domingo, 5 de junho de 2016

CIDADE PERDIDA NO FUNDO DO MAR FOI, AFINAL, CRIADA POR GÁS PRÉ-HISTÓRICO


 
University of East Anglia
Dolomites no fundo do mar na Grécia
As supostas ruínas de uma cidade submersa, na costa da ilha grega de Zakynthos, são afinal, resultado de um fenómeno geológico que terá ocorrido há cinco milhões de anos, com a libertação de gás metano, no fundo do mar.
Um grupo de mergulhadores acreditou ter encontrado vestígios de uma civilização perdida do período helénico, quando, em 2013, se deparou com estruturas daquilo que parecia ter sido uma cidade, nas costas da ilha grega Zakynthos, nas águas do Mediterrâneo.
Mas os estudos efectuados a esses vestígios revelam que não têm nada de arqueológico e que não foram feitos pelo homem. Resultam antes de uma fuga de gás que terá ocorrido há mais de 5 milhões de anos, na era do Plioceno, conforme se salienta no artigo publicado no jornal científicoMarine Petroleum Geology.
Em causa está um fenómeno geológico, conhecido como concreção, que ocorre quando o gás metano escapa de uma falha e sobe através do sedimento no fundo do mar.
“Descobrimos que a distribuição linear desta concreção em forma de donut é, provavelmente, resultado de uma falha do sub-solo que não rompeu totalmente a superfície do leito do mar. A falha permitiu que gases, particularmente o metano, escapassem das profundezas”, explica o investigador que liderou o estudo, o professor Julian Andrews, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido.
Andrews acrescenta que os micróbios alojados no sedimento do fundo do mar “usam o carbono no metano como combustível”. “A oxidação do metano provocada pelos micróbios muda então, a química do sedimento, formando um tipo de cimento natural conhecido para os geólogos como concreção”, salienta o professor.
No caso da suposta cidade grega submersa, o tipo de cimento das formações geológicas era “um mineral incomum chamado dolomite que raramente se forma na água do mar, mas que pode ser muito comum em sedimentos ricos em microorganismos”, afiança ainda Andrews.
Trata-se de “um fenómeno bastante raro em águas pouco profundas” como as do Mediterrâneo, acrescenta o investigador, realçando que “estas características são a prova de metano natural a escorrer para fora da rocha de reservas de hidrocarbonetos”.
A investigação contou ainda, com a participação de cientistas da Universidade de Atenas, na Grécia, em parceria com especialistas da autoridade de Antiguidades Subaquáticas grega.
SV, ZAP

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