quarta-feira, 25 de maio de 2016

ADASCA promove sessão de colheitas de sangue dia 28 de Maio das 9 horas e às 13 horas

Gestos simples que salvam vidas… seja o leitor também um salvador de vidas
Dando continuidade às actividades da ADASCA, instituição ao serviço da comunidade aveirense, vai no próximo dia 28 realizar-se mais uma sessão de colheitas de sangue no Posto Fixo localizado no Mercado Municipal de Santiago, 1º. Piso.

Todas as pessoas com idade entre os 18 e os 60 anos, com estilo de vida saudável, que nunca tenham recebido transfusões de sangue, estão convidadas a aderir à dádiva de sangue.

Há momentos em que os hospitais ficam com as reservas de sangue reduzidas. Muitas vidas poderão ficar em perigo por falta de sangue para transfusões. E afinal é tão simples dar uma pequena ajuda para que nada disso aconteça. Se você der, se todos derem, não haverá falta de sangue neste Verão que se avizinha.

Com a sua dádiva ajuda-nos a salvar mais vidas.


Outras datas podem ser consultadas através do site: www.adasca.pt
Amem a liberdade, sejam felizes.
Joaquim Carlos
Telef: 234 095 331 (Sede) ou 964 470 432

Notícias da Semana | Associação Teatro Construção


ATC
BOLETIM INFORMATIVO
25.05.2016

Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.

Carlos Drummond de Andrade

Uma aventura chamada “Viagem de Finalistas”

Comboio, avião, kidzania…grande aventura

Depois de vários meses de trabalho a aventura começou bem cedo. Eram 6h00 já todos extávamos prontos na estação de Vila Nova de Famalicão para dar inicio à nossa viagem no alfa pendular. A alegria era geral nas crianças e ansiedade era visível no rosto dos pais.
» saiba mais
 

Caminhada de 12 km nas Fisgas de Ermelo

Desporto, natureza e boa disposição

No passado domingo, dia 22 de maio, cerca de 50 caminhantes realizaram o percurso pelos Trilhos das Fisgas de Ermelo no Concelho de Mondim de Basto, situado no Parque Natural do Alvão. » saiba mais

ATC lança novos projetos dos Caminhos de Santiago

Destinado Seniores e Reformados

A ATC lança um novo projeto de Caminhos de Santiago pelo Caminho Português, destinada à população sénior e reformada, numa iniciativa da Universidade Sénior D. Dinis. » saiba mais
 

Celebração do Dia Mundial da Hipertensão

com rastreios gratuitos à pressão arterial

No passado dia 17 de maio, celebrou-se o Dia Mundial da Hipertensão. No país, para assinalar esta data, foram realizados diversos rastreios gratuitos à pressão arterial, e, na Residência ATC, também foram realizados aos nossos utentes. » saiba mais

Centro de Estudos no II Torneio Solidário de Futebol

Uma manhã de desporto, de solidariedade e de muita diversão.

Os jovens do Centro de Estudos do Colégio ATC participaram no II Torneio Solidário de Futebol. Uma iniciativa realizada pela Associação das Crianças do São João – ACSJ, realizada no passado sábado, dia 21 de maio. » saiba mais

Torneio do Salesianos do Porto

com participação dos Sub 10 da ATC

Organizado pela Centro dos Antigos Alunos Salesianos do Porto (CAAS), terá lugar no fim-de-semana, dias 28 e 29 de maio, o IV Torneio Internacional de Minibasquete Fernando Maia. » saiba mais

Torneio do Salesianos do Porto

com participação dos Sub 10 da ATC

Em dois jogos que decidiam o apuramento para a fase Final da Taça Nacional, os Sub 18 masculinos da ATC venceram o Illiabum Clube em Aveiro por 80-74 e o SC Beira Mar em Vermoim por 68-47. » saiba mais

Sub 12 da ATC vencem o Maria da Fonte após prolongamento

Torneio Distrital Professor Mário Costa

No jogo da última jornada da fase regular do Torneio Distrital Professor Mário Costa, os Sub 12 da Academia de Basquetebol da ATC defrontaram e venceram na Póvoa de Lanhoso, no passado sábado, a equipa do SC Maria da Fonte. » saiba mais
Através da consignação de imposto, ou seja, não tem que dar dinheiro ou bens, ofereça parte do imposto que iria para os cofres do Estado para a ATC.
Para tal, preencha o quadro 9 do anexo H com o nome da Associação Teatro Construção e o nosso número de contribuinte 501290834.



Macroscópio – Já ninguém quer saber dos gregos?

Macroscópio

Por José Manuel Fernandes, Publisher
Boa noite!

Foi mais uma longa maratona do Eurogrupo, que entrou pela noite dentro com momentos em que se comentava se Euclid Tsakalotos (na foto a falar com Dijsselbloem) não teria de aguentar uma negociação tão longa como a enfrentada por Alexis Tsipras há um ano, mas o fumo branco lá apareceu já de madrugada, em boa parte porque foi necessário telefonar a Christine Lagarde, a directora-geral do FMI e esta estava no Cazakistão e foi muito difícil estabelecer a ligação. No final o FMI acabou por ceder muito na sua exigência de reestruturação da dívida grega, já que tudo ficou adiado para 2018 e só se os gregos cumprirem mais alguns condicionalismos. Poul Thomsen, diretor do departamento europeu do FMI, a reconhecer que, “do lado do FMI, fizemos uma enorme cedência”. O que significa que Wolfgang Schäuble levou novamente a melhor.

