualmente mais fracas do que os homens na mesma situação.

Não se esqueça que
• O efeito do álcool é diferente segundo o sexo, sendo mais patente nos bebedores jovens.
• As mulheres que bebem quatro copos por dia podem vir a sofrer uma cardiopatia em somente 10 anos.
• Sem se saber muito bem porquê, também o tabaco afecta mais a mulher, no sentido em que cria uma maior dependência. É muito mais difícil a mulher deixar de fumar do que o homem.

• O álcool também tem um diferente efeito metabólico na mulher, sobretudo no metabolismo das gorduras, que é mais rápido nestas do que nos homens. Uma mulher que bebe verá aumentar o seu nível de triglicerídeos.
Pela sua menor capacidade metabólica, a mulher tem um processo de alcoolização mais rápido do que o do homem.


Governo PS afasta direção do IEFP para "garantir combate à precariedade"

Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social dissolveu o Conselho Diretivo e cessou as comissões de serviço dos delegados e subdelegados do Instituto do Emprego e Formação Profissional. Bloquistas questionaram esta semana o ministro Vieira da Silva sobre precariedade no concurso que a direção do IEFP lançou para docentes e formadores na sua rede de centros.

O SANGUE É UM TECIDO CONJUNTIVO LÍQUIDO


O sangue é um tecido conjuntivo líquido que circula pelo sistema vascular sanguíneo dos animais vertebrados e que tem como função a manutenção da vida do organismo.
O sangue é constituído por diversos tipos de células (ocasionalmente chamadas de corpúsculos); esses elementos figurados (ou formadores) constituem a parte "sólida" do sangue e cerca de 45% de volume total. Já os 55% restantes são formados de uma parte líquida chamada plasma (ou soro - plasma sem fibrinogénio) e de aproximadamente 45% de outros componentes que agrupados constituem os elementos figurados do sangue. São divididos em Leucócitos (células de defesa) electrócitos (transporte de Oxigénio) e Plaquetas (factores de coagulação sanguínea).

Lâmina de sangue humano:
a – hemácias
b – neutrófilo
c – eosinófilo
d - linfócito Anatomia do sangue dos mamíferos
As células do sangue de mamíferos são de 3 tipos: hemácias (ou eritrócitos, glóbulos vermelhos), leucócitos (ou glóbulos brancos) e plaquetas (ou trombócitos). O plasma, o componente líquido, é formado por 90% de água, 1% de substâncias inorgânicas (como potássio, sódio, ferro, cálcio), 7% de proteínas plasmáticas (albumina, imunoglobulinas e fibrinogénio, principalmente) e 1% de substâncias orgânicas não protéicas, resíduos resultantes do metabolismo, hormonas (hormónios).
Apresenta dissolvidos gases como oxigénio e Gás carbónico. Devido à presença da molécula da hemoglobina nas hemácias, nos animais vertebrados o sangue é de cor vermelha. A quantidade total de sangue no Homem representa cerca de 8% de sua massa total.

Sangue em um Dedo Doação
A doação de sangue é um processo no qual um doador de sangue voluntário tem seu sangue recolhido para armazenamento em um banco de sangue ou para um uso subsequente em uma transfusão de sangue.

Transfusão
A transfusão sanguínea é realizada para repor a perda do fluído corpóreo devido a alguma doença ou trauma grave que venha a trazer perda substancial que não possa ser reposta pela própria pessoa.

Veja também Hemoterapia.
Saúde e doença
Diagnóstico
O exame de sangue e de pressão sanguínea estão entre os mais comumente métodos de diagnóstico investigativo que envolve o sangue.
Patologia
Problemas com a circulação sanguínea desempenham um papel importante em diversas doenças, por exemplo:
•Isquemia
•Hemofilia
•Leucemia
•O sangue é um importante factor de infecção por HIV, o vírus que causa a AIDS.

