Você se considera uma pessoa confiante? De acordo com uma pesquisa realizada com mais de 10 mil garotas a porcentagem de meninas que respondem “sim” a essa pergunta diminui conforme vão crescendo.
No quinto ano do Ensino Fundamental, 86% delas se consideram autoconfiantes, enquanto no último ano do Ensino Médio, apenas 62% afirmam o mesmo.
Ao mesmo tempo em que a autoconfiança diminui, a questão da aparência fica cada vez mais presente no dia a dia delas. No mesmo período, a porcentagem de garotas que dizem que mudariam algo na aparência passou de 20% para 60%.
“Nós temos que trabalhar para incentivar essas garotas, porque elas não são apenas meninas, elas podem mudar o rumo da história, assim como tantas outras o fizeram”, afirma Deborah de Mari, comunicadora e fundadora do projeto Força Meninas, que busca conectar meninas e capacitá-las com habilidades do século 21.
Deborah é pesquisadora de gênero e foi até o evento South by Southwest Education, no Estados Unidos, onde o estudo Girls Index foi apresentado, para trazer novas soluções para as meninas no Brasil.
“Em alguns lugares, essa discussão já está mais avançada. Mas, no Brasil, ainda não há muito debate sobre esse declínio da autoestima feminina durante a puberdade”, avalia.
Marcadas por estereótipos
O estudo realizado pela organização Ruling Our eXperiences traz vários exemplos de como essa falta de confiança afeta o comportamento e o futuro das meninas. Entre as garotas que estão no Ensino Médio, 46% não acreditam que são inteligentes o bastante para seguir a carreira dos sonhos.
Entre aquelas que tem as notas ideias para serem selecionadas nas melhores universidades norte-americanas, 30% também sentem o mesmo.
Além disso, outros 46% acreditam que há certas profissões que são melhores para homens do que para mulheres.
Em relação ao comportamento delas, o estudo mostrou que uma cada três garotas tem receio de liderar algo por medo de serem consideradas mandonas. Outro dados sobre liderança é que 8% delas acham que homens são melhores líderes do que mulheres.
“Nessa pesquisa, vemos como todos esses estereótipos enfrentados por uma mulher líder são percebidos pelas garotas e como eles inibem o desenvolvimento do potencial delas”, analisa Deborah. “Isso tira as meninas da trilha da liderança, as impedem de alcançar suas potencialidades. Precisamos mostrar para elas que elas podem ser líderes de si mesmas.”
A pesquisa também mostrou que garotas menos confiantes tendem a esconder suas opiniões duas vezes mais do que aquelas que são confiantes.
Um dos pontos forte do estudo é abordar também como o frequente contato com as redes sociais influencia essa insegurança. Segundo o estudo, as meninas que ficam mais tempo na internet têm 24% mais chances de quererem mudar a aparência.
Além disso, quanto mais tempo se passa nas redes, menos provável é que a pessoa se envolva com atividades como esportes, clubes, bandas e teatro. “O impacto das redes traz cobranças irreais que deterioram a saúde mental das meninas e aumenta casos de depressão e níveis de ansiedade”, reflete Deborah.
Mais estudos
Além deste levantamento, outras pesquisas já têm discutindo como as garotas se veem desde pequenas. Publicado em 2017 pela revista científica Science, um estudo de três psicólogos mostrou que, a partir dos 6 anos, as garotas começam a considerar que liderança e inteligência são características dos meninos e não delas também.
O declínio da autoconfiança durante a passagem da infância para a adolescência também já foi indicado em um estudo da Microsoft. Ele mostra que aos 11 anos e meio as meninas começam a se interessar por carreiras de ciência e tecnologia, mas aos 15 elas acham que não se encaixam nessas profissões.
A maioria delas, 60%, afirma que se sentiria mais confortável em seguir essas carreiras se soubessem que há oportunidades iguais para homens e mulheres.
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