A verdade porém é que, desta vez, poucos foram os que deram real atenção a mais esta longa e tensa reunião em Bruxelas, e em boa parte percebe-se porquê: A Grécia é um caos. “E a Europa está pelos cabelos”, como disse ao Observador o antecessor de Varoufakis, Gikas Hardouvelis, numa entrevista cuja leitura considero indispensável. O ministro das Finanças do último governo da Nova Democracia faz um relato muito cru do que se passa no país, um país a que verdadeiramente deixámos de prestar atenção apesar da multiplicação das medidas de austeridade e das greves gerais. Primeiro explica que o que se passa no país é consequência do “comportamento errático que [o governo de Tsipras] teve na primeira metade de 2015 e pela atitude de confrontação [de Varoufakis]”. Depois conta como a economia voltou a afundar, pois o que se fez foi que, “Em vez de se cortar na despesa e nos salários da função pública, e fechar empresas que não acrescentam qualquer valor social, [os líderes europeus] deixaram o governo seguir pela via dos aumentos de impostos, o que cria um enorme desincentivo para as pessoas trabalharem.” Sendo que fora da Grécia isso já não parece incomodar ninguém:
A Europa, agora, parece que já não quer saber. Já não há contágio nos mercados financeiros, a Grécia está isolada. Muita Europa está farta até aos cabelos de ouvir falar da Grécia, dos gregos, dos políticos gregos, da economia grega… Não querem saber — é como se dissessem: “Façam o que quiserem, não queremos saber se vão promover o crescimento da economia, se fazem o ajustamento todo pela via dos aumentos de impostos, força… Querem criar mais uma recessão? Força… A escolha é vossa. O problema é vosso. Deixem-nos em paz“.

Este leitura não é muito diferente da de Alexis Papachelas, colunista do diário grego Ekathimerini que, hoje mesmo, em An insane country, nota que “Outside of Greece, no one cares anymore whether the country is governed by the right or the left. They just want to get on with their business.” E depois acrescenta: “Things that should have been done, irrespective of who’s in charge, will be done, though at a cost. Political time in the bailouts era is running at a vertiginous speed and the beast keeps “swallowing” prime ministers and administrations. A leftist government is carrying out the most right-wing policies anyone could imagine, overturning the entire post-dictatorship pattern. History is moving along, albeit in an insane manner. But it is moving on and that is what matters most.”

É como se se vivesse numa espécie de ficção de que tudo corre conforme o previsto, e é exactamente essa a perspectiva do editorial do Wall Street Journal, The Greek Fiction. Onde escreve, depois de descrever a futilidade do que se discute entre a Europa e o FMI sobre o que deve ser feito por Atenas: “Mr. Tsipras’s statist ideology is as hostile as ever to the supply-side reforms Greece needs, and both the IMF and other creditors seem to be giving up hope that any other Greek politician could enact such reforms. Which means Greece’s crisis will drag on no matter what happens next with Greece’s debts.”

(Já agora, para conhecer melhor os pormenores do acordo do Eurogrupo há um bom descodificador do que passou na mesma edição europeia do Wall Street Journal, The Short Answer: How Greece Got Another Debt Deal. Vejamos uma das suas perguntas e respostas:
Why Did the IMF Give So Much Ground?
Despite the IMF staff’s deep skepticism about Greece’s solvency and the math of the bailout plan, they ultimately answer to the IMF board, where Western governments such as Germany and the U.S. have a voting majority.
Behind the scenes, German Chancellor Angela Merkel has pressed in recent weeks for the IMF to announce that it will rejoin the bailout, so that she can get the Greek issue off the table quickly without controversy in Germany.
Ms. Merkel and U.S. President Barack Obama are eager to avoid a new drama over Greece when the European Union is looking unusually politically fragile given the refugee crisis, the rise of populist parties across the bloc, and the U.K.’s referendum on whether to leave or remain an EU member.
Under pressure from its dominant board members, the IMF had little choice but to accept Germany’s preferred formula on Greek debt.)

A análise do outro grande jornal económico europeu, o Financial Times, ajuda, em Messy Greek debt deal leaves key questions unanswered, a perceber o que foram as cedências alemãs, que também as houve: “For Germany too, the deal amounted to a trade-off. Wolfgang Schäuble, German finance minister, met his two main red lines: no haircuts and no Bundestag votes before the German federal elections in 2018. But to secure the IMF’s political participation, he made a concession: an implicit commitment to meeting a DSA that will be hard to retreat from. And language was softened on the requirement for Greece to meet a 3.5 per cent budget surplus target for at least the next 10 years; this would now be reviewed in 2018.”

De resto este jornal acrescenta um delicioso pormenor sobre a forma como as negociações decorreram, já que boa parte do tempo foi consumido em encontros bilaterais fora da sala do Eurogrupo entre Dijsselbloem, Schäuble e Poul Thomsen: “For the others present, the tedium gradually turned to farce as they passed the midnight hour. The strut of “Zorba’s dance” rang out across the room from one mischievous official’s iPad, only to be clapped on by colleagues. The deal came soon after, but most negotiators knew they would be back for another debt dance soon enough.”

A fechar a minha selecção de hoje, a análise de Xavier Vidal-Folch no El Pais, Pasar del “no pasarán” al “cosa hecha”, onde nos fala da “esquizofrenia política de la UE, el FMI y Atenas”. E onde procura explicar o contorcionismo de cada um dos protagonistas, assim enquadrado: “Cuando el severo ministro alemán de Finanzas, herr Nein, anuncia paz, es que la paz es cosa hecha. Aunque se deba a la urgencia de no estropear su agenda electoral, a la de no enrarecer más la cuestión británica presentando a Europa como madrastra, o a ambas. Además del calendario, otras fuerzas empujan al acuerdo. Como la esquizofrenia —o contradicciones internas— de cada actor, que les dificulta mantener posiciones.”