Tratamento
A transfusão de sangue é o modo mais directo de uso terapêutico de sangue. Ele é obtido através da doação de sangue. Como existem diferentes tipos de sangue, e a transfusão de um tipo errado pode causar muitas complicações no receptor, são feitos exames de compatibilidade.
Outros produtos do sangue administrados intravenosamente são as plaquetas, plasma sanguíneo e concentrados de factor de coagulação específicos.
Muitas formas de medicação (dos antibióticos à quimioterapia) são administradas intravenosamente, já que elas não podem ser prontamente ou adequadamente absorvidas pelo trato digestivo.
Como dito acima, algumas doenças ainda são tratadas com a remoção de sangue da circulação.

Transfusão de sangue
A transfusão de sangue é uma prática médica que consiste em injectar sangue a um paciente que tenha sofrido de grande perda ou que esteja afectado por uma doença no seu próprio sangue. A primeira transfusão de sangue foi efectuada em 15 de Junho de 1667. É um tipo de terapia que tem se mostrado muito eficaz em situações de choque, hemorragias ou doenças sanguíneas. Frequentemente usa-se transfusão em intervenções cirúrgicas, traumatismos, hemorragias digestivas ou em outros casos em que tenha havido grande perda de sangue.
Durante algum tempo no passado muitas pessoas tinham receio de aceitar transfusão com medo de contraírem uma doença infecto-contagiosa. Hoje não precisamos ter este tipo de preocupação, pois o sangue colhido de um doador passa por diversos testes antes de ser transfundido em um paciente.

Bolsa de sangue História
As primeiras transfusões de sangue foram realizadas em animais no século XVII por Richard Lower, em Oxford, no ano de 1665.
Dois anos mais tarde, Jean Baptiste Denis, médico de Luís XIV, professor de filosofia e matemática na cidade de Montpellier, através de um tubo de prata, infundiu um copo de sangue de carneiro em Antoine Mauroy, de 34 anos, doente mental que perambulava pelas ruas da cidade que faleceu após a terceira transfusão. Na época, as transfusões eram heterólogas e Denis defendia sua prática argumentando que o sangue de animais estaria menos contaminado de vícios e paixões. Esta prática considerada criminosa e proibida inicialmente pela Faculdade de Medicina de Paris, posteriormente em Roma e na Royal Society, da Inglaterra.
Em 1788, Pontick e Landois, obtiveram resultados positivos realizando transfusões homólogas, chegando à conclusão de que poderiam ser benéficas e salvar vidas. A primeira transfusão com sangue humano é atribuída a James Blundell, em 1818, que após realizar com sucesso experimentos em animais, transfundiu mulheres com hemorragias pós-parto.
No final do século XIX, problemas com a coagulação do sangue e reações adversas continuavam a desafiar os cientistas.
Em 1869, foram iniciadas tentativas para se encontrar um anticoagulante atóxico, culminando com a recomendação pelo uso de fosfato de sódio, por Braxton Hicks. Simultaneamente desenvolviam-se equipamentos destinados a realização de transfusões indiretas, bem como técnicas cirúrgicas para transfusões diretas, ficando esses procedimentos conhecidos como transfusões braço a braço.
Em 1901, o imunologista austríaco Karl Landsteiner descreveu os principais tipos de células vermelhas: A, B, O e mais tarde a AB. Como conseqüência dessa descoberta, tornou-se possível estabelecer quais eram os tipos de células vermelhas compatíveis e que não causariam reações desastrosas, culminado com a morte do receptor.
A primeira transfusão precedida da realização de provas de compatibilidade, foi realizada em 1907, por Reuben Ottenber, porém este procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Em 1914, Hustin relatou o emprego de citrato de sódio e glicose como uma solução diluente e anticoagulante para transfusões, e em 1915 Lewisohn determinou a quantidade mínima necessária para a anticoagulação. Desta forma, tornavam-se mais seguras e práticas as transfusões de sangue.
Idealizado em Leningrado, em 1932, o primeiro banco de sangue surgiu em Barcelona em 1936 durante a Guerra Civil Espanhola.
Após quatro décadas da descoberta do sistema ABO, um outro fato revolucionou a prática da medicina transfusional, a identificação do fator Rh, realizada por Landsteiner.
No século XX, o progresso das transfusões foi firmado através do descobrimento dos grupos sanguíneos; do fator Rh; do emprego científico dos anticoagulantes; do aperfeiçoamento sucessivo da aparelhagem de coleta e de aplicação de sangue, e, do conhecimento mais rigoroso das indicações e contra indicações do uso do sangue.
Após a Segunda Guerra Mundial, com os progressos científicos e o crescimento da demanda por transfusões de sangue, surgiram no Brasil os primeiros Bancos de Sangue.

