quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

CTCV debate potencial do país para a circularidade de materiais


Paula Vilarinho, professora e investigadora na Universidade de Aveiro, afirma que Portugal ainda está longe de atingir a circularidade efetiva e que “o papel da indústria é fundamental neste desígnio”. Na intervenção de encerramento no seminário temático "O Impacte da Circularidade dos Materiais nas Cadeias de Valor, realizado no iParque, em Coimbra, promovido pelo CTCV e pela Sociedade Portuguesa de Materiais (SPM), a também vice-presidente da Federação das Sociedades Europeias de Materiais (FEMs) perguntou "porque é que não fazemos mais? O que nos falta?"
“Num país democrático, a indústria deve fazer pressão para reduzir a desburocratização na aplicação das leis para potenciar a circularidade de materiais”, afirmou Paula Vilarinho.
Este seminário foi uma oportunidade para profissionais, investigadores e estudantes que procuraram compreender melhor o impacto da economia circular nas indústrias modernas e como a implementação de cadeias de valor sustentáveis pode ser um catalisador para a inovação e a competitividade.
Na mesma ocasião, António Silva, geólogo e investigador em recursos minerais no CTCV, defendeu que o Critical Raw Materials Act (CRM Act), “representa uma oportunidade única para Portugal consolidar o seu papel como fornecedor estratégico de matérias-primas críticas na Europa, desde que consiga superar desafios relacionados à aceitação local, burocracia e infraestrutura de processamento”.
“Com uma abordagem focada na sustentabilidade, inovação e na criação de valor local, Portugal pode transformar a sua riqueza mineral num motor de crescimento económico e contribuir para a autonomia estratégica da União Europeia”, defendeu.
António Silva lembrou que Portugal possui “riqueza geológica, localização estratégica e, com a promoção de parcerias público-privadas, pode ultrapassar o que, à partida, seria uma capacidade industrial limitada”.
“Temos reservas significativas de lítio, particularmente na região do Norte, o que lhe confere um papel estratégico no fornecimento de matérias-primas críticas, como o lítio, mas possui potencial para outros minerais como estanho, tungsténio e terras raras, que podem ser mais valorizados com investimentos adequados em prospeção e tecnologia”, disse António Silva.
Neste seminário participaram ainda Sophie Patrício (CCDRC), que apresentou a estratégia do Centro para a Economia Circular e foi apresentado um pitch de iniciativas e case studies de economia circular de materiais de José Silva (MCS), Nelson Marques (RECER), Regina Santos (CTCV), Marisa Almeida (CTCV), Beatriz Freitas (AIVE), Nuno Vieira (BA Glass), Giulia Resta (Cluster Mineral Resources), Pedro Roseiro (INOV), Bernardo Pacheco (INOV) e Paula Vilarinho (Universidade de Aveiro). Nesta iniciativa promovida pelo CTCV enquanto Centro de Tecnologia e Inovação, foram vários os exemplos de projetos que estão a ser desenvolvidos no âmbito da agenda mobilizadora Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, apoiada pelo PRR, que culminou com a visita dos participantes ao laboratório hipocarbónico do CTCV, onde estão a ser realizados ensaios de produto em ambientes de queima híbridos (eletricidade, gás natural e gases renováveis como o hidrogénio).

*Nuno Nossa

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