E por hoje é tudo. Reencontramo-nos na sexta-feira, que o Macroscópio não faz ponte. Aproveitem o feriado para descansarem e, também, para porem as leituras (algumas) em dia.
 
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OS EMBUSTES SOBRE INVESTIMENTOS EXTERNOS DO BRASIL

Alberto Castro*, Londres

No "Tribunal de Inquisição" montado no Senado brasileiro para destituir Dilma Rousseff, alguns senadores eles mesmo sem moral, ignorantes e manipuladores de corações e mentes usaram do argumento de que os governos do PT financiaram corruptas ditaduras e governos ideologicamente próximos à expensas do contribuinte brasileiro. Uma falácia, se tivermos em conta que vem de democratas no mínimo duvidosos, para confundir e desinformar mentes menos informadas e críticas, sem contar que tal narrativa, com apoio de um setor da mídia, acaba por enfraquecer, ou mesmo destruir, empresas brasileiras tanto interna como externamente.
Financiamentos externos de empresas nacionais são políticas de Estado e prática de governos de todos países com capacidade financiadora, com a China no topo. Estando entre estes países, o Brasil não poderia se colocar à margem, sob pena de tornar suas empresas meras coadjuvantes em um mundo cada vez mais competitivo em razão da globalização da economia. É o que fizeram os governos do PT e governos que o antecederam.

Suas excelências, mal informadas ou mal intencionadas, omitem que os financiamentos não são para tais governos mas sim para empresas brasileiras que, em mundo cada vez mais competitivo, buscam inserção no mercado internacional, gerando milhares de empregos para brasileiros dentro e fora do Brasil. Omitem que o retorno de tais financiamentos para o país é bem maior, às vezes imoral e escandalosamente maior, e que os países receptores, particularmente os africanos, acabam por ser os mais penalizados porque no final são os que pagam a fatura mais elevada, tanto em dinheiro como na péssima qualidade de algumas obras e serviços prestados por empresas brasileiras. Não por acaso em 2008 o governo equatoriano do economista Rafael Correa expulsou a Odebretch por superfaturamento e defeitos nas obras da hidrelétrica San Francisco, ameaçando não pagar ao banco BNDES. 

Omitem que a porcentagem destinada por esse banco de desenvolvimento a essa modalidade de financiamento beneficiadora de empresas brasileiras é praticamente irrisória, cerca de 2% do total de seus empréstimos, segundo consta. Omitem que tais financiamentos não se comparam ao de países desenvolvidos, ou mesmo de alguns em vias de desenvolvimento, que seguem a mesma política estratégica de Estado. Omitem que muitas das relações envolvendo países receptores, por eles vistos com preconceito e desdém, se traduzem também em altos ganhos políticos não contabilizados para o Brasil porque é de tais países que vem, ou pode vir, apoio político e diplomático concertado para as aspirações do Brasil como ator que se pretende global.

O que deve sim ser monitorado e denunciado é a corrupção que existe nestes negócios que grandes lucros dão aos países financiadores com a colaboração de elites corruptas locais. Lembro, no entanto, que não há corruptos sem corruptores. Se o Brasil quiser continuar como gigante de pés de barro ou anão na política global, a escolha é sua. Mas passar a ideia do Brasil como país caridoso para com outros quando as mesmas vozes combatem ferozmente um modelo de inclusão social é de uma tamanha desonestidade política, de uma tacanhez e de uma menoridade dignas apenas de políticos longe de estarem à altura de um país que merecia melhores representantes.

*Alberto Castro é correspondente de Afropress em Londres e colabora em Página Global

- Artigo datado de 17/5 que somente agora é publicado em Página Global devido a interrupção do PG por duas semanas. O mesmo acontecendo com todos os artigos publicados a partir de ontem e assinados ou selecionados pelos colaboradores deste coletivo PG.

PARTIDO SOCIALISTA DE TIMOR CONDENA DERRUBE DO GOVERNO LEGÍTIMO DE DILMA

Sobre o golpe da direita no Brasil, que destituiu a presidente e o governo do país, também o Partido Socialista de Timor-Leste divulgou em comunicado de imprensa a sua reprovação, que fez chegar ao Página Global através da gentileza do seu Secretário-Geral, M. Azancot de Menezes, que também colabora no PG, assim como no Timor Agora – nosso parceiro. (PG)

COMUNICADO DE IMPRENSA

Partido Socialista de Timor (PST) condena o derrube do governo de Dilma Rousseft no Brasil

O Bureau Político do Partido Socialista de Timor (PST), em reunião realizada hoje, dia 18 de Maio de 2016, na Sede Nacional em Díli, deliberou tornar público o seguinte:

1. O PST, partido político timorense, lamenta a saída forçada da presidente Dilma Rousseft eleita por mais de 50 milhões de brasileiros;

2. O PST está profundamente preocupado com o processo democrático no Brasil pelo facto da presidente ser eleita democraticamente e apesar dos órgãos legislativos terem uma representação ampla do partido dos trabalhadores sejam tão facilmente derrotados, o que reflecte a desorganização da maioria dos partidos de esquerda.

Díli, 18 de Maio de 2016

O Secretário-Geral,

M. Azancot de Menezes

Guiné-Bissau. O problema real é outro, S. Exa. Sr. PR, Dr. JOMAV – por Abdulai Keita

Abdulai Keita*, opinião

A S. Exa. Sr. Presidente da República (PR) diz, entre outros, na sua nova mensagem de hoje (12.05.2016) à Nação, que acredita haver condições de criação de uma situação de governação estável até ao fim da presente legislatura, cito: “NO QUADRO DA CONFIGURAÇÃO PARLAMENTAR RESULTANTE DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS”. Fim da citação (e info à leitora, ao leitor: redigindo estas linhas, ainda não tinha conhecimento do decreto de hoje da demissão do atual Governo).   
Se a S. Exa. Sr. PR está referir-se à MAIORIA ABSOLUTA FORMAL (legal), anunciada pela CNE, como veredicto do soberano (povo), saído das urnas, na sequência do cumprimento do ato votivo das referidas legislativas do dia 13 de Abril de 2014, a saber: PAIGC: 57, PRS: 41, PCD: 2, UM: 1, PND: 1 mandatos cada sobre um total de 102, então está bem. Então, estamos agora a voltar para a via certa das buscas de uma solução, de facto, estável. Se caia o Governo, cairá para logo se procurar e estabelecer uma solução certa e justa (vou voltar mais em baixo a este ponto)

Ao contrário, se está a referir-se à “MAIORIA ABSOLUTA INFORMAL” (ilegal), tal como deixou entender na sua última mensagem à Nação (19.05.2016), baseada num arranjo EX POST eleição, via Bancada Parlamentar de Deputados Independentes, a forjar ilegalmente pelos jogos de dissidência, também EX POST eleição, e ainda por cima, a Bancada a instituir também ilegalmente, porque EXTRA Estrutura Orgânica e do Funcionamento legal da ANP, então ainda tudo está mal. Se se fazer cair o Governo neste espírito será o “déjà-vu”. Aumentar o problema no muntudo dos problemas já existentes.  

Porque na minha modesta apreciação da situação, não é como a S. Exa. Sr. PR está a crerer e diz nesta sua nova mensagem IN CAUSA que, cito: “O PROBLEMA REAL É O GOVERNO”. Fim da citação. Não!

Na minha opinião, o problema real desta situação toda é a existência de um Grupo de 15 Deputados da Nação na ANP, atualmente, não vinculados a nenhuma Bancada Parlamentar de nenhum Partido Político com assento parlamentar (em posse atualmente unicamente pelo PAIGC e PRS), ou a nenhum Partido com assento mas sem Bancada Parlamentar (atualmente casos do PCD, UM e PND). Isto como manda a lei. Esta situação é inédita e, ela é que constitui o Problema central de todos os bloqueios neste momento.

Porque todos os bem avisados nesta matéria sabem! Esta situação não está prevista nem no Estatuto dos Deputados e nem no Regimento da ANP. Uma situação de não previsão estabelecida evidentemente pelas normas e leis que estão bem em conformidade com a nossa atual Constituição da República.

Quer dizer, “os 15” que se encontram nesta situação inédita, não tem enquadramento nenhum na Estrutura Orgânica e do Funcionamento desta casa da criação das leis. Como se sabe e deve ser mesmo assim, onde tudo tem que ser feito e obedecer de maneira irrestrita, as leis, as normas e os procedimentos legais.

E outra coisa. Neste quadro e situação, também os 15 Deputados da Nação não podem ser agora transformados a bel-prazer, em Deputados Independentes, igualmente por um arranjo qualquer EX POST eleição baseado no total desrespeito das leis, normas e procedimentos legais atuais em vigor.

Refiro-me por exemplo, à Lei N.° 2/2010 criada deliberadamente no dia 25 de Janeiro de 2010 pelos nossos próprios Deputados da Nação (uns estão no “grupo dos 15”) para revogar a Figura Jurídica do Deputado Independente da Estrutura Orgânica e do Funcionamento da ANP, nomeadamente, do Estatuto dos Deputados e do Regimento deste hemiciclo. Por razões óbvias! Todas e todos Deputados da Nação e além sabem isto muito bem.  

Eis o problema central e real. Repito, o problema central à cabeça de todos os bloqueios neste momento na ANP, na Governação e no país todo.

Um problema que se prende (tira raízes) no fundo, no fundo ao MENOSPREZO E/OU DESRESPEITO dos três princípios centrais de fidelidade, disciplina e, de compromissos de lealdade partidários, sobretudo na democracia parlamentar representativa, a saber: o princípio de fidelidade e disciplina partidárias; o imperativo do respeito do princípio dos compromissos programáticos partidários, e; o imperativo do respeito do princípio dos compromissos assumidos para com assuntos programáticos relevantes do Partido.

Com o menosprezo e/ou desrespeito destes princípios estabelece-se uma situação de elevado enfraquecimento e de desorganização dos Partidos, aliás, das Bancadas Parlamentares dos Partidos políticos (ou seja, Partidos políticos no Parlamento), enquanto pilares da democracia parlamentar representativa. E, consequentemente, do enfraquecimento, desorganização ou bloqueamento do próprio parlamento e do Governo emanado deste. Pois sabe-se muito bem que é a Partidos políticos que cabe o papel de organizadores (1) da participação de todos os cidadãos no processo político democrático, (2) da organização, dinamização e disciplinação do processo eleitoral, (3) da organização, dinamização e disciplinação do próprio funcionamento da ANP e, (4) da organização, seleção dos membros da elite dirigente colocados na governação e, estabelecedor e implementador dos programas de governação do país. Estragando este fundamento, desorganizando este fundamento (uma atribuição constitucional dos partidos políticos no nosso caso e além), cai toda a casa da democracia. Eis de onde vem no fundo, no fundo o problema.

