Estima-se que 20% dos alimentos produzidos na União Europeia para consumo humano são atualmente perdidos ou desperdiçados. Em paralelo, o fabrico, a transformação, a venda a retalho, a embalagem e o transporte destes alimentos contribuem de forma significativa para as emissões de gases com efeito de estufa, bem como para a poluição do ar, do solo e da água e para a pressão sobre a utilização dos solos. É com base nestas premissas que nasce o novo projeto europeu de investigação “Orchestrating Food System Microbiomes to Minimize Food Waste”, do qual faz parte o Centro de Biotecnologia e Química Fina da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa. No total são 18 parceiros, públicos e privados, de nove países europeus.
“O Centro de Biotecnologia e Química Fina participará ativamente em todas as tarefas do projeto, mas o maior input será no estudo de culturas microbianas para substituir conservantes químicos sintéticos e no desenvolvimento de novas soluções de embalagem, grupo de trabalho que será coordenado por nós,” explica Paula Teixeira, investigadora principal do projeto em Portugal e membro do Centro de Biotecnologia e Química Fina.
Ao longo do projeto, os investigadores vão basear-se em cinco abordagens pelo seu potencial contributo para melhorar a sustentabilidade no processamento alimentar, aumentar o prazo de validade dos alimentos e reduzir o desperdício alimentar com base na monitorização e “orquestração” de microbiomas de alimentos e de ambientes de processamento alimentar. Assim, o projeto procurará desenvolver modelos de análise preditiva que incorporam informações do microbioma para prever o tempo de vida útil; indicadores de tempo-temperatura (TTIs), sensores e rótulos inteligentes para rotulagem dinâmica do prazo de validade; métodos de deteção rápida de indicadores de degradação microbiana dos alimentos; sistemas de utilização de culturas microbianas para substituir conservantes químicos sintéticos e aumentar o tempo de vida útil e a segurança de alimentos e novas soluções de embalagem que visam prevenir ou reduzir a deterioração de alimentos permitindo o aumento dos prazos de validade. A tarefa ligada ao desenvolvimento de embalagem será coordenada pelo Laboratório de Embalagem do CINATE, e visa a aplicação de materiais com barreira a gases “tailor-made” e embalagens com revestimentos ativos antimicrobianos.
O “Microorc - Orchestrating Food System Microbiomes to Minimize Food Waste” procura contribuir para reduzir a degradação dos alimentos e consequentemente o desperdício alimentar. Para o efeito “serão desenvolvidas no âmbito deste projeto soluções sustentáveis - tecnologias, serviços, ferramentas, políticas e práticas - baseadas na monitorização, utilização e modulação dos microbiomas nos alimentos e ao longo da cadeia de transformação alimentar,” refere.
Financiado pela Comissão Europeia através do Programa HORIZON*, o projeto MICROORC agrupa um consórcio de 18 parceiros de 9 países europeus, incluindo a participação de empresas globais e Pequenas e Médias Empresas (PME) de tecnologia como a Vizelpas - Comércio de Artigos Plásticos Limitada (Portugal), Christian Hansen (Dinamarca) e bioMérieux SA (França); produtores e associações do sector alimentar como a Lusiaves-Indústria e Comércio Agro-alimentar SA (Portugal) e Primor Charcutaria Prima AS (Portugal); Instituições de Investigação em ciências naturais e tecnologia e ciências sociais como é o caso da Nofima SA (Noruega) e a ESB-Universidade Católica Portuguesa (Portugal); e um parceiro com conhecimento especializado em disseminação, inovação e atividades de exploração a CiaoTech S.r.l (Itália). O projeto teve início em novembro de 2023 e termina em outubro de 2027.
Fernanda Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário