domingo, 10 de abril de 2022

Ucrânia coleciona provas dos crimes de guerra do Kremlin


A invasão russa da Ucrânia teve esta sexta-feira mais um trágico episódio em Kramatorsk, cidade na região de Donetsk controlada pelo exército ucraniano.

Dois mísseis atingiram a estação ferroviária, de onde nos últimos dias milhares de pessoas têm tentado fugir perante uma iminente ofensiva do Kremlin naquela zona.

Pelo menos 50 pessoas morreram, incluindo cinco crianças, e centenas ficaram feridas. O ataque aconteceu horas antes de a Presidente da Comissão Europeia e do chefe da diplomacia dos "27" visitarem Bucha, a cidade a noroeste de Kiev onde foi revelada no início da semana o resultado da ocupação russa.

Equipas forenses da Ucrânia, que tiveram orientação portuguesa na técnica de proteção de vestígios, estão a recolher provas dos alegados crimes de guerra russos e esta sexta-feira estiveram em Bucha, onde foram descobertas valas comuns e cadáveres de civis ucranianos com sinais de tortura e fuzilamento à queima-roupa.

A invasão russa iniciada na madrugada de 24 de fevereiro pareceu ter por objetivo a tomada da capital da Ucrânia, mas durante vários dias no centro de Kiev apenas se ouviam explosões nas proximidades da cidade.

Com a retirada russa da região na última semana, começou a ser revelado o que significavam aquelas explosões em torno de Kiev e a extensão da tragédia já anunciada pelo Presidente Volodymyr Zelenskyy, que tem informação privilegiada sobre as ações no terreno da invasão ordenada por Putin.

Na já habitual declaração à nação emitida no final de cada dia, o Presidente ucraniano pediu uma "resposta firme e global a este crime de guerra" cometido contra civis na estação de comboios depois de já "todos os principais países do mundo" terem condenado este "ataque da Rússia em Kramatorsk".

Tal como nos massacres em Bucha e em muitos outros crimes de guerra, o ataque com mísseis em Kramatrorsk tem de ser uma das acusações no tribunal, destinado a acontecer.
Volodymyr Zelenskyy
Presidente da Ucrânia

Um enorme fragmento de um dos mísseis que atingiu a estação de Karamatorsk tinha inscrito em cirílico russo a mensagem "Pelas crianças".
Kremlin acusa Ucrânia

Do lado do Kremlin, o chefe do Centro de Controle de Defesa da Federação Russa acusou a Ucrânia de ser a responsável pelo ataque em Kramatorsk e ainda de estar a instalar "posições de tiro e armas pesadas" em "edifícios de escolas e de jardins de infância" daquela cidade, na região de Donetsk.

"Além disso, as autoridades ucranianas realizaram um ato implacável de extermínio do seu próprio povo na estação ferroviária de Kramatorsk, com um míssil Tochka-U, contendo uma ogiva de fragmentação", afirmou ainda o coronel-general Mikhail Mizintsev, denunciando o suposto "cinismo dessa atrocidade" pelas forças ucranianas que, "sob o pretexto da evacuação", teriam reunido as vítimas "com antecedência na zona da estação".

Fonte: euronews


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