Sendo assim, este mesmo poderá ser resolvido sem custos nenhuns ao país e de maneira definitiva (nesta ronda) e duradoura (neste aspeto) apenas pela submissão deste caso da situação “dos 15” antes descrito, à plenária da ANP para a sua apreciação e votação. Mais nada!; e por razões óbvias, “os 15” poderiam participar nos debates mas sem direito a voto. Ora, se se votar não a sua permanência na sua situação atual na ANP, perdem os seus mandatos. Mas ao contrário, se se votar sim pela sua permanência, então, a ANP terá que criar uma outra lei para revogar a Lei N.° 2/2010 e reintroduzir a FIGURA JURÍDICA DO DEPUTADO INDEPENDENTE na sua Estrutura Orgânica e do Funcionamento, nomeadamente, no Estatuto dos Deputados e no Regimento da ANP. Ponto final. Estaríamos assim de novo na Lei e a decisão do Acórdão N.° 3/2016 também teria sido assim respeitado integral e estritamente.

Se se vai demitir agora mais uma vez o presente Governo, para salvar a cara, e depois proceder-se assim, então vamos lá. Mais valerá pena isto do que os arranjos EX POST’S eleição sem lucros nenhuns e nunca e sem fim desde há 21 anos.

A segunda via de solução ainda muito mais simples e de igual modo sem custos nenhuns ao país, é esta, também bem certa e justa, que se começa agora a desenhar-se, consagrada na decisão do Acórdão n.° 05/2016 do Tribunal da Relação de Bissau, publicada anteontem (09.05.2016). Tornava-se definitiva, pela via desta decisão, a perda de mandatos “dos 15”, e, se assim também for a decisão de outras instancias até ao STJ…; e, se se decidir parar lá... Então, OK, ponto final!, resolveu-se o problema.

Em todo o caso, o importante é, o respeito irrestrito das leis, normas e procedimentos legais em uso. Porque sem isto não há democracia estável, com instituições bem consolidadas. Democracia sã e bem-sucedida. E fingindo a democracia, ou fazer a democracia a bel-prazer, nunca iremos viver na estabilidade.

Obrigado e boa sorte a todos nós bissau-guineenses (Mulheres e Homens).  

Pela honestidade intelectual e, que a tranquilidade, paz e estabilidade governativa se instale neste nosso querido país do povo bom, a Guiné-Bissau.

Amizade.

*A. Keita - Pesquisador Independente e Sociólogo (DEA/ED; abiketa@yahoo.fr)

- Artigo do nosso colaborador A. Keita datado de 13/5 e só agora publicado devido a interrupção de publicações do Página Global

A ERA DO PETRÓLEO BARATO E EVENTUAIS CONSEQUÊNCIAS PARA ÁFRICA

Rui Peralta, Luanda

A Era do Petróleo barato e do gás começou. No período 1970-2013 os preços do barril de petróleo aumentaram cerca 900%. Para termos uma ideia do que isso representa em termos de impacto na produção e no consumo (na oferta e na procura), através da comparação com outros recursos finitos, observe-se que o índice de preços para os minerais e metais indica um aumento dos preços - no mesmo período - de 68%. A cartelização (mais politica do que económica) da produção petrolífera foi responsável por esse absurdo aumento de preço e pelas distorções criadas nas relações entre oferta e procura.
Aparentemente esse período de alta de preços parece ter chegado ao fim. No entanto, pelo facto de a cartelização continuar a persistir e a dominar este mercado – a solução encontrada entre os principais Estados produtores (e aqui reside o cerne da questão) – as distorções continuam a causar instabilidade no sector e a gerarem grandes incógnitas que ultrapassam o bom senso de uma análise realista. Por outro lado a propagação e as dinâmicas causadas por duas revoluções em curso asseguram uma mais ampla produção petrolífera e a preços muito mais módicos do que os praticados entre 2010-2014: a extracção a partir do xisto e a aplicação de novas tecnologias (ferramentas inteligentes) na extracção convencional (perfuração horizontal).

Iniciada nos últimos 10 anos a extracção a partir do xisto contornou, nos USA e no Canadá (países onde se desenvolveu), o declínio a longo prazo das respectivas produções. Apesar dos actuais preços baixos e dos danos que estes provocam nos lucros, um excedente criado pelos altos índices de produtividade obtidos nesta técnica extractiva gera um optimismo moderado no sector. Foram identificados uma série de impactos ambientais negativos e as pesquisas estão agora viradas para a ultrapassagem desses problemas, para que este método de extracção se torne compatível com a legislação ambiental e não tenha impactos negativos no ecossistema.

Quanto á introdução de novas tecnologias, principalmente ao nível de máquinas-ferramentas inteligentes, avança gradualmente e sem grande alarido na perfuração horizontal (o seu expoente encontra-se na Rússia, Austrália e Noruega). Os seus resultados acabarão por fazer-se sentir a longo-prazo, mas representarão uma significativa redução nos custos de produção.

A única solução viável para o sector petrolífero gira em torno dos baixos preços e estas duas silenciosas revoluções em curso poderão ser lucrativas e com margens razoáveis, a preços médios de 40 USD/barril, daqui por 10 a 15 anos. A propagação global destas revoluções e o subsequente preço baixo poderão trazer grandes vantagens á economia mundial, mesmo apesar da quebra de receitas nos países produtores. Estas quebras serão compensadas por factores diversos (politicas de diversificação das exportações e das entradas de divisas) externos ao sector petrolífero, ao mesmo tempo que as margens de lucro (proporcionadas pelas reduções dos custos de produção) normalizam.

Aparentemente estas duas revoluções cimentam e prolongam a dependência petrolífera e as políticas climáticas. Os esforços para desenvolver energias alternativas e renováveis com o objectivo da estabilização climatérica tornar-se-ão mais dispendiosos – uma vez que requerem mais subsídios – do que os baixos preços do petróleo. Petróleo barato e abundante gerará novos equilíbrios no mercado mundial e nas relações internacionais.