Tipos Sanguíneos
O sangue é um tecido vivo que circula ininterruptamente pelas nossas artérias e veias, levando oxigénio e nutrientes a todos os órgãos do corpo e trazendo o gás carbónico. É composto por plasma, plaquetas, hemácias e leucócitos. O sangue é produzido na medula óssea dos ossos chatos, vértebras, costelas, quadril, crânio e esterno.

Sistema Rh
O sangue é classificado em grupos (positivo e negativo) pela presença ou ausência de um antígeno de superfície da hemácia que foi encontrado primeiramente no macaco ''''Rh'esus'''', dando nome ao fator Rh Assim, o sangue Rh negativo não possui este antígeno na superfície, e o Rh positivo o possui. A incidência destes grupos varia de acordo com a raça, pois trata-se de um fator hereditário.
Rh+> Sangue aglutinina pelos anticorpos ANTI Rh (maioria)
Rh-> Sangue não reage com anticorpos ANTI Rh (minoria)

Sistema ABO
O sangue também é classificado como do tipo A, B, AB ou O. Esta classificação teve origem na descoberta de dois antígenos de superfície, para os quais foram dados os nomes de A e B. Quando a hemácia possuía o antígeno A era chamado de sangue tipo A, quando possuía B, tipo B, quando possuía os dois, tipo AB. Quando não possuía nem A nem B, era assinalado com um número zero (0). As pessoas começaram a ler o zero como a letra O, dando origem ao sistema ABO.
AA ou Ia,Ia> GRUPO A BB ou Ib,Ib > GRUPO B
AO ou Ia,i> GRUPO A BO ou Ib,i > GRUPO B
AB ou Ia,Ib> GRUPO AB OO ou ii > GRUPO O

Compatibilidade Sanguínea
O sangue doado é separado nos seus componentes principais - os hemocomponentes, e estes são fraccionados em seus diversos elementos - os hemoderivados, para a aplicação terapeutica somente da fracção necessária. Se for necessário uma transfusão de sangue total, os hemocomponentes podem ser reunidos.

Hemácias
É o glóbulo vermelho, que transporta o oxigénio. Pessoas com sangue Rh positivo podem receber hemácias do tipo Rh negativo. O contrário não é verdadeiro. Pessoas do grupo O só podem receber hemácias do grupo O. Pessoas do grupo AB podem receber hemácias do grupo O, A e B. Pessoas do grupo B podem receber hemácias do grupo O e B, mas não do A e nem do AB. Pessoas do grupo A podem receber hemácias do grupo O e A, mas não do B e nem do AB.

A pessoa portadora do tipo de sangue O negativo é tida como sendo doador universal,seu sangue serve para qualquer paciente (estando na forma de concentrado de hemácia ) mas no caso de transfusão, o ideal é o paciente receber sangue do mesmo tipo que o seu.
A pessoa portadora do sangue AB positivo é tida como receptor universal, podendo receber transfusão de qualquer tipo de sangue, mas só pode fazer doação para quem tem sangue do mesmo tipo (e esse é considerado um dos sangues mais raros que existe).
Cada componente do sangue tem propriedades especiais e pode ser separado para tratar de problemas específicos de cada paciente.