Para África este é um desafio que poderá representar uma oportunidade única. Uma vez mais a questão coloca-se no eixo da unidade e da integração africana. As petrolíferas estatais africanas são autênticos elefantes-brancos, máquinas colossais de burocratização e centros de custos exacerbados, além de grandes bancos experimentais de incompetência e de negociatas.

Inicialmente constituídas para dar respostas ao desenvolvimento das economias africanas as companhias petrolíferas estatais acabaram por fazerem parte da grande maquinação neocolonial que perpetua a situação periférica do continente e nos Estados neocoloniais não passam de grandes centros de subsidiarização das oligarquias locais. A integração das petrolíferas africanas (públicas, mistas e privadas) num grande conglomerado de capitais continentais, a constituição de grandes projectos regionais e de uma rede continental de oleodutos, gasodutos e rede petroquímica, e a criação de uma bolsa petrolífera para o mercado africano são passos fundamentais para o desenvolvimento do continente e para a afirmação de África no mundo.

No fundo, meus caros, trata-se de retomar o lema fundamental dos movimentos de libertação nacional da África progressista: “resolver os problemas do Povo”.

A RETOMADA DO TERRITÓRIO ANGOLANO HÁ 40 ANOS – II

  
7 – A viagem nocturna entre a base naval de Luanda e o N’Zeto (Ambrizete), foi feita em mar chão, sem incidentes ou imprevistos.

A minúscula armada manteve acesas as luzes de sinalização e as lanchas de desembarque lá seguiram à vista umas das outras e com a linha da costa perceptível a estibordo.

Logo pela manhã fizemos a aproximação ao N’Zeto, com proa ao areal e com as unidades a desembarcar em boa ordem.

A minha unidade foi a mais ligeira pois só tínhamos na altura a dotação individual e por isso auxiliou na descarga dos tambores de combustível transportados pela LDM, enquanto os “Corvos ao Embondeiro” faziam sair os blindados da LDG.

O N’Zeto já tinha efectivos angolanos e cubanos chegados por terra que haviam garantido a testa-de-ponte, efectivos esses que haviam constituído uma linha circular à volta da localidade, em posições defensivas; só o comando do dispositivo, a logística e o centro de comunicações estavam instalados na vila.

Algumas acções de reconhecimento foram sendo feitas em mbos os lados do rio M’Brige, antes da chegada da minha unidade e dos “Corvos ao Embondeiro”.

Por isso a minha unidade foi reforçar o cordão defensivo, recebendo alguns velhos BTR-152 K, armados com uma PKT de 7,62 mm, instalada sobre o tecto da cabine do veículo.…

Esses veículos de transporte de tropas eram autênticas “banheiras” com uma pouco fiável blindagem, difíceis de manobrar em estrada e foram baptizados pelos efectivos de origem lingala da FNLA (efectivos das Forces Armées Zaoiroises”), de “calo feiú” (caro feio)…

Preenchemos um espaço junto a uma unidade de tanques do MININT cubano, equipada com não menos velhos T-34…

8 – Foi assim que tive o primeiro contacto com efectivos cubanos em área operacional (antes só tivera contacto com os oficiais da superestrutura da Operação Carlota, que haviam ficado instalados sob guarda da minha unidade na Ilha Cabeleira, em lugar seguro e próximo do Estado Maior das FAPLA, ao Morro da Luz); a família Tavira, que vivia no local, havia colocado à disposição as instalações habitacionais tanto para servir de base camuflada à nossa unidade, como aos Comandantes cubanos, tudo num ambiente discreto, bem protegido e com um dispositivo humano envolvente favorável (os habitantes da Kamuxiba eram praticamente todos aderentes do MPLA)

A guarnição dos tanques T-34 do MININT cubano, haviam cavado buracos e trincheiras avançadas, que serviam também de refúgio face à onda de mosquitos dos capinzais de Ambrizete.

No final de cada período diurno os cubanos fumegavam as trincheiras e os buracos com capim e a pouca lenha seca que se conseguia coligir, mas mesmo assim nada impedia o assalto dos desalmados mosquitos noite dentro.

Já com os BTR-152 K distribuídos, havíamos recebido lonas de cobertura grandes e era com elas que, envolvendo os blindados, nos propúnhamos proteger dos mosquitos, adoptando a improvisada fumigação…

De pouco ou de nada servia e até mesmo eu, habituado aos mosquitos, sofri com as hordas de tão implacáveis inimigos., eu acabaram por nos pôr em pulgas para abandonar definitivamente esse enredo desprezível e partirmos para a manobra ofensiva que se aizinhva.

9 – Tivemos de esperar alguns dias em Ambrizete nessas condições alucinantes, pois estava-se à espera duma jangada motorizada para atravessar o rio M’Bridge com ua parte importante da dotação de blindados disponível para a constituição de duas colunas: a dos “Corvos ao Embondeiro” que seguiria para norte, pela estrada do litoral até tomar o Soio e a outra que se internaria em direcção nordeste até à Casa da Telha, Tomboco e Quiende, na perspectiva de alcançar M’Banza Congo.

Os operacionais da Iafeature à medida de sua retirada iam destruindo todas as pontes na tentativa de impedir o avanço das colunas que mesmo assim acabariam por tomar a norte todo o território angolano…

…A estratégia de recuo das FAPLA e do contra ataque que se seguiu com o desencadear da Operação Carlota, iria resultar em cheio!...

O tempo de espera permitiu-me ir familiarizando com os cubanos que seguiriam integrados na coluna onde eu iria participar.

Recordo um “santiaguero” de nome Basulto, membro do destacamento do MININT cubano, cujo efectivo era constituído por tropa já entrada nos quarenta anos… ele não era novato em África, sendo um dos tripulantes de T-34 que iriam partir para nordeste.

O seu pescoço apresentava pequenas chagas provocadas pelas picadelas dos mosquitos e isso apesar das pomadas que foram distribuídas pelos médicos do contingente cubano.

Depois de cada calamitosa noite sofrida sob o assalto dos mosquitos, o bom do Basulto puxava um tambor de 200 litros de combustível para o meio do arvoredo, subia nele e começava a cantar com voz estridente e de braços abertos, num ritual de desafio face ao verde nada…

Verifiquei nessa altura que os velhos T-34 haviam sido recuperados de guerras desconhecidas (mas que se adivinhavam) em que antes haviam participado; alguns apresentavam mesmo grandes remendos nas suas blindagens, mal disfarçadas com as pinturas novas que às pressas teriam sido feitas…

10 – Antes da chegada da jangada motorizada, efectivos das FAPLA haviam atravessado o M’Bridge e estabelecido um território sob controlo relativamente precário na margem direita e com acesso à estrada, a fim de assegurar a manobra da travessia em jangada dos meios pesados das duas colunas.

Quando tudo estava preparado a travessia foi realizada a coberto da noite, dando imediato início à progressão té alcançar a fronteira norte.

A vanguarda da coluna comum foi preenchida pelos “Corvos ao Embondeiro”, com batedores à frente e eu, no meu BTR-152 K com um efectivo de um pelotão a duas secções reforçadas com dois morteiros 60mm, dava início na sua peugada à coluna que a partir do entroncamento da estrada seguiria para nordeste.

No cruzamento da estrada houve uma escaramuça facilmente vencida pelos “Corvos ao Embondeiro”, tirando partido da superioridade de meios e da qualidade do pessoal.

Mesmo assim, os mercenários e o ELNA haviam feito a implantação de minas na estrada e o BTR-152 K que seguia à minha frente accionou uma delas… além dos danos materiais no blindado, houve vários feridos que foram imediatamente evacuados.

A cena foi filmada por uma equipa da então Televisão Popular de Angola que integrou a coluna que iria em direcção ao Soio.

11 – Vencido o obstáculo do cruzamento de estradas, a coluna partiu-se em duas e a que eu integrava derivou em direcção à Casa da Telha.

A coluna que partiu em direcção a Casa d Telha tinha entre os seus efectivos um Companhia de Comandos formados pela primeira vez pelas FAPLA, que usavam boina azul celeste, efectivos esses que fizeram boa ligação à minha unidade, merecendo nosso catinho, atenção e estímulo.

Com “Alex” a comandar a minha unidade integrada no conjunto de efectivos das FAPLA, ficou decidido que eu comandaria em destacamento avançado a vanguarda da coluna agregando ao BTR-152 K em que eu próprio seguia com meu pelotão, um BRDM 2 tripulado por angolanos e um T-34 tripulado por cubanos… o grosso da coluna seguiria a uma distância aproximada de 5/10km, com ligação rádio disponível em tempo real.

No caso de termos de enfrentar alguma dificuldade na progressão, comunicávamos à coluna e agiríamos em conformidade com o conjunto de decisões a tomar à altura das circunstâncias.

Desconhecia-se até que ponto teríamos pela frente capacidade de combate inimiga, mas a moral era elevada no nosso pessoal, que estava pronto para tudo desde que saíssemos do assalto nos capinzais de Ambrizete.

Na coluna colocou-se o destacamento feminino das FAPLA na retaguarda: sabendo-se da fraca preparação dos efectivos, pedi que esse destacamento fosse colocado atrás, a fim de melhor gerir a capacidade operativa existente na frente da coluna e na pequena vanguarda que passei a comandar.

12 – Depois de algumas horas de marcha preparámo-nos para a entrada na Casa da Telha, onde poderia haver alguma resistência.

Resolvi atravessar a povoação numa velocidade moderada e fazendo fogo de exploração a partir do BTR-152 K, de forma a levantar qualquer tipo de “lebre”…

Eu próprio peguei em minha G-3 de coronha retráctil e à medida da deslocação ia fazendo tiro a tiro para zonas de possível camuflagem ou abrigo de efectivos inimigos que nas proximidades nos pudessem flagelar.

Enquanto isso a PKT do BTR-152 K, entregue a um bom atirador, fazia fogo esporádico de proa e à esquerda (o lado do condutor) em cobertura à progressão.

A tomada da Casa da Telha foi em desfile.

Com a janela do blindado aberta, fui fazendo fogo tiro-a-tiro, até encontrar já próximo do fim da povoação, uma casota de folhas de palmeira secas onde me pareceu ter visto algo a mexer; fiz fogo instantâneo para lá, mas perante meu espanto saltaram, esvoaçando esbaforidas e cacarejantes, algumas galinhas, pelo que não pude resistir ao riso face ao insólito da situação…

…À noite escutaríamos religiosamente as últimas notícias do Angola Combatente, na voz do Comandante Juju: as gloriosas FAPLA haviam conquistado heroicamente, depois de intensos combates, a Casa da Telha!

Parámos 3 km fora da Casa da Telha (saída para Tomboco) e montámos imediatamente um dispositivo improvisado de contenção e emboscada: havia ordens para não se prosseguir na direcção de Tomboco, pois o comando da operação queria levar tudo pelo seguro e hesitava por que desconhecia, a capacidade de resposta do inimigo; a coluna do meio teria de esperar enquanto a ocidente a coluna dos “Corvos ao Embondeiro” tomava o Soio debaixo duma tempestade, apanhando se surpresa o inimigo e provocando-lhe baixas e a leste a coluna das FAPLA que encontrou maior resistência (face ao desvario alucinado do mercenário Callan), chegava a Maquela do Zombo.