Doação de Sangue
Os Centros Hemoterápicos necessitam de muito sangue para suprir às necessidades da população, devido ao grande número de acidentes e doenças sanguíneas que necessitam de transfusões. Não existem substitutos para todas as funções do sangue. Geralmente, restabelece-se o volume líquido do sangue mediante soluções salinas ou gelatinosas e estimula-se a produção acelerada de hemácias. Mas nos casos de hemorragias masivas necessitam de hemácias. Também os hemofílicos necessitam dos factores de coagulação (Factor VIII e Factor IX), para a qual não existe substituto. A molécula da hemoglobina artificial ainda encontra-se em ensaios pré-clínicos.
O doador não corre nenhum risco, já que são utilizadas para a colecta do sangue bolsas e agulhas estéreis descartáveis, isto é, utilizadas apenas uma vez.
Para doar sangue o indivíduo deve ter entre 18 e 60 anos, mais de 50 quilos, estar de boa saúde, não ser toxicodependente ou estar tomando certos medicamentos e realizar apenas "sexo seguro". A doação deve ser voluntária e não remunerada, como maneira de evitar a doação de sangue doente.
Pessoas do grupo O em alguns casos especiais podem receber todos os tipos de sangue.

Alternativas Actualmente Disponíveis
Alternativas médicas ao sangue, o que inclui os substitutos do sangue, frequentemente chamados por sangue artificial, são usados para encher o volume de fluido e transportar o oxigénio e outros gases ao sistema circulatório.Os termos preferidos e mais exactos são: expansores do volume e terapias de oxigénio. Nos últimos anos, muitas técnicas modernas e inovadoras tem sido desenvolvidas para tratamentos e cirurgias sem sangue. Ao passo que novos métodos usados em tratamentos médicos e cirurgia sem sangue, tornam-se disponíveis, estes tem sido a escolha de muitos pacientes.
Muitos médicos têm reconhecido, que a posição contrária à transfusão de hemocomponentes por parte das Testemunhas de Jeová, incentivou a pesquisa de tratamentos alternativos, permitindo efectuar cirurgias complexas sem a necessidade do uso de sangue total e hemoterapia, técnicas que beneficiam tanto as Testemunhas como outros pacientes. Uma parte da comunidade médica, porém, continua crítica em relação a opção religiosa, recusando-se a dar tratamento ou submeter a cirurgias a menos que seja permitida a transfusão sanguínea. Isto obriga estes pacientes a buscar tratamento em outros hospitais ou buscar um médico disposto a utilizar as diversas técnicas disponíveis para se evitar transfusões.

Complicações
As transfusões não são uma prática médica isenta de riscos, sendo que a decisão do uso do sangue é tomada pelos médicos quando acreditam que os benefícios são maiores que os riscos. Entre as complicações há : falha humana, falta de controle de qualidade, hemólise e contaminação. Entre as doenças e infecções passíveis de transmissão constam : hepatite, Aids, citomegalovírus, hemocromatose secundária e sensibilização, entre outras.



5 Histórias sobre tradições do Ano Novo


Certas tradições de Ano Novo são tão antigas que hoje as realizamos por costume, mesmo que elas não mantenham seu significado original. De qualquer forma, elas deixam as festividades mais divertidas e são simbólicas do tempo que recomeça. Confira:

1. Primeiro de janeiro



Parece óbvio que o Ano Novo seja no dia primeiro de janeiro, mas você sabia que essa data só se consolidou na maioria dos países há meros 500 anos? Dos calendários babilônicos de 2.800 aC até o calendário gregoriano, o Réveillon mudou muitas vezes de dia.

A primeira comemoração que tinha a conotação de “Festival de Ano Novo” foi na Mesopotâmia por volta de 2.000 aC. A festa começava sempre na lua nova do equinócio da primavera, em meados de março. Os assírios, persas, fenícios e egípcios celebravam o início de um novo ciclo no dia 23 de setembro, e os gregos 21 ou 22 de dezembro.