13 – Com o dispositivo de emboscada montado dias depois da tomada da Casa da Telha surgiu-nos inopinadamente na estrada e no descampado que tínhamos à frente, uma viatura Unimog pintada da cor camuflada, em estado novo, isolada e em baixa velocidade, indiciando os receios do seu condutor.

Foi dada a ordem de abertura de fogo, que foi feita com um tiro de canhão dum T-34, a que se seguiu a imediata progressão do meu BTR-152 K, do BRDM 2 armado de metralhadora 14,5mm e do tanque que havia aberto fogo.

Verificou-se que o efectivo inimigo que seguia no Unimog fugira em debandada, abandonando-o e a uma carga de armas, explosivos e minas na sua carroceria.

Deduzi dessa escaramuça três coisas: que o veículo estava ao serviço de sapadores, que o facto de aparecer isolado e sem qualquer outra cobertura visível indicava que o inimigo não detinha informação sobre nossa progressão, nem sobre o nosso potencial e capacidade de fogo, estando a procurar minar as estradas a fim de desesperadamente retardar o nosso avanço (provavelmente a fim de se reorganizar), por fim deduzi que era necessário passar a explorar o êxito e não dar mais tempo a qualquer tipo de resposta do inimigo, muitomenos a oportunidade para a sua reorganização.

Utilizei a minha G-3 na tomada do Unimog, apontando e fazendo fogo para locais onde se poderiam esconder inimigos em fuga e dispersos nas imediações e depois de verificar que não havia resistência vi que o Unimog pertencia às Forces Armées Zairoises… fez muito jeito à nossa coluna, pois havia falta de viaturas de transporte de pessoal e o Unimog vinha mesmo a propósito!

No regresso ao local do grande alto, Basulto presenteou-nos com café quente feito no seu tanque e uns goles de bom rum cubano, um cerimonial que manteve quando por qualquer motivo se parava durante a progressão que seria feita até Tomboco.

14 – Tendo comunicado as minhas deduções ao “Alex”, o comando da operação entendeu dar luz verde ao nosso avanço em direcção de Tomboco e, logo que chegou a ordem, partiu-se nessa direcção.

Não houve qualquer incidente no percurso e nas imediações de Tomboco o dispositivo de vanguarda fez um alto de forma a aguardar o resto da coluna a fim de se entrar com todo o peso de fogo na povoação.

Enquanto se esperava mandei descer o pessoal do meu pelotão e ocupar os dois lados da estrada, uma secção à esquerda e outra à direita, com um morteiro de 60mm cada, enquanto o BRDM 2 e o T-34 aguardavam imediatamente atrás.

No BTR-152 K ficaram o atirador da PKT e o condutor, enquanto eu montava o dispositivo, e dava ordens nas imediações.

Tirei partido do traçado da estrada que se apresentava em carrossel terminando em ligeira subida com vários cotovelos em zig zag seguidos: da minha posição dominava esses cotovelos e conseguia ter por detrás o sol da tarde, o que inibia o campo de visão de quem quer que surgisse proveniente de Tomboco.

As secções estavam instaladas também a propósito: a estrada cortava um outeiro, o que permitia que o BTR-152 K ficasse abaixo cerca de 10 metros do nível em que se encontravam as secções apeadas, emboscadas no cpim próximo e prontas para combate.

Por fim ordenei: se houvesse algum veículo a sair de Tomboco, seria eu o primeiro a abrir fogo conjuntamente com a PKT e só depois as secções, mas o fogo deveria ser dirigido para os lados do(s) veículo(s) e expliquei: era necessário mais unidades de transporte para alojar o nosso efectivo e logística…

Fotos:
- Carreira de tiro na ilha Cazanga, com “Alex”, na preparação dos fuzileiros navais angolanos (Dezembro de 1975 e Janeiro de 1976);
- Dois protagonistas dos combates pela independência no Museu de História Militar em Luanda: os Panhard (60 e 90mm) e os BRDM 2;
- O T-34 que desfilou no dia da Vitória em Moscovo, similar aos que integraram as colunas de reconquista do território nacional angolano há 40 nos, em 1975/76.

A consultar de Martinho Júnior:
ANGOLA – CUBA – “OPERAÇÃO CARLOTA II” – A POSSÍVEL NOVA AJUDA INTERNACIONALISTA CUBANA EM PROL DA EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E SAÚDE DO POVO ANGOLANO – http://paginaglobal.blogspot.com/2012/02/angola-cuba-operacao-carlota-ii.html
Prova de amor rigoroso –
Primeiro passo para a reconciliação nacional em Angola – http://pagina--um.blogspot.com/2010/12/o-primeiro-passo-para-reconciliacao.html
Cuba: 40 anos com a Operação Carlota – https://www.facebook.com/aspar.nacional/posts/1649543558628004

Consultas na Net:
Discurso pronunciado por el Presidente de la República de Cuba Fidel Castro Ruz, en el acto conmemorativo por el aniversario 30 de la Misión Militar cubana en Angola y el aniversario 49 del desembarco del Granma, Día de las F AR, el 2 de diciembre de 2005 – http://www.cuba.cu/gobierno/discursos/2005/esp/f021205e.html
Cuba comemora 40 anos de campanha militar em Angola – http://www.africa21online.com/artigo.php?a=17341&e=Pol%C3%ADtica
Juicio en Luanda contra diez mercenarios británicos – http://elpais.com/diario/1976/06/05/internacional/202773602_850215.html