Nova lei do tabaco entra hoje em vigor, imagens chocantes só a partir de maio

A nova lei do tabaco entra hoje em vigor, mas as imagens chocantes só passam a constar dos maços de cigarros em maio e a proibição total de fumar em espaços públicos fechados só vigorará em 2021.
A nova legislação, publicada em agosto em Diário da República, vem ainda regulamentar os cigarros eletrónicos e os produtos de tabaco com aromas distintivos.
As novas regras determinam que as embalagens de produtos de tabaco para fumar (como cigarros, tabaco de enrolar e tabaco para cachimbo de água) devem apresentar “advertências de saúde combinadas”, que incluem texto e fotografia a cores.
Algumas das opções constantes da “biblioteca de imagens” consistem em pulmões e línguas com tumores malignos, pessoas amputadas, mortas dentro de sacos ou em camas de hospital, uma mulher a cuspir sangue ou um bebé a fumar através de uma chucha.
Estas imagens são acompanhadas de frases de alerta, entre as quais “fumar provoca 9 em cada 10 cancros do pulmão”, “fumar provoca cancro da boca e da garganta”, “fumar provoca acidentes vasculares cerebrais e incapacidades”, “fumar agrava o risco de cegueira” e “os filhos de fumadores têm maior propensão para fumar”.
Além disto, passa a ser obrigatório as embalagens conterem duas advertências: “Fumar mata – deixe já” e “O fumo do tabaco contém mais de 70 substâncias causadoras de cancro”.
As advertências devem ainda incluir informações para deixar de fumar, como números de telefone ou páginas da internet destinados a informar sobre programas disponíveis para ajudar a deixar de fumar.
Ao todo, as advertências combinadas (texto e imagens) passam a ocupar 65% das embalagens, no caso dos maços de cigarros, em ambas as faces.
No entanto, a nova rotulagem só vai começar a ser usada nos maços a partir de 20 de maio de 2016, data até à qual ainda é permitida a produção ou importação em território nacional de produtos rotulados na redação da anterior lei.
A partir dessa data, é estabelecido um período de um ano (até 20 de maio de 2017) para escoar as embalagens antigas.
As mesmas regras aplicam-se, nos termos da nova lei, aos cigarros eletrónicos com nicotina, que passam a ter as mesmas advertências e as mesmas restrições que os outros cigarros e dispõem do mesmo período de moratória.
Os espaços públicos fechados com espaços para fumadores têm até 31 de dezembro para gradualmente se tornarem espaços totalmente livres de fumo.
A par disso, a legislação alarga a proibição de fumar a outros espaços públicos fechados, passando a incluir recintos de diversão, casinos, bingos, salas de jogo e outro tipo de recintos destinados a espetáculos de natureza não artística.
No entanto, estes espaços que não disponham de serviço de bar e restauração podem continuar a ter áreas destinadas a fumadores “separadas fisicamente ou totalmente compartimentadas”, uma espécie de cabines como as que existem nos aeroportos, desde que disponham de ventilação adequada.
A lei contempla algumas exceções, como salas exclusivamente destinadas a pacientes fumadores em hospitais e serviços psiquiátricos, centros de tratamento e reabilitação, de desintoxicação, lares de idosos e residências assistidas, desde que cumpram as mesmas regras que os outros espaços com áreas de fumadores.
As prisões podem dispor também de unidades de alojamento, em celas ou camaratas, para fumadores.
Os produtos de tabaco com aromas distintivos passam a ser proibidos, estando previsto um período transitório até 20 de maio de 2020 para produtos cujo volume de vendas na União Europeia seja superior a 3%, como é o caso do mentol.
Os maços deixam ainda de usar termos como “light”, “suave”, “natural” ou “slim”.
Fonte: Lusa